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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
... e vem dos Estados Unidos.
Chama-se Robert Francis Prevost, tem 69 anos e assumiu o papado com o nome de Leão XIV. A escolha "foi feita no segundo dia do Conclave e ao fim de quatro votações. Embora tenha nascido em Chicago, nos Estados Unidos, Prevost "tem ascendência espanhola e nacionalidade peruana, e pertence à Ordem de Santo Agostinho."
Prevost adotou o título de Leão XIV, como que fazendo "referência à postura política do último pontífice com esta designação no século XIX, e um compromisso com a justiça social de Francisco, segundo uma especialista em religião." Se olharmos do ponto de vista hitórico e teológico, percebemos a importância que a escolha de um nome pode ter, acabando por ser um sinal de compromisso com as questões sociais. O antecessor, "Leão XIII", foi líder da Igreja Católica entre os anos de 1878 e 1903, tendo lançado "as bases para o pensamento social católico moderno, sobretudo na sua encíclica Rerum Novarum de 1891, que abordava os direitos dos trabalhadores e o capitalismo no início da era industrial." Durante o seu episcopado, Leão XIII foi ainda responsável pela elevação do "Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Pompeia à categoria de basílica papal em 1901."
Leão XIII foi de facto um crítico do "capitalismo insensível" e do "socialismo centrado no Estado, dando forma a uma vertente de ensino económico distintamente católica." O que poderemos esperar agora de um homem que se identifica com estes pensamentos? O que se espera é que Laeão XIV venha agora orientar a Igreja numa direção mais política, que vá ao encontro de soluções que visem a paz.
O termo Papa, embora antigo só "foi reclamada pelo bispo de Roma no século VI. A primazia papal, conceito segundo o qual o papa é o líder máximo da igreja, ficou intrinsecamente ligada ao papa de Roma, elevando o bispo da cidade acima de todos os outros bispos." Antes disso, o termo Papa "era utilizado por membros respeitados do clero em toda a cristandade."
Só mais tarde, no século XI, os papas deixaram de ser "eleitos em função da opinião popular, tanto do clero como dos crentes," mas no entanto era raro haver consenso nas decisões, o que deu origem a que algumas eleições fossem contestadas e ao aparecimentos dos chamados "antipapas – indivíduos com pretensões substanciais, embora falsas, ao assento papal." Foi também durante o século XI que se iniciou a "prática de adotar um novo nome," em vez do nome de batismo. "Durante muitos séculos, os novos papas tiveram tendência a escolher o nome do papa que os tinha elevado a cardeal."
"Em 1059, o Papa Nicolau II emitiu um decreto" que estipulou o processo pelo qual os papas deveriam a partir daí "ser eleitos, delineando o papel dos cardeais enquanto eleitores." Este decreto levou à diminuição da "influência da aristocracia romana e do baixo clero e estabeleceu as bases do Colégio dos Cardeais, criado formalmente em 1150."
Em 1179 foi então determinado que, para ser eleito, o novo Papa teria de obter pelo menos dois terços dos votos. O número de cardeais votantes faoi aumentando, chegando a 120 em 1975, no papado de Paulo VI. "O atual limite de idade dos cardeais com direito a voto, 80 anos, foi estipulado em 1970." Este ano, o número de cardeais votantes foi 133.
Está estipulado que, "quando um papa morre ou abdica, todos os membros do colégio dos cardeais são obrigados a comparecer à eleição (o conclave), excepto se tiverem problemas de saúde ou ultrapassado o limite de idade."
"Quando a Santa Sé está vacante" - ou seja, vaga - o conclave deve ter início entre "15 e 20 dias após a partida do último papa. Este período foi estabelecido em 1922 para garantir que os cardeais tivessem tempo suficiente para realizar a viagem."
Quando chegam, "os cardeais são trancados na Capela Sistina" até que um deles seja eleito. "Os critérios referentes aos candidatos, os regulamentos da votação e a necessidade de isolar os eleitores foram formalizados, tendo sido alterados e ajustados posteriormente, quando as falhas do sistema se tornaram evidentes."
É a queima dos votos que vai indicar ao público aquilo se a votação elegeu ou não um novo Papa - fumo branco, significa que um novo Papa foi escolhido. "Não se sabe ao certo quando" é que esta prática teve início, "mas o uso de fumo branco para indicar a escolha de um novo papa remonta apenas ao final do século XIX ou início do século XX."
Fontes:
https://www.nationalgeographic.pt/historia/como-eleito-novo-papa-conclave-escolha-fumo-branco_5860
Este 1º de Maio foi um pouco estranho... depois de ter colocado a morte de um Papa à frente da celebração da Liberdade do país, a AD fez do Dia do Trabalhador, uma festa popular, ou como alguns chamaram "popularucha"...
Depois do 25 de Afril de 1974, a Junta de Salvação Nacional (onde estavam representados os três ramos das forças armadas), "decretou feriado o dia 1 de Maio e, pela primeira vez em quase cinco décadas, o dia do trabalhador voltou a ser assinalado. Nesse dia, as pessoas vieram para a rua, empunhando cartazes e gritando "reivindicações de toda a ordem," demonstrando "de forma espontânea a sua alegria pela liberdade recentemente conquistada." Entre muitas outras coisas, pediram-se "direitos para as mulheres, para as crianças, para todos os partidos, para os artistas e para a imprensa, melhores salários" e, até, água canalizada.
(imagem: Museu do Aljube)
Em 1974, as "manifestações do Dia do Trabalhador que ocorreram em Lisboa e no Porto em 1974 impressionaram na dimensão, no exemplo de civismo e na genuína alegria partilhada entre todos, conhecidos e desconhecidos." Atualmente, descer a Avenida da Liberdade em Lisboa, ainda não é para todos.
"Em Lisboa, a Alameda Afonso Henriques foi ponto de encontro e o comício ocorreu depois no Estádio" da Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho, "onde muitos milhares de pessoas se juntaram nesse dia sob o lema “Paz, Pão e Liberdade!" e onde "Mário Soares" (socialista) "e Álvaro Cunhal" (comunista), "apareceram lado a lado", abraçando-se e, juntos, "celebrando a recentemente conquistada liberdade."
"Nos desfiles e comícios havia bandeiras nacionais e flores, estandartes de partidos e sindicatos, cartazes populares e milhares de vozes unidas na banda sonora da revolução. Ao mesmo tempo que cantarolavam a Grândola de Zeca Afonso e outras canções proibidas pela censura, gritavam palavras de ordem contra o fascismo e em defesa dos valores da democracia." Com este governo, quem cantou foi Tony Carreira e a festa foi feita nos Jardins do Palácio de Belém.
A origem desta data é, no entanto bem anterior a 1974. Remonta sim "ao século XIX." Em 1886, "milhares de trabalhadores" dos Estados Unidos, "organizaram uma greve geral para exigir a redução da jornada laboral para oito horas por dia." Estas manifestações, tornaram-se "particularmente violentas." Na cidade de Chicago, os ânimos exaltaram-se e a situação tomou proporções muito graves quando no dia 04 de maio, durante um protesto na Haymarket Square, "foi lançada uma bomba contra a polícia" o que levou à intensificação dos confrontos já de si violentos. "Várias pessoas morreram e líderes sindicais foram condenados à morte ou prisão."
"Três anos depois, em 1889, o Congresso Operário Internacional, em Paris, decidiu homenagear os trabalhadores de Chicago e instituiu o 1.º de Maio como dia de luta internacional pela melhoria das condições de trabalho." Em Portugal, a ditadura proibiu as comemorações, que tinham sido assinaladas pela primeira vez em 1890.
Numa data que é, acima de tudo, simbólica, surgem agora novas questões e novas reinvindicações: "o impacto da automatização e da inteligência artificial, os efeitos da pandemia na organização do trabalho, a importância da conciliação entre vida pessoal e profissional e as desigualdades que persistem entre setores e entre homens e mulheres." Ainda hoje, tantos anos depois, os direitos não são ainda iguais para todos, os ordenados diferem pelo sexo do trabalhador e ainda há mulheres a morrer às mãos dos maridos que as consideram sua propriedade. Não podemos deixar cair a liberdade, não podemos esquecer que os nossos direitos ainda não estão seguros!
Fontes:
https://ensina.rtp.pt/artigo/a-junta-de-salvacao-nacional-primeiro-poder-apos-a-ditadura/
https://ensina.rtp.pt/artigo/o-primeiro-1-o-de-maio-da-democracia/
https://ensina.rtp.pt/artigo/o-povo-unido-jamais-sera-vencido/
Como um dia Ary dos Santos afirmou num dos seus célebres poemas, "agora ninguém mais cerra, as portas que Abril abriu". Mas se este era o desejo do poeta... 50 anos depois, ainda há restícios de um país com medo da Liberdade!
Ontem à noite, assisti aqui no Seixal ao concerto de celebração dos 51 anos da Revolução de Abril, com a atuação de A Garota Não e de Ségio Godinho. Duas vozes diferentes, de gerações diferentes mas que se conjugaram de forma brilhante. Com letras carregadas de simbolismo e que fazem uma verdadeira reflexão sobre os tempos em que vivemos, A Garota Não, que cantou "Diga 33", uma letra dedicada ao trabalho de Sérgio Godinho, mostrou-nos também que ainda há espaço para as cantigas de intervenção. Sérgio Godinho e Os Acessores, trouxeram-nos as canções de Abril, sem esquecer a poesia de Eugénio de Andrade e de Zeca Afonso. De entre bgrande momentos desta noite, a cantiga "A Balada da Rita", uma versão de arrepiar de "Os Vampiros" cantada a dois. Ums dupla que me surpreendeu pela positiva, seguido de um espetáculo de fogo de artifício que, pelo que estamos acostumados, foi bastante mais contido e concentrado.
E porque é que este ano eu falo deste espetáculo de abril?
Porque em muitos locais, num país que é laico, pela sua constituição, se pararam as celebrações por luto ao Papa. Se somos um país em que todas as religiões são permitidas, então como é que se faz luto ao chefe máximo da igreja católica e não se declarou luto nacional por exemplo, pela morte do Aga Khan, líder dos muçulmanos ismailitas, que até presidia em Lisboa? Ninguém põe em causa a importância da figura do Papa, especialmente deste Papa, amado por tantos e repeitado por muitos, católicos ou não. Mas, não consigo entender como é que o governo coloca à frente da Liberdade e da Democracia, à frente do país, o representante de uma religião, fosse ela qual fosse. Reforço, na Constituição da República, diz que somos um país Laico. Mas parece que é mais uma daquelas coisas que está escrita, sem no entanto ser posta em prática pelos nossos governantes.
A religião não pode fazer parte das decisões do país nem nelas ter qualquer interferência. Infelizmente. este não é o primeiro caso em que isso acontece e, especialmente, num dia de celebração da Liberdade, esta interferência revolta-me. Sejam lá o que quiserem, acreditem naquilo que queiram, mas não, por favor, não imponham aos outros as vossas crenças e credos. Faleceu um homem bom, um diplomata, um pacificador, um revolucionário que de certeza defenderia que celebrassemos a nossa liberdade e que afirmassemos os valores de democracia e de paz!
A câmara de Almada manteve os eventos programados, mantendo também "a sessão solene da Assembleia Municipal, no qual se homenageiam "os valores de liberdade," cancelando apenas o fogo de artifício. A Câmara de Sintra, chegou mesmo a cancelar a "tradicional cerimónia de hastear da bandeira, nos Paços do Concelho." E não se pense que isto tem apenas a ver com a cor política, pois em Beja, mesmo "depois de o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, ter criticado o executivo de Luís Montenegro por ter adiado festividades," o presidente da Câmara, autarca do PS, cancelou o "fogo-de-artifício em Beja," devido ao luto nacional de três dias que foi "decretado pelo Governo pela morte do Papa Francisco."
O governo, ao ser criticado. veio já esclarecer que não “cancelou”, nem "recomendou o cancelamento de quaisquer sessões evocativas da revolução," tendo no entanto "adiado para o dia 1 de Maio o evento festivo na residência oficial do primeiro-ministro". E a razão evocada para que os concertos ficassem "adiados para o 1.º de Maio," foi "por o país estar em luto nacional pela morte do Papa Francisco."
Noite fora, fui vendo pela televisão o que se estava a passar no Largo do Carmo, "um dos locais mais simbólicos do 25 de Abril de 1974 por ter sido no quartel da Guarda Nacional Republicana (GNR) lá situado que Marcello Caetano se refugiou antes de o edifício ser tomado por uma companhia do Movimento das Forças Armadas liderada por Salgueiro Maia o ter tomado." Tal como ocorreu no ano passado, e mais uma vez sem contar com o apoio da Câmara de Lisboa, o povo juntou-se e entoou "Grândola Vila Morena", de Zeca Afonso.
Uma frase que me fica do dia de hoje, foi a acusação de Pedro Nuno Santos, repetida em vários canais televisivos é a seguinte "Hoje o povo sai à rua, enquanto o Governo fica à janela."
Fontes:
https://cm-sintra.pt/atualidade/cultura/aviso-comemoracoes-do-25-de-abril-canceladas
João Cravinho tinha 88 anos e faleceu devido a doença prolongada. Encontrava-se em casa.
João Cravinho, nasceu em Angola em 1936, foi engenheiro de formação, militante do partido socialista e "ministro da Indústria e Tecnologia do IV governo provisório de Vasco Gonçalves, em 1975." Anos mais tarde, foi também "ministro do Equipamento, Planeamento e Administração do Território, no XIII Governo, liderado por António Guterres." Chegou a ser "ministro da República em vários Governos, deputado à Assembleia da República em várias legislaturas e deputado ao Parlamento Europeu, onde aliás foi vice-presidente."
Defendeu sempre a "ética na política e na vida pública," e desempenhou um "importante papel na luta anticorrupção," mesmo contra "deputados parlamentares do seu próprio partido." Foi o que aconteceu quando, em 2006, "apresentou um ‘pacote anti-corrupção’, que incluía a polémica proposta de criminalização do enriquecimento ilícito, e que foi rejeitado pela sua própria bancada parlamentar, numa altura em que o líder do PS era o primeiro-ministro, José Sócrates."
Entre "2007 a 2011, foi administrador do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (BERD), com sede em Londres."
De acordo com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, João Cravinho ter-se-á também destacado "como Presidente da Comissão Independente para a Descentralização. Multifacetado, pautou a sua vida por uma defesa incansável da ética na política e na vida pública, lutando sempre contra a corrupção e desempenhando os mais diversos cargos com desassombro e coragem."
Fontes:
Os EUA e a China entraram em guerra aberta, impondo elevados direitos aduaneiros. A situação tem vindo a escalar desde que o presidente Donald Trump começou a aplicar taxas a "quase todos os parceiros comerciais norte-americanos a um mínimo de 10%," assim como outras bastante "mais elevadas aos países que, segundo ele, têm excedentes comerciais com os EUA."
Uma das situações mais graves é a da China que "vai aumentar os direitos aduaneiros sobre todos os produtos americanos para 125% a partir de 12 de abril." Os EUA já atualizaram a taxa atual sobre os bens importados à China que se situa agora nos "145%." Donald Trump tem vindo a acusar os outros países de "roubar" os EUA. Esta tensão levou à queda do Yuan (moeda chinesa) que "desvalorizou para os níveis mais baixos desde 2007, face ao dólar norte-americano."
Foram também aplicadas taxas "de 47% sobre as importações de Madagáscar, 46% sobre o Vietname, 32% sobre Taiwan, 25% sobre a Coreia do Sul, 24% sobre o Japão e 20% sobre a União Europeia." Os economistas já vieram alertar "para o facto de as taxas aumentarem os preços dos bens que os consumidores compram todos os dias, especialmente porque as novas tarifas têm por base algumas das medidas comerciais anteriores."
Em relação à situação europeia, é preciso dizer que a situação pode ficar em suspenso até junho, uma vez que é suposto ainda haverem negociações entre representantes europeus e Trump. Inicialmente, foi feita uma proposta de 0%, mas a recusa de Trump levou os 27 países da União Europeia a aprovarem "as contramedidas europeias às tarifas de 20% que Donald Trump mandou aplicar a bens europeus." Além de afetar o aço e o alumínio, "a nova taxa de 25% deverá incidir sobre produtos como ovos, fio dentário, salsichas, carne de aves e diamantes que venham dos Estados Unidos da América para a Europa." No que nos toca aqui em Portugal, se estas taxas de 25% vierem mesmo a ser aplicadas, os preços irão subir. De reforçar que os "Estados Unidos são o 9.º principal país fornecedor de Portugal." Alguns desses produtos são a soja e o milho doce, os produtos de beleza e de maquilhagem, e alguns químicos usados na indústria farmacêutica.
Fontes:
Para aqueles mais distraídos, passaram-se apenas poucos dias entre a decisão de interpôr uma moção de confiança e a queda do governo. Mas o que aconteceu para que a notícia de alegado favorecimento da empresa familiar de Luís Montenegro, tenha levado à dissolução da AR?
A 21 de março de 2024, era indigitado Luís Montenegro como Primeiro ministro. O líder do PSD, concorrera com na AD (Aliança Democrática que unia o PSD, CDS-PP e PPM). Sem maioria absoluta, Luís Montenegro teve de ir contando com o apoio ou a censura dos outros grupos partidários, conseguindo fazer passar Orçamento de Estado, apesar dos votos contra do Chega, Iniciativa Liberal, Bloco de Esquerda, PCP, Livre e PAN e da abstenção do PS.
Mas o ano de 2025 não começou bem e logo em janeiro se soube que, "alegadamente, o então secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, Hernâni Dias, terá constituído duas empresas já enquanto governante, ambas ligadas ao imobiliário e à construção civil, que eram áreas na sua tutela direta." A situação foi denunciada pelo programa A Prova dos Factos da RTP, que investigou e noticiou a criação de "duas empresas" pelo então secretário de Estado, "que poderiam vir a beneficiar com a nova Lei dos Solos, legislação criada sob alçada da secretaria de Estado liderada por Hernâni Dias." A situação foi alvo de duras críticas e Hernâni Dias acabaria por apresentar ao primeiro-ministro o pedido de suspensão da sua atividade, de forma a permitir a investigação e a proteger-se a si e à sua família.
Levantada a ponta da manta, parece que o resto se foi desprendendo pouco a pouco e, depois deste caso, "passou a ser o próprio Luís Montenegro a estar debaixo de fogo, devido à Spinumviva, uma empresa familiar, cujas ações eram detidas, em parte, pelo primeiro-ministro." Nas primeiras versões, Montenegro seria dono (junto com a mulher e os dois filhos) de uma empresa do ramo imobiliário. Mais tarde, vir-se-ia a saber que a Spinumviva (empresa fundada por Montenegro antes de assumir a liderança do executivo), atuava em vários ramos de negócio, mantendo por exemplo "negócios, pagos através de avenças mensais, com a Solverde — cujo futuro à frente dos casinos de Espinho e Algarve estava prestes a ser decidido pelo Governo de Montenegro."
Perante as acusações de que era alvo, Montenegro acabou por, optar numa primeira fase por não responder e, nos dias seguintes por ser vago, adotando como escolha a "entrega" da dita empresa aos filhos. Mas não foi suficiente, porque o que está aqui em causa é saber se esteve a receber benefícios desde que foi eleito Primeiro-ministro. O governo, que tinha sobrevivido "a duas moções de censura, apresentadas pelo Chega e pelo PCP" estava agora exposto a uma moção de confiança, apresentada pelo próprio PSD.
Faltando "explicações", e depois de um aceso debate na Assembleia da República em que o PS se recusou a reunir à porta fechada com o representante da AD, o "Governo acabou por cair." Pedro Nuno Santos (do PS) acusou o "governo de Luís de Montenegro" de pretender utilizar "a moção de confiança para condicionar o inquérito e o apuramento da verdade”.
E assim vamos... num país que celebra os 50 anos da Assembleia da República! Ainda haverá muito por saber sobre este caso, mas certamente irão aparecer outros casos e "casinhos".
Fontes:
https://www.publico.pt/2025/03/11/politica/noticia/tres-perguntas-pairam-empresa-montenegro-2125506
Durante a manhã de 11 de março de 1975, "Lisboa é palco de inesperadas movimentações militares: uma parelha de T6 sobrevoa Lisboa a baixa altitude em ação de intimidação." Mais tarde, pelas 11h50, "forças da Base Aérea n.º 3 atacam o Regimento de Artilharia Ligeira n.º 1 (RAL 1), provocando um morto e 14 feridos."
Ao princípio dessa tarde, "o general António de Spínola e os principais implicados no golpe fogem para Espanha."
A Intentona de "11 de Março de 1975 apenas é compreensível se analisarmos de uma forma mais ampla os acontecimentos e processos que tiveram lugar desde o 25 de Abril de 1974 e, em particular, a partir do 28 de Setembro."
Ocorre que depois da revolução de abril de 1974, as forças políticas ligadas a Spínola e à direita democrática, queriam que "Portugal liderasse uma organização" em que estivessem incluídas as antigas colónias, e que nestas fossem garantidos os interesses do país. Ora esta posição é oposta à defendida pelos militares que tinham preparado o 25 de Abril, "principalmente os membros do Movimento das Forças Armadas (MFA)."
Este Movimento apoiava por sua vez "os partidos totalitaristas marxistas africanos que estavam a consolidar controlo dos territórios recém-independentes, chegando os portugueses do MFA até a posicionar-se contra as organizações de nativos oposicionistas," apoiando a sua "supressão."
Os "novos regimes africanos em consolidação," não poupam nem os portugueses que por lá se tinham mantido, nem os "autóctones, que são apoiantes do antigo regime ou pertencentes a facções opostas," o que leva a uma situação de precariedade, "com crescentes conflitos, perseguições políticas e exclusões dos processos transicionários na forma de violência, exílios, prisões e mesmo mortes." Spínola queria fazer valer a "independência dos territórios," garantindo a estabilidade dos portugueses, enquanto o MFA, cansado da guerra, queria fazer sair, quão rapidamente fosse possível, as tropas, não se mostrando "dispostos a prolongar a sua presença em África."
Em setembro de 1974, "na tentativa de contrariar uma viragem à esquerda liderada por diversas forças, Spínola" promove "a realização de uma manifestação de apoio à sua política." No entanto, essa manifestação acaba por ser inviabilizada por um grupo de civis apoiantes da esquerda e por "elementos do Movimento das Forças Armadas (MFA)." Em consequência desta derrota, o general Spínola demite-se e é substituído por Costa Gomes.
Demitem-se também os "ministros da Defesa e da Comunicação Social, Firmino Miguel e Sanches Osório, respetivamente." A 1 de outubro de 1974 toma posse o III Governo Constitucional, que se torna "o segundo mais longo de todo o processo revolucionário português, abrindo uma fase de alguma estabilidade." É constituído ainda o "Conselho dos Vinte, organismo que reúne todos os oficiais com funções político-militares: membros da JSN, da Coordenadora do MFA, comandante-adjunto do COPCON e ex-membros da Coordenadora que, nesse momento, desempenhavam funções de ministro ou Alto-Comissário." Pretendia-se assim articular a "intervenção política dos militares e evitar as decisões de cúpula da JSN."
No entanto, a imagem internacional do país passa a ser uma preocupação.
A de março de 1975, Spínola é informado de um possível ataque que visaria a direita. Perante esta suposição denunciada pelos "serviços secretos espanhóis" é preparado um "novo golpe."
Segundo informação que correu então, "1500 pessoas ligadas à direita," estariam sob a mira de forças de esquerda, ligadas ao PCP e à União Soviética. Esta operação (também conhecida como operação matança da Páscoa e que teria entre as personalidades a abater 500 oficiais e 1000 civis apoiantes de Spínola), levou a que no dia 11 de março, o Regimento de Artilharia de Lisboa fosse "atacado por aviões e helicópteros da Força Aérea e por unidades de paraquedistas. Um soldado é morto durante o ataque e, no dia seguinte, regista-se também a morte de um civil."
Perante tal falha, "Spínola escapa de avião para Espanha e outros oficiais pedem asilo político noutras embaixadas localizadas em Lisboa." Uma das consequências é a radicalização "à esquerda" e a consequente nacionalização (nomeadamente, da banca). Mais tarde, "Vasco Lourenço, implicado nesta alegada ação," acabaria por declarar "que não havia lista nenhuma na operação matança da Páscoa, e que afinal tinham "sido serviços de informação americanos ou russos que puseram a circular essa ideia com o fim de «lançar a casca de banana aos spinolistas»."
Fontes:
https://50anos25abril.pt/historia/11-de-marco/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Golpe_de_11_de_Mar%C3%A7o_de_1975
https://ensina.rtp.pt/artigo/a-tentativa-de-golpe-de-11-marco-de-1975/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Opera%C3%A7%C3%A3o_Matan%C3%A7a_da_P%C3%A1scoa
https://50anos25abril.pt/historia/11-de-marco/equilibrios-politicos-no-pos-28-de-setembro/
Penso que cada vez mais estes fenómenos se repetem, por imitação, porque resultam ou porque os estados nada fazem... mas a verdade é que é apenas o ser humano a mostrar o pior de si, sem se importar com o outro e querendo apenas olhar para o seu próprio umbigo.
Um homem, ultrapassou as barreiras policiais e investiu com a sua viatura contra "um grupo de mais de mil pessoas que estava a participar numa manifestação no centro da cidade de Munique, no sudeste da Alemanha." O grupo integrava "uma manifestação do sindicato Verdi."
O suspeito que foi pouco depois detido pela polícia, "é um afegão de 24 anos," que vivia em Munique, mas "cujo pedido de asilo" tinha sido rejeitado. O homem era afinal já "conhecido da polícia por crimes relacionados com drogas e furtos," e se estava ilegal no país, porque não tinha ainda sido expulso ou detido? Ter-se-ia assim evitado mais este atentado, do qual acabaram por resultar "pelo menos 28 feridos," dois dos quais em estado grave. Apesar do "porta-voz dos bombeiros da cidade" ter explicado que era difícil "indicar um número exato de vítimas, uma vez que alguns dos feridos tinham procurado abrigo nos edifícios vizinhos," iamos entretanto sabendo através das notícias que havia crianças envolvidas e que o atentado tinha também provocado dois mortos.
Naquele local, estava montada já "uma grande operação policial devido à realização da Conferência de Segurança de Munique," que irá "acontecer no Hotel Bayerischer Hof, situado a apenas dois quilómetros da praça onde o carro avançou contra a multidão." Nesta conferência irão estar entre outros, o "vice-presidente dos EUA, JD Vance, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky."
O ataque ocorreu "durante a campanha eleitoral para as legislativas alemãs de 23 de fevereiro," a qual já estava a ser dominada por questões ligadas à imigração e à segurança.
Fontes:
https://pt.euronews.com/my-europe/2025/02/13/carro-abalroa-grupo-de-pessoas-em-munique
Na passada quarta-feira, na "sequência de uma moção de censura na Assembleia Nacional (câmara baixa do parlamento)," em que "a coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP) e o partido de extrema-direita Rassemblement National (RN) votaram em massa" contra Michel Marnier, o "governo do primeiro-ministro francês" caiu. Barnier tinha utilizado "o n.º 3 do artigo 49.º da Constituição para fazer aprovar o plano orçamental da Segurança Social para 2025, sem votação parlamentar," o que não agradou aos seus opositores. Em vez de resolver a situação, "o orçamento de austeridade proposto por Barnier - que corta 40 mil milhões de euros em despesas e aumenta os impostos em 20 mil milhões de euros - apenas aprofundou as divisões, inflamando as tensões na câmara baixa e desencadeando um confronto político dramático."
Esta decisão do primeiro-ministro Michel Barnier, "foi tomada após vários dias de negociações com a extrema-direita de Le Pen, a quem fez várias concessões," entre elas a de eliminar "um imposto sobre a eletricidade," e a de acabar com "a ajuda médica aos imigrantes ilegais," no entanto, não ter cedido ao "adiamento do aumento das pensões por meio ano para contrariar a inflação," fez com que o orçamento não tivesse sido aprovado. Assim, optou por tomar a decisão nas suas mãos e avançar com o orçamento sem votação parlamentar e, tal como muitos receavam que acontecesse, a esquerda acabou por se aliar à extrema-direita e uma moção de censura foi levada em diante.
"No total, 331 deputados apoiaram a moção, de um total de 577 legisladores. Eram necessários, no mínimo, 288 votos. Michel Barnier tornou-se assim o inquilino mais efémero do Matignon, a residência oficial do Primeiro-Ministro francês, na história moderna do país. Foi a primeira moção de censura bem sucedida desde 1962."
Na manhã seguinte, Barnier apresentava a sua demissão de forma oficial. Com a "queda do Executivo," França volta a enfrentar um "cenário de crise política," que aliado "ao risco de uma grave crise financeira" pode também colocar Macron em risco.
"Embora o mandato presidencial de Macron se prolongue até à primavera de 2027, alguns partidos estão a pedir a demissão do chefe de Estado devido ao caos político que se seguiu à sua decisão de dissolver o parlamento." Emmanuel Macron tem agora de voltar a nomear um novo primeiro-ministro, "já que não pode convocar novas eleições antes de julho de 2025, uma vez que dissolveu a Assembleia Nacional em junho deste ano."
Apesar de toda esta situação, "Emmanuel Macron afastou o cenário de demissão e garantiu que irá continuar como presidente de França até ao fim do seu mandato."
Quanto ao orçamento de Estado, voltou à estaca zero e esta é uma situação que tem de ser resolvida para que o país continue a funcionar. Se este "não for votado até 20 de dezembro, o governo pode usar os seus poderes constitucionais" para o aprovar por decreto.
Fontes:
https://pt.euronews.com/my-europe/2024/12/04/governo-frances-caiu-o-que-e-que-acontece-a-seguir
https://pt.euronews.com/2024/12/05/michel-barnier-apresenta-formalmente-a-sua-demissao
O presidente da Coreia do Sul, "Yoon Suk-yeol," fez uma comunicação de surpresa ao país, declarando "a lei marcial" como forma de “erradicar as forças pró-norte-coreanas e proteger a ordem constitucional”.
Este anúncio foi feito depois do Partido Democrático - que tem a maioria no parlamento - "ter aprovado um orçamento para 2025 com vários cortes, sem o apoio do partido no poder, o Partido do Poder Popular (PPP) de Yoon, e moções para demitir o procurador-geral e o chefe do Conselho de Auditoria e Inspeção." Nas ruas de Seul, foram milhares as pessoas que se juntaram para protestar.
Esta declaração foi depois revogada pela "Assembleia Nacional sul-coreana," que, de acordo com a lei do país, "votou a sua revogação numa sessão plenária extraordinária convocada pouco depois do anúncio do presidente." Park Chan-dae, líder do Partido Democrata, considerou o presidente Yoon Suk Yeol como um "traidor" ao ter "declarado a lei marcial" e que se deve demitir imediatamente.
Importa referir que a Coreia do Sul é uma democracia liberal. Esta situação de fragilidade poderá ter o risco de ser aproveitada pelos seus "vizinhos" da Coreia do Norte.
Fontes:
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