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Moçambique... sem palavras

por Elsa Filipe, em 28.12.24

As notícias vão chegando... mas comparando com o destaque dado a outras "guerras" acho que nos está a chegar muito, muito pouco. As mortes continuam a aumentar e, por aquilo que nos é dado a ver, andam literalmente a assassinar-se uns aos outros. Já não sei se aquilo que ali se passa tem a ver com política ou se é o desespero de quem não tem forma de sobreviver. É a miséria humana levada ao extremo, o salve-se quem puder... matar ou morrer. 

As morgues estão cheias e, também nas ruas, os corpos acumulam-se. Ontem, dizia-se que 134 pessoas tinham morrido "desde segunda-feira nas manifestações pós-eleitorais em Moçambique, elevando a 261 o total de óbitos desde 21 de outubro," mas infelizmente eu acho que este número é muito maior. 

O "Hospital Central de Maputo anunciou que a sua morgue está com a capacidade esgotada." Nos últimos quatro dias, terão perdido a vida "36 pessoas na cidade de Maputo e 20 na província, no sul do país." Além destas, 34 perderam a vida em "Nampula (norte), e 33 em Sofala (centro)."

Os tiroteios e os saques suvcedem-se. As pessoas não conseguem comprar bens essenciais e, por isso, roubam-nos. O problema maior nem seria isso... mas sim a violência e a destruição desmedida. Roubar comida não é o mesmo que roubar televisores ou incendiar lojas! Isso já passa para lá dos limites da maldade humana, porque entre aqueles que querem apenas pôr comida na boca dos filhos, há os outros que querem matar e destruir, em seu benefício e sem olhar a quem nem ao quê.

Em Maputo, 12 corpos foram eencontrados dentro de "um armazém incendiado durante uma pilhagem no bairro de Benfica, na periferia da capital. Algumas das vítimas são crianças," mas, de acordo com a população, podem existir "mais vítimas mortais debaixo dos escombros do armazém de eletrodomésticos." Porque estavam ali aquelas crianças e porque é que morreram neste incêndio? Terõ sido assassinadas e os corpos queimados? Muito do que ali se passa é, de nos deixar sem palavras, agoniados...

A situação no país piorou depois do anúncio do resultado das eleições e da consecutiva fuga de mais de 1500 presos da cadeia de Maputo, na passada quarta-feira, dia de Natal. No mesmo dia, a polícia de Moçambique anunciou a morte de uma pessoa e ferimentos em outras três devido a "uma rebelião na cadeia regional de Mabalane, na província de Gaza (sul). Um incidente que ocorreu depois de cerca de 20 reclusos incendiarem quatro pavilhões, para tentar fragilizar o sistema de segurança e colocar em liberdade cerca de 300 reclusos para se juntarem aos manifestantes que protestam contra os resultados eleitorais quase por todo o país."

Muitos destes fugitivos "ocuparam casas particulares."

Fontes:

https://www.dn.pt/4702140408/mortes-continuam-a-subir-em-mocambique-morgue-do-hospital-de-maputo-esta-cheia/

https://www.rtp.pt/noticias/mundo/fuga-de-prisao-em-maputo-mortos-feridos-e-centenas-de-prisioneiros-a-monte_v1623862

https://rtpafrica.rtp.pt/noticias/mocambique-12-corpos-retirados-de-armazem-incendiado-durante-saque-nos-arredores-de-maputo/

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publicado às 18:04

Natal em estado de guerra

por Elsa Filipe, em 26.12.24

Poderíamos pensar que aqueles que acreditam num qualquer deus, pusessem a mão na consciência e parassem de uma vez por todos de atacar os seus irmãos.

Poderíamos até, esperar, que onde se diz que Jesus nasceu, a paz pudesse reinar. 

A brutalidade de um povo sobre o outro vem dos corações gelados dos homens... vem da ignorância mascarada de um poder que lhes é permitido pelos restantes, talvez com medo ou... quem sabe... por acharem que lhes chegará algum benefício. Como se pode afirmar ser líder do "mundo na luta contra as forças do mal..."  e nada acontecer? Onde andam os nossos decisores, os homens e mulheres que nos deviam proteger contra os novos ditadores que se mascaram de mártires e salvadores?

Nem no natal as armas se calaram, atingindo inocentes e aumentando ainda mais o número já elevado de mortos e feridos. Na véspera de natal, em vez da paz prometida, "o exército israelita obrigou pacientes do Hospital Indonésio, no norte da Faixa de Gaza," a seguir a pé, evacuando "aquela que é uma das últimas unidades de saúde ainda em funcionamento no enclave."

Pelo segundo ano consecutivo, Belém não assiste às tradicionais procissões natalícias, assistindo em vez disso à continuação da violência na Faixa de Gaza, em Israel e nos países limítrofes. Muitas das famílias cristãs estão a abandonar a região devido à guerra.

A 13 de dezembro, sucessivos "ataques aéreos israelitas causaram a morte de pelo menos 61 pessoas," incluindo 33 vítimas resultantes de um "bombardeamento junto a um campo de refugiados em Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza." Não sei se é a esta acalmia que algumas igrejas cristãs se referem, mas não me parece que sejam cegos a este ponto! 

Ou talvez se tenham esquecido os ataques a escolas que albergavam refugiados e que provocou a morte a "dez membros de uma mesma família, incluindo sete crianças e uma mulher." Eram todos membros da "família Khalla," e a criança "mais velha" tinha apenas seis anos.

A situação na Síria também não está a ficar melhor. Tem-se vindo a descobrir aquilo que era feito pelo regime de Assad e cada descoberta parece ser mais macabra que a anterior. Durante muitos anos, Alepo esteve sob ataque com "centenas de milhares de pessoas" a serem "mortas em bombardeamentos indiscriminados, enquanto o colapso económico do país mergulhou a maior parte da população na pobreza." As memórias dos ataques não trarão paz aos sobreviventes.

Já em Moçambique, "569 pessoas" terão sido "baleadas em todo o país, além de 252 mortos e seis desaparecidos," números que têm vindo a aumentar desde 21 de outubro. Neste natal, regista-se a fuga de "1500 reclusos" que terão fugido ou sido libertados deliberadamente "da prisão." Não se espera que a situação vá melhorar nas próximas horas. As "manifestações pós-eleitorais," ensombraram o natal e a situação acabou por piorar depois do anúncio da vitória da Frelimo e de Daniel Chapo.

Marcelo Rebelo de Sousa saúdou "a intenção já manifestada de entendimento nacional e sublinha a importância do diálogo democrático entre todas as forças políticas, que" segundo o presidente português, "deve constituir a base de resolução dos diferendos, no quadro e no reconhecimento das novas realidades na sociedade moçambicana e do respeito pela vontade popular." Parece que nem todos concordam com esta declaração, especialmente o candidato da oposição, Venâncio Mondlane, que "considera lamentáveis as posições do presidente da República português e do primeiro-ministro, sobre as eleições em Moçambique."

Mondlane, afirmou ainda que a situação vai piorar na região, pedindo aos seus apoiantes que "intensifiquem" os protestos. O que já se vê é a destruição e os saques, lojas incendiadas e viaturas destruídas.

Em "Litapata, província moçambicana de Cabo Delgado," as pessoas começaram ontem a "abandonar a sua aldeia após detetar a presença de supostos terroristas," que surgiram "em massa na aldeia, a cerca de 20 quilómetros da sede distrital de Muidumbe."

Também aqui, os insurgentes poderão estar relaciondos a grupos extremistas islâmicos, com vários ataques a terem sido já reivindicados.

Fontes:

https://www.rtp.pt/noticias/mundo/mocambique-populacao-em-fuga-apos-chegada-de-alegados-terroristas-a-muidumbe_n1623749

https://www.rtp.pt/noticias/mundo/mocambique-saques-e-destruicao-apos-anuncio-de-resultados-eleitorais_v1623657

https://www.presidencia.pt/atualidade/toda-a-atualidade/2024/12/nota-do-presidente-da-republica-sobre-eleicoes-em-mocambique/

https://www.rfi.fr/pt/mundo/20241224-v%C3%A9spera-de-natal-ensombrada-no-m%C3%A9dio-oriente-pela-guerra-na-faixa-de-gaza

https://www.rtp.pt/noticias/mundo/defesa-civil-de-gaza-anuncia-morte-de-sete-criancas-da-mesma-familia-num-ataque-israelita_n1622977

https://pt.euronews.com/2024/12/22/habitantes-de-alepo-lembram-horrores-do-regime-de-assad

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publicado às 15:48

De acordo com dados atualizados na quarta-feira, 73 pessoas morreram e outras "600 ficaram feridas em Cabo Delgado, Nampula e Niassa, na passagem do ciclone tropical Chido." Este ciclone formou-se a 5 deste mês "no sudoeste do oceano Indício," e depois de passar na ilha de Mayote no sábado, "entrou no domingo pelo distrito de Mecúfi, em Cabo Delgado, com ventos que rondaram os 260 quilómetros por hora e chuvas fortes."

"O Governo moçambicano decretou esta quinta-feira dois dias de luto nacional a partir de sexta-feira." Ociclone terá, segundo as autoridades, destruído total ou parcialmente, "52476 casas," afetado "49 unidades hospitalares, 26 casas de culto, 11 torres de telecomunicação e 34 edifícios públicos."

Este foi o mesmo ciclone que também fez 30 vítimas mortais e centenas de feridos e desalojados, na ilha francesa de Mayote. O presidente Macron, "decretou o estado de calamidade excecional no arquipélago para poder permitir uma gestão mais rápida e eficaz das medidas de urgência", tendo visitado hoje a ilha. Consido, no avião, seguiam também "mais de 4 toneladas de bens alimentares, medicamentos e material hospitalar, além de várias equipas de médicos e socorristas."

"Um navio da marinha francesa também já chegou ao arquipélago com mantimentos."

Fontes:

https://www.cmjornal.pt/mundo/detalhe/governo-mocambicano-decreta-dois-dias-de-luto-apos-73-mortos-pelo-ciclone-chido

https://www.cmjornal.pt/mundo/detalhe/pelo-menos-70-mortos-e-quase-600-feridos-pelo-ciclone-chido-em-mocambique

https://sicnoticias.pt/mundo/2024-12-19-video-ciclone-chido-macron-leva-bens-alimentares-medicamentos-e-medicos-a-mayotte-b95712e7

https://www.jn.pt/1085698377/numero-de-mortos-pelo-ciclone-chido-em-mocambique-sobe-para-73/

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publicado às 22:28

A ilha francesa de Mayote, uma das mais pobres de França, localizada no "arquipélago das Comores," no oceano Índico, foi este sábado atingido pelo ciclone Chido.

Este ciclone "trouxe ventos superiores a 220 km/h, arrancando telhados de casas no arquipélago," e deixou a ilha de Mayote sem eletricidade, sem água e sem locais disponíveis para abrigar a população depois de "bairros inteiros de barracas e cabanas de metal" terem sido arrasados. O cenário é de caos! A torre de controlo do "aeroporto internacional de Mamoudzou" foi danificada, assim como a maioria das estradas, deixando grande "parte das infraestruturas do arquipélago" inacessível.

França tem estado a enviar ajuda para a ilha, mas ainda não se sabe o número exato de vítimas. "Mais de 100 socorristas e bombeiros de França e do território vizinho da Reunião foram destacados para Mayotte e um reforço adicional de 140 pessoas" já foram para o arquipélago.

Este ciclone passou também pelo "sudeste do Oceano Índico, afetando também as ilhas vizinhas de Comores e Madagáscar."

Fontes:

https://pt.euronews.com/my-europe/2024/12/16/autoridades-admitem-varias-centenas-de-mortos-em-mayotte-apos-passagem-do-ciclone-chido

https://observador.pt/2024/12/15/pelo-menos-14-mortos-no-arquipelago-frances-de-mayotte-devido-ao-ciclone-chido/

 

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publicado às 22:15

Em Moçambique, no dia 11 de maio, morreu o embaixador da Rússia em Maputo, Alexander Surikov, mas apesar de não se saber ainda a verdadeira razão da sua morte, não irá haver qualquer investigação, nem sequer uma autópsia, por indicação superior, como nos fazem saber as notícias que circulam.

Alexander Surikov, tinha 68 anos, e tinha sido "nomeado por Vladimir Putin para o cargo de embaixador de Moçambique em 2017". O embaixador foi encontrado morto, no passado "sábado à noite," na sua "residência oficial em Maputo e, segundo a polícia moçambicana, as autoridades russas não autorizaram qualquer exame ao corpo, segundo informação anterior da polícia." O que se passa é que existe aqui um caso de imunidade diplomática.

"Ele deve ter falecido em casa, ou seja, isso é território russo e os russos têm plenos poder para decidir sobre o que fazer ou não a embaixador seu que faleceu em território russo, digamos", afirmou José Milhazes numa entrevista ao DW

Refira-se que, quando "o piquete policial chegou à morgue do Hospital Central de Maputo", o corpo tinha sido já "acondicionado”, ou seja, não chegaram a aceder ao corpo de forma a tirar essa conclusão. Segundo a versão preliminar da diplomacia russa é que se terá tratado de "um acidente vascular cerebral."

Fontes:

https://observador.pt/2024/05/16/ministerio-publico-mocambicano-renuncia-a-investigacao-a-morte-de-embaixador-da-russia/

https://cnnportugal.iol.pt/russia/mocambique/embaixador-russo-morre-em-mocambique-russia-impede-autopsia-e-fala-em-acidente-vascular-cerebral/20240512/6640e513d34e04989220c10f

https://www.dw.com/pt-002/medidas-russas-no-caso-da-morte-do-seu-embaixador-em-maputo-visam-evitar-especula%C3%A7%C3%B5es/a-69086062

 

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publicado às 16:53

Há 50 anos, os presos do Tarrafal, foram libertados.

Neste campo, os presos viam morrer os companheiros - 36 dos cerca de 600 que lá passaram, morreram. 32 eram de nacionalidade portuguesa, 2 eram guineense e 2 eram angolanos. A maioria foi torturada, não havia cuidados médicos e ficavam isolados do mundo. O único médico que por lá passou, nãos lhes prestava cuidados - "estava lá só para passar certidões de óbito".

O campo, localizado "na aldeia de Chão Bom, no Concelho de Tarrafal, na ilha de Santiago" em Cabo Verde, abriu em 1936, "durante um processo de reorganização do sistema prisional do Estado Novo, com o objetivo de encarcerar presos políticos e sociais," sobretudo aqueles que se opunham ao regime fascista. 

Esta "localização foi escolhida de forma estratégica, tanto por ser perfeita para que os testemunhos não viessem a público, com principal objetivo de aniquilar física e psicologicamente os opositores portugueses e africanos à ditadura Salazarista, isolando-os do resto mundo em condições desumanas de cativeiro, maus tratos e insalubridade." Muitos eram deixados a morrer de forma "natural", ou seja, completamente deixados ao abandono sem qualquer tratamento, por exemplo, contra a tuberculose que ali se instalava facilmente.

Em 1956 fecha portas, mas volta a reabrir em 1962, com o nome de "Campo de Trabalho de Chão Bom." Nesta fase, o campo destinava-se "a encarcerar anticolonialistas de Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde, altura em que morreram dois angolanos e dois guineenses." A 1 de maio de 1974, o campo foi encerrado e posteriormente passou a museu. Doenças, subnutrição, torturas, igual "àqueles de Hitler na Alemanha". 

Hoje, além de se celebrar a passagem do 50 anos, sobre o encerramento deste terrível campo de concentração, assinala-se também a passagem de mais um Dia do Trabalhador. O 1º de Maio é celebrado em vários países e, tem por base, a greve que decorreu neste mesmo dia, mas em 1886, em Chicago. Os trabalhadores gravistas, pretendiam exigir melhores condições de trabalho, sobretudo "a redução da jornada de trabalho diária," das habituais dezassete horas, para oito horas diárias.

Poderia aqui descrever muitos episódios e factos históricos que fui descobrindo nas minhas pesquisas (sabem que eu adoro História...) mas tornaria este post muito extenso. Deixo aqui apenas um pequeno excerto:

"Em 1833, oficialmente, o horário de trabalho das crianças foi reduzido para as 48 horas semanais." "Em 1844, pela primeira vez, é estabelecida a semana de trabalho de 69 horas, com um limite máximo de 12 horas diárias."

 Após anos de luta, em 1886, dá-se o "Massacre de Chicago":

"80000 trabalhadores a abandonarem o trabalho e a irem para a manifestação. Com o governo a mobilizar mais de 1000 polícias para vigiar e intimidar os trabalhadores. (...)Os trabalhadores despedidos não desistem e no dia 2 de maio algumas centenas realizam um comício em frente à fábrica que os tinha despedido. É chamada novamente a polícia que investe sobre os trabalhadores e começa a bater para os dispersar, provocando várias mortes e causando dezenas de feridos."

"Os trabalhadores voltam à carga e é realizado um segundo comício para protestar contra a brutalidade policial, (...)Quando restavam cerca de 200 trabalhadores, eis que explodiu no meio dos polícias uma bomba matando um deles e ferindo muitos outros. Foi o caos, com os polícias a dispararem sobre a multidão em fuga, ficando as ruas cobertas de sangue, mortos e feridos."

"Nos dias que se seguiram, centenas de dirigentes e trabalhadores foram presos. Houve um mega-julgamento no mesmo ano de 1886, tendo sido condenados à morte por enforcamento sete sindicalistas. Alguns foram condenados a prisão perpétua e outros quatro dirigentes sindicais foram executados a 11 de novembro de 1887, pelas 11.30."

Pouco tempo depois o governo assume perante a opinião púbica que estes sindicalistas estariam inocentes.

No ano de 1889, o "Congresso Operário Internacional, reunido em Paris," decreta então esta data como o "Dia Internacional dos Trabalhadores."

Em Portugal, esta data é celebrada desde 1890, numa época em que a monarquia dava as suas últimas cartadas. "Nas comemorações do 1.º de maio em Portugal, em 1890, a manifestação em Lisboa reclamou do município «o estabelecimento das 8 horas diárias e a regulamentação do trabalho de menores». No Porto, a comemoração aconteceu no Monte Aventino, atraindo milhares de trabalhadores."

O Estado Novo veio acabar com esta comemoração. "Só a partir de maio de 1974," depois da Revolução, "é que se voltou a comemorar livremente o Primeiro de Maio, que passou a ser feriado. Nesta data," estima-se que tenham estado 500 mil pessoas na manifestação do Dia do Trabalhador de 1974," só na capital.

5o anos depois, o povo continua a celebrar esta data!

 1º de Maio em Portugal

Em Moçambique, também "durante o período colonial," estavam proibidas quaisquer celebrações do "Dia do Trabalhador, em virtude da natureza repressiva do regime colonial português. No entanto, houve manifestações de trabalhadores moçambicanos, em particular em Lourenço Marques (atual Maputo), contra o modo de relações laborais existente naquele período."

Fontes:

https://observador.pt/2024/05/01/portugal-cabo-verde-guine-bissau-e-angola-assinalam-libertacao-do-tarrafal/

https://rdpafrica.rtp.pt/noticias-africa/50-anos-sobre-a-libertacao-dos-presos-politicos-do-campo-do-tarrafal/

https://www.jornaldeangola.ao/ao/noticias/angola-nos-50-anos-da-libertacao-dos-presos-do-tarrafal/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_do_Trabalhador

https://observador.pt/opiniao/historia-concisa-do-1-o-de-maio-dia-do-trabalhador/

 

 

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publicado às 19:51

Nos últimos dias tenho lido muitos relatos de antigos combatentes, sejam feitos pelos próprios, sejam pelos seus familiares, e muitas vezes tenho dado por mim a chorar com vários destes testemunhos e a pensar "Como é que foi possível?" e depois penso... muitos nunca foram devidamente ressarcidos daquilo que sofreram, daquilo que perderam...

A Guerra Colonial começou em 1961, onde a União dos Povos Africanos (UPA), subsidiada pelo então governo dos Estados Unidos torna Angola no "palco da primeira resistência armada ao colonialismo português." Em 1963, a ação estende-se à Guiné-Bissau e no ano seguinte, a Moçambique.

A NATO, a que Portugal tinha aderido, era também contra a existência de Colónias (e a solução encontrada por Salazar foi mudar-lhes a denominação para Províncias Ultramarinas). "Simultaneamente os Estados Unidos continuavam a pressionar na frente diplomática ao ponto de no dia 15 de março de 1961 nas Nações Unidas, ao lado da URSS, condenarem a repressão que se seguiu ao ataque às prisões de Luanda na madrugada de 4 de fevereiro por parte de nacionalistas angolanos." Salazar, que teria sido avisado "pela CIA de um ataque da UPA no norte de Angola  a coincidir com o debate sobre Angola nas Nações Unidas," não confiou na veracidade da informação. O gatilho desta guerra, que duraria 13 longos anos "começou norte de Angola, distrito de Malange, na Baixa do Cassange, motivado pelas condições de trabalho a que os agricultores estavam sujeitos," que os fazia viver na "miséria," e pela revolta que sentiam contra os maus tratos a que eram sujeitos pelos "funcionários da Cotonang." Este não foi episódio único e já a PIDE estava no local a realizar interrogatórios. "Os acontecimentos na Baixa do Cassange prolongam-se até março mas logo a 6 de fevereiro um loockeed PV-2 Harpoon bombardeia a região com napalm. O número de mortos não é certo, variando entre as dezenas e os milhares." (Na exposição que está no quartel do Carmo, podemos ver as máscaras de proteção utilizadas).

Mas o MPLA atribui o início das hostilidades ao momento do ataque às prisões de Luanda ocorridas a 4 de fevereiro desse ano, depois do navio Santa Maria (desviado pelo capitão Henrique Galvão), ter atracado em Luanda.

"No dia 15 de março, tal como a CIA tinha dito e tinha feito chegar a informação a Salazar, a UPA ataca dezenas de fazendas de café no norte de Angola são atacadas em simultâneo. Os ataques provocam 800 mortos portugueses e africanos," o que terá "sido determinante para o governo português perceber que a revolta estava em curso." Estes acontecimentos no norte de Angola, "lançaram o pânico entre os colonos portugueses. No espaço de uma semana, mais de 3 mil colonos foram evacuados desta região para Luanda." A situação complicava-se cada vez mais, com a demora da chegada dos reforços vindos da capital (chamada "metrópole") e com a formação de guerrilhas. "No dia 7 de maio, o governo do distrito de Carmona, ameaçado pelo assassinato de centenas de trabalhadores indígenas das suas fazendas, pedia ao governo-geral que enviasse urgentemente reforços militares." Várias operações vão tendo lugar, entre elas, a Operação Viriado, ou a Esmeralda, mas de ambos os lados os mortos e feridos são demasiados! 

Na Guiné, a situação já precária e sob a influência do que se passava noutras "províncias", leva a que a revolta começa em 1963, com guerrilhas do PAIGC a penetrar no território. "A fim de destruírem as bases de apoio às forças rebeldes, aviões portugueses largaram bombas e napalm sobre várias aldeias guineenses, situação que viria a ser denunciada pela Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas desse ano." A 25 de setembro de 1964, "tinham lugar os primeiros ataques da FRELIMO, em Cobué, no distrito do Niassa." Estava instalada a guerra em três frentes.

Em maio de 1968, o regime por temer a perda de controlo da situaçã na Guiné, "substitui os comandantes na altura, pelo Brigadeiro António Spínola" que era "filho de uma família abastada," tendo o seu pai sido "inspetor-geral de Finanças e chefe de gabinete de Salazar no Ministério das Finanças." António Ribeiro de Spínola é nomeado "governador e comandante-chefe da província." Spínola tinha estado em Angola entre 1961 e 1963 e conhecia já bem a especificidade dos movimentos de guerrilha. Mas, apesar do aparente sucesso da operação secreta, Mar verde, o "agravamento da situação na Guiné-Bissau" levou a que Spínola começasse "a duvidar cada vez mais da solução militar para este território. Em maio de 1972, o general encontrou-se no Senegal com o presidente Leopold Senghor a fim de preparar negociações de cessar-fogo com o PAIGC e de encontrar uma solução política para a guerra. Esta solução seria, no entanto, rejeitada por Marcello Caetano." Em janeiro de 1973, Amílcar Cabral foi "assassinado, em Kaloum," e segundo algumas versões, "a PIDE ou o próprio Spínola teriam estado envolvidos na organização e aprovação do atentado," o que foi negado pelo "o governo português." Em março desse ano, o PAIGC começou "também a utilizar misseis soviéticos terra-ar, acabando assim com a supremacia aérea portuguesa, essencial à contra-guerrilha."

Em Novembro de 1973, Spínola "é convidado por Marcello Caetano," que tinha substituído Salazar, "para ocupar a pasta de ministro do Ultramar, cargo que não aceita." 

A 17 de Janeiro de 1974, Spínola é ainda "nomeado para vice-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, por sugestão de Costa Gomes, cargo de que é demitido em Março, por se ter recusado a participar na manifestação de apoio ao Governo e à sua política." Acabaria, numa reviravolta que se pode dizer histórica e inusitada, por ser ela a aceitar, no Quartel do Carmo, a rendição do Governo, ou seja, a aceitar o poder em nome do Movimento das Forças Armadas, embora depois disso, nem sempre tenha estado do lado dos mesmos.

Destes conflitos, ou - se quisermos juntar "tudo" - da Guerra Colonial, chegaram muitos estropiados, outros tantos mortos! O que eu acho que se tem de trazer, ainda, para as mesas de debate, são a falta de cuidados que foram prestados às vítimas reais e com nome deste conflito! Depois da Revolução, não foram respeitados os direitos destes homens que, saindo do país (muitos deles obrigados), deixaram cá mulher, namorada, filhos, pais, avós... uma casa e um trabalho a que muitos não conseguiram regressar. Regressaram eles homens diferentes! Com outros medos e terrores e, também, alguns deles, com outros valores!

Um dos testemunhos que estive há pouco a ler foi o de uma filha. A filha de um homem que ela carateriza como trabalhador e lutador, apesar de ter sofrido graves ferimentos que o tornaram num dos muitos estropiados de guerra. Ela descreve que, na convivência com o seu pai, se foi apercebendo das graves consequências de uma guerra maldita - que muito além de físicas - são também psicológicas. Se lerem a totalidade deste relato talvez sintam, como eu, um murro no estômago. Desse relato são os seguintes excertos:

Creio que nunca fez as pazes consigo próprio por isso. Ou, pelo menos, nunca conseguiu apaziguar-se. Por ter marchado para o matadouro. Por se ter tornado carne para canhão. Por ter matado, visto morrer. Pelos horrores que fez, os horrores que viu fazer. “Tu não imaginas o que eu fiz”, dizia-me.

Quando tomavam consciência de que a nossa História, a história do colonialismo português, que não teve nada de brando, a história da Guerra Colonial, eram permanentemente branqueadas, e que eles próprios se tornavam num estorvo difícil de gerir. E a sua perplexidade quando, ainda hoje, a Guerra Colonial é nomeada de guerra do ultramar, quando as ex-colónias são chamadas de províncias ultramarinas.

Muitos dos que vinham feridos com gravidade, eram "descarregados" durante a noite para que o país não os visse e tivesse noção da realidade. Diz-se que "noventa por cento da população jovem masculina do país foi mobilizada para a Guerra do Ultramar." E diz-se também que esta Guerra "causou cerca de 10 mil mortos e 20 mil inválidos entre os soldados e mais de 100 mil vítimas entre os civis que viviam nas colónias."

Vejam este pequeno filme da RTP Ensina e oiçam também esta canção de Paco Bandeira, que retrata as dificuldades dos tempos da Guerra Colonial. 

Num outro testemunho, publicado no CM, um ex-combatente (da Cavalaria 2, Moçambique) explica como foi a sua passagem pela Guerra Colonial.

Passados seis meses em Lourenço Marques calhou-me a parte difícil. Estive 18 meses em Mueda, o coração da guerra. Havia picadas, minas, escoltas a viaturas para abastecer, capturas é que não fazíamos. As picadas eram as estradas sem alcatrão, com muitas minas anti-carros e anti-pessoais. Feridos e mortos eram muitos, e botas ainda com o pé, separadas do corpo, era o que se via mais. Ainda me custa falar disso; as cenas voltam à memória quando se fala delas.

Nas colunas, havia um grupo que ia à frente com arame grosso, e esses é que sofriam. Quando detectavam alguma coisa eu tinha o papel ingrato de decidir o que fazer. Éramos obrigados a levantar minas, pois o Salazar queria exibir isso como troféu junto das Nações Unidas, mas nós fazíamos o rebentamento, pois era menos arriscado. Ainda assim, houve muitos feridos e estávamos dependentes da sorte. 

E os traumas... os traumas não eram só físicos. Leiam o depoimento desta mulher, de nome Diana, que fala da situação que viveu ao longo da sua infância e juventude com o pai (ex-combatente). Fica aqui apenas um pequeno excerto, o resto é o retrato de tantas outras casas e famílias portuguesas.

"Não me lembro de o meu pai me dar carinho, sou a mais velha de sete filhos e não me lembro de andar ao colo. Quando ele chegava do trabalho, a minha mãe fazia questão de eu já estar a dormir porque pela mais pequena coisa havia logo um estalo... Às vezes olhava para outras crianças na escola e fazia comparações, via os pais a passar a mão pela cabeça dos filhos e pensava que gostava que o meu pai me fizesse o mesmo."

No mesmo artigo, existem outros testemunhos, bastante dolorosos. O de Sandra é um pouco diferente, mas retrata também um pai sempre em alerta.

"A minha mãe contava que, quando se casaram, o meu pai se escondia debaixo da cama por causa dos foguetes, não podia ouvir barulhos, era um pouco agressivo com os animais. Mas nunca foi agressivo para a minha mãe, nem para nós."

Em ambos os casos, a ajuda extende-se aos filhos e às mulheres destes ex-combatentes, que sofrem de stress pós-traumático secundário, por conviverem ao longo de vários anos com as ações e reações dos seus familiares. Infelizmente, a ajuda é pouca. "Existe uma Rede Nacional de Apoio (RNA) para acompanhar os militares com perturbação psicológica crónica resultante da exposição a fatores traumáticos de stress durante a vida militar."

A RNA, tem como principais objetivos: "informar, identificar e encaminhar os casos de PTSD adquiridos em contexto de guerra, e prestar serviços de apoio médico, psicológico e social aos utentes da RNA, em articulação com o Serviço Nacional de Saúde (SNS)."

Segundo dados de 2019, do "Ministério da Defesa, há 2073 utentes da rede inscritos nas cinco associações protocoladas: Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA), Associação Portuguesa dos Veteranos de Guerra (APVG), Associação de Apoio aos Ex-Combatentes Vítimas do Stress de Guerra (APOIAR), Associação de Combatentes do Ultramar Português (ACUP) e Associação Nacional dos Combatentes do Ultramar (ANCU). Das pessoas que recebem apoio desta rede, 139 são mulheres e 85 são filhos."

Fontes:

https://www.esquerda.net/dossier/estilhacos-de-uma-guerra-maldita/63480

https://media.rtp.pt/descolonizacaoportuguesa/pecas/a-guerra-instala-se-em-tres-frentes/

https://www.rtp.pt/programa/tv/p32446/e26

https://www.presidencia.pt/presidente-da-republica/a-presidencia/antigos-presidentes/antonio-de-spinola/

https://www.dn.pt/edicao-do-dia/09-mar-2019/interior/guerra-colonial-os-traumas-herdados-pelos-filhos-dos-ex-combatentes-10480419.html/

https://www.cmjornal.pt/domingo/detalhe/nao-houve-dia-sem-mortos-e-estropiados

 

 

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publicado às 16:29

O mar... esse mar traiçoeiro

por Elsa Filipe, em 09.04.24

Ontem escrevi sobre o triste naufrágio que aconteceu na manhã de domingo, mas o mar não roubou apenas estas vidas. Sobre o caso de Tróia, esperemos agora mais desenvolvimentos, até porque as informações que tenho visto na comunicação social têm sido um pouco difusas (e até contraditórias). Hoje trago diferentes casos, todos bastante diferentes, mas que têm o mar em comum.

Mas infelizmente, este fim de semana foi marcado também por outras situações. Na madrugada de sexta para sábado, um carro caiu à água em Póvoa de Varzim, com dois ocupantes. O homem de 57 anos e um jovem de 16 anos morreram neste acidente. Testemunhas relatam que viram duas pessoas entrarem no carro e que pouco depois o caro caiu à água. "Apenas com o nascer do dia, devido à visibilidade, foi possível chegar à viatura, uma vez que as condições de visibilidade dificultaram as operações."

O que faziam ali juntos àquela hora, não sabemos. O que está noticiado é que "as duas vítimas, que não tinham qualquer relação de parentesco, estavam num bar na Póvoa de Varzim após um jogo de futebol do clube onde João Pedro jogava. De acordo com o "JN", Joaquim Leal, que era amigo dos pais de João Pedro, terá oferecido boleia ao jovem." Ao que se sabe, "as equipas de socorro encontraram os corpos das vítimas junto à bagageira do carro."

No domingo, em Nampula, norte de Moçambique, uma embarcação de pesca que, ao que parece, tentou transportar um grupo de pessoas que fugia "a um surto de cólera no continente, com destino à Ilha de Moçambique, tendo o naufrágio acontecido a cerca de cem metros desta costa." O barco não tinha capacidade para transportar tanta gente, mas aqui há um nível de desespero que leva as pessoas a arriscar a vida. Das cerca de 130 pessoas a bordo, 13 sobreviveram, já se confirmaram 98 mortos, entre os quais estão 55 crianças. As restantes estão dadas como desaparecidas.

Num outro caso, a OIM(1) declarou hoje que "foram recuperados 38 corpos, incluindo crianças, após um trágico naufrágio ao largo da costa do Djibuti, com pelo menos seis outros desaparecidos." Esta rota, chamada "rota oriental" e que faz a ligação entre o Corno de África, o Iémen e os Estados do Golfo Pérsico está entre as "mais perigosas" do mundo. "Pelo menos, 698 pessoas, incluindo mulheres e crianças, morreram no ano passado nessa rota, que atravessa o Golfo de Aden, de Djibuti para o Iémen, na esperança de chegar à Arábia Saudita, de acordo com o Projeto de Migrantes Desaparecidos da OIM."

Desde o final da tarde de ontem, que "um homem de 67 anos," está a ser procurado na zona entre Moledo e Vila Praia de Âncora. O homem terá saído para pescar e acabou por desaparecer. "A sua viatura foi encontrada próxima da zona costeira, entre Vila Praia de Âncora e Moledo." Segundo o capitão da capitania de Vila Praia, "a barra de Caminha estava na segunda-feira encerrada, com o mar alteroso a apresentar ondas de quatro metros e o vento a soprar com o equivalente a 30 quilómetros por hora."

Notas:

1) OIM -Organização Internacional para as Migrações;

Fontes:

https://www.cmjornal.pt/portugal/detalhe/carro-com-varios-ocupantes-caiu-ao-mar-na-povoa-de-varzim

https://magg.sapo.pt/atualidade/atualidade-nacional/artigos/homem-de-57-anos-e-jovem-de-16-morrem-afogados-na-povoa-de-varzim-carro-caiu-ao-mar

https://www.jn.pt/2122305042/pelo-menos-55-criancas-morreram-no-naufragio-em-mocambique/

https://www.noticiasaominuto.com/mundo/2536944/pelo-menos-38-migrantes-morrem-apos-naufragio-ao-largo-de-djibuti

https://observador.pt/2024/04/09/autoridades-procuram-pescador-ludico-de-67-anos-desaparecido-em-moledo/

 

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publicado às 12:30

Albinos - raptos e assassinatos

por Elsa Filipe, em 28.01.23

Estamos longe de imaginar que tal possa ser, aos dias de hoje, possível. O tráfico humano é uma realidade em muitos países, mas esta situação que nos é apresentada no programa "Grande Reportagem", da SIC, ultrapassa tudo.

Fiquei a saber que há quem pague até 75 mil euros pelos órgãos de um albino. E que se for uma criança, pode valer ainda mais. Um albino vivo pode valer mais de 300 mil euros, é o tráfico humano que mais dinheiro envolve em todo o mundo. Nesta reportagem, de excelente qualidade como nos têm habituado, o tema é explorado através de testemunhos reais que descrevem os assassinatos ocorridos.

A Tanzânia, país onde nascem mais albinos - um em cada mil habitantes - é particularmente atrativa para as redes criminosas da África Oriental e Austral. As redes de tráfico mantêm-se firmes na Tanzânia e noutros 6 países: Moçambique, Malawi, Burundi, Quênia, Suazilândia e África do Sul. Envolvem curandeiros, sequestradores, traficantes e homicidas. E com que fim? Além de ser um negócio lucrativo que leva até a família das vítimas muitas vezes a participar?

Os clientes são políticos e homens de negócios africanos, sobretudo sul-africanos, em busca de mais poder ou riqueza. Muitos acreditam que para garantir prosperidade no além, têm de ser enterrados com 4 albinos vivos. Os órgãos são ainda usados pelos curandeiros como tratamento para a impotência sexual, a infertilidade, e doenças como o VHI. 

Muitos acabam por viver enclausurados com medo de serem raptados, sem sequer poderem ir buscar água nem comida, nem podem sequer praticar agricultura de subsistência, uma vez que podem ser assassinados ou morrer devido à exposição ao sol. Os albinos sofrem de uma doença hereditária que afeta a produção de melanina - a proteína que dá cor à pele, cabelo e olhos. Deveriam usar diariamente litro e meio de protetor solar, o que implicaria gastar cerca de 2 mil meticais, 30 euros por dia, 450 euros por mês. Quase sete vezes mais que o salário mínimo, tal como nos diz a jornalista Susana André, nesta reportagem da SIC.

O número de detenções por crimes contra albinos é reduzido. O tráfico envolve cidadãos nacionais e estrangeiros, numa cadeia complexa que torna difícil encontrar o "mandante". Quando há provas, a polícia parece compactuar e nada faz para os apanhar!

Fontes:

https://sicnoticias.pt/programas/reportagemsic/2023-01-26-Quanto-valem-os-orgaos-de-um-albino--O-trafico-humano-que-mais-dinheiro-envolve-4d6bc081

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publicado às 11:41


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