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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
A situação em Espanha está caótica, especialmente na região de Valência, onde se regista a maioria dos 211 mortos confirmados até ao momento, "devido ao mau tempo."
Uma grande parte das vítimas mortais já confirmadas ocorreram na V-31, uma circular d zona de Valência, onde "ao final da tarde e início da noite de terça-feira, centenas de pessoas ficaram presas dentro de carros arrastados pelas águas quando regressavam a casa do trabalho." A proteção civil emitiu uma mensagem dde alerta, mas para estas pessoas, já foi tarde de mais e acabaram apanhadas pela enchente. E esta "é apenas uma das mais de 120 estradas ainda com cortes" onde os carros e camiões se empilham e o lixo e a vegetação que foi arrastada pela corrente se acumulam.
Apesar dos esforços, estima-se que ainda haja "milhares pessoas desaparecidas," muitas delas submersas na lama ou em locais isolados onde ainda não chegou ajuda.
O elevado "número de vítimas mortais obrigou as autoridades espanholas a abrir uma morgue temporária no centro de convenções Feria Valencia, nos arredores de Valência."
As imagens não deixam dúvidas sobre a gravidade e a extensão que o fenómeno atingiu. Fala-se na possibilidade de terem ficado pessoas "submersas em garagens inundadas" ou de ainda "haver corpos dentro dos milhares de carros arrastados pelas águas e que continuam empilhados em ruas de diversas localidades e outras estradas."
Infelizmente, "os meteorologistas preveem mais chuva, sobretudo nas ilhas baleares, na região da Catalunha, e, novamente, na comunidade valenciana."
De Portugal sairam também equipas de apoio, da Associação Portuguesa de Busca e Salvamento. Esta "organização não-governamental" informou o envio de "nove operacionais e dois cães para auxiliar os espanhóis nas buscas."
Entretanto, tenta-se repor a normalidade possível, com a limpeza das vias e o restabelecimento da eletricidade, "mas ainda há milhares de casas sem luz, sobretudo na região mais a leste de Espanha." Muitas estão também sem água corrente, ou mesmo potável, sem acesso a alimentos ou medicamentos e sem ligações telefónicas ou de internet, o que as deixa ainda mais isoladas. Segundo o governo espanhol, o mau tempo acabou por também provocar danos nas "vias de metro de superfície e de comboio, incluindo as de alta velocidade, que ficarão sem serviço pelo menos durante duas a três semanas," tendo praticamente desaparecido "três das cinco linhas" e verificando "cerca de 80 quilómetros completamente destruídos."
A todos os familiares, das centenas de vítimas mortais, feridos e desaparecidos nesta catástrofe, deixo as minhas palavras de consolo, sabendo que serão sempre poucas nestes momentos difíceis. O que se passou em Espanha, poderia ter sido cá. Não nos podemos esquecer disso. Não estamos livres de que tal nos aconteça!
Fontes:
https://www.publico.pt/2024/11/01/azul/noticia/continuam-alertas-chuva-torrencial-espanha-2110253
Assinala-se hoje em Portugal o Dia de Todos os Santos, mas para mim, aquilo que faz mais sentido assinalar é - apesar de posterior - a passagem de 269 anos desde o terrível sismo que afetou o nosso país e que, para sempre, ficará na nossa história. Nesta data, saem sempre alguns artigos de opinião sobre a prevalência de sismos no país, sobre a possibilidade de ocorrência de uma grande catástrofe que leve milhares de vidas ou sobre se estamos ou não preparados.
Claramente, não estamos preparados nem para um sismo, nem para um maremoto, como aquele que atingiu o país, destruindo tudo à sua passagem. Mas estamos muito melhor preparados do que estaríamos há quase 270 anos. Se tal acontecesse, iriam haver mortos, muitos deles soterrados pelos escombros dos edifícios, mas porventura muitos menos pelos incêndios que naquele dia deflagraram na capital.
De acordo com um artigo apresentado pela CNN Portugal, a ocorrência de um sismo com caraterísticas idênticas às de 1755 iria por exemplo levar à morte de muitos bebés e crianças, uma vez que "centenas de berçários e infantários estão instalados em edifícios de habitação antigos, que vão colapsar ou sofrer danos severos." Isto ocorre com mais frequência nas grandes cidades e, com menos frequência, no interior e em pequenas localidades. As escolas públicas precisam, na sua maioria, de um reforço estrutural e muitas estão localizadas em quotas baixas que seriam facilmente atingidas em caso de tsunami.
Segundo o mesmo artigo, a "maioria dos hospitais públicos também não resistiria a um sismo violento. Os dois hospitais centrais de Lisboa - Santa Maria e São José – são vulneráveis."
O hospital de São José - que desde 1759 funciona no Convento de Santo Antão (de onde foram expulsos os Jesuítas por Marquês de Pombal) - é um dos mais antigos do país nasceu porque neste convento se passou "a abrigar os doentes provenientes do Hospital de Todos-os-Santos então destruído pelo terramoto de 1755." Atualmente, podemos dizer que se pratica aqui "medicina moderna em edifícios velhos e reconstruídos." No entanto, deixo aqui a questão, apesar da sua vulnerabilidade, não podemos deixar de reparar que o edifício principal sobreviveu ele próprio ao sismo de 1755. Nesse ano, "estima-se que entre 30 mil e 40 mil pessoas tenham perdido a vida," quantas perderíamos agora?
Das perdas desse dia, contam-se inúmeras infraestruturas importantes: "os seis hospitais da cidade, incluindo o de Todos-os-Santos, 33 palácios da grande nobreza, o Palácio Real, a Patriarcal, o Arquivo Real, a Casa da Índia, o Cais da Pedra, a Alfândega palácios, igrejas, bibliotecas, a faustosa Ópera do Tejo, inaugurada sete meses antes..."
Mas não posso deixar de referir que este acontecimento trágico trouxe uma grande mudança e que nesta mudança podemos encontrar aspetos positivos. A resposta dada inicialmente a este "desastre", que teve uma "magnitude estimada entre 8,5 e 9" e que "atingiu violentamente a capital e grande parte do sul de Portugal", foi coordenada por Santiago José Carvalho e Melo, conhecido como o "Marquês de Pombal." O Marquês "liderou os esforços de reconstrução, aplicando medidas urbanísticas inovadoras que moldaram a Lisboa moderna." Ganhou-se também "uma cidade nova, muito moderna para a época em que foi construída e, pormenor importante, edificada de acordo com um sistema anti-sísmico – a famosa estrutura flexível de madeira dos edifícios, «em gaiola»."
Por outro lado, a sociedade também sofreu uma mudança profunda, com clara influância no "pensamento filosófico e científico da época, especialmente sobre questões religiosas e de justiça divina, numa Europa iluminista que começava a questionar os fundamentos do mundo natural." Com esta catástrofe vieram-se a "equacionar questões importantes que mexiam com a religião, com os conceitos filosóficos, com o papel atribuído ao homem no palco do mundo."
«As nossas casa tremiam como folhas das árvores, e os nossos corações como as nossas casas. Imaginai, ó vindouros, o pavor com que o ranger e o ribombar da queda dos edifícios, que ruíam em massa, nos abrasava, como um fogo, até à medula dos ossos. Aqui uma caterva de gente contorcia-se sob os escombros, nas mais cruenta agonia. Além gritos lancinantes de morte coavam através das pedras e da terra, e a ninguém era possível acudir aos desventurados que se debatiam sozinhos. Mas além um desgraçado rasgava as unhas e a carne até aos ossos, a fim de salvar a sua pobre vida de uma cova – tal, porém, para nada mais lhe valendo senão para se tornar em coveiro de si mesmo, porquanto, com suas mãos, preparava o próprio túmulo».
(J.R.A. Piderit )
Fontes:
https://www.chlc.min-saude.pt/hospital-de-sao-jose/
https://aventar.eu/2010/02/07/o-terramoto-de-1755-e-a-cultura-europeia-da-epoca/
"O motorista do autocarro que foi incendiado, (...) em Santo António dos Cavaleiros, no concelho de Loures, ficou gravemente queimado e foi encaminhado para a Unidade de Cuidados Intensivos do hospital de Santa Maria."
O motorista da carris metropolitana, conduzia um autocarro na zona de Loures. Estava simplesmente a fazer o seu trabalho mas um grupo de encapuzados resolveu que aquele autocarro seria para incendiar. Sem se preocuparem com quem lá estava dentro, lançaram contra o autocarro vários cocktails molotov e, um deles, acertou no motorista que saiu do autocarro em chamas. Este permanece na "unidade de queimados da unidade hospitalar." Vai ficar com marcas para toda a vida, vida essa pela qual ainda está a lutar.
Felizmente, "o autocarro vandalizado e incendiado em Santo António dos Cavaleiros seguia sem passageiros quando se deu o incidente."
Este motorista "é um dos três feridos resultantes dos tumultos das últimas 24 horas. Os outros dois feridos são ligeiros, de acordo com o mais recente balanço da PSP, que dá ainda conta de 13 detenções na sequência de 45 ocorrências, entre as quais, nove carros e dois autocarros destruídos pelo fogo."
Nos últimos dias têm sido diversas as ocorrências, principalmente na zona metropolitana de Lisboa, com situações a ocorrer também na margem sul, mas esta terá sido mesmo uma das mais graves.
Por aqui, também se registaram distúrbios na zona da Arrentela, levados "a cabo por um grupo organizado de cerca de 20 pessoas". O grupo "mandou parar o autocarro na Arrentela, fez sair os passageiros e o condutor, e regou o veículo com combustível". No Miratejo, registaram-se também contentores que foram incendiados, mas a população conseguiu logo apagar as chamas.
Fontes:
https://www.dn.pt/2482930634/motorista-de-autocarro-incendiado-em-loures-em-estado-grave/
São muitas as imagens e os debates à volta dos confrontos que se vão espalhando noite dentro por vários bairros da capital e dos arredores. A situação que levou a esta violência e a toda esta revolta foi a ação policial contra um dos residentes do bairro do Zambuja, localizado na freguesia de Alfragide e pertencente ao município da Amadora que ocorreu n amadrugada de 21 de outubro.
Ao que se sabe - há várias versões, mas não se confirma ainda nada - é que o comportamento de um condutor terá despertado a atenção de um carro que patrulhava a zona e, ao mandar o condutor parar, este em vez de o fazer, fugiu tendo cometido diversas infrações durante a fuga. Seguidamente, o condutor terá entrado em despiste, "abalroando viaturas estacionadas, tendo o veículo em fuga ficado imobilizado". A fuga terminou com a tentativa de detenção do homem, que segundo relatos da própria polícia, "terá resistido à detenção" e tentado agredir os agentes "com recurso a arma branca".
Um dos polícias terá disparado dois tiros para o ar e, não tendo obtido o efeito desejado, terá disparado na direção do homem, acabando este por morrer devido aos ferimentos.
Horas depois, "o movimento Vida Justa contesta a versão da polícia sobre a morte de Odair, afirmando que a versão dada pela PSP é “totalmente falsa”, e exigindo "uma comissão independente para investigar as mortes em circunstâncias estranhas que ocorrem na periferia" de Lisboa.
Nesta versão, a PSP informa que um homem "em fuga foi baleado por um agente do Comando Metropolitano de Lisboa, às 05:43, na Cova da Moura, quando alegadamente terá resistido à detenção e agredido os agentes com recurso a arma branca". Isto terá levado, segundo o mesmo comunicado, a que"um dos polícias, esgotados outros meios e esforços", tenha recorrido "à arma de fogo" e atingido "o suspeito, em circunstâncias a apurar em sede de inquérito criminal e disciplinar." Seguidamente, o MAI abriu "um inquérito urgente à Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) sobre a morte de Odair."
A lamentável morte de um cidadão veio então levantar várias questões, entre as quais, se havia necessidade de disparar na sua direção. Se sim ou não, não sei, o que sei é que não gostaria de estar na situação dos agentes que, ao fazerem o seu trabalho, tiveram de abordar um condutor a meio da noite, em fuga e que não cumpre as ordens que lhe são dadas. Se agiram da melhor forma, acredito que não, e que poderiam ter feito as coisas de outra forma, que podem ter-se sentido ameaçados, que podem ter sentido a vida em risco ou que podem ter agido de impulso, sem pensar. Não quero desculpar a ação do agente que disparou, mas também não o quero recriminar por tê-lo feito. Se estivesse no seu lugar, o que teria eu feito? Não consigo imaginar.
Em relação à ação que despoletou a perseguição. Sempre me ensinaram que, perante um veículo da polícia, devidamente identificado, que nos mande parar, é isso que devemos fazer: encostar, parar, e deixar que os agentes acedam aos documentos e ao veículo se for esse o caso. Não entendo porque não o fez Odair. Se tinha algo a esconder no carro, não o devia ter, se estava alcoolizado, também não deveria estar ao volante de um automóvel. Se passou realmente como dizem um traço contínuo, devia assumir o seu erro, e se fosse o caso receber a contra-ordenação. Fugir? Nunca seria essa a opção a tomar. Daquilo que se sabe, as fugas nunca correm muito bem. Alguém se fere, outros ficam feridos. Alguém morre... muitas vezes, pessoas que nem têm relação com o caso, simplesmente estavam no lugar errado à hora errada. Não foi o caso. Odair morreu não porque estava no lugar errado à hora errada. Morreu porque fugiu, porque desobedeceu. Não devia ter acontecido, não devia ter sido atingido, devia ter sido detido. Devia estar preso e não morto.
"Em menos de quatro dias, a morte de Odair Moniz por um agente da PSP no Bairro do Zambujal desencadeou desacatos e tumultos por toda a Grande Lisboa, foram reveladas versões contraditórias do que antecedeu os tiros fatais, realizou-se uma reunião entre autarcas e Governo, organizaram-se duas manifestações e foram proferidas muitas reações extremadas sobre o caso, da esquerda à direita."
As ações têm consequências. E agora uma comunidade chora a morte de um dos seus, uma família está enlutada. Odair deixou uma família, deixou filhos, mas naquela noite, estaria ele a pensar neles quando fugiu às autoridades? E, se realmente foi assim como contam que aconteceu - como já disse, ainda há muito que não se sabe e existem várias versões - terá pensado nos filhos? Cada um de nós vê a vida de uma forma diferente. Eu sinto-me segura na presença da polícia, mas há quem não se sinta assim e tenha as suas razões para tal, cultural e sociologicamente falando.
Acredito que o medo se imponha nos jovens que crescem em bairros, porque assistem a rusgas, assistem a portas deitadas a baixo a meio da noite e a casas invadidas. A minha porta nunca foi deitada abaixo... se tocarem, eu abro, podem ver tudo que não terei receio, de resto o que encontrarão será talvez pó.
O que agora está a acontecer é que não pode também ser permitido. Está a ser aproveitada a morte de um homem, uma morte que não deveria ter acontecido, para se fazer violência, para se criarem desacatos e destruírem bens de pessoas que nada têm que haver com o caso. Estão a destruir bens públicos, que são de todos, e bens privados. Não está a ser um ataque direcionado à polícia, mas ataques provocatórios e que podem levar a mais mortes! Se um polícia agora disparar contra um indivíduo que tenha na mão um cocktail molotov e o matar? Será mais um "mau" polícia? E não, não defendo nada que se entre de arma em punho, se atire indiscriminadamente e que se resolvam estas situações ao tiro! Isso não pode acontecer, não devia acontecer! Mas os bens que estão a destruir, são bens que têm dono! Estão a destruir coisas que são úteis aos bairros onde moram? Isso faz sentido? Estão a queimar carros de pessoas que têm família, que têm trabalho e que se esforçam por pagar as mensalidades todos os meses? Como é que, desta forma, dizem estar a manifestar-se contra esta morte? Tem de haver justiça, sim, tem de haver justiça. Mas estes atos são selváticos! São pensados para criar o caos.
No meio disto tudo, algo me passou esta noite pela cabeça. E se quem está à frente destes atos de selvajaria, não são "as pessoas" do bairro, não são "os amigos de Odair", nem quem o defende... mas sim, pelo contrário, se quem aparece de cara tapada, são aqueles que os querem fora dali? E se, imaginem, estes que atacam de forma indiscriminada, estão de facto a aproveitar o caso para fazer valer a sua posição e, ao fazerem-no, tentam-nos colocar contra estas pessoas? E se os atacantes, incendiários, estão mais à direita do que nos fazem crer? Talvez eu esteja enganada... mas foi isso que esta noite me passou pela cabeça, foi uma suposição, uma hipótese...
Fontes:
Faleceu hoje o conhecido cantor Marco Paulo, aos 79 anos, após uma luta inglória contra o cancro, uma doença que continua a matar de forma indiscriminada apesar de todos os avanços que a medicina tem tido.
João Simão da Silva, nasceu a 21 de Janeiro de 1945, em Mourão, "no distrito de Évora, fixando-se com a família em Alenquer, no distrito de Lisboa, no final dos anos 1950, e depois no Barreiro, já na década de 1960." Marco Paulo - ou, como em menino era conhecido - João Silva, tinha uma relação de afeto e "cumplicidade com os irmãos," mas do pai, um homem austero, recebeu "pouco carinho."
A sua carreira foi sempre seguida por milhares de fãs, tendo o cantor lançado "mais de 70 discos e várias canções de sucesso" ao longo de 50 anos de carreira.
A sua estreia foi nas festas de Alenquer a cantar a "Campanera" de Joselito. Com 14 anos, "entra para o rancho folclórico de Alenquer onde esteve dois anos como cantor até ir viver para o Barreiro."
Devido à profissão do pai, que obrigava a várias deslocações chegou a viver também em "Celorico de Basto, Alcabideche, Alenquer e Arcos de Valdevez," bem como no Barreiro ou em Sintra.
É a fadista"Cidália Meireles," que o vem a descobrir, já no Lavradio, onde o jovem João Simão frequentava "aulas de canto com Corina Freire," cantora lírica. Cidália Meireles levou-o ao seu programa e, as portas abriram-se para que participasse "pela primeira vez no Festival da Canção da Figueira da Foz." Esta participação fez com que fosse visto e fosse "convidado por Mário Martins, da editora Valentim Carvalho, para gravar o seu primeiro disco."
Em 1967, participou no Festival RTP da Canção com "Sou Tão Feliz", depois do que foi para a Madeira onde cantou "com Madalena Iglésias," e em 1982 voltou ao festival para interpretar “É o Fim do Mundo”, de João Henrique e Fernando Guerra.
Marco Paulo, fez a tropa "em Beja, Leiria e Estremoz", mas com a guerra colonial ainda decorrer foi enviado para a Guiné, onde a sua estadia foi um pouco diferente da da maioria dos jovens que para lá iam. Apesar de lhe terem dado uma Mauzer, era no escritório que passava a maior parte do tempo. O seu principal problema, se é que assim se poderia chamar, era andar sempre distraído em cantorias. Durante uma brincadeira, um colega atingiu-o na cabeça com uma pressão de ar e o chumbo nunca chegou a ser retirado. Durante o tempo que esteve na Guiné, ficou sempre na cidade e nunca chegou a estar no mato, onde a situação era muito mais complicada. "Cantava nos aniversários" dos camaradas e animava as festas para que o convidavam por já ter discos seus a passar "na rádio."
Marco Paulo ganho vários prémios, entre os quais, "em 1978, conquistou o seu primeiro disco de ouro com o single “Canção Proibida/Ninguém Ninguém”, com 85 mil cópias vendidas." Em 1979 ganhou o "disco de ouro com “Mulher Sentimental” e, em 1980, com o êxito “Eu Tenho Dois Amores”, versão de “Petra”, do grego Giorgos Hatzinasios, com 195 mil discos vendidos."
O cantor ganhou ainda "140 discos de platina, ouro e prata, tendo vendido mais de cinco milhões de discos e sendo o quinto cantor nacional com mais discos vendidos de que há registo."
É ainda "o único cantor português com um disco de diamante," que venceu com a canção “Maravilhoso Coração”.
Entre muitos outros discos, editou em 2001, o disco "35 Anos da Nossa Música", onde podíamos ouvir temas como "Nossa Senhora", "Te Amo, Te Amo" e "Amália A Nossa Voz."
Foi também apresentador, num programa que passava ao domingo à noite na RTP 1: “Eu Tenho Dois Amores," (1994-1995). Dois anos depois e ainda na RTP, apresentou o programa “Música no Coração”, onde fazia entrevistas a convidados ligados ao meio musical e artístico.
Foi em 1996 que o diagnóstico do primeiro cancro chegou, localizado no "testículo direito."
Corria já o ano de 2016, quando Marco Paulo "tornou público que lhe fora diagnosticado cancro da mama e que seria submetido a tratamentos. No final desse ano, revelou que o seu estado de saúde se tinha agravado com o diagnóstico de um tumor pulmonar." No mesmo ano, o cantor foi galardoado com "o Prémio de Mérito e Excelência na XXI Gala dos Globos de Ouro." Em 2022, foi "condecorado pelo presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa", com a "distinção de Comendador da Ordem Infante D. Henrique, numa cerimónia que decorreu no Palácio de Belém, em Lisboa."
Já na SIC, estreia em "junho de 2021," o programa “Alô Marco Paulo”, onde Ana Marques co-apresentava com o artista. O programa, que "começou por ser transmitido nas tardes de sábado da SIC," passou em abril de 2022 para as manhãs de fim de semana. Em 2022, "quando era atualizado sobre o estado do tumor pulmonar, descobriu o cancro no fígado."
Já em janeiro de 2023, a Sica lança na plataforma Opto, uma série biográfica que descreve com vários pormenores a vida do cantor, “Marco Paulo: A História da Minha Vida."
Desde junho deste ano, tinha estado a ser "transmitida uma emissão especial"com o título, “Força, Marco Paulo”,que tinha como principal intuito apoiar o cantor, já visivelmente debilitado, na"luta contra dois cancros," tendo o cantor sido informado pelos médicos de "que os tratamentos de quimioterapia seriam suspensos por não estarem a resultar." Em resultado disso, "o cantor encontrava-se em repouso em casa."
Em maio do presente ano, foi-lhe feita uma bonita homenagem, como todas deveriam ser, ainda em vida, no espetáculo “Para Sempre Marco." O cantor cantou o refrão de “Maravilhoso Coração”, deixando ainda uma mensagem emotiva. Da sua vida privada, o cantor manteve quase sempre segredo.
Fontes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Marco_Paulo
Passaram 100 anos desde que pela "primeira vez foi reconhecido o direito da criança ser protegida, independentemente de qualquer consideração de raça, nacionalidade ou credo."
Na declaração original, composta por cinco artigos, "entretanto ampliados, foram adotados pela Assembleia Geral das Nações Unidas que em 1959, promulga a Declaração dos Direitos das Crianças."
São tantas vezes as crianças aquelas que mais sofrem com o impacto das crises, das guerras, dos conflitos. São as crianças, tantas vezes as vítimas de crises familiares, desde passarem necessidades, fome, abandono, violência doméstica, abusos físicos e psicológicos...
Sofrem as crianças com os conflitos internacionais, de vários que poderia aqui nomear e que tantas vezes aqui já fui referindo no blogue. Feridas por ataque indiscriminados, desalojadas, fugitivas, perdidas das famílias, órfãs, doentes...
Tantas vezes, falta a estas crianças o acesso a uma alimentação saudável ou a garantia a viverem numa habitação minimamente cómoda. Falta ainda tanto... no país... na Europa... no mundo.
Deixo aqui um link muito interessante, onde podem encontrar referência aos artigos da Declaração dos Direitos da Criança.
É um pequeno livro feito pelo IAC, de uma grande qualidade e que vale a pena ler e ter. Acrescento também a Declaração, num documento mais oficial, de origem da Procuradoria Geral da República Portuguesa.
Dizia o Público em 2022, que "o número das crianças vítimas de trabalho infantil aumenta pela primeira vez em duas décadas. O número de crianças deslocadas é o maior desde que há registo." Refere ainda que em diversas "geografias," ainda "persiste a utilização de crianças como soldados. Os casos de casamento infantil e de violência sexual contra crianças cresceram nos últimos anos."
É assim preciso promover estes direitos!
Fontes:
https://gddc.ministeriopublico.pt/sites/default/files/declaracaodtoscrianca.pdf
Uma comitiva que transportava diplomatas de vários países foi alvo de um "ataque no Paquistão," levando à morte de um polícia e a ferimentos em três outros. Na comitiva seguiam "o embaixador russo e diplomatas portugueses, iranianos, turcomanos, tajiques, cazaques, bósnios, zimbabueanos, ruandeses e vietnamitas." O ataque aconteceu "no vale do Swat, em Khyber Pakhtunkhwa, na fronteira com o Afeganistão." Os diplomatas estariam a participar num encontro para "promover o comércio local, conhecido pelo seu artesanato e pedras preciosas."
Na caravana, composta por 12 diplomatas, "viajava o embaixador português, Frederico Silva, que o Ministério dos Negócios Estrangeiros português confirmou à Lusa estar bem," uma vez que ia a meio do comboio e a viatura onde seguia não chegou a ser atingida. Esta é uma região perigosa por ser um "bastião dos talibãs paquistaneses (TTP), treinados para o combate no Afeganistão e que defendem a mesma ideologia dos talibãs afegãos."
Ontem, escrevi sobre a situação tensa no Médio Oriente e até agora os ataques não cessaram - nem tão cedo se espera que isso aconteça, infelizmente. Nos últimos dias, os ataques contra território libanês já provocou "dezenas de mortos, segundo a Defesa Civil," sendo que "o balanço provisório do atentado de sexta-feira é de 50 mortos e 66 feridos, mas há ainda 11 desaparecidos."
Preocupado com a escalada do conflito, "o secretário-geral da ONU, António Guterres," receia que o conflito no Líbano se torne "uma nova Gaza", numa entrevista dada à CNN.
Depois de aconselhar os habitantes do sul do Líbano a "manterem-se afastados" de edifícios onde o "Hezbollah pode ter armazenadas armas" e que possam ser alvos "do movimento pró-iraniano Hezbollah," Israel lançou esta segunda-feira dezenas de ataques "no sul e no leste do Líbano." Em cerca de meia horam foram lançados "mais de 80 ataques aéreos."
A agência Reuters, descreveu os bombardeamentos desta manhã "como os mais vastos que Israel realizou em simultâneo desde outubro do ano passado." Na última sexta-feira, o exército israelita assassinou "um importante comandante do Hezbollah, Ibrahim Aqil, num bombardeamento em Beirute que fez pelo menos 12 mortos, incluindo cinco crianças."
Este comandante era "procurado há décadas pelos Estados Unidos" acusado de ter sido responsável "pela morte de mais de 300 pessoas nos atentados de 1983 em Beirute." O ataque de 1983 terá morto 307 pessoas que se encontravam num "quartel de uma força internacional de manutenção de paz," entre as quais "241 militares norte-americanos." A explosão de um camião provocou ainda a morte de "63 pessoas na embaixada norte-americana," daquele país.
https://www.publico.pt/2024/09/23/mundo/noticia/israel-ataca-alvos-sul-leste-libano-2105114
Hoje o dia acordou cinzento, com algumas nuvens e chuva em alguns pontos do país. Chuva que veio trazer algum alívio às populações, mas que tem de ser olhada também com alguma precaução. Como sempre, depois de grandes incêndios, as áreas ardidas e as zonas adjacentes ficam cobertas de cinza e de muitos inertes que podem ser arrastados pelas encostas, poluindo os cursos de água. É natural e expectável que isto aconteça, é mais uma consequência dos incêndios (que não é contabilizada na pena dos incendiários). As zonas atingidas pelos incêndios podem agora sofrer deslizamentos de terras para as quais a população deve estar atenta e mostrar uma atitude preventiva.
O país está de luto. Pelas vidas humanas perdidas foi declarado pelo governo que hoje seria dia de luto nacional. Mas não chega... temos de exigir mais! "Morreram sete pessoas e 166 ficaram feridas, devido aos fogos que atingem desde domingo sobretudo as regiões Norte e Centro do país, nos distritos de Aveiro, Porto, Vila Real, Braga, Viseu e Coimbra, e que destruíram dezenas de casas." (Pelas contas da ANEPC são apenas contabilizados "cinco mortos, excluindo da contagem dois civis que morreram de doença súbita").
De acordo com a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, em apenas quatro dia (de 14 a 18 de setembro) foram registadas "1044 ignições, 416 das quais em período noturno," a que respeita uma área ardida de cerca de "94.146 hectares."
A ministra informou também que foram "detidas 11 pessoas, suspeitas de crime de incêndio florestal, sendo que oito delas foram apanhadas em flagrante delito."
O incêndios ainda não estão completamente extintos. Os dois incêndios que deflagravam em Castro de Aire, no distrito de Viseu, ainda não foram dominados. O incêndio de "Penalva do Castelo, distrito de Viseu, entrou esta madrugada em fase de resolução." Também o incêndio que começou em Alvarenga, Arouca, na quarta-feira, entrou "em fase de resolução."
Os incêndios de Sabroso de Aguiar e de Veria de Jales e Quintã, apesar de já terem estado em fase de resolução, acabaram ontem por sofrer "reativações", na zona de Vila Pouca de Aguiar, no distrito de Vila Real.
Agora está na hora de avaliar os prejuízos e esperar que as seguradoras façam a sua parte. O governo tem de apoiar agora estas autarquias, para que possam numa perspetiva de maior proximidade, apoiar as suas populações. São as autarquias, as assistentes sociais, as entidades locais (cruz vermelha, bombeiros, associações...) que sabem o que cada família necessita, que conhecem as empresas e aquilo que foi realmente perdido e danificado. Tenho estado a ver diversas entrevistas e reportagens televisivas e as perdas são muito grandes para cada uma destas pessoas. Em Castro Daire, Codeçais, são as quinze cabras que sobreviveram com ferimentos que dão agora alento a este pequeno produtor que teve de abandonar tudo para salvar a sua própria vida. Este senhor, perdeu mais de uma centena de animais (que são de uma raça autóctone transmontana, e por isso valiosa), mas além dos animais perdeu também alfaias, reboques, maquinarias, mais de dez quilómetros de cercas e terras... contabilizar tudo isto e agora multiplicar por outros produtores e pequenos empresários que perderam aquilo que tinha sido até aqui a sua vida. (Entrevista na Sic Notícias)
Falta agora pasto para os animais, ardeu o que estada dentro dos estábulos, dos armazéns e lojas. Ardeu a lenha que muitas pessoas já armazenavam para o inverno, e que lhes traria algum conforto no inverno frio que se aproxima. Arderam as arcas onde havia carne congelada para alimentação das famílias.
No "município de Albergaria-a-Velha" 41 famílias "perderam a casa, por causa das chamas."
A autarquia de Penalva do Castelo, registou "danos em equipamentos municipais no valor de cerca de 200 mil euros." Em Aveiro, os incêndios já se encontram "completamente dominados", mas "60 casas foram atingidas pelos fogos."
Em São Pedro do Sul, "arderam duas casas de primeira habitação," cerca de dez casas "de segunda habitação" e ainda vários "palheiros."
Fontes:
Há vários dias que aqui tenho estado a tentar escrever um pouco sobre os incêndios que afetam o nosso país. Estamos todos de luto pelas perdas humanas, mas não nos podemos esquecer daqueles que ficam. Como lidar com a perda de uma casa, como olhar para os seus próprios animais carbonizados? Em 2017, estive na região da Pampilhosa da Serra, depois dos grandes inêndios de outubro e ainda hoje quando recordo aqueles dias, me recordo do cheiro e das lágrimas. Dias depois, ainda havia pontos quentes e aqui e ali pequenas chamas pontuavam a paisagem de laranja no meio do negro. Para muitas destas pessoas, a vida mudou totalmente, acabou ali, perderam tudo o que tinham.
André Fernandes, Comandante Nacional da Proteção Civil, tem feito todos os dias o ponto de situação das ocorrências, tentando passar através da comunicação social as informações mais relevantes nesta ocasião.
Podemos dizer que a descida de temperatura está a dar uma ajuda. "Os fogos que lavram há vários dias no distrito de Aveiro continuam a ser os que mobilizam mais operacionais e meios. Ainda assim, incêndios em Oliveira de Azeméis e Albergaria-a-Velha estão em fase de resolução."
No incêndio que deflagra em Sever do Vouga, há a registar um ferido "com gravidade," na localidade de Frágua. O incêndio atingiu "casas, sobretudo devolutas, e destruiu pelo menos 5 empresas." Os meios aéreos tiveram o seu trabalho dificultado pelo vento, que dificulta o combate às chamas, impedindo a sua atuação.
Em Castro Daire a situação é ainda complexa, continuando "a lavrar com muita intensidade" e, havendo, segundo declarou Paulo Almeida, do município de Castro Daire, "cerca de 12 frentes ativas". De acordo com a Proteção civil, o incêndio está a provocar "grandes projeções" que obrigam "à reposição dos meios de combate."
De acordo com Paulo Almeida, "muitas famílias acabaram por perder tudo, a sua subsistência," havendo danos em várias "primeiras habitações, barracões, anexos, arrumos, carros, máquinas, explorações agrícolas." Castro Daire recebeu o "reforço de meios espanhóis que estava previsto para o incêndio de Sabroso de Aguiar, Vila Pouca de Aguiar," que para ali acabaram por ser desviados. Estes "120 operacionais" da "Unidade Militar de Emergência espanhola" que vinham reforçar "o combate ao fogo no concelho de Vila Pouca de Aguiar," acabaram por ser desviados para Castro Daire, devido ao agravamento da situação.
O incêndio de Nelas, que terá tido início na aldeia de Folhadal, "na segunda-feira, está em resolução desde as 10:23, disse à agência Lusa fonte do Comando Sub-regional de Viseu Dão Lafões."
"Na aldeia de Arrancada do Vouga, as chamas já chegaram às casas, algumas devolutas, mas também algumas de primeira habitação."
No caso da ocorrência do concelho de Mangualde, que terá tido "origem em Penalva do Castelo" na passada segunda-feira, encontra-se "completamente dominado."
De acordo com declarações à Lusa, feitas pelo "adjunto de comando dos Bombeiros Voluntários de Santo Tirso, Luís Coelho," o "incêndio que começou na segunda-feira em Paços de Ferreira," e que avançou em direção a Santo Tirso, "teve dois reacendimentos na madrugada de hoje, continuando ativo em vários pontos," depois de ontem ter sido dado como dominado.
E deixo para o fim, o meu agradecimento aos que lá estão! Aos elementos das forças de autoridade, aos elementos da Cruz Vermelha, às várias associações, aos membros do INEM e aos bombeiros. Morreram quatro bombeiros e, apesar de tardiamente a meu ver, a presidência já declarou que amanhã será dia de luto nacional.
Como esclarecimento, a declaração de "luto nacional pode acontecer após a morte de uma três mais altas figuras do Estado: Presidente da República, presidente da Assembleia da República e primeiro-ministro." Mas não só: pode também ser "decretado quando morrem os antigos chefes de Estado" e, pode também "ser declarado pelo falecimento de personalidade ou ocorrência de evento de excecional relevância”. Tal como aconteceu em Pedrógão Grande, como ocorreu nos "incêndios de 15 de outubro," ou como aconteceu quando "uma árvore de grande porte caiu durante a festa da padroeira da Madeira."
Não vai trazê-los de volta, mas é um reconhecimento pelo seu trabalho e por uma vida dedicada a uma causa que não se esgota apenas no combate às chamas, mas que tem neste a sua maior visibilidade. Recebem pouco mais de dois euros à hora. Alguns... outros estão lá sem receber nada (e sim, vão porque querem, porque gostam, porque se sentem bem a ajudar os outros...), mas é justo? Não.
O trabalho dos bombeiros tem sido complicado e, nem sempre, reconhecido. Felizmente, são poucos aqueles que não admiram e agradecem o trabalho efetuado por todos estes homens e mulheres que deixam as suas casas e famílias para ir combater aquele inimigo nefasto. Muitos que lá estão, também têm as suas casas em risco e têm de ir acudir aos outros - foi esta a vida que escolheram. Mas haveria tanto a dizer sobre o que está errado... sobre a falta de descanso, sobre a falta de alimentação! Felizmente, as populações apoiam os bombeiros e quando lhes é possível, dão-lhes água, comida e algumas situações até acesso a uma casa de banho. Não vos veio ainda à ideia isso, pois não? Alguém imagina o que é estar numa viatura um dia inteiro sem poder ir a uma casa de banho, sem ter um pouco de dignidade? As mulheres que estão nos bombeiros, precisam também de se sentir minimamente limpas, por vezes, de trocar um penso ou um tampão.
Fontes:
https://www.rtp.pt/noticias/pais/incendios-em-portugal-a-situacao-ao-minuto_e1600960
...num pequeno país onde apesar de tanto mar, rios e lagoas, falta água que ponha cobro a tantas chamas!
Pois é, o que é "demasiado" num dia, no outro já falta. De inverno, ficamos aborrecidos quando chove e a água sobe, os rios transbordam, inundando tudo à sua passagem. Agora, imagino que um pouqinho dessa água estaria a fazer falta a muita gente. Infelizmente, não mandamos no tempo. Não podemos fechar a "janela" e evitar o vento, mas existem outras coisas que podemos fazer e, das quais, só nos lembramos quando a desgraça chega à nossa porta.
Parece que em breve, a chuva vai voltar e parece que existem meios a caminho de Portugal, vindos de Espanha e de outros países. Pelo menos, ajudarão a dar alguma "folga" aos nossos bombeiros que não têm tido descanso.
No total, foram já registadas "150 vítimas, entre elas 12 feridos graves, (...) 65 ligeiros feridos ligerios e 68 assistidos." Lamenta-se ainda a perda de sete vidas, dos quais quatro eram bombeiros. Da corporação de Vila Nova de Oliveirinha, lamenta-se a perda de Paulo Santos, Susana Carvalho e Sónia Melo. Dos bombeiros de S. Mamede de Infesta, lamenta-se a morte de João Manuel Silva. Uma outra vítima foi Carlos Eduardo, "imigrante brasileiro" de 28 anos e que "morreu carbonizado no incêndio de Albergaria-a-Velha," quando "tentava salvar maquinaria da empresa para a qual trabalhava." Conta-se também a morte de uma senhora com 83 anos, "vítima de paragem cardiorrespiratória na aldeia de Almeidinha, Mangualde, ao ver as chamas a aproximar-se da sua área de residência." Há ainda a contabilizar a morte de um homem de 88 anos, do "lugar do Fontão, na freguesia de Angeja em Albergaria-a-Velha" e que deixa "três filhos e vários netos."
As regiões norte e centro do país continuam a ser as mais afetadas, tendo o Governo declarato situação de calamidade em todos os municípios afetados pelos incêndios nos últimos dias.
Em Gondomar, desde o início desta grande ocorrência, foram já assistidos oito bombeiros, dos quais um chegou mesmo a ser sujeito a uma cirurgia. Este incêndio iniciou-se ontem pelas 13h02 e, já levou à evacuação "por precaução, e no sentido de evitar a inalação de fumo," de trinta idosos do "Lar da Santa Casa da Misericórdia de Gondomar. Estes "idosos foram transportados para o Multiusos de Gondomar, estando acompanhados pelos técnicos do próprio lar e pelos técnicos das áreas da saúde e da ação social da Câmara Municipal de Gondomar."
Foi também necessário proceder à evacuação de "três estabelecimentos de ensino - EB1 de Ramalde (S. Cosme), EB1 de Aguiar (Jovim) e Jardim de Infância de Trás da Serra (Jovim), tendo, dos cerca de 100 alunos dos três estabelecimentos, 20 sido transportados para o Multiusos de Gondomar, de onde foram depois "recolhidos pelos encarregados de educação". Há pessoas desalojadas e terão já ardido "três casas arderam esta segunda-feira no incêndio que está a lavrar na freguesia de Jovim." O incêndio avançou "na direção da freguesia vizinha da Foz do Sousa." Algumas habitações localizadas "na zona de Branzelo, em Melres, concelho de Gondomar, estão a ser evacuadas e a população retirada devido aos incêndios."
No que respeita ao incêndio de Valongo, Gondomar, presidente da junta de freguesia foi constituído arguido devido a ser responsável por "dois funcionários da autarquia" que, alegadamente, estavam a usar "roçadoras de disco," para limpar as ruas. Estas máquinas, que são proibidas quando existem alertas (como era o caso) "terão gerado faíscas." Segundo o autarca, os funcionários teão usado o disco por "haver uns tojos na rua" e as faíscas prococadas terão dado início ao incêndio, "tendo o alerta, segundo os Bombeiros de Valongo, sido dado às 9:45," de ontem.
Em Vila Pouca de Aguiar a situação também é crítica. O "incêndio galgou para Vila Real, pelas zonas de Covelo e da Samardã," avançando em diferentes frentes. O comandante Hugo Silva, informou à agência Lusa, que tinha havido uma "reativação forte em Sabroso, uma frente completamente incontrolável, acrescentando que não tinha "meios disponíveis para reforçar" nem para "substituir" os bombeiros que "já andam aqui em trabalho há vários dias."
O comandante mostrou também receio de que este incêndio que "progride em direção a norte," chegue "à porta de Vidago (Chaves)." Existem ainda outras duas frentes preocupantes "que se desenvolvem na zona de Soutelinho do Mezio e na Samardã."
O incêndio de Tábua, no distrito de Coimbra, e que "teve origem no fogo que na segunda-feira eclodiu em Nelas e se estendeu a Carregal do Sal, no distrito de Viseu," foi fdado esta manhã como "dominado" apesar de não ter havido hipótese de se baixar os braços.
Em Arouca, no distrito de Aveiro, uma "parte do troço de madeira dos Passadiços do Paiva," foi consumida pelas chamas. Devido a este incêndio, foi necessário proceder à retirada de alguns "habitantes com mobilidade reduzida," que foram depois "conduzidos para casa de familiares, noutras localidades." Foram também encerrados "todos os estabelecimentos de ensino da rede pública do concelho, afetando as escolas-sede dos agrupamentos de Arouca e Escariz ao acolhimento exclusivo" dos "filhos e dependentes a cargo dos profissionais diretamente envolvidos nas operações de socorro no âmbito dos incêndios." Uma ação de valorizar!
O incêndio de Albergaria-a-velha, que começou na segunda-feira, pelas 07:20, "entrou" segundo o comandante Albano Ferreira, "em resolução cerca das 10:30. Continua agora a ser necessário manter os meios no terreno, "atentos a reativações" que possam ocorrer.
"Os meios aéreos fornecidos pelos países europeus ao abrigo do mecanismo de proteção civil da União Europeia já estão a operar em território luso. Ao todo operam oito aviões, quatro oriundos de França, dois de Itália e mais dois de Espanha." Chegaram também esta madrugada 230 bombeiros vindos de Espanha, com a missão de apoiar os operacionais portugueses. Foi cancelada a vinda dos meios gregos. "O Governo declarou situação de calamidade em todos os municípios afetados pelos incêndios nos últimos dias e alargou até quinta-feira a situação de alerta."
Fontes:
https://rr.sapo.pt/noticia/pais/2024/09/16/incendios-seis-bombeiros-feridos-em-gondomar/393884/
https://www.rtp.pt/noticias/pais/incendios-em-portugal-a-situacao-ao-minuto_e1600618
https://portocanal.sapo.pt/noticia/356074/
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