Este domingo a tragédia assolou mais uma vez a Indonésia.
Atentados suicidas promovidos por famílias deixaram três dezenas de mortos pela Indonésia, e provocaram cerca de 40 feridos na cidade de Surubaia, na Indonésia. Entre os mortos, contam-se os 13 suicídas, dos quais duas crianças que participaram nos ataques. Os primeiros ataques tiveram lugar de forma simultânea durante a missa de domingo em três igrejas - uma protestante, uma católica e outra pentecostal. A Indonésia tem uma maioria muçulmana Surubaia é a segunda maior cidade do país, no nordeste da ilha de Java. Os cristãos, muitos deles de etnias minoritárias chinesas, representam cerca de 9% da população da Indonésia, que atinge 260 milhões de habitantes.
Num dos ataques, esteve envolvida uma família de seis pessoas, composta por dois adultos, dois adolescentes e duas crianças. O primeiro ataque, ocorreu perto da Igreja Católica de Santa Maria no final da primeira missa do dia. Osdois rapazes de 16 e 18 anos que circulavam numa motorizada, tentaram forçar a entrada no parque de estacionamento, mas foram travados por um segurança. A explosão aconteceu poucos segundos depois e fez sete mortos – os dois atacantes, o segurança e outras quatro pessoas, entre elas uma criança.
Cinco minutos depois, e a cinco quilómetros de distância, num local de culto da Igreja Cristã Indonésia, a mãe e as duas irmãs dos autores do ataque na Igreja Católica de Santa Maria provocaram outro atentado. Segundo testemunhas, a primeira explosão aconteceu quando a mulher abraçou o segurança que tentava barrar-lhe a entrada. Poucos segundos depois, as suas duas filhas, de apenas nove e doze anos, acionaram os explosivos que levavam escondidos debaixo das roupas. Neste caso, as únicas vítimas mortais foram as atacantes – o segurança da igreja ficou com ferimentos muito graves e continua hospitalizado em estado crítico. Esta família estaria radicalizada na Síria.
Segundo o chefe de polícia Tito Karnavian, o pai conseguiu entrar num parque de estacionamento de uma igreja onde se fez explodir num carro-bomba, poucos minutos depois, provocando a morte a seis pessoas além de si. Que dizer de pessoas que cometem assassinatos desta envergadura, levando a que membros menores da sua própria família cometam estes bárbaros atos suicídas? No extremo, quem vai desconfiar de uma mãe a entrar numa igreja com as duas filhas pequenas?
No domingo à noite, registou-se uma outra explosão nos arredores da cidade. Mas, em vez de um ataque, o que aconteceu na região de Sidoarjo foi uma explosão não planeada que matou uma mãe e a sua filha de 17 anos – a polícia viria a matar o pai, que segurava nas mãos um detonador, e três crianças da mesma família escaparam ilesas.
Num outro ataque, já esta segunda-feira, um casal fez-se explodir numa motorizada, junto a uma esquadra. Sentada entre eles, uma criança com cerca de 8 anos. Este método de actuação nunca antes visto na Indonésia, coloca uma pressão maior sobre a polícia para identificar e travar ameaças entre as multidões.
O "Estado IsIâmico" reivindicou os atentados através da agência de notícias Aamaq, mas o comunicado não menciona a presença de crianças. O grupo garantiu que os ataques foram cometidos por "soldados do califado" e tiveram como alvo os "cruzados", como o grupo se refere aos cristãos. As crianças terão sido elas próprias vítimas dos atentados, levadas pelos progenitores para uma "guerra" na qual não deviam estar.
Os atentados foram os maiores contra igrejas na Indonésia desde a série de ataques da véspera de Natal de 2000, que deixou 15 mortos e quase cem feridos. Minorias religiosas, especialmente cristãos, são alvo frequente de radicais no país. Em 2002, 202 pessoas foram assassinadas em Bali, num outro ataque. Estes ataques acontecem dias depois das autoridades indonésias terem posto fim a uma crise de reféns num centro de detenção perto de Jacarta, numa ação reivindicada pelo "Estado Islâmico".
Esta onda de ataques pode também estar ligada a um motim organizado por militantes extremistas numa prisão de Jacarta, na semana passada, da qual resultaram seis mortos entre o corpo de intervenção da polícia. Alguns analistas consideram que essa revolta, promovida em resposta à prisão de vários líderes do Jamaah Ansharut Daulah, serviu para marcar o início de uma onda de ataques, de que os atentados em Surabaya podem ter sido apenas o início. A Indonésia lida neste momento com o regresso de centenas de combatentes indonésios do Daesh.
Fontes:
https://www.terra.com.br/noticias/triplo-atentado-atinge-igrejas-na-indonesia,74e16aec135cc1f8b3269ad514004b68zhsi6d4i.html
https://www.publico.pt/2018/05/14/mundo/noticia/criancas-usadas-em-onda-de-ataques-suicidas-na-indonesia-1830047
https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2018-05/estado-islamico-reivindica-autoria-de-atentados-contra-cristaos-na-ind