
Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
Hoje assinala-se o Dia Internacional do Idoso. "Este dia foi instituído em 1991, pela Organização das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de sensibilizar a sociedade para as questões do envelhecimento e a necessidade de proteger e cuidar da população mais idosa." A vida passa e um dia, não muito longe, chegarei a velha. Ou talvez não chegue, que importa. Penso sempre que não quero estar cá para sofrer ou para dar trabalho aos outros, mas não sei o que vou pensar daqui a uns anos. Agora, só sei que a vida de velho é extremamente difícil na sociedade em que vivo.
A velhice é um conceito que tem evoluído ao longo dos anos e, hoje em dia, ser avó, não é mais sinal de se estar a entrar na terceira idade. Cada vez mais, a esperança média de vida é maior e as mulheres conseguem ganhar aos homens.
A velhice em Portugal está infelizmente marcada pela solidão e pelo abandono. E em pleno Covid, são os idosos aqueles que mais têm sofrido com os confinamentos sucessivos, com o afastamento dos seus, com a doença e com a morte. Este ano em especial tem sido particularmente complicado para quem é velho, especialmente para aqueles que estão em instituições e para aqueles que vivem sozinhos.
Se os confinamentos sucessivos têm sido complicados para todos nós, não têm sido menos dolorosos para os idosos que têm estado fechados nos lares. Alguns, já não conseguem entender o que se passa à sua volta e não compreendem que o motivo de ninguém os ir visitar é que há uma pandemia. Muitos não percebem que os filhos e os netos têm muito medo de os ir ver e de lhes passarem esta terrível doença, que isso os leve a ficar doentes, que isso os leve a uma morte prematura.
Temos medo da culpa. Este vírus, é terrível por isso, porque no fundo, quando se trata de transmissão, todos sentimos que tivemos a culpa. E não é para menos porque os números são assustadores.
Os nossos idosos, sendo uma parte da população que pela sua idade e pelas comorbilidades está mais frágil, acaba por sofrer também de outros modos. São também vítimas da info-exclusão. A tecnologia que usamos diariamente para estar com os nossos, para trabalhar, para conversar e para nos distrairmos, está-lhes muitas vezes inacessível. E mesmo acessível, não substitui os afetos que querem receber, a atenção que lhes deveríamos estar a dar. Uma vídeo-chamada não substitui o abraço dos netos.
Nesta data, há também a saudade daqueles que hoje poderiam aqui estar e já não estão. Da mãe que nunca teve a oportunidade de conhecer os netos que as filhas a seu tempo vieram a ter.
Fontes:
https://www.sns.gov.pt/noticias/2016/09/30/dia-internacional-do-idoso/
Desde que a pandemia nos atingiu, os lares têm sido os locais onde se registam mais mortes, apesar de serem também aqueles onde as regras aplicadas são, tecnicamente, as mais apertadas. A 24 de abril deste ano, já o Público revelava que “Quatro em cada dez pessoas que morreram por covid-19 em Portugal eram idosos que viviam em lares”. Ainda a pandemia estava no início em Portugal e os números não tardaram a subir.
Infelizmente, tal como eu e muitos de nós sabemos, há muita coisa errada nos lares que acolhem os nossos idosos, desde já a falta de recursos humanos e materiais. Em Matosinhos, 24 pessoas já perderam a vida do Lar do Comércio. Num lar de Reguengos de Monsaraz morreram 18 pessoas. Apesar de todos os esforços, têm sido várias as dificuldades para controlar os surtos que nestes locais se espalham como pólvora. De acordo com o Polígrafo, "fonte oficial do Ministério da Saúde indica que até quarta-feira, dia 12 de agosto, estavam confirmadas 681 mortes por Covid-19 em lares. Este valor representa 38,7% do total de 1.761 óbitos provocados pelo novo coronavírus em Portugal, desde o início da pandemia."
Numa conferência de imprensa, o relatório da Ordem dos Médicos revelou que não era possível cumprir "o isolamento diferenciado para os infetados ou sequer o distanciamento social para os casos suspeitos" em vários dos lares do nosso país, como aconteceu no caso de Reguengos.
Fontes:
https://www.sabado.pt/portugal/detalhe/covid-19-ha-lares-com-falta-de-funcionarios
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.