Os telemóveis e os computadores são uma excelente ferramenta de trabalho para alguns de nós e são também uma forma de entretenimento e de passarmos o tempo. As redes sociais podem ser uma forma de muitas pessoas não estarem isoladas. São uma companhia. O uso das redes sociais deve ser feito com ponderação e basta ligarmos a televisão ou espreitarmos a internet para sermos "bombardeados" com notícias de burlas em que são utilizadas as redes sociais.
E se nós adultos, somos suscetíveis de sermos enganados, o que será das nossas crianças? Crianças e jovens que usam telemóveis, internet e têm redes sociais, devem ser ensinados e têm de ser controlados e supervisionados pelos pais ou por quem é por eles responsável. O uso destes aparelhos e a utilização das aplicações disponíveis podem ser uma ferramenta de trabalho e existem várias plataformas que apoiam as aprendizagens, por isso, as tecnologias têm muitos aspetos positivos que podem e devem ser explorados tanto pelas escolas como pelos próprios pais.
O problema está sempre naquilo que é excessivo e daquilo que é feito sem controlo e sem acompanhamento. E o primeiro passo é tomarmos consciência dos perigos que podem estar associados, bem como das recomendações que podemos seguir.
Um dos aspetos principais a ter em conta é que todo o desenvolvimento da criança ocorre na sua relação com os outros e com o ambiente que a rodeia. Deixar a criança presa a um ecrã está a limitar esse contato com os outros. A interação que a criança desenvolve com os seus pares (crianças da mesma faixa etária que a sua) são enriquecedoras e desafiantes, pois fazem-na gerir as suas emoções, ajudam-na a respeitar o outro e a exigir que o outro também a respeite. Num jogo, ela não tem esta interação. A nossa sociedade está cheia de exemplos de isolamento social e dos problemas que isso acarreta. Os mais preocupantes para mim, são os dos bebés que em vez de estarem cara a cara com um rosto humano, estão "cara a cara" com o ecrã do telemóvel ou de um tablet. Preocupa-me aquele bebé que está na cadeirinha da refeição e em vez de se estar a sujar e a pôr as mãos na comida, está a ver um vídeo ou pior ainda, tiktoks, de olhar fixo, enquanto abre e fecha a boca de cada vez que a comida se aproxima.
Segundo a neuropediatra Mónica Vasconcellos, o uso destes aparelhos pelas crianças, sobretudo as mais pequenas, “pode afetar o desenvolvimento do cérebro, que nesta fase está mais suscetível a influências externas”. Refere esta especialista que os danos podem ser bastante graves e que "desencorajam a criatividade, a flexibilidade do pensamento e prejudicam a aprendizagem ativa, o treino da capacidade de manter atenção e a destreza motora." Além de tudo isto acabam por interferir também nas rotinas familiares afetando o próprio "sono da criança tão importante para o ótimo desenvolvimento das funções neurocognitivas". Com que idade é que as crianças podem aceder então às redes? Isso depende muito, penso eu. Há situações em que a criança usa por exemplo o Teams para fazer um trabalho com os colegas ou em que assiste a uma aula pelo Classroom. Nestes casos, estamos a falar em tempos de aprendizagem que, não substituindo diretamente o contato com os professores, podem ser uma ferramenta de trabalho ou até de apoio ao trabalho escolar bastante útil, por ventura em situações específicas. No entanto, não é o mesmo que essa mesma criança estar durante várias horas a assistir a conteúdos no Insta ou no Tiktok, os quais além de na maioria das vezes serem desadequados à sua idade e não trazerem qualquer benefício, são também focos de informação muito curta e rápida, o que faz com que o cérebro da criança esteja exposto a estes "estímulos fragmentados."
Até aos dois anos, nenhuma criança deveria ter contato com ecrãs, muito menos passar horas a assistir a vídeos ou "distraída" para não chatear os pais na hora de comer. Depois dessa idade, deve ser uma conquista progressiva e condicionada e, quanto mais tardia, melhor.
Segundo Ivone Patrão, especialista, o caso torna-se também muitas vezes difícil de gerir com os adolescentes. De acordo com esta especialista a "adesão às redes sociais por parte dos adolescentes deve, assim, ser acompanhada e sempre com acesso às passwords por parte dos pais e o acordo de que os progenitores podem entrar no perfil dos filhos sempre que considerarem relevante." Conversar com os filhos sobre o que vêem é fundamental. Têm de haver tempo para se falar em assuntos, que embora muitas vezes sejam complexos, devem ser abordados. Por exemplo, os pais devem conversar com os filhos sobre o que deve ser partilhado e o que não deve ser partilhado. E devem deixar a "porta aberta" para todas as dúvidas que possam surgir sem julgamentos que os afastem de vir pedir opinião em determinado assunto.
Cláudia Morais, psicóloga, explica que não acontece só aos outros. Pode estar mesmo ali na nossa casa um caso em que a criança ou o adolescente esteja a ser "alvo de predadores sexuais ou de cyberbullying" e não nos estarmos a aperceber. Todos nós, acredito eu também como esta especialista explica em Simplyflow, estamos cientes dos perigos, "mas muitas vezes achamos que alguns tipos de violência só acontecem aos outros."
Fontes:
https://cnnportugal.iol.pt/educacao/parentalidade/ha-mas-noticias-para-os-pais-sobre-o-uso-das-redes-sociais-pelos-mais-novos-a-tecnologia-nao-veio-so-facilitar-a-vida-das-pessoas/20230715/64a832a2d34e3ae5b8c379fa
https://simplyflow.pt/quais-sao-os-perigos-das-redes-sociais-para-criancas-e-adolescentes/