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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
Hoje é feriado municipal no Seixal. Além de se celebrar o Dia Municipal do Bombeiro, celebra-se o dia de S. Pedro, registando-se o ponto alto das festividades a decorrer desde dia 21, com a Marcha das Canas e, também, com a já tradicional procissão em honra do santo. Mas quem foi S. Pedro e que ligação tem à vila e à população do Seixal?
Bem, em primeiro lugar, São Pedro era um galileu de nome Simão que viria depois a tornar-se no "primeiro Papa da Igreja Católica." Segundo o Evangelho de São Lucas, Simão, na altura um simples pescador, terá decidido seguir Jesus Cristo, depois de um episódio descrito como "Pesca milagrosa." O nome Pedro vem de "Kepha, palavra aramaica para pedra (ou rocha)."
Pedro, foi considerado Padroeiro dos pescadores e, por isso, é npormal que as localidades piscatórias tenham uma especial devoção a este santo. No Seixal, onde a vida acontecia "à volta da Baía, desde a época romana, comprovada pelos sítios arqueológicos da Olaria Romana da Quinta do Rouxinol, em Corroios, e da Quinta de S. João, em Arrentela, à época dos Descobrimentos e até aos nossos dias," é natural que o santo a que muitos seixalenses são devotos, seja S. Pedro.
"O primeiro Papa da Igreja Católica morreu cruxificado em Roma, entre os anos 64 d.C e 67 d.C, a mando do Imperador Nero." A Basílica de São Pedro, em Roma, guarda os seus restos mortais. "São Pedro distingue-se das imagens graças às chaves que segura na mão" e que serão "as chaves das portas do céu." De acordo com a tradição popular, por guardar o céu, foi-lhe também atribuída a culpa pelo bom ou mau tempo.
A data, como na maioria das celebrações católicas não foi ao acaso: veio substituir "uma antiga celebração pagã que comemorava no mesmo dia a festa de Rómulo e Remo, considerados os pais da cidade de Roma." Assim, o dia 29 de junho, passou a celebrar Pedro e Paulo. Mas voltando à antiguidade, sabe-se que, em Roma, "a tradição mandava celebrar neste dia três missas: a primeira na Basílica de São Pedro, a segunda em São Paulo Fora dos Muros e a terceira nas catacumbas de São Sebastião, onde as relíquias dos Apóstolos tiveram de ser escondidas por algum tempo, para escapar às profanações."
Fontes:
https://observador.pt/explicadores/tudo-o-que-precisa-de-saber-sobre-sao-pedro/
Para mim, a Páscoa é aquele conjunto de dias em que comemos amêndoas de chocolate, somos bombardeados de imagens fofinhas de coelhinhos coloridos e, já que a criançada está de férias escolares - cada vez mais curtas por sinal - podemos aproveitar para descansar um pouco mais.
Mas para algumas pessoas, a Páscoa também é um ritual religioso, dependendo daquilo em que acreditam. Para muitos, a Páscoa é uma festa religiosa. Mas vamos ver melhor a origem destas festividades e o que significam.
Podemos dizer que a Páscoa é uma "festa de origem judaica, que comemora a liberdade do povo hebreu após um longo período de escravidão no Egito"?
Pois é, por volta de 1250 a.C., o povo hebraico que tinha sido "escravizado durante anos" pelos Egípcios acaba por ser libertado, depois daquilo que ficou conhecido como "As dez pragas do Egipto."
O Faraó - que na época seria Ramsés II - consente a libertação dos escravos após a primeira praga, mas assim que percebe que o Egipto está livre do problema, volta atrás na sua decisão. Deus envia uma nova praga, e assim foi acontecendo sucessivamente: "sempre que Deus enviava uma praga, convencia o Faraó, que depois de se ver livre da mesma, voltava atrás." Só quando na décima praga, Ramsés II se apercebe que estão a morrer "todos os primogênitos egípcios" destino que não irá excluir o seu próprio filho, este acaba por ceder e aceitar libertar da escravatura o povo hebraico.
Depois de se verem livres, os hebreus iniciaram a sua "travessia rumo a Israel." A própria terminologia deriva de uma palavra judaica: "Pessach," que significa “passagem." Na festa judaica, um dos símbolos mais importantes é o “Matzá” (pão sem fermento), que representa a fé. Por esse motivo, no festejo que se denomina de “Festa dos Pães Ázimos” (Chag haMatzot), "é proibido comer pães com fermento."
Mas a própria palavra, sofreu algumas evoluções, conforme o povo ou a língua. Passou a ser "Paska," na Grécia e "Pascua" em Roma. Em latim, o termo significava mesmo "alimento", ou seja, o fim do jejum da quaresma. Então, o termo já existia e a celebração também, mas podemos afirmar que o que têm em comum estas celebrações, são a sua ligação à "libertação" e à "esperança."
No caso da festa cristã, o domingo de Páscoa encerra a Semana Santa, na qual se "recorda a Última Ceia de Jesus com os apóstolos, a sua crucificação e ressurreição" - o que conforme se conta, teria "acontecido durante a celebração da Páscoa judaica." Na liturgia católica, esta semana é então composta pelo "Domingo de Ramos," - que antecede a Páscoa, "Segunda-Feira Santa, Terça-Feira Santa, Quarta-Feira Santa, Quinta-Feira Santa, Sexta-Feira Santa ou Sexta-Feira da Paixão, Sábado Santo ou Sábado de Aleluia e Domingo de Páscoa." Existem também outros símbolos, como por exemplo, o Círio Pascal, que em algumas zonas do país, ainda visita a casa dos crentes. Este círio pode ser também as velas que se acendem "para comemorar o retorno de Jesus Cristo, ou seja, a vida nova." Habitualmente, estas velas têm inscritas as "letras gregas alfa e ômega," que se podem traduzir como "o início e o fim, simbolizando assim, a luz de Cristo que traz a esperança." Já o "pão e o vinho, dois elementos muito emblemáticos no cristianismo, representam o corpo e o sangue de Cristo e simbolizam a vida eterna," assim como o cordeiro, que significa o sacrifício de Jesus.
Mas, vamos lá andar um pouco mais para trás!
Segundo alguns historiadores, civilizações muito mais antigas, especialmente nas mitologias nórdica e germânica, já se prestava culto a "uma deusa, conhecida como Ostara ou Eostern, numa festa que celebrava a passagem do inverno para a primavera," e que era também conhecida por ser a "deusa da fertilidade."
Ou seja, já os "antigos povos pagãos (celtas, fenícios, egípcios, etc.) festejavam a chegada da primavera e o fim do inverno," numa celebração que "simbolizava a sobrevivência da espécie humana."
E de onde apareceram então os coelhos e os ovos?
Bem, de certeza que este costume também teria de vir dos povos mais antigos! Em várias culturas, o coelho era um símbolo ligado à "fertilidade" e ao próprio "nascimento."
Também os ovos simbolizam a fertilidade. "Os ovos de páscoa (cozidos e coloridos ou de chocolate), carregam o germe da vida e representam a fertilidade, o nascimento, a esperança, a renovação e a criação cíclica." A tradição de trocar ovos vem da antiguidade, mas ainda hoje o fazemos, seja como oferta ou até escondendo-os para as crianças os poderem encontrar.
Em Portugal, apesar de não ser tão festejada como o Natal, a Páscoa ainda mantém um "importante significado religioso, assinalado através de diversos eventos de norte a sul do país." Este é especialmente "um momento de reunião" da família em volta da mesa, como é hábito por cá. Em cada região podemos encontrar diferentes tradições gastronómicas, mas são os mais conhecidos, os pratos "que incluam cabrito ou borrego."
São tradição também os folares, o pão-de-ló, as amêndoas, os ninhos, as queijadinhas, entre outras delícias típicas.
Fontes:
https://www.todamateria.com.br/origem-da-pascoa/
https://www.todamateria.com.br/historia-da-pascoa/
https://www.lostinlisbon.com/pt/blog/pascoa-a-sua-origem-e-o-que-fazer-nesta-epoca-tao-especial/
As minhas memórias de juventude passam pelo Carnaval de Sesimbra e pela participação nos desfiles de palhaços à segunda-feira. Lembro-me quando foi a primeira vez e só agora percebi que já lá vão 25 anos. Tanto tempo que já passou, milhares e milhares de palhaços que calcorrearam aquela calçada, aquelas ruas, aquela praia! Este ano, estive a trabalhar e por isso não consegui estar presente nesta grande festa! Mas ao longo desta minha postagem, vão espreitando algumas imagens de anos anteriores! Venham recordar comigo alguns momentos das tardes fantásticas das "Segundas dos Palhaços."
Bem, então voltando atrás no tempo, estávamos em 1999 quando esta brincadeira começou. Os pioneiros, primeiros foliões a achar que seria engraçado mascararem-se de palhaços e juntarem-se para fazer umas brincadeiras na tarde de segunda-feira (numa época e região que, devemos lembrar, quase ninguém trabalhava nestes dias e em que não havia escola) foram Carlos Silva, Paulo Soromenho, Pedro Canana, Raúl Custódio, Henrique Amigo, entre outros.
O primeiro desfile chamou-se "Simpatia é Quase Amor," mas os organizadores não faziam "ideia do sucesso que este acontecimento iria alcançar." Poucos meses antes, a TVI tinha estreado o programa "Batatoon." Não levou muito tempo até que este se tornasse "um dos grandes momentos do Carnaval de Sesimbra, mas também no maior desfile do género que se realiza em Portugal e no mundo, juntando todos os anos milhares de pessoas vindas de vários pontos do país." Os números são espetaculares - falamos num cortejo que já chegou a levar "perto de 4 mil mascarados de todas as idades" - tal como é a imagem do mar de cores que invade a marginal de Sesimbra. Até mesmo os animais de companhia são levados a participar! A animação e a música - onde não faltam as tradicionais marchinhas de carnaval - acompanham todo o desfile!
A participação é livre e basta vir vestido de palhaço. Alguns foliões trazem consigo vários apetrechos, como por exemplo "veículos de todos os feitios, desde barcos com rodas, naves espaciais, triciclos com asas," entre outras coisas! E vocês? Que memórias têm destes 25 anos?
Fontes:
https://www.sesimbra.pt/noticia-72/carnaval-cortejo-de-fantasias-de-palhaco
https://www.sesimbra.pt/noticia-72/cortejo-de-fantasias-de-palhaco-62
Cada vez mais, as escolas e grupos começam a ter uma outra importância na vila, em especial no seu associativsmo. Os anos 90 não terminam sem o aparecimento do grupo de Axé Tripa Cagueira.
Com um espírito jovem e irreverente, um grupo de rapazes de Sesimbra, juntaram-se e fizeram o seu primeiro desfile em 1997, usando latas em vez de instrumentos. Quem viu não esqueceu essa primeira atuação e desde aí nunca mais pararam. Aparecia assim o primeiro grupo de Axé de Sesimbra, a Tripa Cagueira, onde até hoje só desfilam elementos do sexo masculino. Em 2000 apresenta um dos enredos mais conhecidos: "Estado da Nação."
A 17 de maio de 1999 aparece em Sesimbra o segundo grupo de Axé, a Associação Recreativa Bigodes de Rato, que trazem a novidade de qualquer pessoa poder acompanhar o próprio desfile ao integrar o “Bloco dos Bigodes de Rato”. Em 2001, apresentam-se com a música "Preto no Branco."
Em 2004, formou-se o primeiro grupo de Axé apenas com elementos do sexo feminino, a Tripa Mijona, fazendo parte da Associação Tripa. No primeiro ano desfilaram apenas com batucada, mas no segundo, levaram o tema "Sonho Real." Desfilam desde aí no sábado de Carnaval, primando sempre pela originalidade e alegria. Entre outros, em 2010, apresentaram-se como bruxas e em 2017 trouxeram "O circo da Vida" para animar a Avenida.
Mas a verdade é que Sesimbra não é apenas Santiago e Castelo e a 11 de julho de 2008, surge a primeira Escola de Samba, sediada na freguesia da Quinta do Conde. O crescimento demográfico desta freguesia, datada de 1985 e, depois, a passagem a vila desta povoação em 1995, fez com que as associações começassem também a surgir, sendo hoje mais de quarenta. O Grupo Recreativo Escola de Samba Batuque do Conde, além de desfilar no domingo e terça em Sesimbra, desfila atualmente no sábado de Carnaval na Quinta do Conde. Aqui ficam as memórias dos desfiles de 2010, de 2011 e 2014.
Este ano apresentar-se-ão com o enredo "Vamos com Fé."
A 21 de junho de 2011, surge também na freguesia da Quinta do Conde o GRES Corvo de Prata. Em 2015, trazem o tema " Sesimbra é peixe - Maravilhas de uma Vila."
A diversidade de cada Escola e de cada grupo, a sua individualidade e, cada vez mais a partilha de conhecimentos que vem enriquecendo os seus elementos, têm feito do Carnaval de Sesimbra um dos mais belos do país. Nascido ainda antes da liberdade, nunca deixou de crescer e apesar de todas as vicissitudes por que tem passado, ainda é um marco na tradição e cultura das nossas gentes. Nele desfilam novos e velhos, casados, solteiros e divorciados! Desfilam pexitos e camponeses! Desfila quem nasceu cá, quem nunca cá viveu e até quem não sabe dançar. Desfila quem ama o samba, seja qual for a sua origem.
Só tem uma obrigação: Respeitar!
Fontes:
https://gresbatuquedoconde.webnode.pt/sobre-nos/
https://bigodesderato.pt/sobre/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Quinta_do_Conde
Quando falamos em Sesimbra temos de falar em carnaval. O carnaval nasceu muitos anos antes das primeiras escolas de samba, tendo as suas origens nos bailes e nas noites de folia em que os grupos de mascarados tentavam ser cada vez mais arrojados e marcar a diferença. As noites de carnaval eram um espaço de alguma liberdade numa época em que essa liberdade estava vedada à maior parte dos portugueses.
Foram os grupos, de rapazes e raparigas, que se reuniam para brincar ao Carnaval que depois vieram dar origem aos GRES de agora. Entre eles, não nos podemos esquecer das "Malvadas", dos "Turumbamba", dos "Papuas" e, dos grupos "MariSamba" ou dos "Cheirinhos da Fossa," entre outros. De facto, o Carnaval de Sesimbra vem de grupos como os "Caga no Rego", do "Grupo de Carnaval" e de todos os outros grupos de foliões e mascarados que se reuniam nos bailes na Praça Velha, no Refugo, no Grémio, na Sociedade Musical Sesimbrense, no Hotel Espadarte, no salão dos Bombeiros e no Ginásio.
Um dos primeiros grupos e que vem depois dar origem ao atual GRES Bota no Rego "foi fundado por um grupo de foliões" que apenas se queriam "divertir no Carnaval noturno em Sesimbra. Maria Cândida Covas, mais conhecida por "Marquinhas," juntou-se com os amigos do colégio e "pensaram em levar para as ruas de Sesimbra as ideias originais que chegavam do outro lado do Atlântico" e que viam nas "revistas brasileiras de Carnaval que havia na casa da avó." Estavamos em 1974. As primeiras fantasias começaram a tomar forma: "primeiro a de palhaço sem mascarilha, depois os malmequeres e jardineiros a cantar o Vira dos Malmequeres, da Tonicha, por fim os verdadeiros sons dos instrumentos e até um pequeno carro de rolamentos."
A pedido dos habitantes da Vila de Sesimbra, que acharam as fantasias muito bonitas, começaram a desfilar na terça-feira de Carnaval durante o dia." A fundação da Escola é a 5 de março de 1976. Nos dois primeiros anos, o nome era "Caga no Rego" mas como era um nome pouco consensual, em 1978 mudou para Bota no Rego.
Em 1977, desfilaram além do grupo "Caga no Rego", os "Cheirinhos da Fossa" e o "Ginga no Pandeiro." Nos primeiros tempos, o apoio não era muito e, claro, havia pouca experiência na elaboração dos fatos e dos carros alegóricos. E foi através dos bombeiros que conseguiram pela primeira vez levar uma "bateria" para a rua, muito diferente das que hoje vemos desfilar.
Os temas foram-se sucedendo, "Cleópatras", "Astérix e os Romanos", "Atlântida", "Os planetas e as Estrelas" e "O Futuro", foram alguns dos temas trabalhados nos primeiros anos. "Em 1988, o Bota no Rego leva para a Avenida um enredo representativo dos Quatro elementos, já mostrando uma conceção mais elaborada, fruto das tentativas e aprendizagens conseguidas ao longo da sua primeira década de vida.
1990, foi um ano complicado para todas as escolas que faziam o carnaval de Sesimbra. Um dos casos foi o da Escola Marisamba. Não foi por isso, um mero acaso, que a Escola Marisamba e o Bota no Rego, se tenham na altura reunido e decidido juntar esforços e criar uma escola única. Na época, isso levou ao crescimento e à melhoria do carnaval de Sesimbra. Em 1995 não houve desfiles, devido à morte dos pescadores do barco "Menino Deus", uma das maiores tragédias que atingiu a nossa vila. Nesse ano, não havia condições nem vontade de festejar o Carnaval.
Ao longo dos anos, o Bota no Rego foi crescendo e a evolução para novas valências não tardou, com o aparecimento do seu próprio "Grupo de Teatro, uma Academia de Música e uma Orquestra designada por Bota Big Band regida pelo seu próprio maestro." Em 2011 iniciou o projeto MegaSamba," que já é uma referência do verão sesimbrense. Em 2019, altera a sua denominação para G.R.E.S. Bota.
Um outro grupo era o de Arménio Sousa, que se inspirava nas Revistas que eram produzidas para "os palcos do Maria Vitória e do Variedades." Este grupo era bastante conhecido à época. Eram "os reis do Carnaval de Sesimbra, ou não tivesse o próprio Arménio sido o único Rei Momo da vila, que, montado num burro, pregou um divertido e sarcástico discurso." Foram o primeiro grupo da vila em que todos os membros se mascaravam de mulher, "imitando umas esbeltas e provocantes misses."
Mas havia também um grupo só de mulheres: "As Malvadas", fantasiadas de "escravas cor-de-rosa" ou de "mulheres-pássaro de fato de lamê" que ainda são recordadas "pelo enorme sucesso que tiveram." Em 1988, desfilavam na Avenida da Liberdade, de fatos negros e dourados.
Em 1978, surge o Trepa no Coqueiro, "com fantasias confecionadas gratuitamente por algumas mães de desfilantes, assim como alguns dos instrumentos de percussão construídos por elementos da escola." É no Hotel do Mar que são realizadas "as primeiras reuniões e ensaios" a pedido de "António Paixão," um dos funcionários deste Hotel, que "conta com o apoio do seu Director-Geral Óscar da Silva." No ano seguinte, o Trepa no Coqueiro apresenta-se pela primeira vez na rua. Podemos vê-los aqui, representando Sesimbra, numa apresentação na RTP, num programa apresentado por Júlio Isidro.
No início da década de 80, um outro grupo surgiu e, mesmo tendo durado apenas dois anos, marcou a história do Carnaval, "pelos trajes fora do comum, pinturas elaboradas e fatos masculinos mais ornamentados. O primeiro ano ficou assinalado pelos tons laranja a lembrar habitantes do espaço, e o segundo pelas brilhantes e esverdeadas cobras, pintadas com enorme precisão."
Para o grupo "Turumbamba," a confeção dos fatos deixou recordações bem divertidas aos seus participantes que passavam horas na sede a conviver enquanto faziam as fantasias, antes de saírem pelas ruas "a pregar partidas". Na primeira vez foram "fantasiados de romanos, com lençóis brancos e papéis metalizados. Depois seguiu-se o fato de rock and roll, Ali Babá, Branca de Neve e uma fantasia com máscaras de gesso, que fez esgotar o stock de vaselina e de gesso da farmácia."
Em 1983, participa "pela primeira vez no desfile carnavalesco em Sesimbra com 12 elementos," a Escola de Samba Saltaricos do Castelo, com o tema "O Capuchinho." Só em 1985 é que "saiu pela primeira vez com bateria, contando com cerca de 100 elementos, dos quais 30 faziam parte da bateria." É apenas onze anos depois da sua fundação, em 1994, que se "apresenta pela primeira vez" com um "samba enredo cantado," com o tema "A travessia do Atlâ”. Aqui podemos vê-los no desfile de 1996, a descer a Avenida.
Em 1985, os "Papuas" saíram com fantasias feitas de "ráfia, folhas de palmeira e eucalipto e penachos de canas," representando as "tribos africanas." Um dos 40 elementos dos Papua, João Casaca, lembra que a ideia era utilizar materiais diferentes e interagir bastante com o público. "Pediram sacas às mercearias e às lojas de pesca para conseguir a ráfia, passaram horas num aviário a arranjar penas e até mesmo a distribuição de fotografias do grupo serviu para angariar verbas."
As "Bijucas", um grupo formado apenas por raparigas, "cativou tudo e todas com as suas roupas reduzidas e a irreverência caraterística da juventude." De forma a "financiar os seus fatos," lembraram-se "de começar a vender bolos porta a porta," como conta um dos seus elementos, Ana Maria Sousa.
E ainda falta falar aqui de vários outros grupos e escolas. Ficará para amanhã! Entretanto, se quiserem, mandem-me as vossas memórias e ajudem-me a construir esta pequena e singela lembrança da nossa Vila.
Fontes:
https://escolas-de-samba55.webnode.pt/escolas-de-samba-em-sesimbra/
https://www.sesimbra.pt/pages/1405
https://pt.wikipedia.org/wiki/GRES_Bota
Melchior, Gaspar e Baltazar foram considerados santos apensa no século VIII depois de Cristo. O dia de Reis, é celebrado hoje em muitas partes do mundo por cristãos católicos.
A lenda, narrada no evangelho de S. Mateus, conta que os três magos foram visitar o menino Jesus a Belém e ofereceram-lhe ouro, incenso e mirra. Só no período da Idade Média, passaram a ser considerados "Reis".
Sobre a nossa tradição, em várias zonas do país de continua a celebrar com o bolo-rei que traz uma fava e, a quem calhar a fatia com a fava deverá providenciar o bolo no ano seguinte. Existe ainda a variação a este bolo, que é o bolo-rainha (dos dois, o meu preferido é este) por sua vez sem as tradicionais frutas cristalizadas.
Em algumas zonas do país, ainda se continua com a tradição de cantar as Janeiras de porta em porta, em pequenos grupos. Nas escolas, as crianças preparam coroas em cartão e aprendem a cantar as "Janeiras". Antigamente, íamos neste dia ao comércio local e quando cantávamos as pessoas ofereciam-nos doces. Agora, isso ainda acontece, mas houve uma grande quebra nesse hábito devido à pandemia.
Os cristãos ortodoxos celebraram o Natal na noite de 6 janeiro para 7 de janeiro, por seguirem o calendário juliano.
A primavera deixa-nos, dando lugar ao verão.
O solstício de verão, que marca o início astronómico de uma nova estação, ocorre no hemisfério norte, quando o polo sul se encontra mais inclinado na direção do Sol onde tem uma maior exposição à luz do dia. E assim temos o dia mais longo do ano. O oposto acontece no hemisfério sul, ou seja, é o dia com menos luz solar e corresponde ao solstício de inverno.
Desde a pré-história, o solstício de verão é visto como uma época significativa do ano em muitas culturas e é marcado por festivais e rituais.
Ao longo da história da humanidade, tornou-se uma data marcante, carregada de simbolismo e celebrada desde tempos imemoriais. Os ritos pagãos, que ligam este dia à renovação da natureza, ao sol, à fertilidade e aos ciclos das colheitas, foram mais tarde incorporados pelo cristianismo. As celebrações dos santos vieram apenas, em muitos países, dar um novo nome a festas ancestrais. Em Portugal, os Santos Populares não são mais do que a junção dos rituais pagãos à fé nos santos do cristianismo. Saltar a fogueira, lançar balões de papel iluminados, o alho-porro e o manjerico são tudo exemplos dessa origem pagã das festas de junho, que marcam o início da estação das colheitas.
Há monumentos que indicam que já na pré-história o solstício de verão era um fenómeno astronómico conhecido, como é o caso de Stonehenge, em Inglaterra. Quem está no centro do monumento megalítico, no dia do solstício, pode contemplar o nascer do Sol sobre Heel Stone, um megálito que se ergue no exterior do círculo principal.
O monumento permitia, três mil anos antes de Cristo, determinar datas significativas, como os solstícios. As pirâmides do Egito são outro exemplo de monumento que revela noções antigas de astronomia: as Grandes Pirâmides foram construídas de forma que o Sol se ponha exatamente entre duas das pirâmides, no solstício de verão, quando visto a partir da Grande Esfinge de Gizé.
Atualmente, ONU celebra a 21 de junho o Dia Internacional do Solstício. Conhecido como a incorporação da unidade de culturas e tradições centenárias. Este dia foi criado pela Assembleia Geral da ONU como uma forma de fortalecer os laços entre os povos com base no respeito mútuo e em ideais de paz e de boa vizinhança.
A cultura é um conjunto de características emocionais, intelectuais, materiais e espirituais da sociedade e de grupos sociais. Abrange a arte, a literatura, estilos de vida e formas de convivência, assim como sistemas de valores, tradições e crenças.
Fontes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Solst%C3%ADcio_de_ver%C3%A3o
https://www.noticiasaominuto.com/tech/2345700/hoje-e-dia-de-solsticio-e-a-chegada-oficial-do-verao
https://news.un.org/pt/story/2021/06/1754182
https://myplanet.pt/solsticio-de-verao/
Lembraram-me hoje que é Dia da Espiga, ou Quinta-Feira da Ascensão. Lembro-me de ver os raminhos atrás da porta da cozinha da minha avó, ou na casa das vizinhas, mas nunca liguei muito a isso. É uma tradição muito antiga e como tal decidi procurar um pouco mais sobre esta data e o simbolismo do raminho.
Neste dia celebra-se a consagração da Primavera, uma tradição ligada à agricultura. Começou há muito muito tempo com os celtas e os romanos a agradecerem aos deuses as primeiras colheitas do ano. Mais tarde, de acordo com a tradição católica, começou a festejar-se neste dia a subida de Jesus Cristo aos céus 40 dias após a sua ressurreição (na Páscoa).
Segundo a tradição, o Dia da Espiga era considerado “o dia mais santo do ano”, em que não se devia trabalhar e que as pessoas partiam num passeio matinal pelos campos para colherem espigas e depois fazerem um ramo que incluía também flores silvestres como papoilas ou malmequeres, raminhos de oliveira, de alecrim e de videira. Infelizmente, agora trabalha-se neste dia e encontrar espigas por aí também não é tarefa fácil.
Por ter uma ligação com a Natureza, pensa-se que este costume está relacionado com antigas tradições pagãs associadas às festas da deusa Flora que aconteciam por esta altura. Com a chegada do Cristianismo, a Igreja de Roma, à semelhança do que fez com outras festas ancestrais pagãs, cristianiza depois a data e tendo em conta as datas de celebração da Páscoa, em Portugal este dia foi associado à Festa da Ascenção, celebrada 40 dias depois da Páscoa e que em tempos foi comemorada com feriado nacional.
Cada planta que é colocada no ramo, está associada a um significado:
Ditam os antigos costumes que o ramo deve ser colocado atrás da porta de entrada de casa e apenas deve ser substituído no ano seguinte, por um ramo novo, como símbolo de sorte e prosperidade do lar.
Além destas associações ao pão e ao azeite, a espiga surge também conotada com o leite, com as proibições do trabalho e ainda com o poder da Hora, isto é, com o período de tempo que decorre entre o meio-dia e a uma hora da tarde, tomando mesmo, nalguns sítios do país a designação de Dia da Hora.
Nas localidades em que assim é entendida esta quinta-feira, acredita-se que neste período do dia se manifestam os mais sagrados e encantatórios poderes da data e nas igrejas realiza-se um serviço religioso de Adoração, após o qual toca o sino. Diz a voz popular que nessa hora “as águas dos ribeiros não correm, o leite não coalha, o pão não leveda e até as folhas se cruzam”. Nalgumas povoações era também do meio-dia à uma que se colhia a espiga.
Não se cozia nem se remendava e havia quem deixasse comida feita de véspera para não ter de cozinhar neste dia. Em algumas aldeias, era também costume guardar-se pão, para que durante todo o ano não falte este alimento em casa. Este pão consumia-se no ano seguinte «sem bolor», prova da santidade do dia.
Fontes:
https://hortodocampogrande.pt/flores/dia-da-espiga-conheca-a-historia-e-o-simbolismo-desta-data/
https://ensina.rtp.pt/artigo/quem-sabe-o-que-e-o-dia-da-espiga/
OLIVEIRA, Ernesto Veiga – Festividades Cíclicas em Portugal. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1984. 357 p.(Colecção Portugal de Perto n.º 6) in https://www.santovarao.net/17-de-maio-dia-da-ascensao-dia-da-espiga-ou-quinta-feira-de-espiga/
Todos os anos, são centenas as pessoas que enchem as ruas da vila de Sesimbra para assistir à procissão em honra do Senhor Jesus das Chagas, padroeiro dos pescadores de Sesimbra, que se realiza na tarde de 4 de maio, feriado municipal.
Desde pequena que me lembro da festa do Senhor das Chagas. A imagem, imponente, do Cristo pregado na cruz, percorre a 4 de maio algumas das ruas da vila, saindo da Igreja "de cima", fazendo a sua tradicional paragem no Largo da Marinha e terminando novamente na Igreja Matriz de Santiago. A procissão é composta por diversos elementos desde os "anjinhos", aos pescadores, escuteiros, à Banda da Sociedade Musical Sesimbrense e à Fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Sesimbra. Nas janelas, algumas pessoas colocam colchas brancas e muitas flores. O andor é sempre enfeitado com muitas flores e é levado por representantes das várias instituições e pessoas da comunidade sesimbrense. Pelo caminho, vão alternando os hinos tocados pela Fanfarra e pela Banda, com cantares das pessoas que acompanham, tocando em especial "A teus pés".
Mas a festa começa vários dias antes, quando a imagem é trazida em procissão (mais pequena e simples) do local onde está todo o restante ano, do altar da Igreja do Senhor Jesus das Chagas, conhecida também como a Igreja da Misericórdia e fica durante cerca de duas semanas na Igreja Matriz de Santiago. Durante este tempo, é realizada a Novena - nove missas, à noite onde se celebram diversos temas e instituições - os pescadores, os bombeiros, os voluntários, as crianças...
Durante estes dia decorre também a feira. Antes a feira era realizada na Avenida da Liberdade, com barraquinhas que iam desde a curva "do desportivo" até ao Largo do Jardim. Os carrocéis eram muitos e ficavam no Campo da bola (hoje Estádio Vila Amália), mas agora a festa é mais pequenina, tendo perdido muito do seu brilho e tradição. Lembro-me que era nesta altura que se compravam andorinhas para colocar nas fachadas das casas, ou que se trocavam as panelas por outras novas e se adquiriam novas peças para os enxovais. Nós, as crianças, nessa altura, gostavamos de umas bolas coloridas cheias de serradura e com um elástico que prendiamos no dedo. Havia também as farturas e as pipocas que só se comiam nessas noites. Ah! E vestiamos sempre roupa nova (era o dia dos vestidos feitos pela avó, ou comprados na boutique e dos sapatos novos com "souquetes").
E são boas memórias as desses dias...
Durante alguns anos participei nas procissões, através da Fanfarra onde toquei caixa e timbalão. Pisavamos o alecrim, desfilando praticamente na frente da procissão. Rapidamente, os collants ficavam com buracos e as pernas cheias de arranhões por causa de alguns ramos maiores do alecrim que nos picava as pernas, e no fim, os joelhos ficavam com enormes hematomas por causa do timbalão que durante cerca de duas horas ou mais nos batia nas pernas a compasso.
Depois deixei de ir e a verdade é que, como estou normalmente a trabalhar neste dia (só é feriado em Sesimbra) já estou com saudades de dar uma espreitadela à festa, porque acredito que as tradições são para se manter - salvo algumas exceções, claro - e que esta festa, tal como outras, são manifestações simbólicas que unem as pessoas de uma comunidade.
Chega de mansinho, com gotas de água nas janelas e dias cada vez mais frios. Já não há estações como antes. Cada vez mais os fenómenos atmosféricos nos fazem duvidar se estamos no verão ou no inverno, ou se ainda moramos no hemisfério norte.
Hoje é o dia em que chega o inverno. A palavra solstício vem do latim; (Sol), e sistere (que não se move). Teremos o dia mais curto do ano e, consequentemente, a noite mais longa.
O solstício de inverno ocorre quando o Sol atinge a maior distância angular em relação ao plano que passa pela linha do equador. Assim, quando é inverno aqui, é verão no hemisfério sul.
Cada região e cada povo tem as suas tradições. No calendário chinês, o solstício de inverno chama-se dong zhi (em português: chegada do inverno) e é considerado uma data de extrema importância, coincidindo com a passagem de ano.
Na época dos romanos, o período marcava a Saturnália, em homenagem ao deus Saturno. Festas das mitologias persa e hindu reverenciavam as divindades de Mitra como um símbolo do "Sol Vencedor", marcada pelo solstício de inverno.
Com o avanço do cristianismo no Império Romano houve, por parte da Igreja Católica, uma tentativa de cristianizar os festivais "pagãos". Em várias culturas ancestrais por todo o mundo, o solstício de inverno era festejado com comemorações que deram origem a vários costumes hoje relacionados com o Natal das religiões cristãs.
Há indícios de que a data de 25 de dezembro foi escolhida para representar o nascimento de Jesus Cristo já no século IV. Há evidência bíblica de que Jesus não teria nascido durante o inverno, pois, no momento do nascimento, conta-se que os pastores estavam a cuidar dos seus rebanhos nas vigílias da noite o que dificilmente ocorreria no inverno.
Por outro lado, o período do solstício, visto como o renascimento do Sol, carrega forte representatividade. Os povos da Europa pré-cristã, chamados pelos católicos de pagãos, tinham grande ligação com essa data. Segundo alguns historiadores, monumentos como Stonehenge eram construídos de forma a estarem orientados para que se conseguisse observar o pôr do sol no solstício de inverno e o nascer do sol no solstício de verão. E essas eram as datas mais importantes.
Nos países do norte da Europa, (Suécia, Dinamarca, Noruega, Finlândia, Estônia, Letônia, Inglaterra e Lituânia) celebra-se o "midsummer".
Outra curiosidade interessante é que na linha do equador não há como dizer se um solstício é de verão ou de inverno uma vez que demarcam a separação dos hemisférios norte e sul da Terra. Nas linhas dos círculos polares Ártico e Antártico, os solstícios marcam o único dia do ano em que o dia ou a noite duram 24 horas ininterruptas considerando a estação do ano: verão ou inverno, respetivamente.
Neste dia em 1965, é adotada a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial. No artigo primeiro, define-se Discriminação Racial como qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência, baseadas em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica, que tenha por objetivo ou efeito anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício em um mesmo plano (em igualdade de condição) de Direitos Humanos e liberdades fundamentais no domínio político, económico, social, cultural ou em qualquer outro domínio de vida pública.
Em 2012 a cidade de Chichen Itzá, no sul do México, muitas pessoas se juntaram para inaugurar o início de uma nova era para o povo Maia, que havia sido anunciado como um possível fim do mundo. Depois do sol nascer no México, afinal, o mundo continuou a girar e os visitantes do centro das terras maias agradeceram.
E sabem o que mais se celebra hoje? O Dia das Palavras cruzadas. Pois é! Foi a 21 de dezembro de 1913 que as palavras cruzadas surgiram pela primeira vez, no jornal “New York World”, um jogo onde dicas e número de letras são usados para formar palavras.
Fontes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Solst%C3%ADcio
https://pt.wikipedia.org/wiki/Solst%C3%ADcio_de_inverno
https://exame.com/mundo/dia-amanhece-no-fim-do-mundo-do-calendario-maia/
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