Existem inúmeros vulcões pelo mundo fora - e muitos nós nem imaginamos que estejam ativos há tanto tempo - mas o Kilauea é, sem dúvida, um dos mais conhecidos. Estes fenómenos sempre me atraíram e espantaram e, apesar da geologia não ser o meu forte, a verdade é que gosto de pesquisar sobre esta temática e conhecer um pouco mais sobre a formação da Terra, os seus movimentos, os vulcões e os sismos!

Além de ser um dos mais ativos do mundo, o Kilauea, no Havai, está ativo desde 1983. Desta vez, a forte erupção explosiva, "projetou uma grande nuvem de cinzas e fumo a mais de nove mil metros de altura." A erupção desta quinta-feira, estava já sob o olhar atento das autoridades norte-americanas, que a previam desde terça-feira, tendo sido até emitido um "alerta vermelho" porque “uma grande erupção vulcânica” estava “iminente ou a ocorrer”. Espera-se que a situação possa vir a piorar e que a quantidade de cinzas aumente, levando à possibilidade de ocorrência de "projetos balísticos perto da abertura."

Agora toda a população que vive perto do vulcão espera que as cinzas caiam e assentem, cobrindo "a região em redor do Halemaumau, a cratera vulcânica no interior da caldeira do Kilauea." As condições do vento transportam as cinzas "para o nordeste da ilha, onde a população está aconselhada a não" sair de casa.

O Kilauea "costuma expelir lava em estado muito líquido" pois o seu magma é "maioritariamente constituído por basalto," mas desta vez a erupção foi diferente e mais explosiva. De facto, desde 3 de maio deste ano que a atividade do Kilauea se tem mostrado mais atípica. Desde 3 de maio, poucos dias após o colapso da cratera, que a erupção do "Kilauea já destruiu dezenas de casas."

Apesar do aumento da sismicidade, o "pior dos cenários, no entanto, chegou à hora de almoço de 4 de maio no Havai — ainda era dia 3 em Portugal." Os primeiros abalos mais fortes levaram à evacuação de cerca de 10 mil pessoas e, se até àquele momento, "o Serviço Geológico dos Estados Unidos não tinha dado conta de mais do que três fissuras no solo, todas elas com menos de 10 centímetros de comprimento," um forte terramoto "com origem no flanco sul do vulcão Kilauea e com magnitude 6,9 de escala de Richter abalou toda a ilha e precipitou aquilo que os geólogos vinham a observar desde 30 de abril: o Kilauea tinha acordado." Havia jatos de lava a sair das fendas que se elevavam a cerca de "30 metros de altura."

Assistiu-se então a algo a que muitos de nós só assistimos nas grandes produções cinematográficas: a lava expelida pelo vulcão "começou a encaminhar-se como um rio para dentro da cidade, engolindo os carros, os campos e as casas que encontrava pelo caminho. E, por baixo dos pés dos havaianos, o chão começou a rachar-se." 

"A situação complicou-se rapidamente: até 17 de maio, data da mais recente atualização científica, 21 fissuras rasgavam o Havai, algumas das quais transformadas em autênticas janelas para o manto de onde escapava lava borbulhante a mais de 1.000 ºC. Algumas delas já têm mais de quatro quilómetros de comprimento e têm crescido quatro centímetros por dia."

Aquilo que se vem a passar no Havai é que este arquipélago fica localizado "a 3.200 quilómetros do limite tectónico mais próximo." Apesar dos habitantes estarem habituados às constantes erupções do Kilauea (que "está constantemente ativo desde 3 de janeiro de 1983, quando várias fissuras começaram a brotar no solo"), a história deste "hotsport havaiano já tem pelo menos 85 milhões de anos." Esta bolsa de magma, vinda das "profundezas da Terra", acabou por se encostar "à crosta terrestre," fazendo com que "a placa do Pacífico onde o Hawai assenta" se tenha mexido: "à medida que ela deslizou por cima do manto, o magma vindo da bolha deu origem a novas ilhas e alimentou os vulcões de onde elas nasceram."

O "movimento da placa do Pacífico," fez com que este vulcão fosse ficando "cada vez mais afastado da bolha" e isso ao longo dos anos tem feito com que, para nordeste, as ilhas parecçam cada vez mais antigas. A verdade, é que todas foram antigos vulcões que morreram e deixaram os seus restos para serem fustigados e levados pelo mar. "É por isso que atrás do Hawai há uma verdadeira fileira de ilhas-cadáver onde antigamente havia vulcões tão ativos como o Kilauea é agora." Nesta "Cadeia de Montanhas Submarinas", designada por "Hawai-Emperador" está  "a ilha mais antiga, Kauai," que "tem 5.1 milhões de anos", mas também "a mais recente": a ilha do Havai, "que não terá mais do que 400 mil anos," uma jovem!

Mas se pensam que a "bolha de magma que alimenta o Kilauea" é pequenina, saibam que a mesma "tem pelo menos 600 quilómetros de largura" por "dois mil quilómetros de profundidade." No seu interior, existe magma originário das regiões "mais superficiais" e que, normalmente, é um pouco "mais fria," misturado com "magma que vem das regiões mais próximas ao núcleo, sendo por isso mais quente."

Mas não é "apenas o movimento da placa tectónica que dita a morte dos vulcões" deste arquipélago, que se movem cerca de "10 centímetros por ano por causa da migração das placas." O que se passa, é que a própria "bolha magmática por debaixo do Hawai também se mexe."

E, tal como foi descoberto em 2003 por uma equipa de cientistas que "decidiu estudar a origem da curva com 60º que existe na cordilheira daquele estado dos Estados Unidos," a “vela” que existia "por debaixo da Placa do Pacífico" e que durante algum tempo se tinha movimentado "cerca de sete centímetros por ano," a partir de certa altura "passou a mover-se" em cerca de uns impressionantes "nove centímetros anuais, provocando então essa curva." O que irá possivelmente acontecer, se o fenómeno se mantiver, é que "a chaminé do monte ficará demasiado afastada da bolha para ser alimentada. A partir daí, o Hawai vai andar cada vez mais para noroeste até desaparecer debaixo do mar." Mas isso, só deverá acontecer daqui a muito tempo!

"Por enquanto, o Kilauea tem dados sinais muito fortes de vida: as taxas de fluxo de lava estão a aumentar exponencialmente e são agora as mais altas desde há pelo menos seis milhões de anos."

Fontes:

https://observador.pt/2018/05/18/a-historia-do-inferno-que-vive-mesmo-debaixo-do-hawai/

https://www.publico.pt/2018/05/04/mundo/noticia/autoridades-do-havai-alertam-para-a-retirada-de-10000-pessoas-apos-erupcao-1825115