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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
Começaram por ordenar a saída dos refugiados dos "campos de Rafah e Shabura," bem como dos "bairros de Adari e Jeneina, cuja população" foi aconselhada a ir para a “zona humanitária” de Al Mawasi.
Além disso, "no norte do enclave palestiniano, Israel ordenou a saída de residentes entre Jabalia e Beit Lahia, que designou como zona de combate perigosa e pediu que se deslocassem para oeste da Cidade de Gaza." A justificação dada é estarem “a trabalhar em força contra as organizações terroristas na região" o que faz com que as famílias fiquem "expostas ao perigo."
As forças israelitas lançaram esta segunda-feira a sua “operação limitada” em Rafah, dando ordem de retirada a "cerca de 100 mil pessoas na periferia leste da cidade." No mesmo dia, "peritos da ONU para os direitos humanos" ficaram horrorizados perante "a descoberta de valas comuns com cadáveres de pessoas que tinham sinais de tortura, execução e de terem sido enterradas vivas pelos militares israelitas." De acordo com as notícias, "mais de 390 corpos foram descobertos nos hospitais Al Nasser e Al Shifa, incluindo de mulheres e crianças, muitos dos quais parecem ter sinais de tortura."
Na terça-feira, "assumiu o controlo da parte palestiniana da passagem de Rafah, que liga ao Egito." O exército colocou "tanques em Rafah," assumindo "o controlo da passagem fronteiriça com o Egito" e encerrando "os dois principais pontos de acesso da ajuda humanitária (Rafah e Kerem Shalom), uma medida considerada inaceitável pelos Estados Unidos."
Desde então, o exército tem realizado “ataques seletivos” com o objetivo de "capturar combatentes do Hamas no leste da cidade." Isto depois dos EUA terem suspendido "a entrega de um carregamento de bombas," em oposição à realização desta grande ofensiva que estava a ser "planeada pelas tropas israelitas em Rafah."
Como resultado destes ataques, esta quarta-feira, pelo menos "sete pessoas morreram," todos da mesma família, e "várias ficaram feridas num ataque áereo israelita em Gaza."
Ontem, foi apresentado pelos Emirados Árabes Unidos "em representação do Grupo de Países Árabes, e copatrocinado por cerca de 40 países," um "projeto de resolução" que "obteve 143 votos a favor - incluindo de Portugal -, nove contra e 25 abstenções dos 193 Estados-membros da Organização das Nações Unidas (ONU)." Os países que votaram contra foram, por exemplo, "Israel, Estados Unidos ou Hungria" e abstiveram-se países como a "Ucrânia, Itália, Reino Unido, Alemanha ou Canadá." Com esta resolução, a Palestina ganha o direito ao "assento entre os estados-membros por ordem alfabética, a apresentação de propostas individualmente ou em nome de um grupo perante a Assembleia-Geral, a solicitação do direito de resposta, fazer declarações ou solicitar modificações na agenda, entre outros."
Hoje, um bombardeamento aéreo terá morto "15 pessoas" em Rafah, "de acordo com fontes oficiais do Hospital Kuwait, que opera na região". Em contrapartida, hoje foi anunciada a instalação de um "novo hospital de campanha em Dir al-Balah, na região de Gaza," pelas Forças de Defesa Israelitas.
Em vários países, têm-se feito manifestações de apoio à Palestina e que condenam as ações militares das forças israelitas. Hoje, "milhares de pessoas" juntaram-se numa manifestação, em Lisboa, "numa marcha iniciada junto à Fundação José Saramago e que terminou no Martim Moniz." Esta ação foi "convocada pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação, Movimento pelos Direitos do Povo Palestiniano e pela Paz no Médio Oriente, entre outras associações." Na mesma, marcaram presença o "secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, o líder parlamentar do BE, Fabian Figueiredo, e a líder do PAN, Inês Sousa Real." Estes líderes acusam Israel de um crime de genocídio.
Fontes:
O sangue não pára de correr... Gaza tem sido constantemente atacada. Nem as crianças são poupadas.
As balas não têm destinatário. Todos podem ser atingidos. Homens, mulheres, crianças e bebés.
Durante a noite a Faixa de Gaza foi novamente atacada em força. Num primeiro ataque, "um homem, a mulher e o filho de 3 anos," foram mortos, tendo os corpos sido recebidos pelo Hospital do Kuwait, que apesar da morte da mãe, conseguiu salvar o bebé que ela transportava no ventre. Este bebé nasceu com vida, mas já nasceu sem mãe, pai ou irmão.
Um segundo ataque contra a região "matou 13 crianças" além de duas mulheres, todos membros da mesma família.
Mas infelizmente, basta vermos as notícias dos dias anteriores para percebermos que estes não foram atos isolados. "Na noite anterior, um ataque aéreo em Rafah matou nove pessoas, incluindo seis crianças." Sete meses depois do início do conflito, Israel continua a culpar "o Hamas pelas mortes de civis," uma vez que os militantes deste grupo "combatem em bairros residenciais densos." Mesmo que lá estejam membros do Hamas, não sabem que estão lá crianças?
Ontem, nas notícias outras situações eram relatadas, como a de um raide aéreo israelita que atingiu uma casa onde dormia uma família. O resultado foram nove mortos, dos quais seis eram, apenas, crianças. Um "casal, os três filhos, a cunhada, a sobrinha e mais duas crianças" foram todos mortos.
Segundo as autoridades em Gaza, já "foi ultrapassada a fasquia dos 34 mil mortos desde o inicio da ofensiva de Israel contra o território palestiniano."
Fontes:
Passaram-se 30 anos, mas ninguém pode esquecer o massacre que aconteceu no dia 7 de abril de 1994 no Ruanda. Lembro-me vagamente de ouvir algumas coisas sobre isto, mas na altura eu tinha apenas 10 anos e, claro, os blocos noticiosos muito mais fechados naquela época, não nos traziam as notícias como no-las trazem hoje.
Há 30 anos, o Ruanda estava em plena guerra civil. "O Ruanda e o Burundi são dois pequenos países africanos que viviam em permanente tensão desde a sua independência, na década de 50. Essa tensão decorria precisamente do conflito entre a maioria Hutu e a minoria Tutsi."
"No Ruanda, as raízes desta hostilidade remontam ao período colonial." Esta região foi colonizada primeiro pela Alemanha mas, posteriormente, passou para a administração da Bélgica, que "favoreceu a rivalidade entre os dois grupos e promoveu a supremacia da minoria Tutsi." Já os Hutus, mesmo sendo 85% da população, não tinham acesso à mesma educação, nem às mesmas oportunidades que eram dadas aos Tutsis. A raiva contra os Tutsis cresceu e deu origem à segregação em vastos campos de refugiados que se perdiam de vista. O gatilho, já bastante tenso, foi puxado quando o avião onde seguia o presidente Hutu foi abatido e os rebeldes Tutsis considerados culpados pela sua morte.
O genocídio não se fez esperar. Milhares de pessoas foram mortas de forma bárbara. O exército Hutu fechava as estradas e entrava nas casas dizimando todos os que lá estivessem. Os homens da casa eram mortos e depois as mulheres e as adolescentes violadas e assassinadas em seguida. As casas eram saqueadas. Avançavam casa após casa, até não restar ninguém.
Estamos a falar em cerca de dez mil pessoas por dia. Ainda hoje, trinta anos depois, se continuam a descobrir as valas comuns onde jazem cadáveres destas vítimas. "Calcula-se que tenham morrido entre 800 mil a 1 milhão de pessoas durante este período de pouco mais de três meses, enquanto a guerra civil que se seguiu terá causado cerca de 2 milhões de refugiados."
A indignação na altura, não foi apenas causada pelo horror das imagens dos massacres, mas sobretudo "pela passividade e indiferença das potências mundiais." O contingente militar que a "ONU colocou" no país, revelou-se impotente para travar os ataques! Não conseguiram "proteger as populações. Houve alertas e denúncias de que estava em marcha uma catástrofe humanitária no país, mas nada foi feito."
Durante aqueles dias, a população foi completamente dizimada e "nem os locais de culto serviam como sítios seguros." Há relatos de que "numa igreja na província de Gikondo, controlada pela ordem religiosa polaca dos palotinos, e onde estavam escondidas várias pessoas, cerca de 100 homens pertencentes às milícias ligadas aos hutus entraram no local e levaram a cabo um autêntico massacre."
Quinze dias depois dos ataques começarem, as Nações Unidas retiraram as suas tropas da região. "A França, tradicional aliada dos Hutus, foi posteriormente acusada de ter tido conhecimento dos planos genocidas das elites Hutus e de não ter tomado nenhuma ação. As organizações de defesa dos direitos humanos denunciaram igualmente a hipocrisia e a insensibilidade da comunidade internacional, por se tratar de uma região remota, longe dos centros de poder mundiais."
O massacre, esse só terminou cem dias depois, quando os rebeldes da Frente Patriótica do Ruanda conquistaram a capital. O seu comandante ainda é hoje, o presidente da República do Ruanda.
Fontes:
https://ensina.rtp.pt/artigo/o-genocidio-no-ruanda/
CNN Portugal 07/04/2024: reportagem sobre os 30 anos do genocídio do Ruanda, transmitido no Jornal CNN Domingo;
Desde dia 7 de outubro que várias famílias aguardam por notícias dos seus familiares, raptados depois do ataque do Hamas a Israel e que terá feito "cerca de 1200 mortos e cerca de centena e meia de reféns, segundo as autoridades de Israel." Como resposta, Netanyahu, primeiro-ministro israelita, ordenou "uma ofensiva militar contra a Faixa de Gaza que matou mais de 31300 pessoas até quinta-feira, segundo as autoridades do enclave governado pelo Hamas."
Esta quinta-feira, em mais uma manifestação, uma das principais autoestradas israelitas, foi bloqueada por manifestantes que representam as famílias de cerca de 40 reféns ainda nas mãos do Hamas. Hoje, os manifestantes tentaram novamente bloquear a autoestrada como forma de protesto contra as decisões que têm vindo a ser tomadas pelo primeiro-ministro e exigem eleições antecipadas em Israel, tendo sido usados canhões de água para dispersar a multidão. Este tipo de manifestação já não é nova e mostra como uma grande parte da população está contra as políticas implementadas e a contestação tem estado a crescer.
Apesar das tentativas de parar a ofensiva israelita em Gaza, a verdade é que a paz ainda parece estar longe de acontecer. A solução de um cessar fogo tem sido por várias vezes negociada mas não havendo razoabilidade de ambos os lados, isto tem sido impossível. Ora de um lado, ora do outro, o entendimento tem sido impossível, mesmo com outras nações a tentar mediar as conversações. Enquanto esta quinta-feira, o "Hamas propôs um novo plano para uma trégua em Gaza," através de mediadores do Qatar, Netanyahu, primeiro-ministro de Israel veio informar que "as exigências" são "inaceitáveis" e confirmou que iria lançar uma nova operação militar em Rafah.
Hoje, antes de partir para a Jordânia onde se irá reunir com o rei Abdullah II, o "chanceler alemão, Olaf Scholz," alertou para a possibilidade "de uma ofensiva militar terrestre do exército israelita em Rafah, no extremo sul da Faixa de Gaza." Lembremo-nos que foi para esta zona que milhares de palestinianos se viram obrigados a fugir e que, um ataque direcionado para essa região irá provocar "uma grande tragédia humana."
Têm sido tentadas diversas formas de se entregar comida e água à população de Gaza, mas muitas vezes essas tentativas têm vindo a ser frustradas. Os ataques, além de matarem e ferirem diretamente os palestinianos, acabam também por deixá-los completamente sem meios de subsistência. Sem a cedência de Israel, que tem sido acusado de usar a "fome" como arma de guerra, todo o apoio que se queira fazer chegar, tem sido impedido de alcançar o seu destino. Ontem, o apoio entrou por mar através de um corredor marítimo que ligou o Chipre a Gaza. O navio espanhol "Open Arms" em conjunto com uma organização não governamental norte-amricana, com um carregamento de cerca de "115 toneladas de alimentos e água" e de "130 paletes de equipamento humanitário," foi o responsável pelo transporte que depois seguiu depois numa coluna de cerca de 30 camiões e que se espera agora chegue ao seu destino sem problemas de maior. O processo, envolveu o exército israelita, que antes de permitir o descarregamento, inspecionou o navio e acompanhou o descarregamento dos bens essenciais no porto. A dificuldade que envolve a deslocação e toda a burocracia envolvida, bem como o risco associado, torna esta forma de ajuda bastante demorada.
As entregas feitas através das vias marítimas e aéreas, não podem substituir as vias terrestres, mas estas têm sido impossibilitadas enquanto os bombardeamentos não cessarem.
Fontes:
Continuam a decorrer graves ataques contra as populações civis na zona norte da faixa de Gaza. Ninguém parece ser poupado! Nem crianças, nem jornalistas e repórteres, nem sequer membros da ONU...
Um ataque aéreo feito pelos israelitas provocou a morte a 76 pessoas que se abrigavam numa habitação e, entre os quais estavam várias crianças e ainda um funcionário da ONU. "Ao todo, já morreram 136 trabalhadores humanitários da ONU em Gaza."
Alguém acha demais que eu diga que esta guerra é um genocídio? Quem são as verdadeiras vítimas? Tanto de um lado como do outro: as crianças! Que estado pode defender a morte de seres inocentes? Que crenças podem ter estes energúmenes para acharem bem a morte de tantas crianças, de um lado e do outro do conflito? De ambos os lados se "ostentam" vítimas para acusar o outro lado e legitimar ataques!
Fontes:
https://sicnoticias.pt/mundo/2023-12-23-Havia-mais-de-30-criancas-em-casa-ataque-israelita-em-Gaza-mata-familia-numerosa-d1df025c
Um fim de semana muito complicado na Faixa de Gaza, com mais um apagão e vários bombardeamentos que atingiram zonas vitais e mataram dezenas de pessoas. Os relatos, são cada vez mais difíceis de ouvir. E a ajuda humanitária não consegue chegar às populações. O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, atualizou para perto de 10 mil o número de pessoas mortas desde o início da guerra com Israel. 200 pessoas morreram esta madrugada na sequência de centenas de ataques aéreos isrealitas na Faixa de Gaza.
A Força Aérea da Jordânia, encontrou forma de coordenar com Israel e enviou ajuda humanitária através de caixas lançadas de um avião, com paraquedas, para apoiar um hospital de campanha instalado na Faixa de Gaza. O rei Abdullah II da Jordânia anunciou ontem à noite o lançamento aéreo de ajuda médica de emergência para Gaza, reafirmando o seu apoio ao povo palestiniano.
Enquanto isso, o ministro de extrema-direita israelita, Amichay Eliyahu, afirmou ser "uma opção" utilizar uma bomba nuclear na Faixa de Gaza na guerra contra o grupo Hamas, numa entrevista de rádio onde afirmou que não estava totalmente satisfeito com o alcance das retaliações israelitas no território palestiniano após o brutal ataque do hamas a 7 de outubro. Revelou ainda que estaria disposto a colocar em perigo a vida dos mais de 240 reféns mantidos pelo Hamas no território, questionando "porque é que as vidas dos reféns (...) são mais importantes do que as dos nossos soldados?" Aquilo que ele não refereiu é que não seria apenas a vida dos reféns e da população palestiniana que estaria a pôr em causa se tal fosse aprovado, mas a vida de muitos milhares de pessoas do seu próprio país e de países vizinhos, o que não faz qualquer sentido.
Fontes:
Desde o início do conflito entre Israel e o Hamas, que tem vindo a matar milhares de palestinianos, tem-se assistido ao aumento de atos antissemitas em vários países europeus, com maior enfoque em França onde já foram detidas, segundo o governo francês, mas de 500 pessoas. O conflito está a ter repercussões por todo o mundo, assistindo-se na Europa a várias manifestações de apoio à Palestina.
Só na área metropolitana de Paris, a polícia contabilizou 257 atos antissemitas e fez 90 detenções. Na semana passada, ocorreram vários alertas de bomba nos aeroportos de França, o que tem vindo a contribuir para um clima de medo de qua algo maior venha a acontecer no país.
Alemanha, Espanha, França e Reino Unido, foram alguns dos países que implementaram medidas acrescidas de segurança em torno de sinagogas, de escolas e de outras instituições judaicas. Uma das medidas foi a proibição de manifestações pró-palestina. Em várias manifestações ocorridas nos dias seguintes aos ataques de 7 de outubro, podiam ver-se pessoas a festejar as mortes ocorridas em Israel.
As paredes de várias escolas de Estrasburgo foram vandalizadas com grafitis anti-semitas: "várias suásticas e uma estrela judaica" foram encontradas na parede de uma escola primária no bairro Esplanade, disse uma fonte policial. Outra suástica foi também encontrada numa escola secundária na mesma zona.
Em Portugal, as paredes da sinagoga da comunidade israelita do Porto, a maior da Europa, foram vandalizadas com mensagens anti-israelitas e pró-palestinianas. Por cá, as manifestações têm ocorrido sem grandes problemas, organizadas por associações e grupos de apoiantes que defendem o fim do conflito e acusam Israel de genocídio. Ficam marcadas desde logo as palavras do nosso Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que não foram muito bem aceites quando disse no Bazar Diplomático, ao representante da Palestina, a frase: “desta vez foi alguém do vosso lado que começou e não devia”. As suas palavras não agradaram e, mesmo que não tenha sido a sua intenção, levantou aqui uma horda de gente contra si. “O radicalismo gera mais radicalismo e desta vez o radicalismo começou por parte de alguns palestinianos”, continuou o chefe de Estado Português, talvez confundindo o Hamas com a totalidade dos palestinianos.
Fontes:
Olhamos a invasão da Rússia à Ucrânia com grande preocupação, mas a verdade é que a Europa está rodeada de conflitos armados que complicam toda a situação desde o leste ao médio oriente. Está tudo à "nossa porta" e, ao mesmo tempo, parece que está tão longe e lá vamos seguindo a nossa visa, nos nossos queixumes.
Há nove meses que a população arménia de Nagorno-Karabakh, habitado na época soviética por uma maioria arménia cristã e uma minoria azeri muçulmana xiita, e da República de Artsakh, vive em condições desumanas devido ao bloqueio imposto pelo regime do Azerbaijão.
Na capital da autoproclamada república, Stepanakert, não há combustível e as velas voltaram a fazer parte da noite de cerca de 120 mil pessoas. A população está a passar fome. O Azerbaijão não permite a entrada a meios de comunicação independentes. 10 camiões com ajuda francesa foram, sem surpresas, barrados à porta do corredor de Lachin, numa “violação total dos direitos humanos”.
Nagorno-Karabakh é, há muito, um foco de tensão entre arménios e azeris. A região tem estado maioritariamente ocupada por arménios, não obstante a União Soviética, ter entregue à República Socialista Soviética do Azerbaijão o governo desse território.
À medida que o Estado comunista se desintegrava, a situação foi ficando cada vez mais instável. EM 1988 começou a Primeira Guerra do Nagorno-Karabakh, e que durou seis anos, com um desfecho favorável para os arménios. Em 2020 dá-se uma nova investida que só termina com um acordo de cessar-fogo, assinado a 9 de novembro de 2020 e mediado por Vladimir Putin, no qual os arménios foram obrigados a ceder o controlo de vários distritos: Agdam, a leste, e Kalbajar e Lachin, a oeste. Durante a guerra desse ano, o Azerbaijão matou 2906 combatentes azeris e 3825 arménios. Baku conseguiu recuperar uma grande porção territorial dentro e em torno da região.
Em setembro de 2022, aproveitando o incremento do conflito entre a Rússia e a Ucrânia e a passividade da União Europeia (com quem recentemente o Azerbaijão fez um acordo para o fornecimento de gás) e da NATO (cujos membros não querem provocar a Turquia, parceiro da Aliança Atlântica e grande aliado do Azerbaijão), as forças azeris atacaram algumas localidades como Goris, Kapan e Jermuk, reconhecidas internacionalmente como parte da Arménia. Os combates entre os dois países deixaram 286 mortos dos dois lados e fez crescer o temor de uma guerra em larga escala.
Há o risco de se estabelecerem novas zonas tampão sem que a restante Europa se mexa para o impedir. Mais uma vez, é o povo que sofre as consequências, estando em causa um verdadeiro genocídio.
Neste acordo foi estabelecido um corredor através do qual se faria a ligação entre a Arménia e Artsakh. Durante alguns meses, a ajuda humanitária ainda foi entrando em Artsakh, mas, em abril, os azeris bloquearam totalmente a estrada. Muitos não saberão mas Artsakh "é um autoproclamado Estado independente no Sul do Cáucaso com fortes ligações à Arménia." Este é um "país que não existe" e por isso, Stepanakert também é a "capital do país que não existe." Ali se fala Arménio e a população é maioritariamente cristã.
A 30 de agosto deste ano, a porta-voz de Lavro, Rússia, Maria Zakharova, afirmou que a culpa do bloqueio azeri a Artsakh era da Arménia, dizendo que "a atual situação no corredor de Lachin é uma consequência do reconhecimento pela Arménia do Nagorno-Karabakh como parte do território do Azerbaijão”. A aparente apatia russa pode espantar uma vez que a Arménia ainda faz parte da Organização do Tratado de Segurança Coletiva, uma espécie de NATO que a Rússia formou com mais cinco ex-Estados soviéticos, entre eles a Arménia. Esta "não reação" da parte de Moscovo, fez com que a Arménia ameaçasse com a sua saída da organização.
A 31 de agosto, Annalena Baerbock, ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, fez um surpreendente apelo ao fim do bloqueio azeri, o que renovou as esperanças de muitos de que a Europa pudesse contribuir para o fim do problema.
“Matar à fome é um crime de genocídio que está previsto. Para haver um genocídio tem de haver uma tentativa de eliminação, no todo ou em parte, de um grupo nacional. Esta parte final pode estar a ser preenchida, porque os arménios são uma minoria no Azerbaijão”, afirma Pereira Coutinho, especialista em Direito Internacional e professor na NOVA School of Law.
Fontes:
https://www.almadeviajante.com/viagens/nagorno-karabakh/
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