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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
Durante o dia de ontem, um atentado terrorista matou 32 pessoas, deixando 63 feridos, na praia do Lido, na capital da Somália, Mogadíscio.
"Segundo a polícia, um homem-bomba detonou a carga explosiva que transportava e, em seguida, vários criminosos abriram fogo contra as pessoas que estavam na praia do Lido, muito popular entre empresários e funcionários do governo." O ataque foi atribuído ao "grupo islâmico Al Shabaab," que desde o início do ano já "tomou o controle de várias localidades no centro do país e que tem ligações à Al Qaeda.
Este não foi o primeiro ataque naquela zona. Apesar de alguns meses de aparente tranquilidade na região, em meados de julho, "nove pessoas morreram e 20 ficaram feridas em Mogadíscio quando um carro-bomba explodiu diante de um café lotado durante a exibição da final" do campeonato Europeu de futebol.
Fontes:
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2024/08/03/atentado-somalia-deixa-30-mortos-e-feridos.
https://www.dn.pt/8005040856/atentado-islamico-numa-praia-da-somalia-faz-mais-de-30-mortos/
Enquanto de um lado se festeja a final do Europeu, na Somália, "nove pessoas que estavam num café a assistir à final do Euro 2024 morreram" quando "um carro carregado de explosivos rebentou violentamente no exterior do estabelecimento em Mogadíscio, capital da Somália", provocando ainda 20 feridos.
O ataque terá sido organizado pelo grupo al-Shabab, opositor do governo somali e descrito como uma das organizações "mais mortíferas da Al-Qaeda."
A Somália tem levado a cabo uma ofensiva de grande visibilidade contra este grupo extremista, que no final de abril tinha já matado "seis trabalhadores" da maior "empresa privada de telecomunicações da Somália", a "Hormuud Company," através de um atentado à bomba em Mogadíscio.
Fontes:
https://www.rtp.pt/noticias/mundo/seis-trabalhadores-mortos-em-atentado-a-bomba-na-somalia_n1567756
Hoje fiz uma publicação no blogue Caderno de leitura onde apresento uma iniciativa portuguesa que leva a que hoje, milhares de crianças tenham ido de pijaminha para a escola! A Missão Pijama, é uma iniciativa da "Mundos de Vida". Esta é essencialmente uma iniciativa de sensibilização da sociedade portuguesa para a promoção do "direito de uma criança crescer numa família" e não é por coincidência que calha exatamente no dia em que se assinala a Convenção Internacional dos Direitos da Criança. Apesar de estar mais direcionada para a consciencialização do direito que toda e qualquer criança deveria ter a viver numa casa, a ser aceite pelos seus e a ter uma família, a verdade é que neste dia não nos podemos esquecer de todas as outras. Aquelas que hoje não tem um pijama para vestir e que adormecerem sobre a terra dura sem nada com que se tapar.
E é cada vez mais importante falarmos disto!
A Convenção sobre os Direitos da Criança foi adotada pela Assembleia Geral da ONU em 20 de novembro de 1989. Entrou em vigor em 2 de setembro de 1990 e foi ratificado por 196 países, Portugal incluído. Os Estados Unidos não ratificaram a Convenção. Esta Convenção apoia-se ainda na Declaração de Genebra dos Direitos da Criança, de 1924, e na Declaração dos Direitos da Criança adotada pela Assembleia Geral a 20 de novembro de 1959.
Presentemente, continuam as crianças a ser as principais vítimas, diretas e indiretas, dos conflitos.
Na Faixa de Gaza, as crianças têm sido as principais vítimas do conflito entre Israel e o grupo palestino Hamas, perfazendo cerca de 40% do total de mortos no território. Segundo informações do ministério da Saúde da Faixa de Gaza, controlado pelo Hamas, desde o início dos bombardeios de retaliação de Israel após os ataques brutais perpetrados pelo Hamas em 7 de outubro, cerca de 3000 crianças perderam a vida e mais de 5,3 mil ficaram feridas na Faixa de Gaza. Nem será preciso referir que a situação vivida nos hospitais é desumana. Nem todos os recém-nascidos que estavam nas incubadoras conseguiram sobreviver aos cortes de energia e nem todos os que foram levados para o Egito, lá conseguiram chegar com vida.
Em Israel, mais de 30 crianças foram mortas pelo Hamas desde o início da atual guerra, e dezenas permanecem em cativeiro na Faixa de Gaza, longe dos pais e dos irmãos.
Apesar de os dados já não estarem atualizados, por causa da constante dificuldade em recolher dados nas zonas ocupadas pelas forças russas, desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022, quase 500 crianças foram mortas e mais de 1000 ficaram feridas.
Não se fala tanto do Sudão, mas a guerra civil em que o país está mergulhado desde abril, para além das habituais condições de pobreza extrema, faz com que aí se viva atualmente um dos períodos mais trágicos. A luta entre o exército do Sudão e o grupo paramilitar RSF dura há quase seis meses, tendo já provocado milhares de refugiados e uma verdadeira crise humanitária, que, reforço não tem sido devidamente acompanhada. De acordo com a agência da ONU, mais de 1200 crianças com menos de 5 anos (refugiadas da Etiópia e do Sudão do Sul) morreram de sarampo e de malnutrição em nove campos de refugiados no Estado do Nilo Branco entre 15 de maio e 14 de setembro. A guerra tem levado milhares de pessoas a fugirem para os países vizinhos, sobretudo para o Egito e para o Chade, onde quase um milhão de mulheres e crianças vivem em campos de refugiados. A fome e as doenças associadas à malnutrição são a principal causa de morte entre os mais novos.
Na Nigéria e na Somália, juntam-se as catástrofes naturais que têm levado à fuga de centenas de milhares de pessoas. A Nigéria foi o país da África sub-sariana onde se registaram mais deslocados internos, devido às inundações no estado de Borno e noutras partes do país, em 2022. No final do ano passado, pelo menos 854000 pessoas continuavam longe de casa entre elas, estima-se que 427000 eram crianças.
No Paquistão, mais de um ano depois das cheias que afetaram o território, estima-se que ainda existam oito milhões de pessoas, metade das quais crianças, que vivem sem acesso a água potável, nas zonas mais afetadas. A subnutrição atingiu níveis dramáticos.
E poderia continuar a enumerar, mas números são apenas isso, números. Faltam ações concretas dos governos, porque isto assim não pode continuar!
Fontes:
https://www.bbc.com/portuguese/articles/c517zvr11n1o
https://pt.euronews.com/2023/08/13/cerca-de-500-criancas-mortas-desde-o-inicio-da-guerra-na-ucrania
Há meninos que vão à escola. Há meninos que fazem birras porque não querem comer a sopa. Há meninos que brincam com carrinhos, constroem puzzles e pintam desenhos coloridos.
Há meninos que são levados em tenra idade e que são sujeitos às maiores atrocidades. Há meninos que em vez de desenhos animados assistem a execuções. Há meninos que são recrutas em ”campos infantis” por toda a Síria e pelo Iraque e fazem parte do Daesh.
Assinala-se hoje o Dia Internacional contra o Uso de Crianças-soldado. Segundo o mais recente levantamento feito pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, 56 das atuais 57 entidades em guerra têm utilizado crianças nos seus exércitos. Em 2014, foram identificadas oito nações onde as crianças são recrutadas pelas forças de segurança: Afeganistão, Chade, Mianmar, Somália, Sudão do Sul, Sudão e Iêmen. Em países como Iraque e Síria, crianças permanecem vulneráveis ao recrutamento por conta da proliferação de entidades armadas e avanços do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL). No Sudão do Sul, os conflitos internos ainda afectam jovens e, no Iêmen, a participação e o uso de crianças pelas partes em conflito tornaram-se amplamente disseminados desde a escalada das tensões, em Março de 2015.
Há meninos que brincam ao faz-de-conta com armas feitas de pau e cantam "rei, capitão, soldado, ladrão..." e há meninos que gritam antes de dispararem armas verdadeiras, numa idade em que ainda não deveriam saber que a morte é irreversível. Estas crianças são usadas como bombistas suicidas ou para ”transportar armas e material médico nos confrontos”. Enquanto as meninas são vendidas ou entregues aos soldados do Daesh como presentes, os rapazes são sujeitos a treino religioso e militar, onde aprendem a disparar armas e são obrigados a assistir a vídeos de decapitações.
Em 2016, pensa-se que terão sido 89 as crianças entre os oito e os 18 anos que morreram nas fileiras do Daesh durante um ano. O autoproclamado Estado Islâmico chama-lhes "as crias do califado". São meninos e meninas, provenientes na sua maioria da Síria mas que acabam por morrer em solo iraquiano: 60% dos jovens terá entre 12 a 16 anos, enquanto apenas 6% estão entre os oito e os 12 anos. São tratados como qualquer outro soldado. Estudos apontam para que 39% das crianças que faleceram em nome do Daesh iam a conduzir um veículo armadilhado, enquanto 33% foram mortas como peões no campo de batalha. Os números são ainda mais aterradores quando se descobre que 18% dos rapazes não tinham sequer quaisquer planos de sobreviver, sendo parte de inghimasis, ataques onde os jiadistas mergulham para lá das linhas do inimigo com a intenção de causar o maior número de baixas até eles próprios serem mortos.
Em 2017, no programa Grande Reportagem (SIC) com o título "Crianças no Daesh" de Henrique Cymerman, filmada na zona de Mosul no Iraque, podemos ver (se bem que não serei nunca capaz de compreender) o drama de milhares de meninos raptados pelo Estado Islâmico e transformados em terroristas suicidas e soldados, logo a partir dos três anos. Este excelente trabalho de reportagem mostra como uma equipa de resgate tenta libertar das mãos do ISIS crianças e meninas dos 3 aos 15 anos. São crianças e adolescentes que passaram longos períodos nas mãos do Daesh, movimento que chegou a controlar metade da Síria e metade do Iraque. Um dos meninos era Akram, com apenas 10 anos, que mostra aos repórteres como os homens do Estado Islâmico o ensinaram a matar e a cortar o pescoço de seres humanos, começando os "treinos" com bonecas, depois com gatos, cães, e por fim, com pessoas. Akram diz acerto ponto: "Se continuarem a falar em inglês vou ter de os matar."
Segundo uma denúncia das Nações Unidas, em 2022, as autoridades iraquianas mantinham detidas mais de um milhar de crianças (1091), algumas delas com apenas nove anos, acusadas de serem uma ameaça à segurança do Estado e de pertencerem ao Daesh. De facto, a esperança dos líderes do autoproclamado Estado Islâmico é que, mesmo se a organização eventualmente for derrotada, a “missão” pode continuar através de uma nova geração de jiadistas, através dos milhares de crianças que já foram doutrinadas com os seus ensinamentos.
Está tudo errado.
Estas crianças, são vítimas de guerra. Nunca pediram para estar ali... nunca pediram para que lhes fosse posta uma arma nas mãos... não puderam ser crianças, não puderam brincar, sorrir, cantar, sonhar...
Fontes:
https://visao.pt/atualidade/mundo/2016-01-10-as-criancas-sao-o-futuro-ate-no-daesh/
https://expressodasilhas.cv/mundo/2016/02/27/uma-infancia-a-combater/47798
https://sicnoticias.pt/programas/reportagemsic/2017-07-14-Criancas-no-Daesh-uma-infancia-roubada
Atualmente, cerca de 80 milhões de pessoas estão deslocadas. Isso representa 1% da população mundial. Desse total, quase metade é composta por crianças. A situação dos refugiados, é uma realidade que não pode ser esquecida. Mesmo perante o Covid ou, sobretudo, também devido à crise que o próprio Covid provocou também nestes países.
A ajuda huminatária, essencial para garantir a sobrevivência de milhões de pessoas, não chega a todos os lugares. A população de refugiados do Sudão do Sul é a maior da região e uma das mais vulneráveis. Cerca de 2,3 milhões de refugiados vivem em condições extremamente precárias, agravadas pela pandemia COVID-19.
Hoje vamos perceber quais são alguns dos países mais afetados A situação de segurança e humanitária na República Democrática do Congo (RDC) continuou a deteriorar-se, principalmente no leste, palco de uma das mais complexas e longas crises humanitárias permanentes na África.
A situação na Somália é uma das crises de deslocamento mais antigas do mundo, fruto de um conflito armado em curso. Muitas pessoas continuam a precisar de assistência humanitária urgente e mais de 778.000 refugiados somalis em países anfitriões também continuam a contar com proteção, assistência e apoio na busca por soluções duradouras. Muitos dos deslocados testemunharam atrocidades e mulheres foram vítimas de violência sexual.
Milhares de pessoas foram forçadas a deslocar-se internamente no Iraque depois das suas terras terem sido confiscadas e suas casas e meios de subsistência terem sido destruídos. Existem cerca de 1,4 milhão de deslocados internos no Iraque, mais da metade dos quais vivem deslocados há pelo menos três anos. Há também cerca de 278.600 refugiados iraquianos no Egipto, Jordânia, Líbano, Síria e Turquia.
No caso do Afeganistão, a crise já dura aproximadamente 50 anos e os afegãos são a segunda maior população de refugiados. Em 2020, o país tornou-se o terceiro com maior número de pessoas forçadas a procurar outras regiões onde viver. Com 2,5 milhões de refugiados, 2,8 milhões de deslocados internamente e 240 mil requerentes de asilo, o país está atrás apenas de Síria (com 6,8 milhões entre refugiados e requerentes de asilo e 6,7 milhões de deslocados internamente) e da Venezuela (com 4,9 milhões de deslocados ao todo).
Fontes:
https://news.un.org/pt/story/2020/07/1721671
https://csvm.ufg.br/n/146023-para-onde-vao-os-refugiados-afegaos
Quase diariamente assistimos nos noticiários à situação humanitária vivida pelas centenas de milhares de refugiados, oriundos maioritariamente da África e Oriente Médio, e da Ásia (embora com menor proporção), que procuram chegar à Europa. A travessia do Mediterrâneo é feita em botes ou em embarcações superlotadas, sem os mínimos requisitos de segurança, por traficantes de pessoas. Sem garantia de sucesso no pedido de refúgio, muitos imigrantes não conseguem ficar no destino final e são mandados de volta ao país de origem. Mas dificilmente eles desistem e tentam duas, três, quatro vezes, até receberem o asilo oficial. Perceber a evolução desta problemática que é europeia e, por isso, é nossa também e não lhe devemos virar a cara.
O naufrágio de migrantes ocorrido em 2013 na costa da Ilha de Lampedusa fez, de certo modo, o mundo abrir os olhos com a morte de mais de 360 pessoas e levando o governo italiano a estabelecer a Operação Mare Nostrum. Esta consistiu numa operação naval de grande escala que envolvia ações de busca e salvamento, com alguns migrantes trazidos a bordo de um navio de assalto anfíbio. Em setembro de 2014, pelo menos 300 imigrantes naufragaram em Malta, quando os traficantes fizeram um "assassinato em massa" depois das pessoas se terem recusado a mudar para uma embarcação menor.
No entanto em 2014, o governo italiano terminou a operação, dizendo que o custo era demasiado grande para um Estado da União Europeia gerir sozinho. Em 2014, 3.283 pessoas morreram ou desapareceram no Mediterrâneo durante a tentativa de migrar para a Europa, e 283.532 migrantes irregulares entraram na União Europeia, sobretudo seguindo a rota do Mediterrâneo Central, Mediterrâneo Oriental e rotas dos Balcãs Ocidentais. Em 2014, os sírios lideraram as solicitações de asilo no mundo inteiro, com mais de 149600 pedidos.
Esse fluxo migratório atingiu níveis críticos ao longo de 2015, com 3782 mortos e atingiu o seu pico em 2016 com 5143 vidas perdidas. Centenas de milhares de pessoas tentaram entrar na Europa e pedir asilo, fugindo dos seus países, devido a guerras, conflitos, fome, intolerância religiosa, terríveis mudanças climáticas, violações de direitos humanos entre outros, e somando-se a tudo isso, uma ação massiva de intimidação, violência e opressão executadas por grupos que controlam o tráfico ilegal e exploram estes migrantes totalmente vulneráveis. Numa das travessias, pelo menos 300 imigrantes perderem a vida quando 4 botes entraram em apuros depois de deixarem a Costa da Líbia com más condições climáticas. Em abril do mesmo ano, cerca de 400 imigrantes se afogaram quando o barco se virou na costa da Líbia.
A crise de 2015, surgiu em consequência do crescente número de migrantes irregulares que procuravam chegar aos estados membros da União Europeia, através de perigosas travessias no Mar Mediterrâneo e através dos Balcãs, procedentes da África, Oriente Médio e Ásia do Sul. Foi uma das maiores ondas migratória enfrentadas pela Europa desde a Segunda Guerra Mundial, com a Organização Internacional de Migração (OIM) a estimar de que até Setembro desse ano, o número de imigrantes já tinha batido a marca de 350000. A Alemanha foi mais longe falando em 800000 pedidos de asilo na Europa, isto porque no início de Setembro de 2015, a crise intensificou-se na Hungria, pois é parte da principal rota que leva imigrantes do Oriente Médio, principalmente da Síria para países mais ricos, notadamente para a própria Alemanha. O aumento do fluxo contínuo levou a Hungria a fechar a fronteira com a Sérvia, ao mesmo tempo que construiu uma segunda barreira na sua fronteira com a Croácia, tornan-se assim esta a rota mais utilizada.
O principal ponto de viragem para a União Europeia surgiu após uma nova tragédia, ainda em Abril de 2015, quando um barco com migrantes se afundou na Líbia, resultando em mais de 800 homens, mulheres e crianças mortas.
Portugal aceitou uma quota voluntária para o acolhimento de 4.500 refugiados: apesar da crise financeira sofrida atualmente pelo país, este mostrou-se disponível para acolher refugiados em nome do princípio da solidariedade. Para além da ação das autoridades oficiais coordenadas com os esforços das instituições europeias e internacionais, a sociedade civil mobilizou-se para dar uma resposta solidária e célere, tendo sido criada para o efeito a associação PAR (Plataforma de Apoio aos Refugiados).
Em 2018, mais de 1,5 mil migrantes morreram durante os primeiros sete meses do ano ao tentar atravessar o mar Mediterrâneo em direção à Europa, segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. Com o fecho dos portos italianos, a Espanha passa a ser o principal ponto de entrada para a Europa. De entre a origem destes migrantes, estão os portos de Marrocos, Argélia e Mauritânia.
Apesar de estar a diminuir, em relação a 2017, o número de pessoas que chega à Europa, a taxa de mortalidade, especialmente entre aqueles que chegam ao continente através do Mediterrâneo, aumentou significativamente. No Mediterrâneo Central, para cada grupo de 18 pessoas que realizaram a travessia entre janeiro e julho de 2018, uma pessoa morreu ou desapareceu, em comparação com uma em 42 no mesmo período em 2017. Pascale Moreau, diretor do Escritório do ACNUR para a Europa. “Mesmo com a diminuição do número de chegadas às costas europeias, já não se trata mais de testar a capacidade da Europa de gerir números, mas de demonstrar a humanidade necessária para salvar vidas”. O ACNUR pede também à Europa para aumentar a disponibilidade de rotas de acesso legais e seguras para os refugiados, inclusive aumentando o número de locais de reinstalação e removendo barreiras ao reagrupamento familiar – o que proporcionaria opções alternativas para viagens de alto risco cujo desfecho é frequentemente fatal.
O terceiro e o maior Centro de Acolhimento de Refugiados em Portugal, em São João da Talha, Loures, foi inaugurado em Dezembro de 2018, recebendo um primeiro grupo composto por refugiados sírios e sudaneses que vinham do Egito. Este centro, estava inicialmente destinado a receber os 1010 refugiados que Portugal previa acolher no âmbito do programa de reinstalação até ao final de 2019. O CAR II é maior Centro de Acolhimento de Refugiados do país e surgiu 12 anos depois do CAR I e seis anos depois da abertura da Casa de Acolhimento de Crianças Refugiadas (CACR).
Em 2019, 1.885 pessoas morreram e a proporção de migrantes que perderam a vida foi maior que as tentativas de travessia do Mediterrâneo Central e Ocidental. Nesse ano, entre vários acidentes registados, os Médicos Sem Fronteiras na Líbia estimam que 150 pessoas tenham pedido a vida num naufrágio a 26 de julho desse ano, após duas embarcações vindas de Trípoli com cerca de 300 pessoas a bordo se terem afundado. 137 pessoas foram resgatadas mas apenas um corpo foi recuperado. E isto é outro dos problemas desta crise, que se torna ainda pior quando sabemos que nem sempre são feitos esforços para se recuperar os corpos das vítimas.
Laczko - diretor do Centro de Análise de Dados de Migração Global da OIM - contou que quando uma vítima é de um país de alta renda, há esforços para encontrar e identificar o corpo. O mesmo já não ocorre em caso de um migrante pobre no Mediterrâneo, cujo paradeiro permanece desconhecido dos familiares. A OIM revelou que em dezenas desses casos não ocorre nenhum resgate.
Em outubro de 2019, a Agência da ONU para Refugiados, Acnur, pediu para que a Grécia fizesse a transferência de milhares de migrantes das ilhas Egeias para locais mais seguros. Segundo a agência, estes migrantes estão em “centros de recepção superlotados.” Em setembro, as ilhas receberam 10,258 novos migrantes, especialmente de famílias afegãs e sírias. Esse é o maior número desde 2016.
Em 2019, a Grécia registrou a maior parte das chegadas na região do Mediterrâneo. De um total de 77,4 mil migrantes, o país acolheu 45,6 mil pessoas, mais do que Espanha, Itália, Malta e Chipre juntos. A situação nas ilhas de Lesbos, Samos e Kos é considerada crítica. O centro de Moria, em Lesbos, ultrapassou em cinco vezes a sua capacidade. No caso da Líbia, a situação ainda é mais precária. Mais de 6,2 mil migrantes terão sido resgatados no mar e retornados à Líbia, em 2019. Muitos foram colocados em detenção arbitrária e outros foram libertados em áreas onde perdura o conflito armado. Segundo a OIM, mais de 100 mil migrantes no país permanecem vulneráveis, correndo o risco de sequestro e tráfico.
O Projeto de Migrantes Desaparecidos, da OIM, registou em fevereiro deste ano (2020) um naufrágio com 91 mortes na costa da Líbia. A OIM citou o recente naufrágio com a embarcação Garabulli na Líbia, ocorrido a 9 de fevereiro, como um dos episódios mais dramáticos com os chamados “barcos fantasmas”, que desaparecem a caminho da Europa.
Este ano, três corpos de jovens migrantes apareceram numa praia na Tunísia. Suspeita-se que as vítimas estejam ligadas a um navio que transportou 18 pessoas da Argélia, a 14 de fevereiro, sem destino conhecido.
Fontes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Crise_migrat%C3%B3ria_na_Europa
https://news.un.org/pt/story/2020/03/1706451
https://www.dw.com/pt-br/novos-caminhos-no-mediterr%C3%A2neo/a-44887718
https://cpr.pt/novo-centro-de-acolhimento-para-refugiados-car-ii/
https://news.un.org/pt/story/2019/10/1689202
A emoção desponta quando começo a tentar escrever sobre a participação das crianças na guerra. Podia estar apenas a falar sobre mais um ataque à bomba, o que infelizmente só por si já seria muito mau, mas ainda o ano vai no princípio e já quase que se está a tornar banal verem-se imagens de pessoas mortas no chão e outras a correr no meio do pó e da destruição.
Mas dá-se um nó, um aprto no peito enquanto as lágrimas tentam ganhar caminho... são as imagens de crianças que aprendem a usar armas que me estão a colocar um nó dentro do peito. É revoltante aquilo que se está a fazer com todos aqueles rapazes, que deviam estar a brincar com carrinhos, a correr atrás de uma bola e não a usar armas de fogo! Mas os factos estão diante dos nossos olhos, todos os dias, na televisão ou na internet.
Começo por falar do Afeganistão, onde os meninos aprendem as "leis" do Estado Islâmico. Praticamente derrotado na Síria e no Iraque (ou pelo menos assim nos querem fazer crer), o auto-denominado grupo terrorista "Estado Islâmico" segue firme no Afeganistão, onde uma série de atentados ao longo dos últimos 18 meses deixou centenas de mortos.
Quando em 2014, as tropas da NATO começaram a deixar o Afeganistão, o Estado Islâmico levantou sobre a população a sua mão pesada, fazendo-se sentir através de ações do grupo EI-K (como se autodenomina o grupo local). Em meados de 2015, a ONU alertou que este grupo já estava presente em 25 das 34 províncias. E as crianças, que deveriam estar a ser protegidas, são as que mais sofrem neste conflito.
Em julho de 2016, o grupo El-K chegou a Cabul. O primeiro ataque na capital afegã foi um dos mais mortais já executados na cidade. Duas explosões atingiram membros do grupo étnico xiita hazara, matando cerca de 85 pessoas e ferindo mais de 400. E sabiam que só no Afeganistão, quase 700 crianças foram mortas nos primeiros 9 meses do ano passado?
Mas infelizmente, não acontece apenas no Afeganistão. Em zonas de conflito por todo o mundo, as crianças tornaram-se alvos de primeira linha. São usadas como escudos humanos, mortas, mutiladas ou recrutadas para combater. Violações, casamentos forçados, raptos e escravatura tornaram-se tácticas recorrentes em todos estes conflitos, desde o Iraque ao Sudão do Sul, passando pela Síria, Iémen, Nigéria ou Myanmar.
Em alguns contextos, as crianças raptadas por grupos extremistas são abusadas e quando libertadas são novamente detidas por forças de segurança. Milhões de crianças estão a pagar o preço destes conflitos: sofrem de má nutrição, de doenças e ficam para sempre com traumas graves. Os serviços básicos são-lhes negados – incluindo o acesso a comida, água, saneamento e serviços de saúde – danificados ou destruídos pelos confrontos.
Segundo dados divulgados pela UNICEF, pelo menos 5000 crianças foram mortas ou ficaram feridas no Iémen, durante os cerca de 1000 dias de confrontos. No entanto, estima-se que os números reais sejam muito mais elevados! No total, cerca de 1,8 milhões de crianças sofrem de má nutrição – das quais 385000 estão gravemente malnutridas e em risco de morrer se não forem tratadas com urgência.
No Iraque e na Síria, crianças têm sido usadas como escudos humanos. Ficam presas em zonas cercadas e acabam por ser alvo de atiradores furtivos, além de serem atingidas por bombardeamentos intensos. A violência está presente e é visível na forma como interagem socialmente umas com as outras - não aprendem a brincar, aprendem a sobreviver e isso implica lutar e, nalguns casos, até matar.
Na região do Kasai da República Democrática do Congo, a violência obrigou 850000 crianças a abandonarem as suas casas, numa região onde mais de 200 unidades de saúde e 400 escolas foram atacadas e destruídas. Um total estimado de 350000 crianças são vítimas de má nutrição aguda severa.
Em Myanmar, as crianças Rohingya sofrerem e testemunharam casos chocantes de violência generalizada, sendo atacadas e obrigadas a abandonar as suas casas no estado de Rakhine, enquanto outras crianças em zonas fronteiriças remotas dos estados de Kachin, Shan e Kayin continuam a sofrer as consequências das tensões entre as forças armadas do Myanmar e vários grupos étnicos armados.
No nordeste da Nigéria e nos Camarões, o Boko Haramterá recorrido a pelo menos 135 crianças como bombistas suicídas - quase cinco vezes mais do que em 2016. Na República Central Africana, depois de meses de novos confrontos, registou-se um aumento dramático dos níveis de violência com crianças a serem mortas, violadas, raptadas e recrutadas por grupos armados.
Na Somália, foram reportados 1740 casos de recrutamento de crianças nos primeiros dez meses de 2017 - estes são aqueles dos quais se sabem. No Sudão do Sul, onde o conflito e a economia em colapso levaram à declaração de fome em algumas partes do país, mais de 19000 crianças terão sido recrutadas por forças e grupos armados e mais de 2300 crianças acabaram mortas ou gravemente feridas desde o início do conflito em dezembro de 2013.
A UNICEF apela a todas as partes envolvidas em conflitos que cumpram com as suas obrigações decorrentes da legislação internacional para que cessem imediatamente todo e qualquer tipo de violação contra as crianças, assim como os ataques contra infra-estruturas civis, incluindo escolas e hospitais.
Fontes:
https://www.dw.com/pt-br/estado-isl%C3%A2mico-sobrevive-no-afeganist%C3%A3o/a-42117855
https://www.plataformaongd.pt/noticias/numero-de-criancas-sob-ataque-nunca-foi-tao-elevado
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