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120 anos de uma Associação Real

por Elsa Filipe, em 12.08.23

Hoje comemoram-se os 120 anos dos Bombeiros de Sesimbra. A minha primeira casa, o meu primeiro trabalho, mesmo que na altura com apenas 14 anos eu tivesse uma perspetiva diferente daquela que hoje tenho. Deixo aqui hoje um pequeníssimo registo.

Hoje quero dar os parabéns a todos os homens e mulheres que fizeram e fazem a história daquela casa. Uma associação que nasceu em 1903, fundada por El-rei Dº Carlos I. O rei e o princípe Dº Luiz Filipe (mortos no Regicídio de 1908) foram de facto Presidentes de Honra e Comandantes Honorários desta casa. Em 1904 recebeu o título de "Real".

No Blogue ca Família Real Portuguesa, podemos ler que a "atribuição dos títulos honoríficos ficou a dever-se ao apoio concedido pela coroa à Fundação dos BVS, para o qual concorreu a influência do capitão de fragata D. Fernando de Serpa Pimentel, comandante do iate real "Amélia", Ajudante de Campo de Dom Carlos e amigo do Tenente Alfaro Cardoso, Comandante da Guarda Fiscal em Sesimbra, grande entusiasta da Comissão Organizadora da Associação de Bombeiros."

Na verdade, ambos ofereceram grandes donativos: "o Rei disponibilizou-se desde logo a atribuir a quantia de 300 mil réis destinados à aquisição de uma bomba tipo americana" e o "Príncipe Dom Luiz Filipe decidiu apoiar monetariamente a compra de uma manga de salvação, concedendo para o efeito a verba de 50 mil réis." Estas informações estão na obra de António Reis Marques, sobre a história da Associação e a que é feita referência no blogue (por acaso, eu também tenho esta monografia e devo dizer que está excelente e relata muito bem a história da vila de Sesimbra e da Associação). 

A Associação adoptou como bandeira a então bandeira nacional, azul e branca, passando o símbolo da Monarquia a ser também o dos bombeiros. Mais tarde, com o advento da república, foi adoptada a nova bandeira verde-rubra, situação que se mantém, pelo que a Associação "em qualquer acto, formatura ou desfile, em que se apresente, tem direito às honras e prerrogativas devidas à bandeira nacional", escreve António Reis Marques no seu livro. 

Alguns dirão que os bombeiros de Sesimbra não serão tão antigos, contando apenas desde o ano de 1927, altura do retorno efetivo da atividade dos mesmos na medida em que após o Regicídio e a forte ligação desta casa à monarquia, houve uma grande dificuldade em retomar em pleno as atividades. Mas na verdade, a associação continuou em funções. Em 1931 têm a sua primeira ambulância motorizada.

O local onde está hoje o quartel-sede não foi a sua primeira localização. Ali havia um aterro, onde se transferia o peixe transportado em burros para as carroças que depois o iam distribuir por outras zonas. Este mesmo aterro, ficando numa zona limítrofe à vila foi também aproveitado para construção do Quartel dos Bombeiros Voluntários. Numa fase mais recente, próxima dos finais dos anos 70, o Largo viria a ser remodelado, permitindo maior eficiência na circulação. Em 1978, por deliberação da Câmara Municipal, receberia o nome de Largo dos Bombeiros, numa clara e reconhecida homenagem à corporação de bombeiros.

Na minha primeira noite de piquete, em 1998, eu tinha apenas 14 anos. Sabia pouco da vida mas era uma miúda cheia de vontade de fazer e de aprender. E felizmente, isso nunca me foi vedado pelos meus pais. Conhecia o quartel por já fazer parte da fanfarra à cerca de um ano e pouco, mas não tinha experiência nem formação nenhuma. Na época, era comandante Fernando Gato, e tive a sorte de conhecer e aprender com grandes bombeiros da altura. Recebi as minhas divisas de bombeiro com 17 anos. Era uma casa muito tradicional com uma grande relação com as gentes e com os costumes da terra. Era na altura o quartelo que enchia quando a sirene soava e vínhamos de todos os lados, largando tudo o que não fosse prioritário para acudir aos outros. Muita coisa mudou em mim desde então.

Cresci ali como mulher e como pessoa e levei com as minhas primeiras desilusões da vida. Ali aprendi que ser mulher num mundo de homens é difícil, aprendi a defender as minhas próprias ideias e a argumentar. Aprendi o valor da vida e também da morte. Ali cresci de menina a mulher, ganhei uma carapaça da qual tem sido difícil me livrar, ri muito e chorei ainda mais. Dei a mão na morte e assisti ao nascimento da vida.

 

Fontes:

MARQUES, António Reis, Bombeiros Voluntários de Sesimbra. Origem, Formação e Percurso (1903-2003)

http://realfamiliaportuguesa.blogspot.com/2009/07/dom-carlos-e-principe-dom-luiz-filipe.html

http://ruascomhistoria.sesimbra.pt/largo-dos-bombeiros-voluntarios/

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publicado às 18:04

Dia da Espiga

por Elsa Filipe, em 18.05.23

Dia da Espiga

Lembraram-me hoje que é Dia da Espiga, ou Quinta-Feira da Ascensão. Lembro-me de ver os raminhos atrás da porta da cozinha da minha avó, ou na casa das vizinhas, mas nunca liguei muito a isso. É uma tradição muito antiga e como tal decidi procurar um pouco mais sobre esta data e o simbolismo do raminho.

Neste dia celebra-se a consagração da Primavera, uma tradição ligada à agricultura. Começou há muito muito tempo com os celtas e os romanos a agradecerem aos deuses as primeiras colheitas do ano. Mais tarde, de acordo com a tradição católica, começou a festejar-se neste dia a subida de Jesus Cristo aos céus 40 dias após a sua ressurreição (na Páscoa).

Segundo a tradição, o Dia da Espiga era considerado “o dia mais santo do ano”, em que não se devia trabalhar e que as pessoas partiam num passeio matinal pelos campos para colherem espigas e depois fazerem um ramo que incluía também flores silvestres como papoilas ou malmequeres, raminhos de oliveira, de alecrim e de videira. Infelizmente, agora trabalha-se neste dia e encontrar espigas por aí também não é tarefa fácil.

Por ter uma ligação com a Natureza, pensa-se que este costume está relacionado com antigas tradições pagãs associadas às festas da deusa Flora que aconteciam por esta altura. Com a chegada do Cristianismo, a Igreja de Roma, à semelhança do que fez com outras festas ancestrais pagãs, cristianiza depois a data e tendo em conta as datas de celebração da Páscoa, em Portugal este dia foi associado à Festa da Ascenção, celebrada 40 dias depois da Páscoa e que em tempos foi comemorada com feriado nacional.

Cada planta que é colocada no ramo, está associada a um significado:

  • As espigas representam o pão, como a base do sustento da família, e a fecundidade.
  • A papoila significa o amor e a vida.
  • O malmequer simboliza a riqueza e a prosperidade.
  • A oliveira significa a Paz e a Luz. 
  • O alecrim representa a saúde, a força e resiliência.
  • A videira simboliza o vinho e a alegria.

Ditam os antigos costumes que o ramo deve ser colocado atrás da porta de entrada de casa e apenas deve ser substituído no ano seguinte, por um ramo novo, como símbolo de sorte e prosperidade do lar.

Além destas associações ao pão e ao azeite, a espiga surge também conotada com o leite, com as proibições do trabalho e ainda com o poder da Hora, isto é, com o período de tempo que decorre entre o meio-dia e a uma hora da tarde, tomando mesmo, nalguns sítios do país a designação de Dia da Hora.

Nas localidades em que assim é entendida esta quinta-feira, acredita-se que neste período do dia se manifestam os mais sagrados e encantatórios poderes da data e nas igrejas realiza-se um serviço religioso de Adoração, após o qual toca o sino. Diz a voz popular que nessa hora “as águas dos ribeiros não correm, o leite não coalha, o pão não leveda e até as folhas se cruzam”. Nalgumas povoações era também do meio-dia à uma que se colhia a espiga.

Não se cozia nem se remendava e havia quem deixasse comida feita de véspera para não ter de cozinhar neste dia. Em algumas aldeias, era também costume guardar-se pão, para que durante todo o ano não falte este alimento em casa. Este pão consumia-se no ano seguinte «sem bolor», prova da santidade do dia.

Fontes:

https://hortodocampogrande.pt/flores/dia-da-espiga-conheca-a-historia-e-o-simbolismo-desta-data/

https://ensina.rtp.pt/artigo/quem-sabe-o-que-e-o-dia-da-espiga/

OLIVEIRA, Ernesto Veiga – Festividades Cíclicas em Portugal. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1984. 357 p.(Colecção Portugal de Perto n.º 6) in https://www.santovarao.net/17-de-maio-dia-da-ascensao-dia-da-espiga-ou-quinta-feira-de-espiga/

 

 

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publicado às 11:29

A Eutanásia - liberdade para morrer

por Elsa Filipe, em 13.05.23

O tema que escolhi hoje, é bastante complexo e divide ainda muitas opiniões. A minha publicação é apenas para que se fale, para que se saiba do que se trata e para que se possam esclarecer algumas das opiniões divergentes. Para já, acho que a aceitação deste decreto, não significa que sejamos obrigados a fazê-lo um dia. Mas permite que quem o queira fazer, possa seguir a sua vontade, sem estar a cometer algo que vá contra a lei. E sim, ainda há muito a fazer em especial no que diz respeito aos cuidados paliativos, ao acesso aos cuidados de saúde e ao acesso a tartamentos e terapias.

“A Assembleia confirma, o Presidente promulga. Eu vou promulgar, claro, é o meu dever constitucional”, afirmou o Presidente da República aos jornalistas. O diploma sobre a morte medicamente assistida, que tinha sido vetado pelo Presidente da República, foi aprovado esta sexta-feira com um total de 129 votos a favor, 81 votos contra e uma abstenção, resultados anunciados pelo presidente do parlamento, Augusto Santos Silva, no final da votação.

Depois de dois vetos presidenciais e dois chumbos no Tribunal Constitucional, o Parlamento português aprovou, esta sexta-feira, pela quinta vez a lei para a morte medicamente assistida. A proposta determina que a morte através de eutanásia só pode ser realizada e maiores de 18 anos e se o suicídio assistido for impossível por incapacidade física do doente.

A Associação dos Médicos Católicos Portugueses (AMCP) lamentou hoje que o parlamento tenha confirmado o decreto sobre a morte medicamente assistida e depositou agora a sua “esperança” num pedido de fiscalização sucessiva da lei. Também o Papa Francisco se manifestou triste com esta notícia. 

A AMCP salientou ainda que os profissionais de saúde dispõem atualmente de “meios muito eficazes para apaziguar o sofrimento físico, psicológico e espiritual” dos doentes e reafirmou que a Ordem dos Médicos não deve participar na Comissão de Verificação. E é aqui que coloco a questão: será que tem mesmo?

Eu já vi tanto sofrimento que sei que isto não é verdade. Viver com feridas cheias de pus, com dores lancinantes durante todo o dia e noite, durante os tratamentos, é criminoso por si só. Nem sempre os tratamentos são feitos sob anestesia. Pensem em doentes oncológicos graves em que o sofrimento é a sua única certeza, em doentes acamados que ficam anos presos a uma cama sem qualquer perspetiva de melhoria, existem inúmeras situações em que eu acho que eutanasiar, se for a única hipótese de acabar com a dor e com o sofrimento e se for da vontade da pessoa, que assim seja.

Este é um tema muito polémico e iremos ainda ouvir falar muito dele, dos argumentos contra e dos argumentos a favor. Pessoalmente, eu sou a favor.

Entre os argumentos a favor da prática da eutanásia estão a alegação de que as pessoas têm o direito a tomar decisões sobre o seu corpo e escolher como e quando querem morrer, que o direito à morte está implícito nos restantes Direitos Humanos, que a lei não deve interferir em assuntos da esfera privada que não prejudiquem outras pessoas, que a eutanásia continua a ser praticada mesmo que ilegal e que a morte não é necessariamente má.

Entre os argumentos contra a prática de eutanásia estão a alegação que a eutanásia é contra a vontade de Deus, que não respeita a inviolabilidade da vida, que desvaloriza o valor da vida, de que a permissão da eutanásia voluntária levaria a casos de eutanásia involuntária e de que cuidados paliativos de qualidade retiram a necessidade de praticar eutanásia. Algumas pessoas alegam que, ainda que moralmente justificável, a eutanásia pode ser usada para encobrir um homicídio.

Nos últimos dias de vida da minha mãe, vi o seu sofrimento, assisti às despedidas que ela acabou por fazer, sabendo que já nada havia a fazer por ela e que a única coisa que podia esperar, era a dor, intercalada em períodos de inconsciência. A medicação já não fazia efeito. Os rins pararam, respirar era difícil e quando ela estava consciente, a sua expressão era de sofrimento. Não comeu durante vários dias, porque o seu corpo não aceitava comida. Já não urinava nem defecava, ficou praticamente cega, mas ainda conseguia ouvir. Felizmente, a vida tomou o seu curso e o coração acabou por parar, sem interferência de ninguém. Ver o seu sofrimento terminado foi ao mesmo tempo uma grande dor e um grande alívio. Se nessa altura, houvesse a eutanásia, quase de certeza que ela a ser capaz de manifestar a sua opinião, a teria escolhido. Sei porque ela me tinha falado sobre não a deixar sofrer quando deixassem de haver tratamentos disponíveis.

A Eutanásia pode definir-se como o ato intencional de proporcionar a alguém uma morte indolor para aliviar o sofrimento causado por uma doença incurável ou dolorosa. Geralmente a eutanásia é realizada por um profissional de saúde mediante pedido expresso da pessoa doente.

A eutanásia é diferente do suicídio assistido, que é o ato de disponibilizar ao paciente meios para que ele próprio cometa suicídio. Entre os motivos mais comuns que levam os doentes terminais a pedir uma eutanásia estão a dor intensa e insuportável e a diminuição permanente da qualidade de vida por condições físicas como paralisia, incontinência, falta de ar, dificuldade em engolir, náuseas e vómitos. Entre os fatores psicológicos estão a depressão e o medo de perder o controlo do corpo, a dignidade e independência.

A eutanásia pode ser classificada em voluntária e involuntária. Na eutanásia voluntária é a própria pessoa doente que, de forma consciente, expressa o desejo de morrer e pede ajuda para realizar o procedimento. Na eutanásia involuntária a pessoa encontra-se incapaz de dar consentimento para determinado tratamento e essa decisão é tomada por outra pessoa, geralmente cumprindo o desejo anteriormente expresso pelo próprio doente nesse sentido.

A eutanásia pode também ser classificada em ativa e passiva. A eutanásia ativa é o ato de intervir de forma deliberada para terminar a vida da pessoa (por exemplo, injetando uma dose excessiva de sedativos). A eutanásia passiva consiste em não realizar ou interromper o tratamento necessário à sobrevivência do doente.

 

Fontes:

https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/papa-francisco-critica-aprovacao-da-lei-da-eutanasia-no-parlamento-portugues

https://pt.euronews.com/2023/05/13/marcelo-promulga-lei-da-eutanasia-porque-a-constituicao-o-obriga

https://pt.wikipedia.org/wiki/Eutan%C3%A1sia

 

 

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publicado às 17:00

Dia da Mãe

por Elsa Filipe, em 07.05.23

Hoje festeja-se em Portugal o dia da mãe, mas nem sempre assim foi. A tradição é que se ofereçam flores, cartões ou outros presentes às mães nestes dias, mas como surgiu este dia e porquê?

O Dia da Mãe é uma data comemorativa que, em Portugal, se celebra no primeiro domingo do mês de maio, por isso acaba por não ter um dia exato. Nem todos os países têm esta tradição e dos que têm nem todos o festejam na mesma data.

A data chegou a ser celebrada a 8 de dezembro em Portugal, que é o Dia da Imaculada Conceição. Mas, a pedido da igreja, a comemoração foi mudada para que o Dia da Imaculada Conceição não perdesse o seu destaque. Assim, a comemoração passou a ser feita no mês de maio, porque é o mês conhecido entre os católicos como o mês de Maria, mãe de Jesus.

O Dia da Mãe é um dia de homenagem e de agradecimento. Para mim, é uma data feliz porque tenho o privilégio de ser mãe. Apesar de ter perdido a minha, neste dia, celebro também as outras mães (avós, tias e amigas) que merecem este destaque neste dia. Hoje por exemplo, pude passar o dia com o meu filho e pude almoçar com o meu pai e com uma das minhas avós, por isso, foi um dia bom para mim. Para ser especial, um domingo não precisa de muito mais, nem de prendas, nem de flores, nem de cartões nem mensagens, basta que os meus estejam presentes ou que eu me possa fazer presente nas suas vidas! 

Sabiam que a comemoração mais antiga do Dia da Mãe remonta às comemorações primaveris da Grécia Antiga? Era feita em honra de Rhea, mulher de Cronos e Mãe dos Deuses.

Em Roma, as festas do Dia da Mãe eram dedicadas à Cybele, a mãe dos deuses romanos, e as cerimónias em sua homenagem começaram por volta de 250 anos antes do nascimento de Cristo. Ou seja, o dia da mãe, apesar de estar ligado à religiosidade, era uma festa politeísta e não monoteísta, e por isso é mais um dos vários exemplos em que se começou a fazer uma associação a um festejo muito mais antigo.

Durante o século XVII, em Inglaterra celebrava-se no 4º domingo da Quaresma (conjunto de 40 dias que antecedem o domingo da Páscoa cristã) um dia chamado “O Domingo da Mãe”, dedicado a todas as mães inglesas. Nesta época, a maior parte da classe baixa inglesa trabalhava longe de casa e vivia com os patrões. Assim, os criados tinham um dia de folga neste domingo especial e eram encorajados a regressar a casa e passar esse dia com a sua mãe.

 

Fontes:

https://www.calendarr.com/portugal/dia-da-mae/

https://www.mulherportuguesa.com/lazer/festas-tradicoes/verdadeira-historia-do-dia-da-mae/

 

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publicado às 18:31

Todos os anos, são centenas as pessoas que enchem as ruas da vila de Sesimbra para assistir à procissão em honra do Senhor Jesus das Chagas, padroeiro dos pescadores de Sesimbra, que se realiza na tarde de 4 de maio, feriado municipal.

Desde pequena que me lembro da festa do Senhor das Chagas. A imagem, imponente, do Cristo pregado na cruz, percorre a 4 de maio algumas das ruas da vila, saindo da Igreja "de cima", fazendo a sua tradicional paragem no Largo da Marinha e terminando novamente na Igreja Matriz de Santiago. A procissão é composta por diversos elementos desde os "anjinhos", aos pescadores, escuteiros, à Banda da Sociedade Musical Sesimbrense e à Fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Sesimbra. Nas janelas, algumas pessoas colocam colchas brancas e muitas flores. O andor é sempre enfeitado com muitas flores e é levado por representantes das várias instituições e pessoas da comunidade sesimbrense. Pelo caminho, vão alternando os hinos tocados pela Fanfarra e pela Banda, com cantares das pessoas que acompanham, tocando em especial "A teus pés".

Mas a festa começa vários dias antes, quando a imagem é trazida em procissão (mais pequena e simples) do local onde está todo o restante ano, do altar da Igreja do Senhor Jesus das Chagas, conhecida também como a Igreja da Misericórdia e fica durante cerca de duas semanas na Igreja Matriz de Santiago. Durante este tempo, é realizada a Novena - nove missas, à noite onde se celebram diversos temas e instituições - os pescadores, os bombeiros, os voluntários, as crianças...

Durante estes dia decorre também a feira. Antes a feira era realizada na Avenida da Liberdade, com barraquinhas que iam desde a curva "do desportivo" até ao Largo do Jardim. Os carrocéis eram muitos e ficavam no Campo da bola (hoje Estádio Vila Amália), mas agora a festa é mais pequenina, tendo perdido muito do seu brilho e tradição. Lembro-me que era nesta altura que se compravam andorinhas para colocar nas fachadas das casas, ou que se trocavam as panelas por outras novas e se adquiriam novas peças para os enxovais. Nós, as crianças, nessa altura, gostavamos de umas bolas coloridas cheias de serradura e com um elástico que prendiamos no dedo. Havia também as farturas e as pipocas que só se comiam nessas noites. Ah! E vestiamos sempre roupa nova (era o dia dos vestidos feitos pela avó, ou comprados na boutique e dos sapatos novos com "souquetes").

E são boas memórias as desses dias...

Durante alguns anos participei nas procissões, através da Fanfarra onde toquei caixa e timbalão. Pisavamos o alecrim, desfilando praticamente na frente da procissão. Rapidamente, os collants ficavam com buracos e as pernas cheias de arranhões por causa de alguns ramos maiores do alecrim que nos picava as pernas, e no fim, os joelhos ficavam com enormes hematomas por causa do timbalão que durante cerca de duas horas ou mais nos batia nas pernas a compasso.

Depois deixei de ir e a verdade é que, como estou normalmente a trabalhar neste dia (só é feriado em Sesimbra) já estou com saudades de dar uma espreitadela à festa, porque acredito que as tradições são para se manter - salvo algumas exceções, claro - e que esta festa, tal como outras, são manifestações simbólicas que unem as pessoas de uma comunidade.

 

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publicado às 11:30

1º de maio

por Elsa Filipe, em 01.05.23

O 1.º de Maio, Dia Internacional do Trabalhador, teve origem nos acontecimentos de Chicago de 1886 quando se realizou uma jornada de luta pela redução do horário de trabalho para as oito horas

A homenagem remonta ao dia 1 de maio de 1886, quando uma greve foi iniciada na cidade norte-americana de Chicago com o objetivo de conquistar melhores condições de trabalho, principalmente a redução da jornada de trabalho diária, que chegava a 17 horas, para oito horas. Durante a manifestação houve confrontos com a polícia, o que resultou em prisões e mortes de trabalhadores. Este acontecimento serviria de inspiração para muitas outras manifestações que se seguiriam. Em 1889, a Segunda Internacional Socialista decidiu, em Paris, proclamar o 1º de Maio como o Dia do Trabalhador em memória dos que morreram em Chicago.

O Dia Internacional do Trabalhador, passou assim a ser uma data comemorativa internacional, dedicada aos trabalhadores, sendo feriado em muitos outros países como é em Portugal.

Encontramos registos mais antigos, em relação a manifestações que hoje chamaríamos de sindicais. Entre 1852 e 1910 realizaram-se 559 greves no nosso país. A subida dos salários, a diminuição da jornada de trabalho e a melhoria das condições de laboração eram as principais exigências dos operários. No nosso país, a data para as celebrações do 1º de Maio, foi decidida no Congresso Socialista de 1889, como uma campanha internacional a favor das oito horas de trabalho. Assim, os trabalhadores aderiram a esta comemoração e sob o olhar de D. Carlos, nasceram os encontros da massa de trabalhadores, no que eram secundados pelos patrões, que se consideravam oficiais dos mesmos ofícios.

A comemoração centrava-se num desfile que atravessava a Avenida da Liberdade e seguia até ao Cemitério dos Prazeres, onde eram colocadas flores no túmulo de José Fontana, republicano socialista que levantara o movimento operário em Portugal.

A manifestação era organizada pela Federação das Associações Operárias, com bandas de música que tocavam o Hino do 1º de Maio, composto pelo pianista Eduardo Garrido. A cidade apresentava-se de traje domingueiro e alinhava no cortejo, que contava ainda com carros alegóricos que a Associação da Classe correspondente enfeitava.

Portugal enfrentava uma época económica problemática, devido aos conflitos que existiam entre os países imperialistas e à crise argentina, que culminou em Portugal com a falência da casa bancária Baring & Bros, os banqueiros do Estado Português.

No século XIX foi reconhecido o direito de associação aos trabalhadores, o que possibilitava a formação das associações de classe, a que se seguiu a regulamentação, por parte do Estado, do trabalho das mulheres e dos menores nos estabelecimentos industriais. Mas o movimento operário chegou mais longe e empenhou-se na conquista das melhorias laborais e sociais, promoveu acções culturais e de desenvolvimento da educação. 

Conta-se que no 1º de Maio de 1900 se juntaram em Lisboa cerca de 40 mil pessoas, numa altura em que “as classes médias ainda viam as organizações de trabalhadores com alguma simpatia”.

Durante a I República não se deixou de festejar o Dia do Trabalhador, mas sublinhe-se que um dos primeiros diplomas aprovados, com a instituição do novo regime, dizia respeito ao estabelecimento dos feriados nacionais e destes não constava o dia do trabalhador.

Em 1933 é decretada a “unicidade sindical” e o “controle governamental dos sindicatos” esmorecendo um movimento operário que só ganharia novo ânimo na década de 40. Durante o Estado Novo as manifestações no Dia do Trabalho (e não do Trabalhador) eram organizadas e controladas pelo Estado. O primeiro 1º de Maio celebrado em Portugal depois do 25 de Abril foi a maior manifestação alguma vez organizada no país. Só na cidade de Lisboa juntaram-se mais de meio milhão de pessoas. Para muitos, foi a forma dos portugueses demonstrarem a sua adesão ao 25 de Abril, que uma semana antes restituía ao país a democracia.

EM 2023, as ruas continuam cheias e uma das novidades deste ano é a Agenda do Trabalho Digno e de Valorização dos Jovens no Mercado de Trabalho que entra hoje em vigor. Esta Agenda é composta por 70 medidas que trazem alterações nos contratos, nos despedimentos e nos direitos dos trabalhadores. De acordo com o Governo, estas medidas pretendem combater a precariedade laboral, melhorar as condições de trabalho e a conciliação entre a vida pessoal, familiar e profissional.

O Executivo pretende também identificar irregularidades no mercado de trabalho. Para isso, garante que vai reforçar os mecanismos de fiscalização, apostando no cruzamento de dados entre várias entidades. A semana de quatro dias também está na agenda. Ainda este ano vai ser desenvolvido um projeto-piloto, de base voluntária e sem perda de rendimento.

Apesar destas medidas trazerem melhorias para muitos trabalhadores, a verdade é que ainda há muito a fazer para combater a precariedade laboral e as desigualdades, especialmente ao nível das progressões na carreira e na atribuição mais justa de ordenados. 

 

Fontes:

https://sicnoticias.pt/pais/2023-04-30-O-que-muda-no-mercado-de-trabalho-a-partir-de-1-de-maio--ad80cf05

https://sicnoticias.pt/pais/2023-05-01-Dia-do-Trabalhador-comemora-se-em-varios-pontos-do-pais-029dc891

https://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_do_Trabalhador

https://www.mulherportuguesa.com/lazer/festas-tradicoes/1-de-maio-dia-do-trabalhador/

 

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publicado às 16:31

Dia mundial da televisão

por Elsa Filipe, em 21.11.22

A televisão veio revolucionar os meios de comunicação social, mas veio também alterar as rotinas de muitas famílias.

Hoje celebra-se o Dia Mundial da Televisão.

Foi a 15 de dezembro de 1955 que a RTP — Radiotelevisão Portuguesa foi constituída, por influência do ministro da presidência, Marcelo Caetano, que conseguiu exercer influência junto de António de Oliveira Salazar, o então chefe de estado português. Assim, às 21h30 de 4 de setembro de 1956, começaram as primeiras emissões experimentais do canal público. 

A partir de 7 de março do ano seguinte, iniciaram-se as emissões regulares que, nessa altura, só podiam ser captadas na região de Lisboa. Como quase ninguém tinha um aparelho de televisão em casa, as pessoas procuravam alguns locais para assistirem às emissões.

A televisão portuguesa tinha regras mais rígidas do que as outras televisões, porque nessa altura, Portugal estava ainda "sob o pulso forte da ditadura imposta pelo Estado Novo e a televisão, tal como todos os outros meios de comunicação social existentes nessa altura em Portugal, estava sob o controlo da censura. A 25 de abril de 1974, a revolução e a consequente queda da ditadura portuguesa, fez com que o país se libertasse da censura.

A emissão regular a cores em Portugal, só acontece em março de 1980, com o Festival RTP da Canção.

Desde o seu início, a televisão trouxe-nos uma certa magia e algum deslumbramento. Em casa, gosto de rever alguns programas mais antigos, mas não sou saudosista. Relembro aqueles grandes comunicadores que fizeram parte da minha infância e relembro aquela televisão enorme com imagem a preto e branco que havia em casa da minha avó e que tinhamos de estar sempre a sintonizar. Lembro-me da música de abertura da emissão pela manhã, pois era a essa hora que estava a beber o leite para ir para a escola.

A televisão é para mim ainda hoje uma companhia. 

 

Fontes:

https://arquivos.rtp.pt/conteudos/1a-emissao-experimental-da-rtp/

https://magg.sapo.pt/televisao/artigos/dia-mundial-da-televisao-como-foi-a-primeira-emissao-dos-canais-generalistas-portugueses

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publicado às 13:54

Em arrumações...

por Elsa Filipe, em 22.09.22

Quando chega setembro e a vida escolar reinicia, tenho o hábito de organizar as papeladas cá de casa, atualizar o meu currículo, tentar reorganizar o computador. Esta é a tarefa em que desisto logo, porque começo bem mas depois já há pastinhas dentro de pastas, pastas que se calhar já tenho repetidas e devia apagar mas não apago (não vá precisar de alguma coisa qe lá esteja e não me lembre). E depois há os emails com os pedidos de formação em que vêm os DTP's para preencher, os formulários que têm de ser entregues assinados e lá vou descarregando tudo para aquela pasta onde está tudo e onde dias depois já não encontro é nada.

Felizmente, com papéis e dossiers sou um pouco mais organizada, pelo menos, tento ser. Guardo agendas, escrevo os meus cadernos e diários e guardo aqueles miminhos que me vão dando, desenhos do meu filho ou de alunos meus, apontamentos e notas. Mas tempo deixá-los organizados, agrafados por vezes nas páginas das agendas ou colados em diários onde um dia deixarão de ter importância. No meio das papeladas, é sempre giro encontrar um pedaço de papel que nos faz lembrar uma coisa boa que nos aconteceu, uma conversa com alguém, uma criança que já cresceu mas que um dia foi pequenina e nos escreveu algo com uma caligrafia infantil.

Começo então no meio destas papeladas e coisinhas e agendas e diários a perceber que o meu percurso já foi muito rico. Na verdade, tenho feito muita coisa, não me posso queixar das oportunidades que tenho tido e sempre que uma porta se tem fechado para mim, outras se têm aberto, mais rápido ou menos é certo, mas as oprtunidades vão surgindo. Para isso acho que também contribui eu tentar estar sempre ocupada extra trabalho, ou a ter formação ou a dar formação. Ambas as modalidades me agradam. Agora por exemplo, recusei ir ter uma ação de formação que me interessava fazer para enriquecer o meu currículo, para poder ter disponibilidade para dar uma ação de formação já no mês de outubro sobre Cuidados de saúde para crianças e jovens. Adoro estes desafios, ainda mais quando junto as duas áreas que amo, educação e saúde infantil. Dou sempre o meu melhor, mas nunca fico satisfeita e lá vou eu voltar a rever todos os slides que já fiz da última vez, criar novas tarefas e preencher novas grelhas. A cada turma, dedico o meu tempo, o meu carinho e atenção, mesmo on line, sinto que ainda consigo ter essa ligação pedagógica. E isso faz-me sentir bem e continuar a gostar daquilo que faço.

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publicado às 18:56

Setembro

por Elsa Filipe, em 03.09.22

Sempre amei setembro. Era apenas o mês do meu aniversário e de ir comprar os materiais para a escola. E eu adorava o regresso à escola! Sabia que normalmente no dia dos meus anos, havia uma mochila ou um estojo novo, ofereciam-me às vezes diários e agendas escolares nas quais eu adorava começar a escrever e, claros, os livros! Era o mês de ir à papelaria buscar os livros novos! 

Agora vêm pelo correio, encomendados pela internet e os manuais muitas vezes que se vão buscar à escola, não cheiram a novo. Se por um lado (e a minha carteira agradece MUITO por isso) nos tiraram as despesas abismais de comprar manuais escolares todos os anos, acho que o meu filho nunca vai saber o que era desembrulhar uma pilha de manuais. Depois recordo a parte horrível da coisa, que era a minha mãe a tentar plastificá-los e aquilo a ficar cheio de bolhas. Às escondidas, eu lia os contos do manual de português e, às vezes, terinava a caligrafia com cópias daqueles que mais me agradavam. Havia tempo para isso, hoje as prioridades são outras e os miúdos não vão perder tempo a ler aquilo que depois terão de dar na escola.

Agora setembro é também o mês do aniversário do meu filho, de lhe comprar os materiais e preparar o início do novo ano letivo. Eu vibro muito mais do que ele, apaixonada pelos dossiers, cadernos e canetas e ele diz-me "quero um dossier liso, vermelho". O quê? Nestas alturas gostava de ter tido uma menina pirosa para lhe comprar cadernos e canetas cheias de cores pirosas! Bem, no fundo, não. Gosto da praticidade dele! E da segurança com que me diz "querias estar a gastar dinheiro em autocolantes e canetas com unicórnios?" Não, também acho que não era preciso tanto, mas já agora ainda tenho de ir comprar a minha agenda para este ano. Já escolhi, vai ser uma daquelas com frases e autocolantes super giros (e pirosos) que vende no Lidl. Pronto. O meu lado feminino tem de ser cultivado e mimado, certo?

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publicado às 19:12

Hoje é Dia Mundial da Fibromialgia

por Elsa Filipe, em 12.05.22

Ainda estou a aguardar um diagnóstico definitivo, ou seja, uma declaração por escrito que indique preto no branco que sou portadora. Mas a Fibromialgia já me acompanha há alguns anos, mesmo sem eu saber.

Segundo alguns médicos, é uma doença difícil de diagnosticar e outros acham que ela não existe. Posso-vos dizer: sim, existe. E é uma condição que nos debilita e com a qual é muito difícil de lidar!

Segundo um artigo do Drº João da Fonseca, do Serviço de Reumatologia e Doenças Ósseas Metabólicas, do Hospital de Santa Maria, alguns casos surgem no contexto de dor crónica prévia (um traumatismo, um problema ortopédico ou uma doença reumática crónica, como por exemplo a artrite reumatóide).

A fibromialgia resulta de um processo crónico de generalização e amplificação dolorosa e é considerada atualmente como uma perturbação de integração da dor a nível central (córtex cerebral). Há uma amplificação do sinal nociceptivo com uma diminuição do limiar da dor.

Segundo este mesmo especialista, a intervenção terapêutica é difícil, mas é fundamental a perceção correta por parte do doente do seu diagnóstico e em que consiste a fibromialgia. Nesta mesma linha a intervenção psicológica cognitivo-comportamental é um reforço importante na evolução positiva do quadro clínico. Outros aspetos críticos são a correção dos problemas de sono e/ou de um estado depressivo e o exercício físico regular.

Falando no aspeto terapêutico, no meu caso foi difícil de acertar com as doses certas e com os fármacos correto. Ao início andava ora cheia de dores, ora quase drogada, sem me conseguir levantar nem ter uma vida normal e produtiva. Só na Unidade da dor do Hospital Garcia de Orta, a médica conseguiu perceber quais eram as minhas limitações.

Segundo o Drº João da Fonseca, relaxantes musculares, com destaque para a ciclobenzaprina, podem oferecer algum controlo da dor e benefício no padrão de sono. os antiepiléticos como a pregabalina e a gabapentina podem ser usados com o mesmo objetivo. O tratamento de episódios de agravamento da dor deve ser iniciado com paracetamol ou com a associação paracetamol-tramadol. O uso de antidepressivos deve ser considerado numa perspetiva de interferência com os sintomas dolorosos e/ou, se justificado, para o tratamento de uma depressão concomitante. 

 

Fontes:

https://www.medicina.ulisboa.pt/hoje-e-dia-mundial-da-fibromialgia

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publicado às 16:14


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