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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
Hoje fiz uma publicação no blogue Caderno de leitura onde apresento uma iniciativa portuguesa que leva a que hoje, milhares de crianças tenham ido de pijaminha para a escola! A Missão Pijama, é uma iniciativa da "Mundos de Vida". Esta é essencialmente uma iniciativa de sensibilização da sociedade portuguesa para a promoção do "direito de uma criança crescer numa família" e não é por coincidência que calha exatamente no dia em que se assinala a Convenção Internacional dos Direitos da Criança. Apesar de estar mais direcionada para a consciencialização do direito que toda e qualquer criança deveria ter a viver numa casa, a ser aceite pelos seus e a ter uma família, a verdade é que neste dia não nos podemos esquecer de todas as outras. Aquelas que hoje não tem um pijama para vestir e que adormecerem sobre a terra dura sem nada com que se tapar.
E é cada vez mais importante falarmos disto!
A Convenção sobre os Direitos da Criança foi adotada pela Assembleia Geral da ONU em 20 de novembro de 1989. Entrou em vigor em 2 de setembro de 1990 e foi ratificado por 196 países, Portugal incluído. Os Estados Unidos não ratificaram a Convenção. Esta Convenção apoia-se ainda na Declaração de Genebra dos Direitos da Criança, de 1924, e na Declaração dos Direitos da Criança adotada pela Assembleia Geral a 20 de novembro de 1959.
Presentemente, continuam as crianças a ser as principais vítimas, diretas e indiretas, dos conflitos.
Na Faixa de Gaza, as crianças têm sido as principais vítimas do conflito entre Israel e o grupo palestino Hamas, perfazendo cerca de 40% do total de mortos no território. Segundo informações do ministério da Saúde da Faixa de Gaza, controlado pelo Hamas, desde o início dos bombardeios de retaliação de Israel após os ataques brutais perpetrados pelo Hamas em 7 de outubro, cerca de 3000 crianças perderam a vida e mais de 5,3 mil ficaram feridas na Faixa de Gaza. Nem será preciso referir que a situação vivida nos hospitais é desumana. Nem todos os recém-nascidos que estavam nas incubadoras conseguiram sobreviver aos cortes de energia e nem todos os que foram levados para o Egito, lá conseguiram chegar com vida.
Em Israel, mais de 30 crianças foram mortas pelo Hamas desde o início da atual guerra, e dezenas permanecem em cativeiro na Faixa de Gaza, longe dos pais e dos irmãos.
Apesar de os dados já não estarem atualizados, por causa da constante dificuldade em recolher dados nas zonas ocupadas pelas forças russas, desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022, quase 500 crianças foram mortas e mais de 1000 ficaram feridas.
Não se fala tanto do Sudão, mas a guerra civil em que o país está mergulhado desde abril, para além das habituais condições de pobreza extrema, faz com que aí se viva atualmente um dos períodos mais trágicos. A luta entre o exército do Sudão e o grupo paramilitar RSF dura há quase seis meses, tendo já provocado milhares de refugiados e uma verdadeira crise humanitária, que, reforço não tem sido devidamente acompanhada. De acordo com a agência da ONU, mais de 1200 crianças com menos de 5 anos (refugiadas da Etiópia e do Sudão do Sul) morreram de sarampo e de malnutrição em nove campos de refugiados no Estado do Nilo Branco entre 15 de maio e 14 de setembro. A guerra tem levado milhares de pessoas a fugirem para os países vizinhos, sobretudo para o Egito e para o Chade, onde quase um milhão de mulheres e crianças vivem em campos de refugiados. A fome e as doenças associadas à malnutrição são a principal causa de morte entre os mais novos.
Na Nigéria e na Somália, juntam-se as catástrofes naturais que têm levado à fuga de centenas de milhares de pessoas. A Nigéria foi o país da África sub-sariana onde se registaram mais deslocados internos, devido às inundações no estado de Borno e noutras partes do país, em 2022. No final do ano passado, pelo menos 854000 pessoas continuavam longe de casa entre elas, estima-se que 427000 eram crianças.
No Paquistão, mais de um ano depois das cheias que afetaram o território, estima-se que ainda existam oito milhões de pessoas, metade das quais crianças, que vivem sem acesso a água potável, nas zonas mais afetadas. A subnutrição atingiu níveis dramáticos.
E poderia continuar a enumerar, mas números são apenas isso, números. Faltam ações concretas dos governos, porque isto assim não pode continuar!
Fontes:
https://www.bbc.com/portuguese/articles/c517zvr11n1o
https://pt.euronews.com/2023/08/13/cerca-de-500-criancas-mortas-desde-o-inicio-da-guerra-na-ucrania
Três países em que o poder militar domina, assinaram um acordo de forma a criar uma nova entidade, a Aliança dos Estados do Sahel, com o objectivo de organizar sistemas de defesa colectiva e assistência mútua. Este acordo surge depois da Nigéria ter sofrido um golpe de Estado em Julho e ter sido ameaçada pela organização da Africa Ocidental. Num alerta emitido pelos regimes militares do Burkina Faso e do Mali - países vizinhos - estes consideraram que uma operação militar contra um dos seus países seria uma "agressão ilegal e sem sentido" e prometeram uma "resposta imediata" a qualquer agressão. O Mali e Burkina Faso fizeram até uma advertência contra as consequências desastrosas de uma intervenção militar na Nigéria, afirmando que essa intervenção "poderia desestabilizar toda a região".
Pelo mundo, vão aparecendo e desaparecendo estas uniões entre grupos de países, com interesses em comum, neste caso, um interesse militar e de proteção mútua. No entanto, a instauração destes regimes militares em vários países de África pode vir a trazer consequências catastróficas para este continente, especialmente no que às suas relações com a Europa concerne.
As juntas militares podem usar fundos orçamentários e tomar empréstimos internacionais sem o devido controle da sociedade. Elas também podem silenciar jornalistas e sua oposição insatisfeita com mais facilidade.
Os três Estados já foram membros da força conjunta G5 Sahel, apoiada pela França e que inclui o Chade e a Mauritânia. Essa força foi criada em 2017 para combater grupos islâmicos na região. No entanto, as relações entre a França (ex-potência colonial, que anteriormente fornecia assistência militar na região) e os três Estados, deterioraram-se desde os golpes de Estado ocorridos. Preocupantetambém, neste caso, são as relações que estes países têm vindo a estabelecer, por exemplo com países como a Rússia. O Mali conta com a presença de mercenários do grupo russo Wagner na sua luta contra os terroristas. A junta de Burkina Faso, liderada pelo capitão Ibrahim Traoré, também anunciou a sua vontade de estabelecer relações próximas com a China, com o Irão, a Coreia do Norte e a Venezuela.
O terrorismo tem sido uma preocupação central para o Mali, Burkina Faso e Nigéria, todos localizados na região do Sahel, na parte sul do deserto do Sahara.
Mali, Burkina Faso e Nigéria comprometem-se assim a utilizar as forças armadas "em caso de atentado à soberania e à integridade do seu território". Na história da África, especialmente na maioria dos países de língua francesa deste continente, não é rara a ocorrência de golpes de Estado. De facto, quase todos os países que sofreram golpes de Estado nos últimos anos, foram no passado colónias francesas.
Os três países do Sahel, todos sem saída para o mar, têm enfrentado desafios significativos no combate a grupos insurgentes islâmicos associados à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico. A região de Liptako-Gourma, onde as fronteiras do Mali, Burkina Faso e Nigéria convergem, tem sido duramente afetada pelo jihadismo nos últimos anos. Além do combate aos jihadistas, o Mali enfrentou recentemente uma escalada das hostilidades por grupos armados, principalmente de etnia tuaregue.
Fontes:
https://www.bbc.com/portuguese/articles/cx8g95ery1do
A emoção desponta quando começo a tentar escrever sobre a participação das crianças na guerra. Podia estar apenas a falar sobre mais um ataque à bomba, o que infelizmente só por si já seria muito mau, mas ainda o ano vai no princípio e já quase que se está a tornar banal verem-se imagens de pessoas mortas no chão e outras a correr no meio do pó e da destruição.
Mas dá-se um nó, um aprto no peito enquanto as lágrimas tentam ganhar caminho... são as imagens de crianças que aprendem a usar armas que me estão a colocar um nó dentro do peito. É revoltante aquilo que se está a fazer com todos aqueles rapazes, que deviam estar a brincar com carrinhos, a correr atrás de uma bola e não a usar armas de fogo! Mas os factos estão diante dos nossos olhos, todos os dias, na televisão ou na internet.
Começo por falar do Afeganistão, onde os meninos aprendem as "leis" do Estado Islâmico. Praticamente derrotado na Síria e no Iraque (ou pelo menos assim nos querem fazer crer), o auto-denominado grupo terrorista "Estado Islâmico" segue firme no Afeganistão, onde uma série de atentados ao longo dos últimos 18 meses deixou centenas de mortos.
Quando em 2014, as tropas da NATO começaram a deixar o Afeganistão, o Estado Islâmico levantou sobre a população a sua mão pesada, fazendo-se sentir através de ações do grupo EI-K (como se autodenomina o grupo local). Em meados de 2015, a ONU alertou que este grupo já estava presente em 25 das 34 províncias. E as crianças, que deveriam estar a ser protegidas, são as que mais sofrem neste conflito.
Em julho de 2016, o grupo El-K chegou a Cabul. O primeiro ataque na capital afegã foi um dos mais mortais já executados na cidade. Duas explosões atingiram membros do grupo étnico xiita hazara, matando cerca de 85 pessoas e ferindo mais de 400. E sabiam que só no Afeganistão, quase 700 crianças foram mortas nos primeiros 9 meses do ano passado?
Mas infelizmente, não acontece apenas no Afeganistão. Em zonas de conflito por todo o mundo, as crianças tornaram-se alvos de primeira linha. São usadas como escudos humanos, mortas, mutiladas ou recrutadas para combater. Violações, casamentos forçados, raptos e escravatura tornaram-se tácticas recorrentes em todos estes conflitos, desde o Iraque ao Sudão do Sul, passando pela Síria, Iémen, Nigéria ou Myanmar.
Em alguns contextos, as crianças raptadas por grupos extremistas são abusadas e quando libertadas são novamente detidas por forças de segurança. Milhões de crianças estão a pagar o preço destes conflitos: sofrem de má nutrição, de doenças e ficam para sempre com traumas graves. Os serviços básicos são-lhes negados – incluindo o acesso a comida, água, saneamento e serviços de saúde – danificados ou destruídos pelos confrontos.
Segundo dados divulgados pela UNICEF, pelo menos 5000 crianças foram mortas ou ficaram feridas no Iémen, durante os cerca de 1000 dias de confrontos. No entanto, estima-se que os números reais sejam muito mais elevados! No total, cerca de 1,8 milhões de crianças sofrem de má nutrição – das quais 385000 estão gravemente malnutridas e em risco de morrer se não forem tratadas com urgência.
No Iraque e na Síria, crianças têm sido usadas como escudos humanos. Ficam presas em zonas cercadas e acabam por ser alvo de atiradores furtivos, além de serem atingidas por bombardeamentos intensos. A violência está presente e é visível na forma como interagem socialmente umas com as outras - não aprendem a brincar, aprendem a sobreviver e isso implica lutar e, nalguns casos, até matar.
Na região do Kasai da República Democrática do Congo, a violência obrigou 850000 crianças a abandonarem as suas casas, numa região onde mais de 200 unidades de saúde e 400 escolas foram atacadas e destruídas. Um total estimado de 350000 crianças são vítimas de má nutrição aguda severa.
Em Myanmar, as crianças Rohingya sofrerem e testemunharam casos chocantes de violência generalizada, sendo atacadas e obrigadas a abandonar as suas casas no estado de Rakhine, enquanto outras crianças em zonas fronteiriças remotas dos estados de Kachin, Shan e Kayin continuam a sofrer as consequências das tensões entre as forças armadas do Myanmar e vários grupos étnicos armados.
No nordeste da Nigéria e nos Camarões, o Boko Haramterá recorrido a pelo menos 135 crianças como bombistas suicídas - quase cinco vezes mais do que em 2016. Na República Central Africana, depois de meses de novos confrontos, registou-se um aumento dramático dos níveis de violência com crianças a serem mortas, violadas, raptadas e recrutadas por grupos armados.
Na Somália, foram reportados 1740 casos de recrutamento de crianças nos primeiros dez meses de 2017 - estes são aqueles dos quais se sabem. No Sudão do Sul, onde o conflito e a economia em colapso levaram à declaração de fome em algumas partes do país, mais de 19000 crianças terão sido recrutadas por forças e grupos armados e mais de 2300 crianças acabaram mortas ou gravemente feridas desde o início do conflito em dezembro de 2013.
A UNICEF apela a todas as partes envolvidas em conflitos que cumpram com as suas obrigações decorrentes da legislação internacional para que cessem imediatamente todo e qualquer tipo de violação contra as crianças, assim como os ataques contra infra-estruturas civis, incluindo escolas e hospitais.
Fontes:
https://www.dw.com/pt-br/estado-isl%C3%A2mico-sobrevive-no-afeganist%C3%A3o/a-42117855
https://www.plataformaongd.pt/noticias/numero-de-criancas-sob-ataque-nunca-foi-tao-elevado
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