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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
Fechamos 2024 e abrimos 2025! A Terra completou mais uma volta ao Sol, um instante na vida do Universo.
Gostava de começar o ano com grandes novidades ou com boas notícias. Sim, comigo está tudo bem e, com a minha família também. Se compararmos o ano de 2024 que agora termina com o de algumas pessoas pelo mundo fora, somos uns sortudos! Este ano, o que mais desejei na passagem de ano foi saúde e criatividade. Pois é delas que eu mais preciso para trabalhar e, claro, sem trabalho, nenhum dos meus objetivos para este ano se poderá realizar.
Mas o mundo está longe de ser a minha bolha, segura e pacífica, sentada de pijama a aproveitar o sol que entra pela janela e a beber o primeiro café do dia. Estou aqui a pensar o que é que vou tirar do congelador para fazer para o almoço... quantos por aí têm essa sorte?
Lá fora, longe daqui, o mesmo sol que me ilumina entra pelos buracos onde antes havia paredes de um hospital. Em Gaza, o sol não aquece o suficiente para salvar um dos muitos bebés que ali naquele espaço destruído, dá o último suspiro. A morte chega prematura, de frio.
Nas minhas mãos, quentinhas pelo café que fumega, não há gretas de frio. Tenho um teto, dinheiro suficiente para comer, posso decidir o que vou fazer hoje e amanhã, se tudo correr bem, levantar-me-ei cedo e irei trabalhar. Começo o dia a pensar que tenho de continuar, de ir em frente, de direcionar as minha energias para o que é mais certo e seguro. Como disse ontem o meu filho, este "é o ano dos teus quarenta e dois" (embora ainda faltem nove meses...).
De ontem para hoje, afinal, passaram apenas algumas horas e, apesar dos fogos de artifício, da música, dos sorrisos, o mundo continua igual. Nada mudou desde o ano passado, apenas a data no calendário que nos próximos dias provalvelmente terei de corrigir várias vezes.
Não descuidemos aqueles que nos rodeiam, mas não esqueçamos aqueles que vivem longe e que sofrem. Se não pudermos fazer mais nada, pelo menos reflitamos e eduquemos para que amanhã novos cidadãos possam tomar melhores decisões. Quem sabe, à nossa frente possa estar aquele que um dia vai mudar o mundo?
Poderíamos pensar que aqueles que acreditam num qualquer deus, pusessem a mão na consciência e parassem de uma vez por todos de atacar os seus irmãos.
Poderíamos até, esperar, que onde se diz que Jesus nasceu, a paz pudesse reinar.
A brutalidade de um povo sobre o outro vem dos corações gelados dos homens... vem da ignorância mascarada de um poder que lhes é permitido pelos restantes, talvez com medo ou... quem sabe... por acharem que lhes chegará algum benefício. Como se pode afirmar ser líder do "mundo na luta contra as forças do mal..." e nada acontecer? Onde andam os nossos decisores, os homens e mulheres que nos deviam proteger contra os novos ditadores que se mascaram de mártires e salvadores?
Nem no natal as armas se calaram, atingindo inocentes e aumentando ainda mais o número já elevado de mortos e feridos. Na véspera de natal, em vez da paz prometida, "o exército israelita obrigou pacientes do Hospital Indonésio, no norte da Faixa de Gaza," a seguir a pé, evacuando "aquela que é uma das últimas unidades de saúde ainda em funcionamento no enclave."
Pelo segundo ano consecutivo, Belém não assiste às tradicionais procissões natalícias, assistindo em vez disso à continuação da violência na Faixa de Gaza, em Israel e nos países limítrofes. Muitas das famílias cristãs estão a abandonar a região devido à guerra.
A 13 de dezembro, sucessivos "ataques aéreos israelitas causaram a morte de pelo menos 61 pessoas," incluindo 33 vítimas resultantes de um "bombardeamento junto a um campo de refugiados em Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza." Não sei se é a esta acalmia que algumas igrejas cristãs se referem, mas não me parece que sejam cegos a este ponto!
Ou talvez se tenham esquecido os ataques a escolas que albergavam refugiados e que provocou a morte a "dez membros de uma mesma família, incluindo sete crianças e uma mulher." Eram todos membros da "família Khalla," e a criança "mais velha" tinha apenas seis anos.
A situação na Síria também não está a ficar melhor. Tem-se vindo a descobrir aquilo que era feito pelo regime de Assad e cada descoberta parece ser mais macabra que a anterior. Durante muitos anos, Alepo esteve sob ataque com "centenas de milhares de pessoas" a serem "mortas em bombardeamentos indiscriminados, enquanto o colapso económico do país mergulhou a maior parte da população na pobreza." As memórias dos ataques não trarão paz aos sobreviventes.
Já em Moçambique, "569 pessoas" terão sido "baleadas em todo o país, além de 252 mortos e seis desaparecidos," números que têm vindo a aumentar desde 21 de outubro. Neste natal, regista-se a fuga de "1500 reclusos" que terão fugido ou sido libertados deliberadamente "da prisão." Não se espera que a situação vá melhorar nas próximas horas. As "manifestações pós-eleitorais," ensombraram o natal e a situação acabou por piorar depois do anúncio da vitória da Frelimo e de Daniel Chapo.
Marcelo Rebelo de Sousa saúdou "a intenção já manifestada de entendimento nacional e sublinha a importância do diálogo democrático entre todas as forças políticas, que" segundo o presidente português, "deve constituir a base de resolução dos diferendos, no quadro e no reconhecimento das novas realidades na sociedade moçambicana e do respeito pela vontade popular." Parece que nem todos concordam com esta declaração, especialmente o candidato da oposição, Venâncio Mondlane, que "considera lamentáveis as posições do presidente da República português e do primeiro-ministro, sobre as eleições em Moçambique."
Mondlane, afirmou ainda que a situação vai piorar na região, pedindo aos seus apoiantes que "intensifiquem" os protestos. O que já se vê é a destruição e os saques, lojas incendiadas e viaturas destruídas.
Em "Litapata, província moçambicana de Cabo Delgado," as pessoas começaram ontem a "abandonar a sua aldeia após detetar a presença de supostos terroristas," que surgiram "em massa na aldeia, a cerca de 20 quilómetros da sede distrital de Muidumbe."
Também aqui, os insurgentes poderão estar relaciondos a grupos extremistas islâmicos, com vários ataques a terem sido já reivindicados.
Fontes:
https://pt.euronews.com/2024/12/22/habitantes-de-alepo-lembram-horrores-do-regime-de-assad
O 25 de abril de 1974 trouxe grandes mudanças na governação do país, o que levou a uma clara distinção "entre aqueles que pretendiam prosseguir a revolução com o MFA, incluindo-se aqui o governo liderado por Vasco Gonçalves e os que entendiam que o caminho se deveria fazer com os partidos políticos sufragados em eleições."
As opiniões dividiam-se e o país acabou por assistir, nos meses seguintes, a vários "episódios de violência de grupos mais ou menos organizados da extrema-esquerda e da extrema-direita. Sentia-se no ar "a ameaça de uma guerra civil." O que se passou no dia 25 de novembro, foi um entre tantos momentos importantes, naquele período de dois anos que vai de 1974 a 1976. Foram dois anos complicados, em que se sucederam diferentes governos provisórios, em que uns se demitiram e outros se revoltaram. Não se fala disto nos livros de História e, só se o formos pesquisar, é que encontramos alguma informação sobre esta data e sobre os vários acontecimentos que se sucederam à Revolução de Abril. Parece que foi apenas uma data e que no dia seguinte, a democracia estava instalada. Nada disso...
Em julho de 1975, Vasco Gonçalves, faz a proposta de recentrar "a autoridade no Conselho da Revolução, e a liderança política num diretório que incluiria também Costa Gomes (na altura Presidente da República) e Otelo Saraiva de Carvalho." Vasco Gonçalves, ficaria conhecido como "companheiro Vasco" e já em finais de 1973, tinha integrado o movimento dos capitães e participado na comissão responsável pela elaboraço do "programa do Movimento das Forças Armadas (MFA), assegurando também a ligação ao general Costa Gomes," sendo por isso uma das várias personalidades importantes e que é tantas vezes esquecido.
Outros, seriam os integrantes de um grupo organizado e composto por "um conjunto de militares moderados e pertencentes ao Conselho da Revolução," designado de “Grupo dos Nove." Este grupo vem propor que "o poder seja exercido pelos partidos políticos.
Este grupo, "composto por militares conotados com a ala moderada do Movimento das Forças Armadas (MFA)", lançaram a 7 de agosto de 1975, um documento que ficaria conhecido como o “Documento dos Nove”, em que se "opunham aos modelos socialistas da União Soviética e da Europa do Leste, assim como à social-democracia europeia."
Vieram ainda a propor um "sólido bloco social de apoio a um projeto nacional de transição para o socialismo", mas que fosse de forma inequívoca, "inseparável da democracia política”.
No entanto, acabam por ser mesmo afastados do "Conselho na sequência dessa tomada de posição," e em resultado do confronto entre as diversas forças políticas durante o chamado " Verão Quente de 1975," Vasco Gonçalves acaba também por ser afastado do poder, "não voltando à ribalta política."
No dia 12 de novembro desse ano, "houve uma manifestação reivindicativa que contou com dezenas de milhares de trabalhadores e que cercou o Palácio de São Bento durante dois dias," impedindo que os deputados que estavam lá dentro pudessem sair "durante dois dias." O Ministério do Trabalho recusa-se a receber os manifestantes o que conduz a ações mais radicais e à mobilização contra o VI Governo Provisório.
Na semana seguinte o governo - algo que eu nunca pensei que pudesse acontecer - "entra em greve por falta de condições para exercer o seu mandato." O país acaba por ficar num limbo em que não tem quem o governe.
É a 25 de novembro que toda esta tensão chega ao limite, "com setores da esquerda radical a tentarem um golpe de estado," com o Grupo dos Nove a ser responsável por "organizar e desencadear as operações do 25 de Novembro fazendo a tal correção para a via democrática, liberal." Este golpe acabou por sair frustrado pelos militares que se encontravam em conluio com o “Grupo dos nove”, apoiados por um "plano militar liderado por Ramalho Eanes."
Mas qual o motivo de tanta discórdia, se a verdade é que este golpe pôs fim aos extremos (da esquerda e da direita)?
Para Joaquim Vieira, autor da biografia de Mário Soares, “o 25 de Novembro assinalaria o fim do PREC e a entrada de em fase de normalização democrática, com a consagração do projeto constitucional e a realização dos atos eleitorais nele previstos." O resultado, acabou por ser a vitória da chamada "ala moderada do Movimento das Forças Armadas (MFA)," que "marcaram o fim do chamado Processo Revolucionário Em Curso (PREC)."
Diz também o autor que, o próprio Mário Soares, se fosse vivo, teria recusado participar nestes festejos. O seu papel foi, no entanto, preponderante na vitória da democracia conseguida nessa data. Mário Soares era, na época, "ministro sem pasta do IV Governo Provisório," e como representante do PS, assinaria "o primeiro pacto constitucional MFA-Partidos," em abril de 1975. Depois da sua demissão, "juntamente com os restantes ministros do PS, a 10 de julho de 1975," e da "demissão dos ministros do PSD", a crise agravar-se-ia.
A 23 de novembro, o discurso que faz durante a "manifestação do PS na Alameda D. Afonso Henriques, em Lisboa," acabou por ser um marco simbólico "na mobilização que visava conter os setores mais radicais do processo revolucionário português."
Este ano, pela primeira vez, a data será celebrada na Assembleia da República - assinalando-se a passagem de 49 anos desde o acontecimento. Porquê só este ano - ou porquê este ano?
Fontes:
https://ensina.rtp.pt/artigo/25-de-novembro-uma-tentativa-de-golpe-falhada/
https://ensina.rtp.pt/artigo/vasco-goncalves-o-companheiro-vasco/
A situação devido ao mau tempo em Portugal foi, de longe, bem diferente da ocorrida em Espanha, mas nem por isso deixou de provocar avultados danos e alguns feridos. Parece que andamos cada vez mais ansiosos com toda esta situação e, culpa disso, talvez seja a frequência com que nos são transmitidas notícias e a forma como as mesmas nos chegam. E com tudo isto, que razão teremos para não ser um povo prevenido?
A ocorrência de tempestades e de fenómenos atmosféricos não é novidade, mas tal como os incêndios, parece que nos espantam de cada vez que acontecem. Ainda me lembro de ir para a escola com água quase até aos joelhos, ou de ter baldes a amparar a água que escorria pelo candeeiro do quarto onde eu dormia na casa da minha avó sempre que o telhado do prédio se enchia de água porque o algeroz entupia! Era normal. Agora chove mais um pouco e parece que ficamos logo com vontade de encerrar tudo e de ficar em casa. Em alguns casos, isso seria até uma medida a aplicar de forma preventiva, mas se tanto nos espantamos quando se anunciam ao longe umas nuvens de tempestade, a verdade é que lá vamos nós fazer umas imagens. Nas redes sociais, num dia reclamamos que só chove no norte e que faz falta no sul, mas na semana seguinte, estamos a reclamar que foi demasiada chuva no sul e que está tudo alagado!
Leitos de cheia onde se constrói há anos, e onde passe o tempo que passar, ninguém ainda saiu de lá e marés grandes que atingem as zonas ribeirinhas e levam a areia para longe são todos os anos tema de conversa. Especialistas e outros nem tanto vão aos telejornais falar de fenómenos atmosféricos e ficamos horas colados aos ecrãs a ouvi-los e a ver as imagens que se repetem. Iguais em todos os canais...
Esta manhã, um "comboio regional" que fazia o "troço entre a Fuzeta e Olhão," descarrilou, "devido à queda de pedras na sequência das chuvas intensas que se sentiram nas últimas horas no sotavento algarvio," levando ao corte da linha do Algarve. Não houve feridos. Foi lançado um alerta amarelo para os distritos de Faro e Beja, devido à previsão de chuva que se previa forte, e à possibilidade de ocorrência de "trovoadas e granizo," devido a um fenómeno semelhante ao DANA que na semana passada provocou o caos e a destruição em Espanha.
Em Olhão, uma senhora resolveu sair do carro para ir espreitar a ribeira de Alfandanga, que corria com mais água e mais fordça do que o habitual e acabou por cair. A "mulher foi resgatada," por alguns populares e, posteriormente, "socorrida pela ambulância de suporte de vida de Tavira do Instituto Nacional de Emergência Médica, e transportada para a Unidade Local de Saúde do Algarve."
Ontem, "dois idosos de nacionalidade francesa ficaram desalojados em Castro Marim," devido às fortes chuvas, enquanto em "Tavira, duas pessoas tiveram de ser resgatadas," uma encontrava-se dentro da sua viatura que acabou por ficar imobilizada na Ribeira de Almargem, enquanto a outra teve de ser retirada da sua "habitação na Asseca." Ainda na região de Tavira, houve danos em muros que acabaram por ruir, e "diversas embarcações" que acabaram por se soltar e ficar "à deriva" levaram ao cancelamento das "carreiras fluviais para a Ilha de Tavira."
A zona de Luz de Tavira foi uma das mais afetadas pelo mau tempo dos últimos dias nesta região, havendo ainda estradas cortadas.
Fontes:
Assinala-se hoje em Portugal o Dia de Todos os Santos, mas para mim, aquilo que faz mais sentido assinalar é - apesar de posterior - a passagem de 269 anos desde o terrível sismo que afetou o nosso país e que, para sempre, ficará na nossa história. Nesta data, saem sempre alguns artigos de opinião sobre a prevalência de sismos no país, sobre a possibilidade de ocorrência de uma grande catástrofe que leve milhares de vidas ou sobre se estamos ou não preparados.
Claramente, não estamos preparados nem para um sismo, nem para um maremoto, como aquele que atingiu o país, destruindo tudo à sua passagem. Mas estamos muito melhor preparados do que estaríamos há quase 270 anos. Se tal acontecesse, iriam haver mortos, muitos deles soterrados pelos escombros dos edifícios, mas porventura muitos menos pelos incêndios que naquele dia deflagraram na capital.
De acordo com um artigo apresentado pela CNN Portugal, a ocorrência de um sismo com caraterísticas idênticas às de 1755 iria por exemplo levar à morte de muitos bebés e crianças, uma vez que "centenas de berçários e infantários estão instalados em edifícios de habitação antigos, que vão colapsar ou sofrer danos severos." Isto ocorre com mais frequência nas grandes cidades e, com menos frequência, no interior e em pequenas localidades. As escolas públicas precisam, na sua maioria, de um reforço estrutural e muitas estão localizadas em quotas baixas que seriam facilmente atingidas em caso de tsunami.
Segundo o mesmo artigo, a "maioria dos hospitais públicos também não resistiria a um sismo violento. Os dois hospitais centrais de Lisboa - Santa Maria e São José – são vulneráveis."
O hospital de São José - que desde 1759 funciona no Convento de Santo Antão (de onde foram expulsos os Jesuítas por Marquês de Pombal) - é um dos mais antigos do país nasceu porque neste convento se passou "a abrigar os doentes provenientes do Hospital de Todos-os-Santos então destruído pelo terramoto de 1755." Atualmente, podemos dizer que se pratica aqui "medicina moderna em edifícios velhos e reconstruídos." No entanto, deixo aqui a questão, apesar da sua vulnerabilidade, não podemos deixar de reparar que o edifício principal sobreviveu ele próprio ao sismo de 1755. Nesse ano, "estima-se que entre 30 mil e 40 mil pessoas tenham perdido a vida," quantas perderíamos agora?
Das perdas desse dia, contam-se inúmeras infraestruturas importantes: "os seis hospitais da cidade, incluindo o de Todos-os-Santos, 33 palácios da grande nobreza, o Palácio Real, a Patriarcal, o Arquivo Real, a Casa da Índia, o Cais da Pedra, a Alfândega palácios, igrejas, bibliotecas, a faustosa Ópera do Tejo, inaugurada sete meses antes..."
Mas não posso deixar de referir que este acontecimento trágico trouxe uma grande mudança e que nesta mudança podemos encontrar aspetos positivos. A resposta dada inicialmente a este "desastre", que teve uma "magnitude estimada entre 8,5 e 9" e que "atingiu violentamente a capital e grande parte do sul de Portugal", foi coordenada por Santiago José Carvalho e Melo, conhecido como o "Marquês de Pombal." O Marquês "liderou os esforços de reconstrução, aplicando medidas urbanísticas inovadoras que moldaram a Lisboa moderna." Ganhou-se também "uma cidade nova, muito moderna para a época em que foi construída e, pormenor importante, edificada de acordo com um sistema anti-sísmico – a famosa estrutura flexível de madeira dos edifícios, «em gaiola»."
Por outro lado, a sociedade também sofreu uma mudança profunda, com clara influância no "pensamento filosófico e científico da época, especialmente sobre questões religiosas e de justiça divina, numa Europa iluminista que começava a questionar os fundamentos do mundo natural." Com esta catástrofe vieram-se a "equacionar questões importantes que mexiam com a religião, com os conceitos filosóficos, com o papel atribuído ao homem no palco do mundo."
«As nossas casa tremiam como folhas das árvores, e os nossos corações como as nossas casas. Imaginai, ó vindouros, o pavor com que o ranger e o ribombar da queda dos edifícios, que ruíam em massa, nos abrasava, como um fogo, até à medula dos ossos. Aqui uma caterva de gente contorcia-se sob os escombros, nas mais cruenta agonia. Além gritos lancinantes de morte coavam através das pedras e da terra, e a ninguém era possível acudir aos desventurados que se debatiam sozinhos. Mas além um desgraçado rasgava as unhas e a carne até aos ossos, a fim de salvar a sua pobre vida de uma cova – tal, porém, para nada mais lhe valendo senão para se tornar em coveiro de si mesmo, porquanto, com suas mãos, preparava o próprio túmulo».
(J.R.A. Piderit )
Fontes:
https://www.chlc.min-saude.pt/hospital-de-sao-jose/
https://aventar.eu/2010/02/07/o-terramoto-de-1755-e-a-cultura-europeia-da-epoca/
Há vários dias que aqui tenho estado a tentar escrever um pouco sobre os incêndios que afetam o nosso país. Estamos todos de luto pelas perdas humanas, mas não nos podemos esquecer daqueles que ficam. Como lidar com a perda de uma casa, como olhar para os seus próprios animais carbonizados? Em 2017, estive na região da Pampilhosa da Serra, depois dos grandes inêndios de outubro e ainda hoje quando recordo aqueles dias, me recordo do cheiro e das lágrimas. Dias depois, ainda havia pontos quentes e aqui e ali pequenas chamas pontuavam a paisagem de laranja no meio do negro. Para muitas destas pessoas, a vida mudou totalmente, acabou ali, perderam tudo o que tinham.
André Fernandes, Comandante Nacional da Proteção Civil, tem feito todos os dias o ponto de situação das ocorrências, tentando passar através da comunicação social as informações mais relevantes nesta ocasião.
Podemos dizer que a descida de temperatura está a dar uma ajuda. "Os fogos que lavram há vários dias no distrito de Aveiro continuam a ser os que mobilizam mais operacionais e meios. Ainda assim, incêndios em Oliveira de Azeméis e Albergaria-a-Velha estão em fase de resolução."
No incêndio que deflagra em Sever do Vouga, há a registar um ferido "com gravidade," na localidade de Frágua. O incêndio atingiu "casas, sobretudo devolutas, e destruiu pelo menos 5 empresas." Os meios aéreos tiveram o seu trabalho dificultado pelo vento, que dificulta o combate às chamas, impedindo a sua atuação.
Em Castro Daire a situação é ainda complexa, continuando "a lavrar com muita intensidade" e, havendo, segundo declarou Paulo Almeida, do município de Castro Daire, "cerca de 12 frentes ativas". De acordo com a Proteção civil, o incêndio está a provocar "grandes projeções" que obrigam "à reposição dos meios de combate."
De acordo com Paulo Almeida, "muitas famílias acabaram por perder tudo, a sua subsistência," havendo danos em várias "primeiras habitações, barracões, anexos, arrumos, carros, máquinas, explorações agrícolas." Castro Daire recebeu o "reforço de meios espanhóis que estava previsto para o incêndio de Sabroso de Aguiar, Vila Pouca de Aguiar," que para ali acabaram por ser desviados. Estes "120 operacionais" da "Unidade Militar de Emergência espanhola" que vinham reforçar "o combate ao fogo no concelho de Vila Pouca de Aguiar," acabaram por ser desviados para Castro Daire, devido ao agravamento da situação.
O incêndio de Nelas, que terá tido início na aldeia de Folhadal, "na segunda-feira, está em resolução desde as 10:23, disse à agência Lusa fonte do Comando Sub-regional de Viseu Dão Lafões."
"Na aldeia de Arrancada do Vouga, as chamas já chegaram às casas, algumas devolutas, mas também algumas de primeira habitação."
No caso da ocorrência do concelho de Mangualde, que terá tido "origem em Penalva do Castelo" na passada segunda-feira, encontra-se "completamente dominado."
De acordo com declarações à Lusa, feitas pelo "adjunto de comando dos Bombeiros Voluntários de Santo Tirso, Luís Coelho," o "incêndio que começou na segunda-feira em Paços de Ferreira," e que avançou em direção a Santo Tirso, "teve dois reacendimentos na madrugada de hoje, continuando ativo em vários pontos," depois de ontem ter sido dado como dominado.
E deixo para o fim, o meu agradecimento aos que lá estão! Aos elementos das forças de autoridade, aos elementos da Cruz Vermelha, às várias associações, aos membros do INEM e aos bombeiros. Morreram quatro bombeiros e, apesar de tardiamente a meu ver, a presidência já declarou que amanhã será dia de luto nacional.
Como esclarecimento, a declaração de "luto nacional pode acontecer após a morte de uma três mais altas figuras do Estado: Presidente da República, presidente da Assembleia da República e primeiro-ministro." Mas não só: pode também ser "decretado quando morrem os antigos chefes de Estado" e, pode também "ser declarado pelo falecimento de personalidade ou ocorrência de evento de excecional relevância”. Tal como aconteceu em Pedrógão Grande, como ocorreu nos "incêndios de 15 de outubro," ou como aconteceu quando "uma árvore de grande porte caiu durante a festa da padroeira da Madeira."
Não vai trazê-los de volta, mas é um reconhecimento pelo seu trabalho e por uma vida dedicada a uma causa que não se esgota apenas no combate às chamas, mas que tem neste a sua maior visibilidade. Recebem pouco mais de dois euros à hora. Alguns... outros estão lá sem receber nada (e sim, vão porque querem, porque gostam, porque se sentem bem a ajudar os outros...), mas é justo? Não.
O trabalho dos bombeiros tem sido complicado e, nem sempre, reconhecido. Felizmente, são poucos aqueles que não admiram e agradecem o trabalho efetuado por todos estes homens e mulheres que deixam as suas casas e famílias para ir combater aquele inimigo nefasto. Muitos que lá estão, também têm as suas casas em risco e têm de ir acudir aos outros - foi esta a vida que escolheram. Mas haveria tanto a dizer sobre o que está errado... sobre a falta de descanso, sobre a falta de alimentação! Felizmente, as populações apoiam os bombeiros e quando lhes é possível, dão-lhes água, comida e algumas situações até acesso a uma casa de banho. Não vos veio ainda à ideia isso, pois não? Alguém imagina o que é estar numa viatura um dia inteiro sem poder ir a uma casa de banho, sem ter um pouco de dignidade? As mulheres que estão nos bombeiros, precisam também de se sentir minimamente limpas, por vezes, de trocar um penso ou um tampão.
Fontes:
https://www.rtp.pt/noticias/pais/incendios-em-portugal-a-situacao-ao-minuto_e1600960
Adoro o mês de Setembro. É o meu mês e sempre o considerei um mês de decisões e mudanças. Mas é também um mês muito difícil. É um mês em que nos chegam propostas, em que nos exigem decisões rápidas. Mas o pior de tudo, para mim, são as opiniões que nos querem impor, sem pensarem que as palavras nos podem magoar.
E isto vem porquê?
Porque as minhas decisões hoje, não são de hoje. Vêm da minha construção própria, da aceitação de quem eu sou, das minhas fragilidades e capacidades. É um processo contínuo que, mais do que externo, é um processo que ocorre dentro de mim. É um processo instável, que muitas vezes me torna muito emocional.
Mas esta sou eu. A Elsa que gosta de escrever, de ensinar. Eu sou diferente daquilo que fui há uns anos, mas estou cá, inteira e forte. Com medos, com inseguranças, mas com muitos objetivos.
Se podia ou desejava estar numa situação mais estável? Claro que sim. Acho que todos nós ansiamos por chegar aos quarenta com a nossa vida estabilizada e eu ainda não tenho isso. Mas não sou infeliz por isso. Tenho quarenta e um, tenho muita coisa na vida que me arrependo de ter feito, mas são essas coisas que me fazem como sou e, aos poucos tenho aprendido a lidar com cada um desses momentos - os bons e os maus. Sou uma pessoa muito solitária. Gosto do meu canto, dos meus livros, das minhas folhas e cadernos e lápis... e desenhos e canetas... gosto das minhas séries, de ver programas que me fazem chorar. Gosto da areia nos pés e do som do mar, mas detesto que me atirem água ou gente que faça muito barulho na praia. Gosto de uma boa conversa, mas não me venham com coscuvilhices que eu não tenho paciência. Sou sempre a última a saber das coisas e não me importo com isso.
Introspeção é para mim algo que me leva a ser eu, a preparar-me para o mundo, a enfrentar a vida.
Será que a nossa espécie não consegue evoluir ao ponto de entender que a guerra só nos leva à dor e à destruição? Às vezes, parece que não mudámos nada desde o tempo das Cruzadas...
Gostava que tivessemos crescido e aprendido um pouco mais, que as guerras não fossem consideradas "santas", que as invasões não fossem consideradas "operações militares especiais"... o que há são interesses pessoais, pessoas retrógadas com ideais individualistas e com fome de poder. O que há não são interesses nacionais, nem patrióticos, mas sim questões de dinheiro e poder que só beneficiam alguns seres energúmenes.
Como é que se continuam a atacar serviços de saúde e escolas? Como é que se mata indiscriminadamente? Como é que se usam pessoas como escudos humanos e como é que se arranjam desculpas que justificam os ataques perante os Estados vizinhos, coniventes e colaborantes na carnificína?
Como é que a nossa espécie não evolui? Somos assim tão animais, mais do que os próprios que o são?
No dia 17 de junho de 2017, pelas 14:43 é dado o primeiro alerta para um incêndio florestal que já deflagrava na localidade de Escalos Fundeiros, e que rapidamente avançou sobre os concelhos de Castanheira de Pêra, de Figueiró dos Vinhos e Ansião, no interior do distrito de Leiria. Com o intenso calor e ventos fortes, as chamas galgaram montes e vales e alastraram rapidamente para os concelhos da "Pampilhosa da Serra (distrito de Coimbra) e da Sertã (distrito de Castelo Branco)."
Mais um, entre tantos incêndios a que ao longo dos anos nos estavamos a habituar. Todos os anos era assim. Chegado o verão, abria a época de incêndios e sabíamos que o norte e centro do país era sempre dos mais atingidos. Infelizmente, este não seria apenas mais um...
Este dia foi diferente. O calor estava diferente, o ar pesado, carregado, quente e uma das grandes conclusões é que não podemos falar apenas de um grande incêndio, mas sim de, pelo menos quatro, o que fez com os meios ficassem dispersos. No mesmo dia, passados apenas uns minutos do primeiro, surge um "segundo alerta para outro incêndio na região, em Góis" (distrito de Coimbra), que viria a tomar grandes proporções, alastrando para os "concelhos de Pampilhosa da Serra e de Arganil." Cerca de uma hora mais tarde, a população alertava "para o terceiro incêndio na região, em Figueiró dos Vinhos." Pelas 19h o pânico está instalado, com estradas cortadas e aldeias completamente cercadas. As pessoas tentam fugir, sem saber quais os caminhos para onde se devem dirigir. O fumo denso impossibilita a condução em segurança.
Pelas 20h41m, surge um quarto incêndio na região, em Alvaiázere, mas entretanto as comunicações estavam caóticas. Às 21h12m, o SIRESP informa "que se regista a queda de três estações da rede de comunicações – Serra da Lousã, Malhadas e Pampilhosa da Serra." A coordenação dos meios no terreno torna-se cada vez mais difícil e, numa situação em que todos os segundos contam, instala-se a incapacidade de entrar em contato com todos os veículos no terreno. Os incêndios encontraram condições climáticas favoráveis ao seu avanço e as matas mal cuidadas deixaram o alimento para que o resto acontecesse. Minutos depois e com o SIRESP praticamente em colapso, é dado o alerta para um quinta deflagração, desta vez em Penela. "Por dificuldades nas comunicações da rede SIRESP reforça-se o recurso à Rede Operacional dos Bombeiros (ROB)."
Minutos antes da notícia começar a surgir nos media, começamos a receber nas redes sociais alertas de que algo não estava bem. Amigos e familiares, não conseguindo entrar em contato com os seus familiares, iam tentando usar as redes sociais para comunicar ou, pelo menos, entrar em contato com alguém que soubesse o que por lá se passava. Por aqui, a noite estava quente, mas não imaginávamos a tragédia que estava a acontecer.
Por volta das 00h40m, o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, chega a Pedrógão Grande, mas só pela 01h30m é decretado por Jorge Gomes, o plano de emergência distrital.
Não me esqueço que estava num acampamento. Estavamos perto da segurança do quartel, numa zona arborizada rodeada de casas e vedada, mas havia uma trovoada seca que se ouvia ao longe. O ar tinha um cheiro diferente e estava pesado. Conhecedores dos riscos, sabiamos que se a trovoada se aproximasse mais, teríamos de evacuar o acampamento - o nosso e os dos grupos de escuteiros que ali estavam e que nos tinham cedido as suas instalações para aquela atividade. Aqui não havia fogo ativo nas redondezas, mas era como se a noite nos trouxesse aos poucos o fumo e os gases vindos do centro do país. A desgraça já tinha acontecido quando mandamos os miúdos para as tendas. Sabíamos que era algo grave, só não sabíamos bem o quê. Ponderámos levar os miúdos de volta e, pô-los a dormir no pavilhão do quartel, mas depois percebemos que isso só os preocuparia ainda mais. Os mais velhos, já se tinham apercebido que havia algo grave e que nós não estavamos tranquilos. A noite foi passada em claro e, logo de manhã cedo, terminamos o acampamento e regressamos. Pelas 09h00 da manhã, já existe a certeza de 43 vítimas mortais. Estamos todos em choque, o país está em choque. Apenas uma hora depois, o número passa para "57 vítimas mortais e 59 feridos." Às 13h30 do dia 18, o "Governo decreta três dias de luto nacional."
Ao longo do dia, este número foi sendo atualizado, culminando em 66 vítimas mortais, 253 feridos, sete dos quais graves, e na destruição de meio milhar de casas e 50 empresas. Só no dia 24 de junho, "o incêndio de Pedrógão Grande é dado como extinto."
"Relativamente às vítimas mortais, 47 foram encontradas nas estradas do concelho de Pedrógão Grande, tendo 30 morrido dentro de automóveis, 17 nas imediações durante a fuga ao incêndio e 1 na sequência de um atropelamento." Entre os feridos, contam-se 12 bombeiros e 1 militar da Guarda Nacional Republicana. Muitas destas pessoas, acabaram por ficar incapacitados para voltar a desempenhar as suas funções e, sobrevivem com uma pequena esmola mensal que o nosso Estado lhes atribuiu.
No dia 20 de junho, uma das frentes de fogo do incêndio de Pedrógão Grande juntou-se ao incêndio de Góis, originando o maior incêndio florestal de sempre em Portugal. Alguns dias depois, era publicada uma lista com os nomes de 64 vítimas diretas do incêndio (outras duas, na altura ainda não tinham sido contabilizadas) onde os números ganham rosto e idade. Entre elas, várias crianças, famílias inteiras que ao tentarem fugir, acabaram por correr diretas para a morte. Entre elas, a minha amiga de infância, Sara que com o seu sorriso rasgado ainda hoje me faz sentir um aperto no coração.
Passaram sete anos desde a tragédia. Até agora, muito se discutiu sobre causas, falhas e culpados. Mas temos todos a certeza de que muito ainda falta fazer naqueles territórios do centro do país, a começar pela prevenção, tão falada na altura e que, ainda hoje ou não é feita ou é mal feita. "No rescaldo do incêndio, a causa apontada pelas autoridades foi a trovoada seca que, conjugada com temperaturas muito elevadas (superiores a 40ºC) e vento muito intenso e variável, fez deflagrar e propagar rapidamente o fogo. No entanto, o presidente da Liga dos Bombeiros, Jaime Marta Soares, acredita que o incêndio não teve origem em causas naturais já que, segundo a perceção de alguns habitantes, o fogo já estaria ativo antes da trovoada."
No próximo domingo, dia 9 de Junho, teremos as eleições para o parlamento europeu.
No JN podemos encontrar um Inquérito de 30 perguntas que nos podem ajudar a comparar as nossas opiniões sobre diversos assuntos e o que diz cada um dos partidos sobre isso. Ao realizarmos esse inquérito, é possível saber com que percentagem nos identificamos mais com este ou aquele partido.
As eleições europeias que este ano se realizam, irão decorrer entre quinta e domingo, ou seja, de 6 a 9 de junho de 2024 - em que cada país da UE escolhe um dia de eleições. "Se é cidadão da UE, tem direito de voto nestas eleições, juntamente com 360 milhões de europeus." No passado domingo, muitos portugueses exerceram já o seu direito de voto de forma antecipada. Esta data serviu também para testar o uso de cadernos digitais, tendo sido detetadas falhas nestes sistemas, o que levou a alguns "constrangimentos nas mesas de voto." Estes cadernos digitais, permitem que os eleitores possam votar em qualquer mesa de voto, mesmo que não seja na sua área de recenseamento.
Não nos podemos esquecer que nem sempre tivemos este direito - o de votar, escolher, dar a nossa opinião - e que por isso, a "democracia é um bem precioso, que nos foi transmitido pelas gerações anteriores."
É nossa obrigação, preservar esta mesma democracia, "reforçá-la e transmiti-la às futuras gerações. A forma mais eficaz de o fazer é votando - porque quanto mais pessoas votarem, mais forte a democracia se tornará." E você? Já se preparou para votar?
Fontes:
https://european-union.europa.eu/institutions-law-budget/european-elections-2024_pt
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