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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
Esta tarde, por volta da hora de almoço a casa abanou. Senti o meu maior abalo até hoje, talvez por me encontrar sentada no sofá. Aqui em casa não houve barulho, apenas um balançar durante alguns segundos, mas o suficiente para me desiquilibrar. Pelas discrições que tenho visto, o sismo fez-se sentir de forma mais intensa em algumas zonas, mas a verdade é que o epicentro foi aqui bem pertinho e, isso, sim, assusta um bocadinho.
O sismo teve uma "intensidade 4,7 na escala de Richter," e ocorreu pelas 13h24m, com "epicentro a 14 quilómetros a oeste-sudoeste de Seixal, no distrito de Setúbal, e a cerca de sete quilómetros de profundidade," com localização inicialmente registada no mar, "a cerca de quatro quilómetros da costa atlântica." Em Sesimbra, há a registar alguns danos na falésia da praia da Califórnia.
Por aqui a autarquia informou que "devido ao sismo verificado no concelho, algumas escolas e centros de saúde locais foram evacuados por iniciativa dos respetivos delegados de segurança, sem haver registo de danos pessoais ou materiais." Em Sesimbra algumas escolas procederam à evacuação dos alunos para o exterior seguindo os procedimentos adequados, enquanto outras, ignoraram completamente a evacuação. Mesmo sem grandes danos, seria uma boa oportunidade para treinar as crianças (e os adultos) para saberem o que fazer nestes casos, uma vez que as crianças sentiram o abalo. Daqui para a frente, valorização e colocar-se-ão em segurança?
O sismo do Seixal, afinal ocorreu na falha da Lagoa de Albufeira e de "acordo com o IPMA, o epicentro foi a 14 quilómetros a oeste-sudoeste de Seixal (no mar), mas o USGS (United States Geological Survey) assinalou o “epicentro em terra, na zona da Charneca da Caparica”.
Não sei em que ficamos... talvez entretanto resolvam este diferendo. Tinha havido ontem um pequeno sismo de "magnitude 1,6, por volta das 22h48," na mesma zona, mas o qual não pode ser classificado como "um sismo premonitório", como que uma espécie de aviso para um evento maior ou se foi apenas coincidência, ou seja, se "foi um sismo em frente casual."
Em agosto do ano passado, um outro sismo fez a terra tremer em Portugal e foi também sentido com alguma intensidade nesta zona, deixando alguns danos, embora sem vítimas a registar, felizmente.
"Nessa altura, o tremor de terra terá tido um impacto de 5,3 na escala de Richter, segundo dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), com epicentro no Atlântico, 70 km a sudoeste de Sesimbra. Também nesse caso não houve registo de vítimas nem de danos materiais." Agora foi bem mais perto...
Fontes:
https://expresso.pt/sociedade/2025-02-17-sismo-de-47-na-escala-de-richter-sentido-em-lisboa-4cfa8ad1
Um sismo de 5.3 na escala de Richter fez-se sentir esta madrugada em Portugal continental. Até eu - que normalmente só na manhã seguinte sei destas coisas - acordei com a cama a abanar e um ruído estranho, como se estivesse um avião a passar baixinho sobre a casa. Foram apenas alguns segundos, mas deu para me tirar o sono. Não saí de casa e, durante alguns minutos, nem sequer me levantei da cama. A vibração sentida não fez cair nada, muito menos partir objetos, por isso, pensei que estava segura - de realçar que a gata só se levantou da cama depois de eu me levantar também e que, ao contrário de outros animais, nem sequer deu sinal. Apenas alguns minutos depois, é que comecei a pensar que talvez tivesse sido prudente ir acordar o miúdo e sairmos os dois de casa, mas estando tudo bem, acabei mesmo por não o fazer.
Em relação aos alertas, só por volta das 13h descobri que o telemóvel do meu filho tinha recebido uma mensagem que o avisava sobre "ter ocorrido" um sismo, ou seja, não considero isso um alerta porque só chegou depois do mesmo ter sido sentido. Aliás, tenho estado a verificar que muita gente está a reclamar pela falta de alerta, mas sem estarem sequer a ponderar que, dificilmente, se pode detetar um evento desta natureza, analisar a sua probabilidade, enviar mensagem e, nós, conseguirmos ainda ler e perceber a mensagem, antes da ocorrência do sismo. Acho que ainda não estamos suficientemente avançados para isso. Por outro lado, houve um pico de chamadas para a proteção civil - o que seria de esperar em caso de danos, feridos, mortos... mas nada disso aconteceu. O que é que dá às pessoas para se porem a ligar para os meios de socorro e a entupir linhas? Se querem saber o que se passa, liguem a televisão e vão ao facebook. Em poucos minutos, já sabia de muitas pessoas - amigos, famíliares e outros conhecidos - e sabia das áreas mais afetadas e dos danos que iam sendo registados (praticamente nenhuns na maioria dos locais). Sabermos uns dos outros e, até, dizermos algumas parvoíces serviu para desanuviar e para passar o tempo até que o sol se erguesse no céu.
E esta constatação leva-me a outra. Como é que queremos ser um país avançado, quando uns dão "graças a deus" por nada de mal ter acontecido, enquanto outros, afirmam ter sido um sinal de "Jesus"? Queremos ser ajudados pela ciência, mas acreditamos mais em eventos teológicos do que em factos científicos.
Bem, mas regressando àquilo que é importante. O sismo ocorreu a cerca de 60km a Oeste de Sines ou, um pouco menos se medirmos a distância a partir da ponta oeste de Sesimbra.
Os dados são diferentes conforme são analisados pelo "serviço geológico dos Estados Unidos, o USGS, que estimou uma magnitude de 5,4 na escala de Richter" ou pelo "Centro Sismológico Euro-Mediterrânico" o qual "estimou o sismo como sendo de magnitude 5,4 na escala de Richter, com o epicentro a uma profundidade de cinco quilómetros." Em relação aos danos, parece que ainda estão a ser avaliados possíveis danos em, pelo menos, uma habitação na freguesia da Quinta do Conde, Sesimbra. Houve entretanto algumas réplicas, mas a maioria delas, não foram sentidas pela população - segundo o IPMA, as primeiras réplicas "tiveram magnitudes de 1,2, de 1,1, de 0,9 e de 1,0 na escala de Richter." Entretanto, registaram-se mais algumas réplicas - o que é perfeitamente normal, às "11h44 e 11h56, a mais forte de 1,6 na escala de Richter." Podemos ainda ter mais réplicas (que não deverão ser mais fortes, mas nunca se sabe) mas que se podem prolongar por vários dias ou semanas.
Precisamente a 26 de agosto, mas de 1966, Portugal também sofria um abalo sísmico. Calhou ser a uma sexta-feira, eram 05h56m e, segundo a notícia que à época fazia a capa no Diário de Lisboa, o “sismo de pequena intensidade causou natural apreensão” nos habitantes da capital, com epicentro no mar, "a 100 quilómetros da capital," e tendo-se feito sentir na “faixa costeira entre Porto e Sagres”. Nesse sismo, a magnitude estimada foi um pouco menor, "de 4.6 na escala de Richter, seguido de várias réplicas."
Podemos dizer que foi "um sismo considerável," mas nos últimos anos, houve alguns mais fortes, Em 1969, "Lisboa sofreu um abalo de 7.9 na escala de Richter na madrugada de 28 de fevereiro. Entre 2007 e 2009, o Algarve já registou sismos de magnitude 6.0."
Fontes:
Muita gente nas ruas, esplanadas e praias. O calor chegou finalmente para grande alegria da maioria dos portugueses, mas a atenção deve ser redobrada porque a época balnear ainda não começou e o mar está bastante agitado, devido ao vento. Fruto exatamente desta falta de cuidado, foram os casos que se registaram nos últimos dias por todo o país. Infelizmente, nem todos acabaram bem. Nas notícias podemos encontrar vários casos, a maioria deles devidos a comportamentos de risco. Só na praia de Carcavelos, ontem, sexta-feira, já tinham sido "feitos 22 salvamentos."
Um dos casos mais graves é o de "um jovem, de nacionalidade marroquina, que desapareceu na tarde de ontem, dia 12 de abril, após alegadamente ter ido a banhos e ter sido arrastado pela forte corrente que se fazia sentir na praia de Salgueiros, no concelho de Vila Nova de Gaia." O jovem era "estudante na Escola Secundária Inês de Castro, em Gaia." Pelo fim da tarde foi com alguns amigos até à praia, entrando na água, "apesar de não saber nadar." São vários os meios que têm estado empenhados nas buscas pelo rapaz de 16 anos, que prosseguem, mas até agora sem sucesso.
Um "homem de 22 anos de nacionalidade brasileira," também está desaparecido "na praia da Vieira, no concelho de Leiria."
Logo pela manhã, os bombeiros foram chamados para um homem de nacionalidade brasileira, que tinha caído enquanto praticava a atividade de pesca lúdica, na zona do Cabo Raso, Cascais. O homem foi resgatado "pelos tripulantes da Estação Salva-vidas de Cascais" com o apoio de uma "embarcação de pesca que se encontrava naquela zona." Este tipo de atividades deve, na minha opinião, ser mais vigiada, bem como penso que seria importante limitar-se os acessos a algumas zonas de arriba da nossa costa. Além de proteger essas zonas, muitas vezes destruídas por quem para lá vai, também se poderia assim diminuir a ocorrência de acidentes, na sua maioria graves. Já no que à atividade de pesca diz respeito, acrescento também aqui a descoberta de um corpo que se pensa ser de um mariscador que estava desaparecido desde 6 de abril. O corpo, que se pensa ser do homem de "nacionalidade nepalesa" foi encontrado na sexta-feira a flutuar "no rio Tejo, em frente ao Terreiro do Paço, em Lisboa."
Na praia do Tamariz, na zona do Estoril, "oito jovens em situação de pré-afogamento foram salvos" por populares e pelos Bombeiros do Estoril. Na primeira ocorrência, os bombeiros foram chamados para "um grupo de quatro jovens," dos quais um rapaz de 15 anos, necessitou mesmo de ser sujeito a manobras de reanimação. Um outro jovem, necessitou também de ser estabilizado, o que aconteceu "ainda na praia" tendo sido depois "encaminhado para o Hospital de Cascais." Já numa segunda ocorrência, "os bombeiros do Estoril foram acionados para socorrer mais quatro jovens. Um deles em pré-afogamento, que acabou por ser retirado por populares e levado para o areal, antes de ser seguir para o Hospital de Cascais, tal como uma adolescente que se sentiu mal. Um outro jovem em risco de afogamento foi retirado do mar" e, depois de assistido, recusou transporte à unidade hospitalar. Esta zona, será a primeira a abrir a época balnear, mas só no dia 1 de maio.
Já na praia da Comporta, Alcácer do Sal, distrito de Setúbal, "três jovens que estavam a nadar sentiram dificuldades em regressar à praia e foram socorridos com ajuda de surfistas e populares presentes na praia."
Na "praia da Baía, em Espinho, foram retiradas três pessoas do mar em situação de pré-afogamento, segundo o Comando Sub-Regional de Emergência e Proteção Civil da Área Metropolitana do Porto."
Mas não foram apenas os banhistas e os surfistas que precisaram de resgate. Na zona da Lagoa de Albufeira, em Sesimbra, "os tripulantes da Estação Salva-vidas de Sesimbra" foram chamados para socorrer e evacuar "um homem de 77 anos que alegadamente se sentiu mal a bordo" de uma "embarcação marítimo-turística."
Na maioria dos casos, a culpa não é do mar. É preciso sermos proativos na nossa segurança e prevenirmos situações de risco. É que atrás de quem entra na água, sem saber nadar, ou com o mar em condições adversas e sem saber como estão as areias e os agueiros, vão outros para os ajudar e que podem acabar por morrer.
Fontes:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=445925524500102&set=a.152772453815412&type=3&ref=embed_post
https://www.dn.pt/72028695/pelos-menos-15-pessoas-socorridas-nas-praias-portuguesas-este-sabado/
As minhas memórias de juventude passam pelo Carnaval de Sesimbra e pela participação nos desfiles de palhaços à segunda-feira. Lembro-me quando foi a primeira vez e só agora percebi que já lá vão 25 anos. Tanto tempo que já passou, milhares e milhares de palhaços que calcorrearam aquela calçada, aquelas ruas, aquela praia! Este ano, estive a trabalhar e por isso não consegui estar presente nesta grande festa! Mas ao longo desta minha postagem, vão espreitando algumas imagens de anos anteriores! Venham recordar comigo alguns momentos das tardes fantásticas das "Segundas dos Palhaços."
Bem, então voltando atrás no tempo, estávamos em 1999 quando esta brincadeira começou. Os pioneiros, primeiros foliões a achar que seria engraçado mascararem-se de palhaços e juntarem-se para fazer umas brincadeiras na tarde de segunda-feira (numa época e região que, devemos lembrar, quase ninguém trabalhava nestes dias e em que não havia escola) foram Carlos Silva, Paulo Soromenho, Pedro Canana, Raúl Custódio, Henrique Amigo, entre outros.
O primeiro desfile chamou-se "Simpatia é Quase Amor," mas os organizadores não faziam "ideia do sucesso que este acontecimento iria alcançar." Poucos meses antes, a TVI tinha estreado o programa "Batatoon." Não levou muito tempo até que este se tornasse "um dos grandes momentos do Carnaval de Sesimbra, mas também no maior desfile do género que se realiza em Portugal e no mundo, juntando todos os anos milhares de pessoas vindas de vários pontos do país." Os números são espetaculares - falamos num cortejo que já chegou a levar "perto de 4 mil mascarados de todas as idades" - tal como é a imagem do mar de cores que invade a marginal de Sesimbra. Até mesmo os animais de companhia são levados a participar! A animação e a música - onde não faltam as tradicionais marchinhas de carnaval - acompanham todo o desfile!
A participação é livre e basta vir vestido de palhaço. Alguns foliões trazem consigo vários apetrechos, como por exemplo "veículos de todos os feitios, desde barcos com rodas, naves espaciais, triciclos com asas," entre outras coisas! E vocês? Que memórias têm destes 25 anos?
Fontes:
https://www.sesimbra.pt/noticia-72/carnaval-cortejo-de-fantasias-de-palhaco
https://www.sesimbra.pt/noticia-72/cortejo-de-fantasias-de-palhaco-62
Cada vez mais, as escolas e grupos começam a ter uma outra importância na vila, em especial no seu associativsmo. Os anos 90 não terminam sem o aparecimento do grupo de Axé Tripa Cagueira.
Com um espírito jovem e irreverente, um grupo de rapazes de Sesimbra, juntaram-se e fizeram o seu primeiro desfile em 1997, usando latas em vez de instrumentos. Quem viu não esqueceu essa primeira atuação e desde aí nunca mais pararam. Aparecia assim o primeiro grupo de Axé de Sesimbra, a Tripa Cagueira, onde até hoje só desfilam elementos do sexo masculino. Em 2000 apresenta um dos enredos mais conhecidos: "Estado da Nação."
A 17 de maio de 1999 aparece em Sesimbra o segundo grupo de Axé, a Associação Recreativa Bigodes de Rato, que trazem a novidade de qualquer pessoa poder acompanhar o próprio desfile ao integrar o “Bloco dos Bigodes de Rato”. Em 2001, apresentam-se com a música "Preto no Branco."
Em 2004, formou-se o primeiro grupo de Axé apenas com elementos do sexo feminino, a Tripa Mijona, fazendo parte da Associação Tripa. No primeiro ano desfilaram apenas com batucada, mas no segundo, levaram o tema "Sonho Real." Desfilam desde aí no sábado de Carnaval, primando sempre pela originalidade e alegria. Entre outros, em 2010, apresentaram-se como bruxas e em 2017 trouxeram "O circo da Vida" para animar a Avenida.
Mas a verdade é que Sesimbra não é apenas Santiago e Castelo e a 11 de julho de 2008, surge a primeira Escola de Samba, sediada na freguesia da Quinta do Conde. O crescimento demográfico desta freguesia, datada de 1985 e, depois, a passagem a vila desta povoação em 1995, fez com que as associações começassem também a surgir, sendo hoje mais de quarenta. O Grupo Recreativo Escola de Samba Batuque do Conde, além de desfilar no domingo e terça em Sesimbra, desfila atualmente no sábado de Carnaval na Quinta do Conde. Aqui ficam as memórias dos desfiles de 2010, de 2011 e 2014.
Este ano apresentar-se-ão com o enredo "Vamos com Fé."
A 21 de junho de 2011, surge também na freguesia da Quinta do Conde o GRES Corvo de Prata. Em 2015, trazem o tema " Sesimbra é peixe - Maravilhas de uma Vila."
A diversidade de cada Escola e de cada grupo, a sua individualidade e, cada vez mais a partilha de conhecimentos que vem enriquecendo os seus elementos, têm feito do Carnaval de Sesimbra um dos mais belos do país. Nascido ainda antes da liberdade, nunca deixou de crescer e apesar de todas as vicissitudes por que tem passado, ainda é um marco na tradição e cultura das nossas gentes. Nele desfilam novos e velhos, casados, solteiros e divorciados! Desfilam pexitos e camponeses! Desfila quem nasceu cá, quem nunca cá viveu e até quem não sabe dançar. Desfila quem ama o samba, seja qual for a sua origem.
Só tem uma obrigação: Respeitar!
Fontes:
https://gresbatuquedoconde.webnode.pt/sobre-nos/
https://bigodesderato.pt/sobre/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Quinta_do_Conde
Nos finais da década de 70, surgiram outras escolas, atualmente já extintas mas de onde saíram alguns dos elementos que ainda hoje compõem os GRES atuais. São elas o GRCES Juventude na Baía e os GRES Sambinhas do Horizonte. Ambas lutavam na época por se destacar e por fazer melhor que a "adversária" em cada desfile.
(imagem: https://sesimbra.blogspot.com/2010/01/sambinhas-do-horizonte-1979.html)
Em 1996 os Sambinhas desfilaram com o tema: "Nesta Avenida, hoje Sou o Rei," enquanto a Juventude se apresentou com o tema "A magia dos Deuses."
Em 1984, surge então uma nova escola, inicialmente de cariz familiar, com o nome Pérolas do Samba. Em 1997, a sua direção passou para a professora de música Teresa Cláudio e a Escola sofreu várias mudanças. Em 2000, muda a sua designação para GRES Dá que Falar. Em 2009, trazem para a Avenida o tema "25 anos" somando os anos que já tinham de Pérolas com os de Dá que Falar e podemos ver aqui um pouquinho do seu defile em 2010.
Em 2005, durante um ato eleitoral no GRES Bota no Rego, um grupo de pessoas que constituía uma das listas a concurso, perde e depara-se "com uma serie de irregularidades, mas como não se conseguiu provar nada e como o ambiente na escola não era o melhor" acabam por sair da Escola e decidem formar o GRES Unidos de Vila Zimbra. A sua fundação data de 24 de abril de 2005 e desde aí não tem parado de crescer, mostrando em cada atividade a experiência dos seus fundadores.
(Imagem: https://www.sesimbra.pt/pages/2025)
Mas não me fico por aqui! O nosso Carnaval é de uma imensa riqueza e ainda há muito mais a dizer!
Fontes:
https://issuu.com/osesimbrense/docs/o_sesimbrense_-_edi____o_1183_-_fev_ce931dac55df9d
https://daquefalar.webnode.pt/carnavais-/
https://escolas-de-samba55.webnode.pt/escolas-de-samba-em-sesimbra/
Quando falamos em Sesimbra temos de falar em carnaval. O carnaval nasceu muitos anos antes das primeiras escolas de samba, tendo as suas origens nos bailes e nas noites de folia em que os grupos de mascarados tentavam ser cada vez mais arrojados e marcar a diferença. As noites de carnaval eram um espaço de alguma liberdade numa época em que essa liberdade estava vedada à maior parte dos portugueses.
Foram os grupos, de rapazes e raparigas, que se reuniam para brincar ao Carnaval que depois vieram dar origem aos GRES de agora. Entre eles, não nos podemos esquecer das "Malvadas", dos "Turumbamba", dos "Papuas" e, dos grupos "MariSamba" ou dos "Cheirinhos da Fossa," entre outros. De facto, o Carnaval de Sesimbra vem de grupos como os "Caga no Rego", do "Grupo de Carnaval" e de todos os outros grupos de foliões e mascarados que se reuniam nos bailes na Praça Velha, no Refugo, no Grémio, na Sociedade Musical Sesimbrense, no Hotel Espadarte, no salão dos Bombeiros e no Ginásio.
Um dos primeiros grupos e que vem depois dar origem ao atual GRES Bota no Rego "foi fundado por um grupo de foliões" que apenas se queriam "divertir no Carnaval noturno em Sesimbra. Maria Cândida Covas, mais conhecida por "Marquinhas," juntou-se com os amigos do colégio e "pensaram em levar para as ruas de Sesimbra as ideias originais que chegavam do outro lado do Atlântico" e que viam nas "revistas brasileiras de Carnaval que havia na casa da avó." Estavamos em 1974. As primeiras fantasias começaram a tomar forma: "primeiro a de palhaço sem mascarilha, depois os malmequeres e jardineiros a cantar o Vira dos Malmequeres, da Tonicha, por fim os verdadeiros sons dos instrumentos e até um pequeno carro de rolamentos."
A pedido dos habitantes da Vila de Sesimbra, que acharam as fantasias muito bonitas, começaram a desfilar na terça-feira de Carnaval durante o dia." A fundação da Escola é a 5 de março de 1976. Nos dois primeiros anos, o nome era "Caga no Rego" mas como era um nome pouco consensual, em 1978 mudou para Bota no Rego.
Em 1977, desfilaram além do grupo "Caga no Rego", os "Cheirinhos da Fossa" e o "Ginga no Pandeiro." Nos primeiros tempos, o apoio não era muito e, claro, havia pouca experiência na elaboração dos fatos e dos carros alegóricos. E foi através dos bombeiros que conseguiram pela primeira vez levar uma "bateria" para a rua, muito diferente das que hoje vemos desfilar.
Os temas foram-se sucedendo, "Cleópatras", "Astérix e os Romanos", "Atlântida", "Os planetas e as Estrelas" e "O Futuro", foram alguns dos temas trabalhados nos primeiros anos. "Em 1988, o Bota no Rego leva para a Avenida um enredo representativo dos Quatro elementos, já mostrando uma conceção mais elaborada, fruto das tentativas e aprendizagens conseguidas ao longo da sua primeira década de vida.
1990, foi um ano complicado para todas as escolas que faziam o carnaval de Sesimbra. Um dos casos foi o da Escola Marisamba. Não foi por isso, um mero acaso, que a Escola Marisamba e o Bota no Rego, se tenham na altura reunido e decidido juntar esforços e criar uma escola única. Na época, isso levou ao crescimento e à melhoria do carnaval de Sesimbra. Em 1995 não houve desfiles, devido à morte dos pescadores do barco "Menino Deus", uma das maiores tragédias que atingiu a nossa vila. Nesse ano, não havia condições nem vontade de festejar o Carnaval.
Ao longo dos anos, o Bota no Rego foi crescendo e a evolução para novas valências não tardou, com o aparecimento do seu próprio "Grupo de Teatro, uma Academia de Música e uma Orquestra designada por Bota Big Band regida pelo seu próprio maestro." Em 2011 iniciou o projeto MegaSamba," que já é uma referência do verão sesimbrense. Em 2019, altera a sua denominação para G.R.E.S. Bota.
Um outro grupo era o de Arménio Sousa, que se inspirava nas Revistas que eram produzidas para "os palcos do Maria Vitória e do Variedades." Este grupo era bastante conhecido à época. Eram "os reis do Carnaval de Sesimbra, ou não tivesse o próprio Arménio sido o único Rei Momo da vila, que, montado num burro, pregou um divertido e sarcástico discurso." Foram o primeiro grupo da vila em que todos os membros se mascaravam de mulher, "imitando umas esbeltas e provocantes misses."
Mas havia também um grupo só de mulheres: "As Malvadas", fantasiadas de "escravas cor-de-rosa" ou de "mulheres-pássaro de fato de lamê" que ainda são recordadas "pelo enorme sucesso que tiveram." Em 1988, desfilavam na Avenida da Liberdade, de fatos negros e dourados.
Em 1978, surge o Trepa no Coqueiro, "com fantasias confecionadas gratuitamente por algumas mães de desfilantes, assim como alguns dos instrumentos de percussão construídos por elementos da escola." É no Hotel do Mar que são realizadas "as primeiras reuniões e ensaios" a pedido de "António Paixão," um dos funcionários deste Hotel, que "conta com o apoio do seu Director-Geral Óscar da Silva." No ano seguinte, o Trepa no Coqueiro apresenta-se pela primeira vez na rua. Podemos vê-los aqui, representando Sesimbra, numa apresentação na RTP, num programa apresentado por Júlio Isidro.
No início da década de 80, um outro grupo surgiu e, mesmo tendo durado apenas dois anos, marcou a história do Carnaval, "pelos trajes fora do comum, pinturas elaboradas e fatos masculinos mais ornamentados. O primeiro ano ficou assinalado pelos tons laranja a lembrar habitantes do espaço, e o segundo pelas brilhantes e esverdeadas cobras, pintadas com enorme precisão."
Para o grupo "Turumbamba," a confeção dos fatos deixou recordações bem divertidas aos seus participantes que passavam horas na sede a conviver enquanto faziam as fantasias, antes de saírem pelas ruas "a pregar partidas". Na primeira vez foram "fantasiados de romanos, com lençóis brancos e papéis metalizados. Depois seguiu-se o fato de rock and roll, Ali Babá, Branca de Neve e uma fantasia com máscaras de gesso, que fez esgotar o stock de vaselina e de gesso da farmácia."
Em 1983, participa "pela primeira vez no desfile carnavalesco em Sesimbra com 12 elementos," a Escola de Samba Saltaricos do Castelo, com o tema "O Capuchinho." Só em 1985 é que "saiu pela primeira vez com bateria, contando com cerca de 100 elementos, dos quais 30 faziam parte da bateria." É apenas onze anos depois da sua fundação, em 1994, que se "apresenta pela primeira vez" com um "samba enredo cantado," com o tema "A travessia do Atlâ”. Aqui podemos vê-los no desfile de 1996, a descer a Avenida.
Em 1985, os "Papuas" saíram com fantasias feitas de "ráfia, folhas de palmeira e eucalipto e penachos de canas," representando as "tribos africanas." Um dos 40 elementos dos Papua, João Casaca, lembra que a ideia era utilizar materiais diferentes e interagir bastante com o público. "Pediram sacas às mercearias e às lojas de pesca para conseguir a ráfia, passaram horas num aviário a arranjar penas e até mesmo a distribuição de fotografias do grupo serviu para angariar verbas."
As "Bijucas", um grupo formado apenas por raparigas, "cativou tudo e todas com as suas roupas reduzidas e a irreverência caraterística da juventude." De forma a "financiar os seus fatos," lembraram-se "de começar a vender bolos porta a porta," como conta um dos seus elementos, Ana Maria Sousa.
E ainda falta falar aqui de vários outros grupos e escolas. Ficará para amanhã! Entretanto, se quiserem, mandem-me as vossas memórias e ajudem-me a construir esta pequena e singela lembrança da nossa Vila.
Fontes:
https://escolas-de-samba55.webnode.pt/escolas-de-samba-em-sesimbra/
https://www.sesimbra.pt/pages/1405
https://pt.wikipedia.org/wiki/GRES_Bota
Hoje comemoram-se os 120 anos dos Bombeiros de Sesimbra. A minha primeira casa, o meu primeiro trabalho, mesmo que na altura com apenas 14 anos eu tivesse uma perspetiva diferente daquela que hoje tenho. Deixo aqui hoje um pequeníssimo registo.
Hoje quero dar os parabéns a todos os homens e mulheres que fizeram e fazem a história daquela casa. Uma associação que nasceu em 1903, fundada por El-rei Dº Carlos I. O rei e o princípe Dº Luiz Filipe (mortos no Regicídio de 1908) foram de facto Presidentes de Honra e Comandantes Honorários desta casa. Em 1904 recebeu o título de "Real".
No Blogue ca Família Real Portuguesa, podemos ler que a "atribuição dos títulos honoríficos ficou a dever-se ao apoio concedido pela coroa à Fundação dos BVS, para o qual concorreu a influência do capitão de fragata D. Fernando de Serpa Pimentel, comandante do iate real "Amélia", Ajudante de Campo de Dom Carlos e amigo do Tenente Alfaro Cardoso, Comandante da Guarda Fiscal em Sesimbra, grande entusiasta da Comissão Organizadora da Associação de Bombeiros."
Na verdade, ambos ofereceram grandes donativos: "o Rei disponibilizou-se desde logo a atribuir a quantia de 300 mil réis destinados à aquisição de uma bomba tipo americana" e o "Príncipe Dom Luiz Filipe decidiu apoiar monetariamente a compra de uma manga de salvação, concedendo para o efeito a verba de 50 mil réis." Estas informações estão na obra de António Reis Marques, sobre a história da Associação e a que é feita referência no blogue (por acaso, eu também tenho esta monografia e devo dizer que está excelente e relata muito bem a história da vila de Sesimbra e da Associação).
A Associação adoptou como bandeira a então bandeira nacional, azul e branca, passando o símbolo da Monarquia a ser também o dos bombeiros. Mais tarde, com o advento da república, foi adoptada a nova bandeira verde-rubra, situação que se mantém, pelo que a Associação "em qualquer acto, formatura ou desfile, em que se apresente, tem direito às honras e prerrogativas devidas à bandeira nacional", escreve António Reis Marques no seu livro.
Alguns dirão que os bombeiros de Sesimbra não serão tão antigos, contando apenas desde o ano de 1927, altura do retorno efetivo da atividade dos mesmos na medida em que após o Regicídio e a forte ligação desta casa à monarquia, houve uma grande dificuldade em retomar em pleno as atividades. Mas na verdade, a associação continuou em funções. Em 1931 têm a sua primeira ambulância motorizada.
O local onde está hoje o quartel-sede não foi a sua primeira localização. Ali havia um aterro, onde se transferia o peixe transportado em burros para as carroças que depois o iam distribuir por outras zonas. Este mesmo aterro, ficando numa zona limítrofe à vila foi também aproveitado para construção do Quartel dos Bombeiros Voluntários. Numa fase mais recente, próxima dos finais dos anos 70, o Largo viria a ser remodelado, permitindo maior eficiência na circulação. Em 1978, por deliberação da Câmara Municipal, receberia o nome de Largo dos Bombeiros, numa clara e reconhecida homenagem à corporação de bombeiros.
Na minha primeira noite de piquete, em 1998, eu tinha apenas 14 anos. Sabia pouco da vida mas era uma miúda cheia de vontade de fazer e de aprender. E felizmente, isso nunca me foi vedado pelos meus pais. Conhecia o quartel por já fazer parte da fanfarra à cerca de um ano e pouco, mas não tinha experiência nem formação nenhuma. Na época, era comandante Fernando Gato, e tive a sorte de conhecer e aprender com grandes bombeiros da altura. Recebi as minhas divisas de bombeiro com 17 anos. Era uma casa muito tradicional com uma grande relação com as gentes e com os costumes da terra. Era na altura o quartelo que enchia quando a sirene soava e vínhamos de todos os lados, largando tudo o que não fosse prioritário para acudir aos outros. Muita coisa mudou em mim desde então.
Cresci ali como mulher e como pessoa e levei com as minhas primeiras desilusões da vida. Ali aprendi que ser mulher num mundo de homens é difícil, aprendi a defender as minhas próprias ideias e a argumentar. Aprendi o valor da vida e também da morte. Ali cresci de menina a mulher, ganhei uma carapaça da qual tem sido difícil me livrar, ri muito e chorei ainda mais. Dei a mão na morte e assisti ao nascimento da vida.
MARQUES, António Reis, Bombeiros Voluntários de Sesimbra. Origem, Formação e Percurso (1903-2003)
http://realfamiliaportuguesa.blogspot.com/2009/07/dom-carlos-e-principe-dom-luiz-filipe.html
http://ruascomhistoria.sesimbra.pt/largo-dos-bombeiros-voluntarios/
Todos os anos, são centenas as pessoas que enchem as ruas da vila de Sesimbra para assistir à procissão em honra do Senhor Jesus das Chagas, padroeiro dos pescadores de Sesimbra, que se realiza na tarde de 4 de maio, feriado municipal.
Desde pequena que me lembro da festa do Senhor das Chagas. A imagem, imponente, do Cristo pregado na cruz, percorre a 4 de maio algumas das ruas da vila, saindo da Igreja "de cima", fazendo a sua tradicional paragem no Largo da Marinha e terminando novamente na Igreja Matriz de Santiago. A procissão é composta por diversos elementos desde os "anjinhos", aos pescadores, escuteiros, à Banda da Sociedade Musical Sesimbrense e à Fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Sesimbra. Nas janelas, algumas pessoas colocam colchas brancas e muitas flores. O andor é sempre enfeitado com muitas flores e é levado por representantes das várias instituições e pessoas da comunidade sesimbrense. Pelo caminho, vão alternando os hinos tocados pela Fanfarra e pela Banda, com cantares das pessoas que acompanham, tocando em especial "A teus pés".
Mas a festa começa vários dias antes, quando a imagem é trazida em procissão (mais pequena e simples) do local onde está todo o restante ano, do altar da Igreja do Senhor Jesus das Chagas, conhecida também como a Igreja da Misericórdia e fica durante cerca de duas semanas na Igreja Matriz de Santiago. Durante este tempo, é realizada a Novena - nove missas, à noite onde se celebram diversos temas e instituições - os pescadores, os bombeiros, os voluntários, as crianças...
Durante estes dia decorre também a feira. Antes a feira era realizada na Avenida da Liberdade, com barraquinhas que iam desde a curva "do desportivo" até ao Largo do Jardim. Os carrocéis eram muitos e ficavam no Campo da bola (hoje Estádio Vila Amália), mas agora a festa é mais pequenina, tendo perdido muito do seu brilho e tradição. Lembro-me que era nesta altura que se compravam andorinhas para colocar nas fachadas das casas, ou que se trocavam as panelas por outras novas e se adquiriam novas peças para os enxovais. Nós, as crianças, nessa altura, gostavamos de umas bolas coloridas cheias de serradura e com um elástico que prendiamos no dedo. Havia também as farturas e as pipocas que só se comiam nessas noites. Ah! E vestiamos sempre roupa nova (era o dia dos vestidos feitos pela avó, ou comprados na boutique e dos sapatos novos com "souquetes").
E são boas memórias as desses dias...
Durante alguns anos participei nas procissões, através da Fanfarra onde toquei caixa e timbalão. Pisavamos o alecrim, desfilando praticamente na frente da procissão. Rapidamente, os collants ficavam com buracos e as pernas cheias de arranhões por causa de alguns ramos maiores do alecrim que nos picava as pernas, e no fim, os joelhos ficavam com enormes hematomas por causa do timbalão que durante cerca de duas horas ou mais nos batia nas pernas a compasso.
Depois deixei de ir e a verdade é que, como estou normalmente a trabalhar neste dia (só é feriado em Sesimbra) já estou com saudades de dar uma espreitadela à festa, porque acredito que as tradições são para se manter - salvo algumas exceções, claro - e que esta festa, tal como outras, são manifestações simbólicas que unem as pessoas de uma comunidade.
O azul do olhar foi-se esfumando, talvez porque já não vês o mar da janela. A janela que te tirámos e que só querias para olhar o horizonte.
A vida que foi feita de histórias é para mim hoje uma dúvida. Quem foste e como aqui vieste parar, o que fizeste? Não sei quase nada. Tinha 9 anos quando descobri que não tinhamos laços de sangue, mas a partir desse dia jurei que teriamos sempre laços de amor.
Não sei quanto tempo estarás cá depois de hoje teres feito nove décadas de vida, mas sei que não és mais a mesma pessoa, que não estás aqui como estavas. Percebi que tens revolta, ódio e solidão no olhar, que está cinzento, aguado, sem a vida que aos poucos, se vai esfumando. Que magoas com as palavras aqueles que estão a fazer o melhor que sabem com os meios que têm para te ajudar. Talvez já nem nos queiras ver, que nem queiras ajuda, que queiras apenas ficar com os teus demónios.
Mas isso não permitirei. O precípicio não é o caminho para o mar calmo que desejas alcançar.
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