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Itália e França atingidas pelo mau tempo

por Elsa Filipe, em 21.10.24

O mau tempo tem estado a assolar várias regiões de Itália e do centro de França. 

"A região italiana de Emilia Romagna foi a mais atingida."  Na cidade de Pianoro, "uma pessoa morreu" quando a sua viatura foi arrastada pela força das águas. Os rios Icice, Elsa e Salto, bem como o ribeiro Crostolo, um afluente do rio Pó, transbordaram, provocando "inundações repentinas." Nos primeiros dias desta catástrofe, "uma pessoa de 75 anos que foi apanhada pela chuva enquanto caminhava na floresta perto de Génova acabou por falecer." Na cidade de Siena, "os caminhos-de-ferro ficaram cobertos de água."

Já há cerca de um mês, a região tinha sido afetada por fortes chuvas. Nessa altura, a tempestade Boris levou a que os rios transbodassem "em muito pouco tempo e houve vários deslizamentos de terras."

Em França, as fortes chuvas levaram também à ocorrência de graves inundações que "causaram danos generalizados e cortes de eletricidade," tendo a "pequena aldeia de Limony, no sudeste do país," sido "particularmente afetada."

Em Annonay, França, "as águas subiram repentinamente quando a barragem de Ternay, ao norte, transbordou." Os rios Deûme e Gier, também transbordaram. Várias estradas tiveram de ser encerradas de forma a evitar vítimas.

Por cá, o mau tempo ameaçou, mas a situação não teve nem comparação com o que se está a passar nestes dois países. A situação foi pior nas zonas de Lisboa e Vale do Tejo, tendo-se registado várias inundações e quedas de árvores.

Fontes:

https://pt.euronews.com/my-europe/2024/10/20/cheias-causam-mortes-e-estragos-em-italia-e-franca

https://www.trt.net.tr/portuguese/europa/2024/10/18/chuvas-fortes-provocam-cheias-em-italia-registou-se-1-morto-2200300

https://www.rfi.fr/br/fran%C3%A7a/20241017-chuvas-provocam-fortes-enchentes-e-alagamentos-no-sudeste-da-fran%C3%A7a

https://observador.pt/2023/10/20/mau-tempo-portugal-continental-com-2-694-ocorrencias-ate-as-22h00/

 

 

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publicado às 19:20

Naufrágio em Palermo

por Elsa Filipe, em 20.08.24

Ontem ocorreu um naufrágio ao largo de Palermo. Segundo as autoridades locais, pode ter-se dado o caso do veleiro ter sido atingido por um pequeno tornado (um fenómeno conhecido como tromba de água), que na altura passou por aquela região, e que pode ter sido a causa para o naufrágio desta embarcação "por volta das 5 horas da manhã de segunda-feira." 

Segundo o relato de várias testemunhas, parece "que o mastro do barco, com 75 metros (um dos mais altos do mundo) quebrou durante a tempestade, o que provocou um desequilíbrio na embarcação e consequente naufrágio."

Durante o dia de ontem chegou a ser "recuperado o corpo de um membro da tripulação, o cozinheiro Ricardo Tomas." Foi também "revelada a identidade dos desaparecidos: Jonathan Bloomer, o presidente do Morgan Stanley International, a sua esposa Anne Elizabeth Judith Bloomer, o empresário britânico Mike Lynch e a sua filha Hanna, o advogado de Lynch, Chris Morvillo e a sua esposa Nada."

Na altura do naufrágio, o "veleiro de cerca de 56 metros tinha 22 pessoas a bordo"e encontrava-se "ancorado" a cerca de "500 metros do porto de Porticello quando uma tempestade inesperada a atingiu". Dentro do iate decorria uma festa. "Pensa-se que as pessoas desaparecidas estivessem nas suas cabines", sendo possível que os corpos ainda estejam no interior do veleiro. 

"As autoridades conseguiram resgatar 15 pessoas do mar," estando um bebé de apenas um ano entre os resgatados. A mãe da criança conseguiu explicar que “enquanto dormiam, a certa altura o iate virou devido ao tornado e eles deram por si na água”. A bebé foi entretanto "transportada para o Hospital Infantil de Palermo." Foi também resgatada a mulher do empresário britânico Mike Lynch.

Infelizmente, a esperança para os desaparecidos é quase nula, mas as buscas ainda continuam. Os destroços do veleiro foram já "encontrados a cerca de 50 metros de profundidade," e os mergulhadores continuam a inspecioná-los. As buscas incluem, além dos mergulhadores, "helicópteros, embarcações da guarda costeira, bombeiros e proteção civil."

Fontes:

https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/quem-sao-os-seis-desaparecidos-do-naufragio-em-italia

https://expresso.pt/internacional/europa/italia/2024-08-19-um-morto-e-seis-desaparecidos-apos-naufragio-de-um-iate-ao-largo-da-sicilia-a9858acb

 

 

 

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publicado às 20:54

Região de Nápoles sente abalos sucessivos

por Elsa Filipe, em 21.05.24

Na região italiana de Nápoles, têm sido sentidos vários sismos nos últimos dias, o maior dos quais terá chegado aos 4.4.

"A proteção civil accionou a Unidade de Crise em Nápoles e nas cidades vizinhas de Pozzuali e Bacoli, que se situam na caldeira vulcânica dos Campos Flégreos," devido ao aumento da atividade sísmica. Alguns edifícios sofreram pequenos danos, mas não houve registo de quaisquer vítimas. 35 famílias foram retiradas de suas casas na região de Nápoles, onde as escolas foram também encerradas, devido à ocorrência "de cerca de 150 sismos." Esta zona tem "cerca de meio milhão de habitantes."  Quatro centros de acolhimento foram preparados para receber "os habitantes que procuram abrigo para passar a noite, enquanto as escolas serão inspecionadas pelos bombeiros," de forma a saber se estão seguras.

"O vulcão, que se estende por um perímetro de 15 por 12 quilómetros, apresenta a típica depressão de fundo plano, deixada após uma erupção", sendo esta a maior "caldeira ativa na Europa," situada na "orla marítima entre Nápoles e Pozzuoli."

Fontes:

https://www.dnoticias.pt/2024/5/21/406214-napoles-registou-durante-a-noite-mais-de-150-sismos-sem-vitimas/

 

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publicado às 22:36

90 anos sobre a resistência ao fascismo

por Elsa Filipe, em 18.01.24

Faz hoje precisamente 90 anos que o Regime tremeu. Infelizmente, as ações promovidas pelos sindicatos não tiveram o resultado pretendido, mas não podemos deixar de lembrar como é que o dia 18 de Janeiro se tornou "um marco na história da resistência ao fascismo em Portugal."

Salazar e a maioria dos seus ministros, passou a noite no "quartel do exército que funcionava onde hoje está a Universidade Nova de Lisboa, em Campolide." Nas imediações das fábricas e dos bairros dos operários, viam-se elementos a cavalo prontos com metralhadoras, enquanto pelos cafés, teatros e outros recintos de diversão, a PIDE acompanhava a PSP e a GNR, encetando esforços para o seu encerramento. O Exército e a Marinha tiveram também de ser postos em ação, com ações de vigilância e prevenção. Mas a que se devia tamanha agitação?

É que seguindo aquilo que Hitler tinha feito na Alemanha, pouco tempo antes, Salazar preparava-se para dissolver de forma forçada aqueles que ainda eram os sindicatos livres, transformando assim "a ditadura militar num regime de tipo fascista. Estes, tencionava substituir por “sindicatos nacionais”, os quais seriam controlados pelo governo, tal como o "modelo fascista italiano que tinha sido estabelecido por Mussolini, em 1927", com a implementação da “Carta del Lavoro." Esta tentativa de "greve geral" pode ser considerada como "o primeiro grande desafio colocado a Salazar após a entrada em vigor da Constituição de 1933 e das leis laborais do novo regime, que dissolveram os sindicatos e proibiam expressamente as greves." 

No dia 18 de janeiro de 1934, "as diversas organizações sindicais" que tinham formado um "Comité de Unidade", planearam "uma revolta geral que deveria paralisar o país nesse dia." No entanto, não houve a adesão que se esperava e os resultados acabaram por ficar aquém do esperado. Um dos locais onde se verificou maior adesão a esta que deveria ter sido uma greve geral a nível nacional, foi na Marinha Grande, onde "centenas de operários e trabalhadores," particularmente da indústria vidreira e coordenados por "um núcleo da CIS, a Confederação Inter Sindical, cortaram as estradas de acesso à vila, as linhas telefónicas e o caminho-de-ferro." Inicialmente, não se depararam com grande resistência e avançaram para o centro, ocupando "os correios, a Câmara Municipal e o posto da GNR." Conseguiram resistir apesar da rápida chegada dos militares que estavam em Leiria e que rapidamente ali acorreram.

Após alguma troca de tiros, por volta do meio-dia, já tudo tinha terminado, "com a prisão dos últimos grupos que tinham fugido para os pinhais das redondezas." Fala-se em cerca de 131 detidos, dos quais "45 revoltosos foram processados e condenados ao desterro pelo Tribunal Militar Especial, com penas entre três e 14 anos de prisão e ao pagamento de pesadas multas." Pode-se dizer que estes grupos de "revoltosos da Marinha Grande sofreram uma punição particularmente pesada." Dois anos depois foram levados para a recém-inaugurada "prisão do Tarrafal, na ilha de Santiago, em Cabo Verde," onde "alguns acabariam por morrer devido às condições terríveis do campo."

A adesão esperada "das zonas operárias da margem sul e a insurreição dos meios urbanos contra o regime," acabou por não acontecer. "Deflagraram várias bombas em Lisboa, em Coimbra e no Barreiro e várias fábricas paralisaram, mas sem impacto significativo," uma vez que as "forças do regime entraram imediatamente em ação e os focos grevistas" acabaram afinal por ser "rapidamente dominados."

Esta data "teve um profundo impacto nos círculos da oposição ao regime de Salazar, agravando as divisões e a desconfiança entre anarco-sindicalistas e comunistas e afetando gravemente as organizações operárias em Portugal."

Fontes:

https://vozoperario.pt/jornal/2024/01/09/90-anos-da-greve-de-18-de-janeiro-uma-revolta-antifascista/

https://ensina.rtp.pt/artigo/revolta-da-marinha-grande/

https://observador.pt/2024/01/15/revolta-de-18-de-janeiro-de-1934-custou-anos-de-prisao-a-muita-gente-na-marinha-grande/

 

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publicado às 12:52

Sismo em Marradi, Itália

por Elsa Filipe, em 18.09.23

Esta madrugada, Itália foi abalada por um sismo de 5.1 na escala de Richter, com epicentro em Marradi (o Instituto de Geofísica e Vulcanologia de Itália fala num abalo de magnitude 4.8). Seguiram-se várias réplicas e, apesar de até agora não se registarem vítimas, um lar de idosos acabou por ser evacuado devido a fissuras nas paredes. A ligação ferroviária entre Florença e Bolonha foi temporariamente suspensa, bem como outras ligações férreas, e algumas escolas foram encerradas por precaução até à verificação das condições dos edifícios. 

Depois do sismo registado em Marrocos, andamos todos mais preocupados e nos últimos dias, tenho prestado atenção aos alertas de alguns comentadores televisivos que tentam a todo o custo chamar a atenção para as necessidades de preparação do nosso país para a ocorrência de um eventual sismo. Têm havido alguns debates importantes em que se explica o que fazer e o que evitar.

Penso que a maioria das pessoas não acompanhe o site do IPMA, mas ali podemos observar que por todo o país e em especial nas ilhas, se registam abalos diários, mas felizmente de pequena intensidade. Raramente, os abalos são sentidos pela população e quase nunca provocam danos. No entanto, devemos estar alerta, saber o que fazer, definir pontos de encontro e formas de contato entre familiares, eventualmente, preparar um kit simples e fácil de transportar (medicação habitual, água, um agasalho, lanterna... ) no caso de termos um abalo mais significativo.

 

Fontes:

https://observador.pt/2023/09/18/sismo-de-51-registado-em-italia-autoridades-dizem-que-nao-ha-danos-significativos/

https://www.tsf.pt/mundo/sismo-de-magnitude-51-sacode-italia-17042611.html

https://www.ipma.pt/pt/geofisica/sismicidade/

 

 

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publicado às 12:31

Lampedusa - o aumento da crise migratória

por Elsa Filipe, em 14.09.23

A crise migratória não parou e a chegada de migrantes através do mar Mediterrâneo, vindos do norte de África, tem vindo a aumentar. As autoridades de Lampedusa referem a chegada de 110 embarcações com 5112 pessoas na terça, dia 12, e de mais 23 embarcações esta quarta-feira, dia 13. E estes foram apenas os últimos números... O que é que poderá ser feito por nós, europeus, de forma a minimizar as consequências da entrada de tantos migrantes mas sem deixarmos de lhes dar acolhimento e os ajudarmos de forma a que possam prosseguir as suas vidas dignamente? É que eu não deixo de pensar que nenhuma daquelas pessoas quis estar naquela situação e que foram "empurradas" por diversas razões para fora dos seus lares, das suas casas e da sua comunidade. 

Por causa deste aumento de migrantes, a Cruz Vermelha e as organizações de voluntários estão sem capacidade de resposta. Algumas pessoas têm caído ao mar e durante a madrugada de quarta, já dentro do porto, um bebé de cinco meses caiu à água e acabou por morrer afogado. Este é um drama diário a que não podemos ficar alheios, morrendo nestas deslocações centenas de crianças.

No centro de acolhimento com capacidade para 350 pessoas, estão já 6792 migrantes, os restantes vão-se mantendo pela zona portuária. Antonio Guterres,secretário-geral da ONU, disse que "os esforços não podem ser feitos só pelos países de chegada, mas devem ser compartilhados". Referiu ainda que há pessoas "que se deslocam por razões económicas" e refugiados que se deslocam para fugir dos conflitos nos países de origem e que "todos devem ter os próprios direitos humanos respeitados". 

Já Matteo Salvini, tem a opinião que o número elevado de refugiados a chegar a Itália faz parte de um ato de guerra, e acredita que "por trás de cada desembarque haja um sistema criminoso organizado ao qual devemos responder com todos os meios disponíveis". Até ao momento já desembarcaram este ano em Itália 116028 migrantes, mais do dobro que durante o mesmo período do ano passado (63498), segundo dados oficiais do Ministério do Interior, atualizados a 11 de setembro.

De referir que muitas vidas foram salvas através da Convenção sobre Refugiados de 1951,mas muitas outras acabaram deixadas à sua sorte. O direito de procurar um abrigo, um refúgio, mesmo que num outro país para aqueles que perderam a proteção dentro do seu próprio país é garantido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos. A Convenção para Refugiados é o primeiro tratado que transformou os ideais da Declaração em obrigações juridicamente vinculativas.

Pior é se pensarmos que cerca de 40% dos refugiados do mundo são crianças, o que desde logo compromete as chances de as crianças receberem educação.  Quando sabemos que cerca de 48% de todas as crianças refugiadas em idade escolar estão fora da escola, devemos pensar qual o futuro que está reservado para estas crianças.

Fontes:

https://www.rtp.pt/noticias/mundo/mais-de-cinco-mil-migrantes-chegaram-a-lampedusa-nas-ultimas-24-horas_v1513871

https://www.bol.uol.com.br/noticias/2023/09/13/ilha-italiana-declara-emergencia-apos-recorde-de-migrantes.htm

https://www.sapo.pt/noticias/atualidade/mais-de-2-800-migrantes-chegaram-hoje-a_6500dfa3a079691e95dfe13a

https://www.acnur.org/portugues/2020/02/06/8-fatos-sobre-refugiados-e-8-motivos-para-apoia-los/

 

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publicado às 11:44

70 anos de criação da CECA

por Elsa Filipe, em 18.04.21

A CECA preparou o caminho para aquilo que hoje temos, a União Europeia. A "9 de maio de 1950," pouco tempo depois do fim da 2ª Guerra Mundial, Schumann propõe um plano "para uma comunidade europeia do carvão e do aço, chamada de Montanunion." Este plano tinha como intenção unir "e gerir em comum a produção franco-alemã de carvão e aço", integrando outros países europeus - mais concretamente os países pertencentes à Benelux (uma organização económica da qual faziam parte a "Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo, sendo inicialmente uma área de livre comércio entre estes três países").

No ano seguinte, a 18 de abril, há precisamente 70 anos, é assinado em Paris o acordo para a "fundação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA)," por um grupo de seis países - Alemanha, França, Itália, Bélgica, Luxemburgo e Holanda e que viria então a preparar "o caminho para a atual União Europeia."

Este acordo firmava em cem artigos a cooperação entre os seus membros num compromisso mútuo de "garantir um mercado livre de taxações para exportação e importação de aço e carvão e a não prejudicar o livre comércio."

Este mercado pretendia, entre outras coisas, "racionalizar progressivamente a distribuição da produção, garantindo estabilidade e emprego."

Seis anos depois de assinado o Tratado de Paris, são então assinados os Tratados de Roma que vão dar origem à Comunidade Económica Europeia (CEE) e à Comunidade Europeia da Energia Atómica (CEEA ou Euratom), que viriam a dar origem à UE.

Fontes:

https://www.dw.com/pt-br/1951-criada-a-comunidade-europeia-do-carv%C3%A3o-e-do-a%C3%A7o/a-500071

https://pt.wikipedia.org/wiki/Benelux

https://pt.wikipedia.org/wiki/Comunidade_Europeia_do_Carv%C3%A3o_e_do_A%C3%A7o

 

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publicado às 17:48

Quase diariamente assistimos nos noticiários à situação humanitária vivida pelas centenas de milhares de refugiados, oriundos maioritariamente da África e Oriente Médio, e da Ásia (embora com menor proporção), que procuram chegar à Europa. A travessia do Mediterrâneo é feita em botes ou em embarcações superlotadas, sem os mínimos requisitos de segurança, por traficantes de pessoas. Sem garantia de sucesso no pedido de refúgio, muitos imigrantes não conseguem ficar no destino final e são mandados de volta ao país de origem. Mas dificilmente eles desistem e tentam duas, três, quatro vezes, até receberem o asilo oficial. Perceber a evolução desta problemática que é europeia e, por isso, é nossa também e não lhe devemos virar a cara.

O naufrágio de migrantes ocorrido em 2013 na costa da Ilha de Lampedusa fez, de certo modo, o mundo abrir os olhos com a morte de mais de 360 pessoas e levando o governo italiano a estabelecer a Operação Mare Nostrum. Esta consistiu numa operação naval de grande escala que envolvia ações de busca e salvamento, com alguns migrantes trazidos a bordo de um navio de assalto anfíbio. Em setembro de 2014, pelo menos 300 imigrantes naufragaram em Malta, quando os traficantes fizeram um "assassinato em massa" depois das pessoas se terem recusado a mudar para uma embarcação menor.

No entanto em 2014, o governo italiano terminou a operação, dizendo que o custo era demasiado grande para um Estado da União Europeia gerir sozinho. Em 2014, 3.283 pessoas morreram ou desapareceram no Mediterrâneo durante a tentativa de migrar para a Europa, e 283.532 migrantes irregulares entraram na União Europeia, sobretudo seguindo a rota do Mediterrâneo Central, Mediterrâneo Oriental e rotas dos Balcãs Ocidentais. Em 2014, os sírios lideraram as solicitações de asilo no mundo inteiro, com mais de 149600 pedidos.

Esse fluxo migratório atingiu níveis críticos ao longo de 2015, com 3782 mortos e atingiu o seu pico em 2016 com 5143 vidas perdidas. Centenas de milhares de pessoas tentaram entrar na Europa e pedir asilo, fugindo dos seus países, devido a guerras, conflitos, fome, intolerância religiosa, terríveis mudanças climáticas, violações de direitos humanos entre outros, e somando-se a tudo isso, uma ação massiva de intimidação, violência e opressão executadas por grupos que controlam o tráfico ilegal e exploram estes migrantes totalmente vulneráveis. Numa das travessias, pelo menos 300 imigrantes perderem a vida quando 4 botes entraram em apuros depois de deixarem a Costa da Líbia com más condições climáticas. Em abril do mesmo ano, cerca de 400 imigrantes se afogaram quando o barco se virou na costa da Líbia.

A crise de 2015, surgiu em consequência do crescente número de migrantes irregulares que procuravam chegar aos estados membros da União Europeia, através de perigosas travessias no Mar Mediterrâneo e através dos Balcãs, procedentes da África, Oriente Médio e Ásia do Sul. Foi uma das maiores ondas migratória enfrentadas pela Europa desde a Segunda Guerra Mundial, com a Organização Internacional de Migração (OIM) a estimar de que até Setembro desse ano, o número de imigrantes já tinha batido a marca de 350000. A Alemanha foi mais longe falando em 800000 pedidos de asilo na Europa, isto porque no início de Setembro de 2015, a crise intensificou-se na Hungria, pois é parte da principal rota que leva imigrantes do Oriente Médio, principalmente da Síria para países mais ricos, notadamente para a própria Alemanha. O aumento do fluxo contínuo levou a Hungria a fechar a fronteira com a Sérvia, ao mesmo tempo que construiu uma segunda barreira na sua fronteira com a Croácia, tornan-se assim esta a rota mais utilizada.

O principal ponto de viragem para a União Europeia surgiu após uma nova tragédia, ainda em Abril de 2015, quando um barco com migrantes se afundou na Líbia, resultando em mais de 800 homens, mulheres e crianças mortas. 

Portugal aceitou uma quota voluntária para o acolhimento de 4.500 refugiados: apesar da crise financeira sofrida atualmente pelo país, este mostrou-se disponível para acolher refugiados em nome do princípio da solidariedade. Para além da ação das autoridades oficiais coordenadas com os esforços das instituições europeias e internacionais, a sociedade civil mobilizou-se para dar uma resposta solidária e célere, tendo sido criada para o efeito a associação PAR (Plataforma de Apoio aos Refugiados).

Em 2018, mais de 1,5 mil migrantes morreram durante os primeiros sete meses do ano ao tentar atravessar o mar Mediterrâneo em direção à Europa, segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. Com o fecho dos portos italianos, a Espanha passa a ser o principal ponto de entrada para a Europa. De entre a origem destes migrantes, estão os portos de Marrocos, Argélia e Mauritânia. 

Apesar de estar a diminuir, em relação a 2017, o número de pessoas que chega à Europa, a taxa de mortalidade, especialmente entre aqueles que chegam ao continente através do Mediterrâneo, aumentou significativamente. No Mediterrâneo Central, para cada grupo de 18 pessoas que realizaram a travessia entre janeiro e julho de 2018, uma pessoa morreu ou desapareceu, em comparação com uma em 42 no mesmo período em 2017. Pascale Moreau, diretor do Escritório do ACNUR para a Europa. “Mesmo com a diminuição do número de chegadas às costas europeias, já não se trata mais de testar a capacidade da Europa de gerir números, mas de demonstrar a humanidade necessária para salvar vidas”. O ACNUR pede também à Europa para aumentar a disponibilidade de rotas de acesso legais e seguras para os refugiados, inclusive aumentando o número de locais de reinstalação e removendo barreiras ao reagrupamento familiar – o que proporcionaria opções alternativas para viagens de alto risco cujo desfecho é frequentemente fatal.

O terceiro e o maior Centro de Acolhimento de Refugiados em Portugal, em São João da Talha, Loures, foi inaugurado em Dezembro de 2018, recebendo um primeiro grupo composto por refugiados sírios e sudaneses que vinham do Egito. Este centro, estava inicialmente destinado a receber os 1010 refugiados que Portugal previa acolher no âmbito do programa de reinstalação até ao final de 2019. O CAR II é maior Centro de Acolhimento de Refugiados do país e surgiu 12 anos depois do CAR I e seis anos depois da abertura da Casa de Acolhimento de Crianças Refugiadas (CACR).

Em 2019, 1.885 pessoas morreram e a proporção de migrantes que perderam a vida foi maior que as tentativas de travessia do Mediterrâneo Central e Ocidental. Nesse ano, entre vários acidentes registados, os Médicos Sem Fronteiras na Líbia estimam que 150 pessoas tenham pedido a vida num naufrágio a 26 de julho desse ano, após duas embarcações vindas de Trípoli com cerca de 300 pessoas a bordo se terem afundado. 137 pessoas foram resgatadas mas apenas um corpo foi recuperado. E isto é outro dos problemas desta crise, que se torna ainda pior quando sabemos que nem sempre são feitos esforços para se recuperar os corpos das vítimas. 

Laczko - diretor do Centro de Análise de Dados de Migração Global da OIM - contou que quando uma vítima é de um país de alta renda, há esforços para encontrar e identificar o corpo. O mesmo já não ocorre em caso de um migrante pobre no Mediterrâneo, cujo paradeiro permanece desconhecido dos familiares. A OIM revelou que em dezenas desses casos não ocorre nenhum resgate. 

Em outubro de 2019, a Agência da ONU para Refugiados, Acnur, pediu para que a Grécia fizesse a transferência de milhares de migrantes das ilhas Egeias para locais mais seguros. Segundo a agência, estes migrantes estão em “centros de recepção superlotados.” Em setembro, as ilhas receberam 10,258 novos migrantes, especialmente de famílias afegãs e sírias. Esse é o maior número desde 2016.

Em 2019, a Grécia registrou a maior parte das chegadas na região do Mediterrâneo. De um total de 77,4 mil migrantes, o país acolheu 45,6 mil pessoas, mais do que Espanha, Itália, Malta e Chipre juntos. A situação nas ilhas de Lesbos, Samos e Kos é considerada crítica. O centro de Moria, em Lesbos, ultrapassou em cinco vezes a sua capacidade. No caso da Líbia, a situação ainda é mais precária. Mais de 6,2 mil migrantes terão sido resgatados no mar e retornados à Líbia, em 2019. Muitos foram colocados em detenção arbitrária e outros foram libertados em áreas onde perdura o conflito armado. Segundo a OIM, mais de 100 mil migrantes no país permanecem vulneráveis, correndo o risco de sequestro e tráfico.

O Projeto de Migrantes Desaparecidos, da OIM, registou em fevereiro deste ano (2020) um naufrágio com 91 mortes na costa da Líbia. A OIM citou o recente naufrágio com a embarcação Garabulli na Líbia, ocorrido a 9 de fevereiro, como um dos episódios mais dramáticos com os chamados “barcos fantasmas”, que desaparecem a caminho da Europa.

Este ano, três corpos de jovens migrantes apareceram numa praia na Tunísia. Suspeita-se que as vítimas estejam ligadas a um navio que transportou 18 pessoas da Argélia, a 14 de fevereiro, sem destino conhecido.

Fontes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Crise_migrat%C3%B3ria_na_Europa

https://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/04/entenda-arriscada-travessia-de-imigrantes-no-mediterraneo.html

https://news.un.org/pt/story/2020/03/1706451

https://www.dw.com/pt-br/travessia-no-mediterr%C3%A2neo-j%C3%A1-matou-mais-de-1500-em-2018/a-44950794

https://www.dw.com/pt-br/novos-caminhos-no-mediterr%C3%A2neo/a-44887718

https://cpr.pt/5472/

https://cpr.pt/novo-centro-de-acolhimento-para-refugiados-car-ii/

https://agencia.ecclesia.pt/portal/refugiados-maior-tragedia-de-2019-no-mediterraneo-com-morte-de-150-pessoas/

https://news.un.org/pt/story/2019/10/1689202

 

 

 

 

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publicado às 18:56

A problemática da travessia do Mediterrâneo faz todos os anos milhares de mortos. O resgate destas pessoas é em muitos casos feito em alto mar antes de chegarem a portos europeus, mas nem sempre estes resgates têm sucesso ou são executados da melhor forma.

Choca-nos ainda mais quando envolve crianças, que na sua inocência, fogem de conflitos acompanhadas ou não pelos seus progenitores que tentam alcançar portos europeus.

A 10 e 11 de agosto, dos resgates feitos pelo Ocean Viking - operado pelos Médicos sem Fronteiras e a SOS Méditerranée, ambas anteriormente responsáveis pelo navio Aquarius -  a grande parte dos migrantes resgatados eram também homens sudaneses que fugiam da Líbia. A 12 de agosto, o navio humanitário "Ocean Viking" resgatou outros 105 migrantes nas águas internacionais ao largo da Líbia, aumentando o número de pessoas a bordo para 356. Só que ainda aguardam um porto seguro para desembarcar.

No caso da embarcação Open Arms, mais de 150 migrantes resgatados estão retidos, alguns há mais de 10 dias, a bordo do navio da ONG espanhola ao largo de Lampedusa à espera de um porto seguro para desembarcar.

De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, a verdade é que são cerca de 130 crianças no total que estão atualmente nas embarcações Viking Ocean e Open Arms, que aguardam para desembarcar na Europa após resgate no mar Mediterrâneo. As pessoas não foram autorizadas a desembarcar, uma vez que Itália e Malta não aceitaram receber os ocupantes e as ONGs que fretaram as embarcações disseram que não devolveriam os sobreviventes à Líbia por falta de segurança nos portos do país.

A agência destaca relatos de que apenas 11 das 103 crianças a bordo do navio humanitário Ocean Viking estão acompanhadas por um dos pais ou adulto responsável. A verdade é que muitas vezes estas crianças acabam por se perder durante as viagens, ou são mesmo raptadas pelos traficantes que as tentam trazer para a Europa. Quando eventualmente são resgatadas, não trazem documentos, têm graves problemas de saúde e de desnutrição. Outras tantas, morrem durante a viagem, muitas das quais nem são contabilizadas uma vez que não são feitas contagens oficiais.

Segundo os dados mais recentes da Organização Internacional para as Migrações (OIM), 39.289 migrantes e refugiados chegaram à Europa através do Mar Mediterrâneo entre 01 de janeiro e 04 de agosto de 2019, cerca de 34% menos que em igual período de 2018. Deste total, o maior número de pessoas chegou à Grécia (18947), seguindo-se a Espanha (13568), Itália (3950), Malta (1583) e Chipre (1241). No mesmo período, 840 pessoas morreram durante a travessia do Mediterrâneo, segundo a organização.

 

Fontes:

https://news.un.org/pt/story/2019/08/1683581

https://expresso.pt/sociedade/2019-08-06-O-Ocean-Viking-ja-esta-no-mar-1

https://observador.pt/2019/08/12/ocean-viking-faz-novo-resgate-no-mediterraneo-e-tem-agora-356-migrantes-a-bordo/

 

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publicado às 22:57

Os incêndios que têm afetado o país nos últimos dias, parecem estar controlados, mas um grande número de operacionais mantem-se no terreno para evitar reacendimentos e garantir a segurança das populações e bens. A Proteção Civil alertou para o aumento do risco de incêndio já a partir de hoje, quarta-feira, com previsão de subida da temperatura, diminuição da humidade relativa do ar e aumento dos ventos fortes. A temperatura máxima deverá subir entre dois a seis graus e o vento poderá atingir os 40 quilómetros por hora ao início da noite.

Nos últimos dias, os incêndios fizeram duplicar a área ardida em Portugal este ano. Em Vila de Rei e Mação arderam 9631 hectares de floresta e no passado sábado, foram registadas 41 vítimas assistidas, sendo que 17 delas tiveram mesmo de receber assistência hospitalar. Entre os feridos, um foi considerado grave e ficou internado na unidade de queimados do Hospital de S. José, em Lisboa.

Em Mação, viveram-se momentos muito preocupantes, quando o incêndio rondou várias casas e uma praia fluvial chegou mesmo a ser evacuada. A Polícia Judiciária refere que foi encontrado um artefacto explosivo na zona da Sertã e foi também detido um homem de 55 anos, suspeito de atear no sábado, um fogo nas imediações da cidade de Castelo Branco.

As altas temperaturas que têm atingido o país durante o mês de julho, têm ajudado à propagação de vários incêndios florestais que, nos últimos dias, têm feito recear que se repita os dramáticos acontecimentos de 2017, quando 119 pessoas perderam a vida e centenas perderam as suas casas, a maioria de primeira habitação, os seus negócios e os seus terrenos e viaturas.

Em média, 375.000 hectares de floresta são queimados anualmente na região do Mediterrâneo, num total de 56 mil incêndios florestais, sendo que Portugal, detém a maior percentagem de área ardida. O risco são as alterações climáticas e a falta de ordenamento do território que têm trazido uma nova geração de incêndios para a Europa Mediterrânea: os superincêndios. Este tipo de incêndio desenvolve-se de forma muito rápida, são letais e quase impossíveis de extinguir apesar dos avanços dos dispositivos de combate.

O impacto económico dos incêndios em Portugal, Grécia, Espanha, França e Itália pode mesmo chegar aos cinco mil milhões de euros por ano.

Fontes:

https://www.rtp.pt/noticias/pais/incendios-em-portugal-situacao-ao-minuto_e1162100

https://expresso.pt/sociedade/2019-07-10-Incendios.-Portugal-e-o-pais-que-mais-arde-na-zona-do-Mediterraneo

https://www.tempo.pt/noticias/actualidade/incendios-em-portugal-ameacam-aldeias-de-castelo-branco-e-santarem.html

https://www.cmjornal.pt/portugal/detalhe/alerta-cm--detido-homem-suspeito-de-atear-fogos-em-castelo-branco?ref=DET_RelacionadasInText

 

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publicado às 18:44


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