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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
O primeiro ministro de Israel anunciou "um acordo de cessar-fogo no Líbano após uma reunião do Conselho de Segurança de Israel." Este acordo "abre espaço para pôr termo a quase 14 meses de combates iniciados após a resposta israelita ao ataque de 7 de outubro do Hamas." Mas será que o acordo vai ser respeitado?
Entre outras coisas, esta trégua de 60 dias, que foi mediada com os EUA e com a França, "implicaria o fim da presença armada do Hezbollah ao longo da fronteira a sul do rio Litani e exigiria a retirada das tropas israelitas do sul do Líbano," ali colocadas "para combater as milícias xiitas libanesas do Hezbollah." A área situada entre uma e outra região, "ficará sob responsabilidade de uma força de cinco mil soldados das forças armadas libanesas e de contigentes da ONU integrados na UNIFIL." Esta proposta, na qual está incluida "a criação de um comité internacional para monitorizar a aplicação do acordo, liderado pelos Estados Unidos, é muito semelhante àquela que em 2006 foi feita com o apoio norte-americano "e que originou 17 anos de tréguas entre o Hezbollah e Israel. Na altura, constituiu-se uma força das Nações Unidas, a UNIFIL, em apoio ao exército do Líbano, que seria agora reforçada."
No entanto, antes do cessar-fogo ter sido anunciado, os ataques contra Beirute agravaram-se, com o envio da parte de Israel de "uma forte vaga de ataques aéreos" contra a capital do Líbano e que resultaram na morte de, pelo menos, sete pessoas.
O acordo não é extensível a Gaza, havendo mesmo a intenção de intensificar os ataques na região.
Fontes:
Israel atacou ontem as "cidades libanesas de Haret Saïda, Aïn Baal e Bourj al-Chemali," provocando pelo menos 21 mortos.
Hoje, a cidade de Tiro (cidade libanesa que alberga locais históricos inscritos pela UNESCO na sua lista de património mundial), provocando, para já, sete mortos e dezassete feridos. O alvo terá sido uma zona residencial. As forças israelitas tinham dado ordens de evacuação ao "início desta manhã," emitindo "um aviso de evacuação para várias zonas da cidade," e garantindo que o alvo são os "centros de comando de unidades do Hezbollah." Israel afirma querer "neutralizar o Hezbollah para pôr termo ao lançamento de foguetes" a partir do território libanês "e permitir que dezenas de milhares de pessoas deslocadas regressem a casa."
Enquanto isso, continuam os ataques na Faixa de Gaza, onde um drone israelita terá morto três pessoas. Em Jabalya, "onde o exército israelita tem conduzido uma devastadora ofensiva terrestre e aérea desde 6 de outubro para impedir o Hamas de reagrupar as suas forças", uma "escola convertida em abrigo para pessoas deslocadas" foi também atacada, com o resultado de nove mortos.
Infelizmente, quem sofre no meio de tudo isto, é a população civil... famílias inteiras deslocadas, fome, frio e doenças que levam ao decréscimo da qualidade de vida destas populações. Apesar de várias tentativas de negociação, o cessar-fogo parece estar longe de acontecer...
Fontes:
https://www.jn.pt/2736835242/israel-ataca-cidade-libanesa-de-tiro-apos-apelos-de-evacuacao/
...e o líder do Hezbollah terá sido dado como morto. É nesta situação que agora todas as atenções se estão a focar.
Hassan Nasrallah, líder do movimento islamita libanês, terá sido morto "durante um ataque aéreo na sexta-feira à sede da organização em Beirute." Além dele, terão ainda sido eliminados "outros comandantes do Hezbollah que se encontravam no mesmo local, em Dahiyeh, um subúrbio do sul de Beirute, densamente povoado."
A sede do Hezbollah, estaria a funcionar "numa estrutura subterrânea, debaixo de um edifício residencial," o que levou também à morte de vários civis, cujo número ainda não foi revelado. "As forças israelitas dizem não ter ainda essa informação, recusando especificar o tipo de armamento usado no bombardeamento, assim como detalhes sobre a comprovação da morte de Nasrallah." Sabe-se apenas que terá sido através de um dos vários ataques de precisão lançados contra Beirute, com recurso "a um esquadrão de caças F15I munidos de bombas antibunkers."
De acordo com o jornal New York Times, citado pelo Observador, terão sido "lançadas mais de 80 bombas durante vários minutos com o objetivo de matar Hassan Nasrallah," num ataque que teria "começado a ser planeado no início da semana passada, ainda antes de Netanyahu, primeiro-ministro israelita deixar o país para marcar presença na Assembleia Geral das Nações Unidas."
A situação envolve também o Irão.
Ali Khamenei, líder do Irão, deixou numa "mensagem muito clara sobre as consequências dos ataques militares ao Líbano," que "é obrigatório para todos os muçulmanos apoiar orgulhosamente o povo libanês e o Hezbollah.," contra Israel que acusa de ser um "regime usurpador, cruel e maléfico."
Nasrallah, nasceu em 1960 e tinha 67 anos. "Quando Israel invadiu o Líbano, em 1982, Nasrallah juntou-se a um grupo de combatentes que evoluiria para o atual Hezbollah."
Desde 1992 que era líder do movimento "em substituição de Abbas Moussaoui, depois de este ter sido igualmente morto durante um ataque israelita com um helicóptero."
Durante os últimos anos, viveu quase sempre escondido e tornou-se "o homem mais poderoso e influente" do Líbano. A sua popularidade "no seio da comunidade xiita é apoiadas por uma vasta rede de escolas, hospitais e associações ao serviço dos seus apoiantes. Membro do governo e do parlamento, onde nem o seu campo nem os seus opositores têm maioria absoluta, impediu a eleição de um Presidente da República durante quase dois anos."
Entre ontem e hoje, estão ainda a ser retirados do Líbano vários portugueses.
Fontes:
https://observador.pt/liveblogs/israel-diz-que-matou-lider-do-hezbollah/#liveblog-entry-678580
E parece que pouco ou nada se pode fazer.
Nos ataques que Israel levou a cabo contra o Líbano entre ontem e hoje, já se contabilizam 558 mortos - o "número mais elevado desde a última guerra entre o Hezbollah e Israel em 2006." Nesta lista, estão "50 crianças e 94 mulheres." Ao número de mortos, é preciso acrescentar os feridos - "1835 feridos até agora" - muitos deles, graves.
O ministro libanês da Saúde, Firass Abiad, “desmente todas as alegações israelitas de que os alvos são combatentes", acrescentando que "na verdade, infelizmente, a grande maioria, se não todos, são pessoas desarmadas que se encontravam nas suas casas". Muitos habitantes do sul do Líbano acabaram por fugir "em massa para Beirute," devido incessantes bombardeamentos por parte da aviação israelita. "A preocupação também atinge a capital libanesa com habitantes a receberem avisos israelitas nos seus telemóveis e linhas fixas. As escolas foram encerradas em todo o país."
Durante esta manhã, dezenas de rockets foram disparados do Líbano contra Israel, em retaliação, atingindo diversos edifícios. De um lado, ou do outro, quem sofre é o povo...
As companhias aéreas já estão a cancelar os voos para Beirute devido ao risco de insegurança que o intensificar deste conflito está a provocar.
O Irão promete que não vai abandonar o Hezbollah e a escalada de violência não parece parar aqui. Como pode alguém aguentar tudo isto? Como não compreender que, muitas destas pessoas, queiram afinal sair destes territórios, deixando para trás o pouco que tinham?
Hoje começou a "79.ª Assembleia Geral da ONU" onde António Guterres apelou "à comunidade internacional" para que se mobilizasse de forma a que "seja alcançado um acordo de cessar-fogo e de libertação de reféns entre Israel e o Hamas." Referiu ainda que “devemos todos ficar alarmados com a escalada" de violência que está a lcolocar o "Líbano à beira do abismo." Apela a que se faça alguma coisa para que "o Líbano" não "se transforme noutra Gaza."
Fontes:
https://www.rfi.fr/pt/geral/20240924-ataques-israelitas-no-l%C3%ADbano-provocaram-mais-de-550-mortos
Uma comitiva que transportava diplomatas de vários países foi alvo de um "ataque no Paquistão," levando à morte de um polícia e a ferimentos em três outros. Na comitiva seguiam "o embaixador russo e diplomatas portugueses, iranianos, turcomanos, tajiques, cazaques, bósnios, zimbabueanos, ruandeses e vietnamitas." O ataque aconteceu "no vale do Swat, em Khyber Pakhtunkhwa, na fronteira com o Afeganistão." Os diplomatas estariam a participar num encontro para "promover o comércio local, conhecido pelo seu artesanato e pedras preciosas."
Na caravana, composta por 12 diplomatas, "viajava o embaixador português, Frederico Silva, que o Ministério dos Negócios Estrangeiros português confirmou à Lusa estar bem," uma vez que ia a meio do comboio e a viatura onde seguia não chegou a ser atingida. Esta é uma região perigosa por ser um "bastião dos talibãs paquistaneses (TTP), treinados para o combate no Afeganistão e que defendem a mesma ideologia dos talibãs afegãos."
Ontem, escrevi sobre a situação tensa no Médio Oriente e até agora os ataques não cessaram - nem tão cedo se espera que isso aconteça, infelizmente. Nos últimos dias, os ataques contra território libanês já provocou "dezenas de mortos, segundo a Defesa Civil," sendo que "o balanço provisório do atentado de sexta-feira é de 50 mortos e 66 feridos, mas há ainda 11 desaparecidos."
Preocupado com a escalada do conflito, "o secretário-geral da ONU, António Guterres," receia que o conflito no Líbano se torne "uma nova Gaza", numa entrevista dada à CNN.
Depois de aconselhar os habitantes do sul do Líbano a "manterem-se afastados" de edifícios onde o "Hezbollah pode ter armazenadas armas" e que possam ser alvos "do movimento pró-iraniano Hezbollah," Israel lançou esta segunda-feira dezenas de ataques "no sul e no leste do Líbano." Em cerca de meia horam foram lançados "mais de 80 ataques aéreos."
A agência Reuters, descreveu os bombardeamentos desta manhã "como os mais vastos que Israel realizou em simultâneo desde outubro do ano passado." Na última sexta-feira, o exército israelita assassinou "um importante comandante do Hezbollah, Ibrahim Aqil, num bombardeamento em Beirute que fez pelo menos 12 mortos, incluindo cinco crianças."
Este comandante era "procurado há décadas pelos Estados Unidos" acusado de ter sido responsável "pela morte de mais de 300 pessoas nos atentados de 1983 em Beirute." O ataque de 1983 terá morto 307 pessoas que se encontravam num "quartel de uma força internacional de manutenção de paz," entre as quais "241 militares norte-americanos." A explosão de um camião provocou ainda a morte de "63 pessoas na embaixada norte-americana," daquele país.
https://www.publico.pt/2024/09/23/mundo/noticia/israel-ataca-alvos-sul-leste-libano-2105114
Não tem havido dia em que não se fale da tensão vivida no Médio Oriente e, esta semana, a situação não foi diferente. Este foi mais um fim de semana sangrento em que nenhum dos lados teve paz.
Um dos ataques mais importantes - não pela ocorrência de vítimas, mas pelo seu simbolismo - foi sem dúvida o encerramento da estação de televisão Al-Jazeera, por forças israelitas que "entraram nas instalações do canal de rosto coberto e fortemente armados," dando ordens de encerramento da "redação em Ramallah, na Cisjordânia ocupada." O encerramento foi ordenado "45 dias." Quando se retira do povo o direito a ter acesso ao que se passa, através dos meios de comunicação social, retira-se uma importante parte dos seus direitos. Já no passado dia 12 de setembro, o Governo israelita tinha anunciado "a retirada de acreditações aos jornalistas da Al-Jazeera, cujas emissões já tinham sido proibidas em inícios de maio por, alegadamente, violarem a segurança do Estado." Estes atos vão contra a liberdade de imprensa, defendida pelo direito internacional.
Israel poderá ter estado por trás do ataque feito através de "materiais explosivos" colocados em "pagers que foram vendidos ao Hezbollah e que explodiram na terça-feira, provocando pelo menos nove mortos e 2.800 feridos." Os aparelhos de comunicação portáteis "explodiram, de forma quase simultânea, no Líbano," ferindo "centenas de membros do grupo xiita," entre os quais o próprio "embaixador do Irão no Líbano, Mojtaba Amani."
Apenas algumas horas depois deste ataque, foram usados "aviões de guerra israelitas" para efetuar dezenas de ataques no sul do Líbano, respondendo à ameaça de retaliação feita pelo "líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah", que sobreviveu ao ataque feito "com explosivos em pagers e walkie-talkies, nos últimos dias."
A situação entre Israel e Líbano está a escalar cada vez mais depressa. O "Hezbollah disparou mais de 100 projéteis durante a noite," atingindo várias aldeias e "obrigando milhares de residentes e refugiarem-se em abrigos antiaéreos." Como resposta ao ataque feito através do território libanês, Israel lançou centenas de mísseis, tendo atingido, segundo informação do exército israelita, "cerca de 400 alvos no sábado, incluindo lança-foguetes do Hezbollah, e que irá continuar a atacar o movimento apoiado pelo Irão." Em Israel foram já encerradas "todas as escolas" e foram restringidos "ajuntamentos no norte do país."
No que respeita ao outro lado do conflito, Gaza foi novamente atacada este sábado, tendo sido atingida "uma escola que abrigava milhares de desalojados no sul de Gaza." Contam-se já oito crianças entre as desassete vítimas mortais. Contam-se ainda 30 feridos. As "vítimas são maioritariamente mulheres e crianças que estavam abrigadas na escola para fugir à guerra naquela região."
Na mesma zona de Gaza, foi também "registado um ataque a outra escola, onde várias pessoas ficaram feridas." Os números mais recentes apontam para 60 mortos desde sexta-feira, provocados por "bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza," entre os quais estão três palestinianos que perderam a vida, no ataque a um autocarro que "transportava deslocados," perto da "passagem de al-Abas."
"Em Rafah, no sul, pelo menos 14 habitantes de Gaza foram mortos em dois ataques israelitas, segundo a Defesa Civil, 13 deles numa única casa bombardeada, e mais uma pessoa foi morta quando conduzia numa mota na zona de Khirbet al-Adas."
Fontes:
https://www.rtp.pt/noticias/mundo/israel-lanca-grandes-ataques-contra-o-libano_a1601288
Em resposta aos ataques contra a Palestina, o detentor do segundo maior exército da NATO, ameaçou Israel de poder vir a entrar no seu território com o objetivo de proteger os palestinianos. Erdogan, chegou mesmo a aludir ao apoio dado pela Turquia "ao Azerbaijão durante a Segunda Guerra do Nagorno-Karabakh contra a Arménia, em 2020," bem como ao envio de tropas para a Líbia em apoio ao "Governo de Acordo Nacional da Líbia," reconhecido pelas Nações Unidas, durante o mesmo ano.
Lembremo-nos que estas ameaças já vêm de trás, quando em inícios de dezembro, Israel afirmou que entraria pela Turquia se fosse necessário para combater o Hamas, mas com o agravamento da situação a cada dia que passa, poderemos ver em breve o escalar do conflito, com apoiantes dos dois lados a mostrar o seu poder bélico e a afrontar os seus opositores.
Erdogan criticou a "visita do primeiro-ministro israelita a Washington, onde foi aplaudido por representantes" de ambas as câmaras e acusou "o líder israelita Benjamin Netanyahu de genocídio, suspendendo todo o comércio com Israel e chamando de volta o embaixador turco."
Esta escalada de retórica, vem levantar "receios de um conflito regional mais amplo" que pode vir a envolver a NATO de uma forma mais intensa e direta. Netanuahu veio já comparar Erdogan a Saddam Husseim, relembrando a forma como o ditador iraquiano foi capturado e morto.
Se por um lado espero que "alguém" ponha "mão" em tudo isto e que os sucessivos ataques contra os palestinianos acabem, por outro, a entrada da Turquia nas hostes pode trazer graves consequências com o envolvimento da NATO. O que pode estar em causa é o envolvimento de vários países, alguns dos quais sob regimes ditatoriais que têm no seu território "zonas quentes" detidas por grupos armados.
Depois de, durante a noite passada, Israel "ter atingido uma série de alvos no Líbano," vem também o Hezbollah afirmar que efetuou diversos "ataques contra Israel", embora felizmente, não ter chegado a haver "relatos de vítimas destes ataques".
Fontes:
https://zap.aeiou.pt/turquia-admite-entrar-em-israel-para-proteger-palestinianos-617430
Voltamos a falar de ataques na zona de Golã, anexada por Israel e onde várias crianças e jovens perderam a vida este sábado, num ataque com um míssel, que foi "atribuído ao Hezbollah libanês." O ataque atingiu um campo de futebol, na cidade de Majdal Shams e matou "12 jovens, com idades entre os 10 e os 16 anos, e feriu cerca de 30 outras pessoas." As crianças atingidas são de origem drusa, ou seja, árabes. O míssel que ontem atingiu o campo de futebol, é do "tipo Falaq, com uma ogiva de 53 quilos."
Horas antes, Israel tinha "atingido uma escola na Faixa de Gaza," onde "morreram trinta pessoas. Metade das vítimas eram crianças." Mais uma vez, o discurso é o mesmo: o local era um "centro de comando e controlo do Hamas". Todavia, aquilo que se vê é que era um abrigo, onde estavam "dezenas de palestinianos deslocados" e que há dias tinham regressado do Egipto.
O Irão, forte apoiante do Líbano, veio já avisar Israel das "consequências" que pode ter se empreender "um ataque de retaliação no Líbano." Já a Síria, tem opinião diferente, acusando Israel de ser o verdadeiro culpado deste ataque. "A entidade de ocupação israelita cometeu ontem um crime hediondo na cidade de Majdal Shams, no Golã sírio ocupado desde 1967, e depois culpou a resistência nacional libanesa (Hezbollah) pelo seu crime", afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros sírio num comunicado.
Em retaliação, Israel empreendeu já vários ataques, bombardeando "sete regiões do sul e interior do Líbano." Estes ataques foram "dirigidos às zonas libanesas de Sabrinha, Borj El Chmali, Beka'a, Kfar Kila, Rab a-Taltin, al Khyam e Tir Hafa."
Fontes:
Neste momento, o Médio Oriente encontra-se em grande tensão, com Israel no centro dos conflitos. Se por um lado, as forças israelitas se mantém na Faixa de Gaza, onde os bombardeamentos se sucedem, por outro, estamos neste momento a ver o intensificar do conflito entre o Hezbollah e Israel, bem como ataques na região de Golã, tomada pelos israelitas, na Síria.
Nos últimos dias, os ataques têm-se repetido. Esta manhã, o exército israelita intercetou um míssil que se aproximava do país, proveniente do Iémen. Os houthis reivindicaram a responsabilidade pelo lançamento de "vários mísseis balísticos" contra Israel, depois do "ataque israelita no porto iemenita de Hodeida", que causou "seis mortos e mais de 80 feridos."
Os houthis são um "movimento xiita rebelde apoiado pelo Irão," que há meses, se encontra a atacar "navios que consideram ligados a interesses" de Israel, "ao largo das costas do Iémen." Os houthis estão integrados no "eixo de resistência". Este eixo é de facto "uma coligação liderada pelo Irão" da qual fazem parte também, "entre outros, o grupo islamita palestiniano Hamas e o movimento xiita libanês Hezbollah."
Mas contextualizando um pouco. Este conflito, voltou a estar no plano do dia desde 8 de outubro de 2023 (dia seguinte ao dos ataques a Israel por homens armados do Hamas) quando o grupo armado Hezbollah disparou contra alvos israelitas a partir do Líbano, afirmado estar a agir em apoio a Gaza. Seguiram-se ataques contra aeroportos sírios, da parte de Israel, "enquanto milícias armadas" pelo Irão disparam "mísseis de dentro da Síria" em direção ao território israelita.
Tal como o Hamas, o Hezbollah é classificado por muitos países como "um grupo radical islâmico" e uma organização terrorista, mas é também um partido político. O grupo "surgiu como uma milícia durante a guerra civil do Líbano, quando Israel invadiu o país em 1982", com "o apoio do Irão durante a ocupação israelita, embora as suas raízes ideológicas remontem ao renascimento islâmico xiita no Líbano nas décadas de 1960 e 1970." Apesar de alguns libaneses o considerarem como sendo "uma ameaça à estabilidade do país, o grupo continua a ter uma grande popularidade "entre a comunidade xiita."
Há 18 anos, em 2006, "o Hezbollah e Israel travaram uma guerra brutal que durou um mês, fazendo 1200 mortos do lado libanês e 160 israelitas, na sua maioria militares." Desde então, o Hezbollah e Israel continuam esporadicamente a trocar tiros nas suas fronteiras. Acredita-se que o Hezbollah tem, neste momento, armamento suficiente para se tornar um forte opositor de Israel, especialmente devido ao apoio do Irão.
O que fez aumentar a violência foi a morte de Mohammed Nimah Nasser, procurado por ser comandante do Hezbollah e cuja viatura foi atingida a 3 de julho, "em plena luz do dia, com um ataque aéreo." Para os apoiantes do Hezbollah, foi considerado um "mártir" e o seu funeral foi cuidadosamente preparado. Depois do enterro, muitos se mostravam prontos para a guerra, para retaliar a morte de um dos seus líderes, num país que neste momento "não tem presidente," mas sim um "governo provisório e uma economia destroçada."
O Líbano encontra-se dividido: se uns querem seguir os ideais do Hezbollah e avançar para a guerra, outros, a última coisa que querem é voltar a estar em guerra. Infelizmente, muitos acreditam que a saída honrosa é o martírio. "Alguns países como a Alemanha, os Países Baixos, o Canadá e a Arábia Saudita já disseram aos seus cidadãos para deixarem o Líbano imediatamente. O Reino Unido desaconselhou todas as viagens ao país e está aconselhando os britânicos que estão no país a partirem."
À medida que os ataques e contra-ataques entre estas duas forças continuam, muitas famílias sofrem e vários inocentes são mortos. Além do Líbano, na região Síria de Golã, tomada por Israel, está também a ser alvo de ataques do Hezbollah. Nas colinas de Golã, um casal israelita foi morto quando o seu carro foi atingido por fogo do Hezbollah, deixando três filhos adolescentes. Já no sul do Líbano, três crianças entre os quatro e os oito anos, foram mortas num ataque israelita. Apenas dois exemplos entre muitos...
Mas que papel tem a Síria neste conflito?
É complicado de entender. Se por um lado temos a Síria como apoiante da Palestina, por outro temos vindo a assistir ao longo dos últimos anos a vários ataques sírios contra grupos palestinianos, tal como o que sucedeu em "Yarmouk, um bairro de maioria palestina" que acabou por se tornar num campo de refugiados. Depois de "forças rebeldes tomarem Yarmouk, as tropas de Assad impuseram um cerco, barrando a entrada de comida, medicamentos, energia e outros mantimentos. Como ninguém podia entrar ou sair dali, muitos passaram a se referir ao lugar como a Gaza da Síria".
Fontes:
https://www.bbc.com/portuguese/articles/crgk7xej3k3o
https://www.dw.com/pt-br/o-papel-da-s%C3%ADria-no-conflito-entre-israel-e-hamas/a-67407431
https://sicnoticias.pt/mundo/2024-07-21-houthis-ameacam-israel-com-continuacao-dos-ataques-f3dd399f
As Nações Unidas já alertaram que os bombardeamentos aéreos israelitas estão a atingir o Líbano de forma “cada vez mais profunda” e que "já deixaram 344 mortos, incluindo 18 jovens." Como resultado destes ataques, "as principais infraestruturas das estações de água foram destruídas, deixando cerca de 100 mil pessoas sem acesso a água potável” e "23 unidades de saúde, que atendem 4 mil pessoas," foram também encerradas.
De certa forma, a situação em Gaza acaba por estar a afetar o Líbano, provocando também aí o agravamento da situação humanitária, "aumentando a insegurança alimentar, especialmente entre as crianças que vivem em acampamentos informais para deslocados." Uma das consequências, além da fome, é o aumento do trabalho infantil. Há casos de crianças com quatro anos ou até menos que estão a ser "forçadas a trabalhar na agricultura. Nos centros de saúde, os médicos relataram casos de crianças de sete anos com problemas nas costas por causa das pesadas cargas de lixo que carregam diariamente." Além do mais, o risco aumenta com a grande "quantidade de explosivos não detonados que existem agora" em muitas das zonas agrícolas.
A violência exercida por Israel contra territórios palestinianos e que se tem vindo a agravar cada vez mais, chegou também ao Líbano, onde "Israel lançou uma série de ataques contra o que disse serem fábricas de armamento do Hamas não só na Faixa de Gaza, mas também no sul do Líbano." A verdade, é que a organização terrorista Hamas "tem uma forte influência junto dos campos de refugiados palestinianos" que se localizam na região sul deste país. Os ataques de Israel vêm também em "resposta a uma chuva de rockets, na sua maioria intercetados pela cortina de ferro israelita, disparados a partir de território libanês."
Mas este conflito está longe de ser novo. A tríade Israel, Líbano e Síria, assim como várias milícias não-estatais que atuam no Líbano, estão esm guerra desde há muitos anos e a situação está longe de ser resolvida.
Fontes:
https://news.un.org/pt/story/2024/04/1830996
https://pt.euronews.com/2023/04/07/espiral-de-violencia-chega-ao-libano
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