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Sismo assusta em Portugal

por Elsa Filipe, em 26.08.24

Um sismo de 5.3 na escala de Richter fez-se sentir esta madrugada em Portugal continental. Até eu - que normalmente só na manhã seguinte sei destas coisas - acordei com a cama a abanar e um ruído estranho, como se estivesse um avião a passar baixinho sobre a casa. Foram apenas alguns segundos, mas deu para me tirar o sono. Não saí de casa e, durante alguns minutos, nem sequer me levantei da cama. A vibração sentida não fez cair nada, muito menos partir objetos, por isso, pensei que estava segura - de realçar que a gata só se levantou da cama depois de eu me levantar também e que, ao contrário de outros animais, nem sequer deu sinal. Apenas alguns minutos depois, é que comecei a pensar que talvez tivesse sido prudente ir acordar o miúdo e sairmos os dois de casa, mas estando tudo bem, acabei mesmo por não o fazer.

Em relação aos alertas, só por volta das 13h descobri que o telemóvel do meu filho tinha recebido uma mensagem que o avisava sobre "ter ocorrido" um sismo, ou seja, não considero isso um alerta porque só chegou depois do mesmo ter sido sentido. Aliás, tenho estado a verificar que muita gente está a reclamar pela falta de alerta, mas sem estarem sequer a ponderar que, dificilmente, se pode detetar um evento desta natureza, analisar a sua probabilidade, enviar mensagem e, nós, conseguirmos ainda ler e perceber a mensagem, antes da ocorrência do sismo. Acho que ainda não estamos suficientemente avançados para isso. Por outro lado, houve um pico de chamadas para a proteção civil - o que seria de esperar em caso de danos, feridos, mortos... mas nada disso aconteceu. O que é que dá às pessoas para se porem a ligar para os meios de socorro e a entupir linhas? Se querem saber o que se passa, liguem a televisão e vão ao facebook. Em poucos minutos, já sabia de muitas pessoas - amigos, famíliares e outros conhecidos - e sabia das áreas mais afetadas e dos danos que iam sendo registados (praticamente nenhuns na maioria dos locais). Sabermos uns dos outros e, até, dizermos algumas parvoíces serviu para desanuviar e para passar o tempo até que o sol se erguesse no céu.

E esta constatação leva-me a outra. Como é que queremos ser um país avançado, quando uns dão "graças a deus" por nada de mal ter acontecido, enquanto outros, afirmam ter sido um sinal de "Jesus"? Queremos ser ajudados pela ciência, mas acreditamos mais em eventos teológicos do que em factos científicos. 

Bem, mas regressando àquilo que é importante. O sismo ocorreu a cerca de 60km a Oeste de Sines ou, um pouco menos se medirmos a distância a partir da ponta oeste de Sesimbra.

Pode ser uma imagem de mapa e a texto

Os dados são diferentes conforme são analisados pelo "serviço geológico dos Estados Unidos, o USGS, que estimou uma magnitude de 5,4 na escala de Richter" ou pelo "Centro Sismológico Euro-Mediterrânico" o qual "estimou o sismo como sendo de magnitude 5,4 na escala de Richter, com o epicentro a uma profundidade de cinco quilómetros." Em relação aos danos, parece que ainda estão a ser avaliados possíveis danos em, pelo menos, uma habitação na freguesia da Quinta do Conde, Sesimbra. Houve entretanto algumas réplicas, mas a maioria delas, não foram sentidas pela população - segundo o IPMA, as primeiras réplicas "tiveram magnitudes de 1,2, de 1,1, de 0,9 e de 1,0 na escala de Richter." Entretanto, registaram-se mais algumas réplicas - o que é perfeitamente normal, às "11h44 e 11h56, a mais forte de 1,6 na escala de Richter." Podemos ainda ter mais réplicas (que não deverão ser mais fortes, mas nunca se sabe) mas que se podem prolongar por vários dias ou semanas.

Precisamente a 26 de agosto, mas de 1966, Portugal também sofria um abalo sísmico. Calhou ser a uma sexta-feira, eram 05h56m e, segundo a notícia que à época fazia a capa no Diário de Lisboa, o “sismo de pequena intensidade causou natural apreensão” nos habitantes da capital, com epicentro no mar, "a 100 quilómetros da capital," e tendo-se feito sentir na “faixa costeira entre Porto e Sagres”. Nesse sismo, a magnitude estimada foi um pouco menor, "de 4.6 na escala de Richter, seguido de várias réplicas." 

Podemos dizer que foi "um sismo considerável," mas nos últimos anos, houve alguns mais fortes, Em 1969, "Lisboa sofreu um abalo de 7.9 na escala de Richter na madrugada de 28 de fevereiro. Entre 2007 e 2009, o Algarve já registou sismos de magnitude 6.0."

Fontes:

https://cnnportugal.iol.pt/sismo-em-portugal/protecao-civil/sismo-em-portugal-protecao-civil-recebeu-muitas-chamadas/20240826/66cc1566d34ea1acf26da746

https://observador.pt/2024/08/26/ha-precisamente-58-anos-lisboa-tambem-acordou-a-tremer-sismo-a-26-de-agosto-de-1966-afetou-toda-a-costa-ocidental/

https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/no-mesmo-dia-e-zona-58-anos-depois-portugal-tambem-tremeu-a-26-de-agosto-de-1966

https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/protecao-civil-faz-ponto-de-situacao-sobre-sismo-que-abalou-pais-acompanhe-aqui

https://www.publico.pt/2024/08/26/sociedade/noticia/detectadas-seis-replicas-sismo-ipma-recebeu-10-mil-testemunhos-2101914

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publicado às 17:26

Sair de casa - passeio por Sines

por Elsa Filipe, em 10.06.20

Qualquer pequena saída pode ser usada para conhecer um pouco mais sobre a nossa história, sobre os antepassados que povoaram as nossas vilas e como viviam. Hoje fomos visitar a vila de Sines, a sua praia e o seu castelo. Sair de casa depois de tantos dias fechada parece um pouco estranho, porque apesar de termos tido agora algumas tréguas, parece que nada disto acabou ainda e que ainda estamos longe do fim desta pandemia que nos afeta a todos.

Estava um dia quente e à chegada o mar azul e as areias quase brancas chamavam para um mergulho. Depois de estacionar, foi das primeiras coisas que fizemos. Passeamos pelo areal com a água do mar a refrescar-nos as pernas. As minhas, cansadas e inchadas da condução.

Depois de descansar um pouco na toalha e de ler algumas páginas do meu livro, lanchamos e fomos fazer um passeio até ao castelo. A subida é feita por um jardim construído em patamares, com algumas descobertas a fazer pelo caminho: espécies diferentes de plantas e de árvores, que proporcionam sombras simpáticas e locais de descanso, instrumentos musicais gigantes, mas na sua maioria danificados e alguns baloiços também eles já não nos seus melhores dias.

Finalmente depois da subida, chegamos à praça, onde se ergue majestoso o castelo de Sines. Monumento de Interesse Público desde 1933, esta é uma fortaleza medieval construída sobre um ponto da falésia com sucessivas ocupações desde o Paleolítico, de grande utilidade defensiva e que é hoje um dos melhores miradouros sobre a baía.

Com os Romanos, o concelho define-se pela primeira vez como centro portuário e industrial. A baía de Sines é o porto da cidade de Miróbriga. O canal da Ilha do Pessegueiro está ligado a Arandis (Garvão). Sob o poder de Roma, Sines e a Ilha são polos "industriais", com complexos de salgas de peixe. A segunda hipótese de etimologia de Sines é também romana: "sinus" - baía ou "sinus" - seio, que é a configuração do cabo de Sines visto do Monte Chãos.

Depois resolvi levar o meu filho a conhecer melhor a vila, a sua disposição, as ruas estreitas e caraterísticas e outros pontos de interesse. Depois do passeio a pé, voltamos ao carro para seguir viagem pelas redondezas ants de regressarmos. Esta é uma região extremamente rica em factos históricos que ainda hoje espreitam à nossa passagem.

A Alta Idade Média, em que a região teve ocupação por Visigodos e Mouros, é o período mais obscuro da história de Sines. Há no Museu de Sines cantarias visigóticas que atestam a existência de uma basílica do século VII. Durante a ocupação árabe do sul da Península, Sines é praticamente abandonada.

À época da Reconquista cristã da Península Ibérica, a região foi conquistada por D. Sancho I (1185-1211) entre o final do século XII e o início do século XIII. O seu filho e sucessor, D. Afonso II (1211-1223) fez a doação dos domínios de Sines aos cavaleiros da Ordem de Santiago.

No século XIV, o pequeno povoado burguês de Sines reivindica junto do rei Dom Pedro I a autonomia administrativa em relação a Santiago do Cacém. O monarca, interessado na importância estratégica da terra na proteção desta zona de costa em relação aos corsários, concede foral a Sines. Mas com uma condição: a construção de uma cerca defensiva.

O castelo é construído durante a primeira metade do século XV. A sua área é relativamente pequena, meio hectare, o que pode justificar-se pelo facto de na altura em que o castelo é construído a povoação ocupar já uma área demasiado grande para ser totalmente cercada.

O mais famoso dos alcaides de Sines foi Estêvão da Gama, pai de Vasco da Gama, que fez obras na fortaleza. Admitindo que Estêvão já ocupava esse posto em 1469, ano provável de nascimento do navegador, este deve ser o local de nascimento de Vasco da Gama.

À época da Guerra Peninsular, tropas napoleônicas saqueiam a vila, picando a pedra de armas com o brasão real que encimava o portão de armas do castelo.

Quando das Guerras Liberais, após a Concessão de Évora Monte (26 de Maio de 1834) foi de Sines que D. Miguel (1828-1834) embarcou para o exílio (Julho de 1834).

Houve acordo de aliança dos Reinos de Portugal e de Inglaterra no século XIX em altura de Rainha Victoria, o acordo era os senhores ingleses a ocupar os terrenos do território de Sines, de Santiago do Cacém e de Odemira, com a divisão dos terrenos de mais de numa área dois campos de futebol em atualmente ainda na cidade e no arretares de Sines e de Porto Côvo, foi a forma a iniciar a produtividade de agricultura, de animais e de cortiça nos territórios do Litoral Alentejano e o desenvolvimento das vilas de Sines, de Santiago do Cacém, de Odemira, de Santo André e de Milfontes e das aldeias de Porto Côvo, de Melides, de Abela e de Grândola.

A industria com mais produtividade para os senhores ingleses foi a da cortiça, com oito fábricas em Sines. No século XIX, com o Liberalismo, o concelho deixa de pertencer à Ordem de Santiago.

É no século XX que começa a restauração do município, em 1914. A indústria da cortiça, a pesca e alguma agricultura e turismo constituem a base da vida de Sines até ao final da década de 60, quando, além da proximidade do mar, Sines pouco se distingue do resto do Alentejo.

O grande complexo industrial criado pelo governo de Marcello Caetano em Sines, em 1970, muda o concelho. A população começa a aumentar exponencialmente e diversifica-se, a paisagem ganha novas configurações e a comunidade luta para manter a sua integridade e a qualidade de vida, mitigando os impactos negativos da instalação das novas unidades e aproveitando os positivos.

O castelo foi objeto de obras de restauro, completadas em novembro de 2008, em simultâneo com a inauguração do núcleo sede do Museu de Sines e Casa de Vasco da Gama. 

 

Fontes:

https://www.sines.pt/pages/701

https://www.castelosdeportugal.pt/castelos/Castelos(pos)SECXIII/sines.html

 

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publicado às 22:55

Há 50 anos, o país foi assolado por um forte temporal. Tinha passado cerca de um ano desde que um sismo abalou o país. 

A agitação marítima e os fortes ventos destruíram muitas embarcações. Os barcos que tentavam entrar nas barras marítimas, eram lançados contra as rochas.

Em Sesimbra, três filhos da terra perderam a vida. 

Em todo o país, dezenas de embarcações ficaram destruídas. Em Sesimbra, morreram Vítor Manuel Vidal Costa, com apenas 26 anos, Manuel Joaquim Soromenho Oliveira, com 31 anos, ambos tripulantes da embarcação “Graças a Deus”, e Artur Pinto Gomes, proprietário da barca “Marlene”. 

Fontes:

https://www.facebook.com/photo?fbid=871698746666471&set=a.641956459640702

 

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publicado às 12:07


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