Numa extensão que vai desde a Polónia até à Noruega, são seis os países que acordaram usar drones e outras tecnologias para proteger as suas fronteiras. Lituânia, Letónia, Estónia, Finlândia, Noruega e Polónia, vão "usar sistemas de vigilância" que lhes permitirão prevenir ataques hostis e "contrabando".
Enquanto isso, a Rússia terá mobilizado um grupo de "2000 soldados e oficiais", além de vários "mercenários experientes" oriundos do Regimento russo destacado em África, para combaterem nos ataques a Kharkhiv. Este alerta foi feito pelo Ministério da Defesa do Reino Unido. Este Regimento terá sido criado em dezembro de 2023. Segundo a acusação do governo britânico, estes homens terão sido "muito provavelmente enviados para a Síria, Líbia, Burkina Faso e Niger" e depois terão seguido para as fronteiras com a Ucrânia já em abril deste ano.
Segundo Kiev, o objetivo desta ofensiva em "Vovchansk, na província de Kharkhiv,"será levar à "rutura das linhas defensivas ucranianas, enfraquecidas por dois anos de guerra." E se a Ucrânia cair, que mensagem será dada à Rússia? O que será esperado daí em diante? Em que posição nos vamos colocar como Estado?
Sabemos que a Rússia tem muitos apoiantes - o que é natural, estejamos ou não de acordo com eles - e que uma guerra é, também, um "jogo" de tabuleiro que mexe com muito mais do que armamento, ataques e defesas. Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, a China foi um dos países que se distanciou do contexto direto "de guerra, recusando-se a fornecer apoio militar," mas que no entanto nunca tomou uma posição condenatória das ações de Moscovo. Esse apoio tem sido visto em termos económicos, fazendo com que as sanções ocidentais aplicadas à Rússia, não se tenham mostrado eficazes. "Pequim comprou" mesmo "petróleo, carvão, cobre e níquel," à Rússia, "garantindo importantes fontes de rendimento ao Kremlin. Perante estas circunstâncias, o gigante asiático tem um interesse claro em impedir uma vitória ucraniana, já que esta fortaleceria o Ocidente e aumentaria o risco da queda de Putin."
A Bielorrússia, por sua vez, já todos sabemos que é um dos grandes apoiantes da Rússia. Este "estado, que anteriormente integrava a União Soviética, tornou-se num vassalo da Rússia. Sem grande interesse a nível económico e sem capacidade para ceder ajuda militar, a Bielorrússia é importante pela postura fiel que apresenta em relação aos planos políticos de Vladimir Putin." Foi mesmo a partir deste território que a invasão da Ucrânia teve início.
Já o Irão, "tem fornecido, desde o início da guerra na Ucrânia, um apoio militar sem precedentes à Rússia. As entregas de armamento passam, em grande parte, pelo envio de drones kamikaze, que têm aumentado a capacidade de ataque aéreo das forças de Moscovo." Também o Regime de Pyongyang, na Coreia do Norte, "é outro grande apoio militar para Moscovo. O regime norte-coreano tem fornecido enormes quantidades de munições - um elemento essencial numa guerra de longo prazo, na qual a rapidez de produção de armamento não acompanha as necessidade no campo de batalha."
Mas e os países africanos? Que benefícios tiram deste guerra? Bem, um desses benefícios foi conseguido na Cimeira Russia-África, realizada em 2023 e em que Putin se comprometeu a "fornecer cereais gratuitamente a seis países africanos." Entre os beneficiários estavam o "Burkina Faso, o Zimbabué, o Mali, a Somália, a República Centro-Africana e a Eritreia". Apesar de Angola se estar a aproximar cada vez mais das políticas do Ocidente, a verdade é que, anteriormente, os dois países tinham celebrado um importante plano de cooperação (anexado ao acordo de cooperação militar, técnico-militar e policial entre a Rússia e Angola para os anos 2014-2020), "cujos programas individuais" chegam "a prever a construção de fábricas de armamento com patente russa em território angolano." Este mesmo programa "previa o fornecimento de armamento aos três ramos das forças armadas angolanas, incluindo aviões de combate, vigilância e treino, mísseis e outras armas sensíveis à força aérea angolana; navios de patrulha à marinha ou construção de uma fábrica de artilharia e outra de armas ligeiras, modernização de blindados, e cedência de armas ligeiras ao exército e polícia angolanos."
No que respeita a Moçambique, "a Rússia assinou nos últimos anos vários acordos militares, um de proteção mútua de informações classificadas, em agosto de 2019, e outro de procedimentos simplificados para a entrada de navios de guerra russos em portos moçambicanos, em abril de 2018, seguido de um memorando de cooperação naval um ano depois." Não nos podemos esquecer que a Rússia enviou "o grupo paramilitar Wagner para combater a al-Shabab em Cabo Delgado, numa operação efémera, que se saldou por um fracasso dos mercenários russos."
A própria Guiné-Bissau, "para além do perdão da dívida na ordem dos 26 milhões de euros, anunciado pelo Governo russo em março último," também surge "nos registos oficiais russos como signatária, em novembro de 2018, de um acordo de cooperação técnico-militar." Haverá um aproveitamento das fragilidades destes países, ou será a ganância dos seus governantes e altas patentes que aqui está em causa?
Fontes:
https://www.noticiasaominuto.com/mundo/2567990/paises-da-nato-vizinhos-da-russia-vao-erguer-muro-de-drones
https://observador.pt/2024/05/24/londres-avanca-que-russia-mobilizou-unidades-de-africa-para-ofensiva-em-kharkiv/
https://www.jn.pt/8090083123/quem-sao-os-aliados-internacionais-que-sustentam-o-regime-de-vladimir-putin/
https://www.publico.pt/2023/07/27/mundo/noticia/putin-promete-cereais-gratuitos-seis-paises-africanos-2058337
https://expresso.pt/internacional/2024-05-19-acordo-militar-com-angola-e-o-mais-ambicioso-dos-assinados-pela-russia-com-os-palop-e602bda2