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Num país que arde...

por Elsa Filipe, em 17.09.24

Desde ontem que o país olha horrorizado para um país que arde, aparentemente, de forma desgovernada.

Uma das pessoas que gostei de ouvir explicar vários factos, foi o comandante Mário Conde, do CB da Amadora, que esteve a comentar de forma extremamente assertiva a situação que se vive desde a passada sexta-feira no nosso país. Uma das melhores conversas que vi, nos últimos dias, entre o jornalista e apresentador Hernâni Carvalho e o comandante que, ao contrário de muitos "pseudo" comentadores que por aí andam, disse o que tinha a dizer de forma direta e sem medo de represálias (que certamente, as poderá vir a ter), no programa 'Linha Aberta', transmitido hoje, dia 17 e, em que se analisaram "os motivos que poderão estar a causar um mar de chamas acima do Mondego."

Não têm sido dias fáceis e há a lamentar sobretudo a morte de quatro bombeiros.

No passado domingo, dia 15, "João Manuel dos Santos Silva," que era "membro da corporação dos Bombeiros Voluntários de São Mamede de Infesta (Matosinhos)," estaria numa pausa para se alimentar durante o combate a "um incêndio na região de Oliveira de Azeméis," quando "morreu vítima de doença súbita." João Silva e os colegas foram jantar depois de terem estado "a combater as chamas," e "quando estavam a tomar café," o bombeiro "entrou em paragem cardiorrespiratória." Apesar de ter sido "assistido no local por uma equipa do INEM," o quadro já não foi possível de reverter. Este homem, era casado e "tinha dois filhos, sendo que o mais novo também é bombeiro, e dois netos. Durante muitos anos, trabalhava como padeiro de noite e depois de dia ia para os bombeiros." 

Em Tábua, distrito de Coimbra, três bombeiros perderam a vida. Carbonizados depois de terem ficado cercados pelas chamas. Sabem o que é estar a sentir o corpo a "cozinhar" dentro dos equipamentos que estes bombeiros vestem? Imaginem só o querer encontrar o caminho, saber dos colegas e cair, atingido pelas chamas cavalgantes. Duas mulheres e um homem, que estavam a combater uma frente de incêndio (e não em deslocação com veiculado por alguns meios de comunicação social) perderam a vida e as suas famílias irão apenas ter os seus corpos carbonizados para chorar. Imaginem-se e entendam porque é que a mim, perante estas notícias, me sobe uma vontade de atirar com os incendiários para o meio das chamas e deixá-los lá. Não nos podemos esquecer que há também feridos a lamentar, entre eles, vários bombeiros. De entre os feridos, a situação mais grave será a de uma bombeira que está a lutar pela vida nos Cuidados Intensivos.

Que haja mão firme da justiça!

Além disso, lamentam-se também vários civis que acabaram por perder a vida, por causas direta ou indiretamente, ligadas aos incêndios florestais.

Segundo a GNR, no dia 16, segunda-feira, "foi encontrado cerca das 15.30 horas um corpo carbonizado na zona florestal do Sobreiro, no concelho de Albergaria-a-Velha" que se revelou vir a tratar-se de "um cidadão de nacionalidade brasileira, de 28 anos de idade, funcionário de uma empresa que se dedica à exploração florestal." Aparentemente, este homem "terá ido, juntamente com outros funcionários da empresa, recuperar alguma maquinaria que se encontrava na zona afetada pelo incêndio."

Durante a noite, uma idosa de 83 anos, morreu perto de Mangualde.

Ao longo da noite, muita gente teve de ser evacuada. Manter a calma é algo quase impensável quando se tem de abandonar a casa, os bens que se levou uma vida a juntar, as memórias que não sabem se lá vão estar quando regressarem. Não há ninguém que abandone a sua casa e a sua terra de ânimo leve. Já arderam cerca de 40 casas e diversas viaturas.

Muitos voluntários têm estado a ajudar nestas evacuações e também no combate às chamas, em locais onde os profissionais não conseguem chegar tantas são as ocorrências que ocorrem em simultâneo. Ajudam com tratores, com máquinas agrícolas, com pequenos tanques com água. Muitos voluntários de diversas organizações, ou até por iniciativa própria, têm estado a ajudar a resgatar animais. Infelizmente, parece que não tem sido possível salvar todos os animais.

Resumindo um pouco, algumas das ocorrências, de referir que pouco depois da meia-noite, havia em Ribeira de Fráguas, na zona de Albergaria-a-velha, uma zona habitacional que era atingida pelas chamas. Os bombeiros estavam longe de conseguir chegar a todo o lado e, se por um lado se pedia às populações para dixarem as suas casas e irem para um lugar seguro, por outro, a ausência de meios que os tranquilizassem, fazia com que poucos aceitassem arredar pé.

Em Vila Pouca de Aguiar, o fogo também não deu tréguas durante a noite, com o vento forte a piorar a situação.

Em Coimbra, o incêndio que na véspera tinha deflagrado numa zona florestal, durante a noite ameaçou a cidade. Ninguém se esquece do incêndio que há 19 anos, cercou e invadiu a cidade.

Segundo as palavras do presidente da câmara municipal de Sever do Vouga, um dos incêndios que começou perto da zona industrial, uma pessoa foi vista a dar início a esta ignição e a fugir. O vento estava fortíssimo, o local era distante dos outros focos de incêndio e os meios estavam empenhados noutras ocorrências muito consideráveis. Maldade pura de quem achou boa ideia dar início a uma nova ignição, ainda por cima perto de uma zona industrial. As pessoas criticam a falta de meios e demora na ajuda, mas por muito que custe a alguns compreender, em situações destas, não há meios que cheguem a todo o lado e a população não consegue e não pode fazer mais.

Em Gondomar, deflagraram vários incêndios em pontos diferentes. A população vai tentando proteger as casas com baldes e mangueiras domésticas e está cada vez a ficar mais nervosa e cansada. O presidente da Câmara de Gondomar referiu que "a propagação para a área urbana do incêndio", está "contida", embora na zona de Melres, a situação não esteja controlada. Um dos maiores focos, começou na zona de Cosmes, ontem pouco depois das 13h00.

Na zona de Baião, já arderam várias casas. O presidente queixa-se da falta de meios aéreos referindo, no entanto, que compreende a situação tendo em conta o que se está a passar pelo país. 

Em Valongo, a Polícia Judiciária "constituiu arguidos quatro funcionários da União de Freguesias de Campo e Sobrado," por presumívelmente terem, pela sua atuação irresponsável, sido os autores de um incêndio florestal. Os funcionários, apesar de todos os alertas, usaram "uma roçadora de disco metálico, cuja utilização é proibida quando o índice de perigo de incêndio rural se encontra a um nível máximo ou mesmo muito elevado”. Agora coloco a questão: usaram por sua iniciativa, ou alguém os mandou utilizar aquele tipo de máquina?

Em Mangualde, arderam também várias habitações e há feridos a registar. A população ajuda como pode, mas o incêndio veio de Penalva, empurrado pelo forte vento. Nelas, Mangualde e Penalva do Castelo são apenas alguns exemplos de zonas onde devido aos incêndios as aulas foram canceladas, as creches e jardins de infância não abriram e alguns lares foram evacuados. A A25 continua cortada nos dois sentidos, para segurança dos condutores e, também, para servir de faixa de emergência para a circulação dos meios.

"Os incêndios de Cabeceiras de Basto e Póvoa de Lanhoso, distrito de Braga, preocupam a Proteção Civil por haver casas na linha de fogo e pelo risco de propagação a uma mancha florestal contígua de vários hectares." Este incêndio, chegou mesmo a "cercar a aldeia de Samão, obrigando os moradores a refugiarem-se num abrigo previamente definido no âmbito do Programa Aldeias Seguras."

Em Amarante, no distrito do Porto, deflagraram três incêndios em diferentes zonas do concelho, com algumas das frentes muito "próximas de zonas residenciais." Dois destes incêndios "lavram nas zonas da serra da Aboboreira e de Vila Meã."

Um outro incêndio, lavra em Aguiar de Sousa, Paredes, tendo tido origem pelas "05:21 na zona de Sobreira." O incêndio que teve início "na segunda-feira em Soutelo, Castro Daire," está neste momento com “várias frentes ativas” e segue já em "direção aos municípios vizinhos de São Pedro do Sul e Viseu."

Além dos bombeiros, que têm o maior dispositivo de sempre a atuar, não nos podemos esquecer de todas as outras entidades que têm estado a ajudar. No entanto, na contabilização dos meios, não nos podemos esquecer de fazer a distinção entre os meios em combate e os meios em trânsito, ou os meios em reserva, o que por vezes é transmitido de forma um pouco confusa pela comunicação social, fruto desses dados não lhes serem transmitidos. 

A Cruz Vermelha Portuguesa já "mobilizou 100 colaboradores e voluntários para o apoio às autoridades no socorro às populações afetadas pelos incêndios, naquele que é o maior contingente dos últimos cinco anos, anunciou hoje a instituição."

Por volta das 09:30 desta manhã, "a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC)" registava "mais de 140 ocorrências, envolvendo mais de 5000 operacionais, apoiados por 1600 meios terrestres e 21 meios aéreos." Ao longo do dia de hoje, a situação evoluiu para norte e o Minho rapidamente foi atingido. Olhando o mapa, observa-se a localização da maioria dos incêndios e, podemo-nos perguntar o porquê de estarem localizados numa zona, apesar de extensa, limitada. 

Fica também sobre hoje o registo de um aluno de apenas 12 anos que esta tarde esfaqueou seis colegas na Escola Básica da Azambuja. As aulas tinham começado apenas há poucas horas quando "depois de ter ido a casa à hora do almoço buscar a arma branca", um aluno do 7º ano esfaqueou seis colegas, aparentemente de forma indiscriminada. O aluno tinha saído para almoçar e, no regresso, "já no interior do edifício da escola," retirou da mochila "um colete à prova de bala, que mais tarde identificou ser do pai, e uma faca." Cá estas situações não são muito comuns - felizmente - mas noutros países é frequente existirem este tipo de ataques em escolas.

Fontes:

https://www.rtp.pt/noticias/pais/incendios-em-portugal-a-situacao-ao-minuto_e1600254

https://fogos.pt/fogo

https://sic.pt/programas/linha-aberta-com-hernani-carvalho/videos/2024-09-17-video-o-norte-do-mondego-no-estado-em-que-esta-e-pura-coincidencia--5d138aba

https://www.jn.pt/7262728855/dois-mortos-nos-incendios-em-albergaria-a-velha/

https://www.jn.pt/8199032209/bombeiro-de-sao-mamede-de-infesta-morre-de-doenca-subita-durante-combate-ao-fogo-em-oliveira-de-azemeis/

https://observador.pt/liveblogs/idosa-morreu-em-mangualde-numero-de-mortos-sobe-para-quatro-ribeira-de-fraguas-ficou-cercada-pelas-chamas/

https://cnnportugal.iol.pt/geral/esfaqueou-todos-os-que-viu-aluno-do-setimo-ano-ataca-colegas-em-escola-da-azambuja-ha-cinco-criancas-feridas/20240917/66e992d4d34ea1acf26e6f10

https://magg.sapo.pt/atualidade/atualidade-nacional/artigos/aluno-de-12-anos-esfaqueia-6-colegas-na-azambuja-menor-tinha-colete-a-prova-de-balas-e-levou-faca-de-casa

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publicado às 21:40

As manifestações estudantis que exigem o corte das relações com Israel começaram pelos EUA e rapidamente se espalharam ao Canadá, México, alguns países da Europa e à Austrália.

Em Espanha, a Universidade Pública de Navarra, começou por tomar a decisão de "cortar relações com centros israelitas que não rejeitem crimes contra a humanidade," seguindo-se "a Pablo de Olavide, de Sevilha," que também rompeu "todas as relações atuais e futuras com empresas e centros educacionais em Israel."

Entretanto, por cá, num "documento subscrito por 65 académicos," pede-se a priorização ética daquilo que se passa em Gaza, mostrando como exemplo uma comunidade onde se "ensina a resistir, mesmo em condições inimagináveis, aos intentos colonizadores e neoimperialistas" ao mesmo tempo que "elucida, sobre o quanto mais fortes que a repressão podem ser as ideias e o saber que continuarão resistentes mesmo debaixo dos bombardeamentos contínuos de já há longos sete meses".
 
Apesar de todas as instituições terem sido destruídas,  "uma prova de mestrado" foi mesmo assim efetuada "no interior de uma tenda num campo de refugiados" o que demonstra uma enorme capacidade de resiliência.
 
Assim, estes académicos exigem à "Universidade do Porto que não tenha relacionamento com o Estado de Israel, com empresas e instituições israelitas, ou em que estas estejam envolvidas, que, de qualquer forma, contribuam para a ocupação da Palestina e para a prossecução da guerra contra o Povo Palestiniano, e que denuncie acordos de colaboração que tem com as Universidades de Israel". Proclamam ainda, "a necessidade de criar e intensificar a cooperação com as instituições de ensino e de investigação palestinianas, num compromisso que a U. Porto deve assumir com o direito à educação, à liberdade de investigação científica e à ciência como instrumento de progresso e de paz", exigindo também "uma política de transparência relativamente a este assunto para que os subterfúgios e equívocos não possam ser mais evocados."
 
Os protesto começaram no dia 08 deste mês e têm-se vindo a acentuar, tendo sido esta segunda-feira, que as coisas se complicaram, com a ocupação da universidade, a qual exigiu a presença das autoridades.
 
Fontes:
 
 
 

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publicado às 19:57


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