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Explosão numa mina em Espanha

por Elsa Filipe, em 31.03.25

A explosão de uma máquina que estava a ser utilizada na extração de "minério para o fabrico de grafite," provocou cinco mortos quatro feridos. O acidente aconteceu na mina de carvão, de Cerredo, nas Astúrias, norte de Espanha. A explosão desta máquina, provocou várias "queimaduras e traumatismos nas pessoas que se encontravam nas proximidades."

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publicado às 22:01

Ultimamente tem-se falado muito sobre os sismos que têm sido sentidos em Portugal. Se alguns nos podem afetar mais diretamente, outros, apesar de sentidos, não causam danos nas habitações, infraestrutura, nem perdas humanas.

Esta madrugada, um "sismo de magnitude 4,1 na escala de Richter foi sentido em vários municípios espanhóis. O epicentro do terramoto foi na localidade sevilhana de Cazalla de la Sierra, uma pequena cidade com cerca de 4.000 habitantes." Por cá, o abalo foi sentido "na região alentejana de Reguengos de Monsaraz," no distrito de Évora. "De acordo com o IPMA, o sismo foi sentido com intensidade máxima II, na escala de Mercalli modificada."

Numa situação de sismo, é importante sabermos o que devemos fazer. "Durante o terramoto, o principal conselho é ficar onde se está. Se estivermos num edifício, temos de ficar no interior, debaixo de uma estrutura sólida. Se estivermos no exterior, devemos ficar na rua." O último sismo a ser sentido na região de Lisboa e margem sul, foi no dia 17 deste mês, teve o seu epicentro perto da Fonte da Telha e "foi sentido com intensidade máxima V/VI (escala de Mercalli modificada) no concelho de Almada e Sesimbra." A este seguiram-se alguns abalos menores.

 

Fontes:

https://pt.euronews.com/my-europe/2025/02/27/sismo-de-41-esta-manha-em-espanha-sentido-em-portugal

https://pt.euronews.com/my-europe/2025/02/17/sentido-sismo-em-lisboa

 

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publicado às 19:15

Naufrágios no Mediterrâneo

por Elsa Filipe, em 27.12.24

As vítimas tentavam chegar a Espanha. Podemos julgar ou condenar as suas decisões? Não estamos na situação em que estas pessoas se encontravam e, por muito que queiramos pensar que haveria outras soluções, a verdade é que esta foi a solução que eles encontraram. 

Seguiam no barco cerca de 80 pessoas e o destino seria as ilhas Canárias, em Espanha, uma das várias portas de entrada na Europa. Destas apenas 11 sobreviveram. Entre as vítimas estão "25 jovens" provenientes do Mali. Os restantes 69 foram dados como mortos.

Mas o naufrágio deste barco aconteceu no passado dia 19 de dezembro, embora a Lusa e outras fontes estejam agora a divulgá-lo, por ocasião do balanço feito todos os anos e que nos dão conta de números assustadores. Este ano, "10.457 pessoas" perderam a vida "na tentativa de chegarem à costa espanhola, numa média de quase 30 por dia e num aumento de 58% em relação ao ano passado." A causa para tanta mortalidade poderá estar na falta de auxílio, com "os protocolos de resgate" a serem tardiamente ativados na maioria das vezes e à "escassez de recursos nas operações de resgate."

"Muitos migrantes que empreendem esta perigosa viagem vêm de países da África Ocidental, como o Mali, o Senegal e a Mauritânia, em busca de melhores condições de vida ou fugindo da violência e da agitação política."

Fontes:

https://www.noticiasaominuto.com/mundo/2696906/perto-de-70-desaparecidos-em-naufragio-de-um-barco-em-marrocos

https://pt.euronews.com/my-europe/2024/12/27/mais-de-60-migrantes-mortos-apos-naufragio-quando-tentavam-chegar-as-canarias

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publicado às 22:36

Feriados ao domingo temos o de hoje e o da próxima semana e, a verdade, é que acaba por passar despercebido a muita gente. A questão que se coloca é se todos sabemos porque é que hoje é feriado em Portugal?

A data de hoje assinala a Restauração da Independência, conseguida em 1640, quando Portugal voltou a ser independente após décadas sob domínio espanhol. Vamos passear um pouco pela História?

"Foi neste dia que um grupo de revoltosos," que ganharia o nome de "os Quarenta Conjurados," planeou e "lançou um golpe de Estado." Este grupo invadiu o Paço Real em Lisboa e assassinou "o representante de Espanha em Portugal, Miguel de Vasconcelos." A independência foi assim devolvida ao povo português. Sentava-se no trono o rei D. João IV, iniciando então a Dinastia de Bragança.

Terminavam 60 anos de ocupação que se tinha iniciado depois da crise de sucessão que se deu com a morte prematura do Rei D. Sebastião em Alcácer-Quibir, para onde tinha partido com apenas 25 anos. A estratégia portuguesa passava por conquistar a região através de um cerco, mas a decisão acabou por ser alterada e o novo plano passou por atacar em campo aberto. Esta decisão ditaria o terrível desfecho, uma vez que o "xerife Abd el-Malek sabia que os portugueses estavam a rumar para as suas terras com o objetivo de uma investida." Mas, afinal, o que aconteceu para que os espanhóis fossem reis de Portugal?

Voltando atrás... no dia "4 de agosto" de 1578, os portugueses tinham sido "derrotados no Norte de África" e o rei D. Sebastião foi dado como "morto durante o combate," juntamente com "milhares de portugueses, incluindo a elite do poder," tendo os sobreviventes, na sua maioria sido feitos prisioneiros em Marrocos.

Com a presunção da morte de D. Sebastião, foi coroado "o cardeal D. Henrique mas," que era "irmão de D. João III e que havia sido na menoridade de D. Sebastião, regente do reino." 

De entre os pretendentes havia D. Filipe de Espanha, Dª Catarina e D. António. D. Filipe de Espanha era, de facto, neto de D. Manuel I e, por isso, um dos pretendentes ao trono português, concorrendo contra a prima, Dª Catarina. "Esta candidata, apesar de ter o apoio de alguns membros do clero e de alguns juristas, não reunia o apoio de muitos fidalgos, provavelmente por causa de rivalidades e conflitos tradicionais entre casas senhoriais." D. António, apesar de ser o mais fraco dos candidatos acabou por ser aclamado pelo povo!

No entanto, D. António acabaria por ser derrotado na Batalha de Alcântara pelas forças espanholas," e fugiria para os Açores, tendo acabado "exilado em França." 

Três dos cinco governadores que ficaram a chefiar "o país aceitaram o rei de Espanha como rei de Portugal em julho de 1580." Estes três homens, assinaram "o reconhecimento de Filipe II em Castro Marim, dando-se então início à dinastia Filipina. E o que era feito de D. Catarina e de D. António?

"D. Catarina acabou por abandonar a pretensão ao trono e D. António tentou uma negociação com o rei de Espanha: abdicaria da sua pretensão se fosse nomeado governador vitalício, proposta esta que foi recusada por Filipe II."

Uma das ações de Filipe II foi mesmo prometer que haveria a "possibilidade de resgate de uma grande parte dos que, embarcados com D. Sebastião, haviam ficado prisioneiros nos cárceres marroquinos." De facto, o rei chegou mesmo a avançar com o pagamento de quantias monetárias bastante elevadas "para libertar os reféns e assim garantir o apoio e a gratidão da nobreza portuguesa." Além disso, muitos destes nobres viam na União Ibérica, "uma forma de ascender e receber vários benefícios."

Entretanto, nascia o filho de "Filipe I de Portugal e de sua esposa, Ana de Áustria," mas parece que poucos prestaram "atenção" ao nascimento "de um infante espanhol. Nesta altura estava a decorrer a preparação da jornada para o Norte de África." Não era o primogénito e, por isso, o lugar não seria diretamente seu, mas a morte do seu "irmão Carlos, filho de Maria Manuela, infanta de Portugal," e posteriormente com as mortes dos "infantes Fernando, Carlos Lourenço e Diogo," acabou por ter o seu lugar garantido na sucessão ao trono.

Filipe III de Espanha, II de Portugal, que se tornaria rei "de ambas as coroas em 1598," teria uma saúde muito débil. Casar-se-ia com D. Margarida, que "cumpriu o seu dever como rainha e conseguiu gerar" oito descendentes, entre eles, a "infanta Ana Maurícia," que mais tarde se tornaria "rainha de França (mãe de Luís XIV). D. Filipe II, morreria em grande sofrimento e, poderá até, ter sido vítima de envenenamento, a 31 de março de 1621.

Tinha nascido entretanto em Valladolid, D. "Filipe III de Portugal e IV de Espanha", em 1605. "O nascimento de um príncipe do sexo masculino era sempre motivo de grande júbilo e satisfação, porque assegurava a continuação da linhagem e o destino da coroa." O infante seria "jurado como príncipe herdeiro de Castela pelas cortes a 13 de janeiro de 1608," com apenas três anos. "Em 1611, Espanha começou a negociar o matrimónio do herdeiro da coroa com uma infanta francesa. Contudo, nesta altura o príncipe tinha apenas sete anos e a infanta francesa Isabel de Borbom, nove." Casaram em 1615 e tiveram sete filhos, apenas um deles, do sexo masculino, que acabaria por morrer. D. Filipe III voltaria a casar-se para que fosse possível encontrar um sucessor varão, desta vez com a sua própria "sobrinha, Mariana de Áustria."

A verdade é que, a Dinastia Filipina, dirigiu "o Reino português com distância física" e não mantinha qualquer "ligação afetiva a Portugal." D. Filipe I, deixou mesmo "o governo da coroa portuguesa entregue ao seu sobrinho D. Alberto, filho de Maximiliano da Áustria e de Maria da Áustria, sua irmã."

Durante o reinado de Filipe II, a governação de Portugal foi também bastante "instável e fortemente marcada pela distância." O país sofria "diversas dificuldades," tais como a "escassez de cereais e péssimos anos para a agricultura," que tornaram a vida do povo deveras complicada. "Com o objetivo de melhorar a relação com Portugal e acalmar o descontentamento dos portugueses," D. Filipe II de Portugal, entregou o governo a "Cristóvão de Moura." 

Em 1608, "o cargo de vice-rei foi entregue a D. Pedro Castilho, bispo de Leiria e inquisidor mor do Reino. Ao longo do reinado de Filipe II de Portugal, foram vários os vice-reis, sendo o último vice-rei Diego de Silva." Filipe II de Portugal nunca se mostrou muito preocupado "em resolver as questões do reino de Portugal," chegando mesmo a acusar os "seus ministros" da situação em que o reino se encontrava.

"Com a subida ao trono de Filipe III", a ausência física tornou-se ainda mais evidente, tendo "a governação de Portugal" estado "sempre entregue ao respetivo vice-rei rei ou à junta de governadores." No ano de 1634, Filipe III de Portugal, "designou como vice-rainha de Portugal, a sua prima italiana Margarida de Sabóia, duquesa de Mântua." Entretanto começava o conflito da Catalunha, onde muitos dos nobres portugueses acabaram por ir combater.

Pouco tempo depois, em 1639, "foi proposto ao Duque de Bragança um cargo importante, o cargo de governador-geral das armas de Portugal." D. João, não terá aceite "esta oferta e, quando a conspiração contra a Dinastia Filipina começou a ganhar maior proporção," acabou por ser de certa forma, "obrigado" a ter uma atitude mais ativa e assumiu a liderança do "movimento que emergia."

O golpe de Estado que conduziu à morte de Miguel de Vasconcelos, foi planeado durante algum tempo, em "várias reuniões secretas no Palácio da Independência, no Largo de São Domingos, perto do Largo do Rossio, em Lisboa. Foi aí que os 40 nobres que queria derrubar o espanhol Filipe III do trono conspiraram, mais precisamente num anexo, na altura conhecido como palácio de Antão Vaz de Almada," que era um dos Quarenta.

Mas não nos podemos esquecer de um outro factor que pode ter facilitado o desfecho positivo deste golpe. Na Catalunha, acontecia "ao mesmo tempo, a Guerra dos Segadores," o que pode ter servido "para desviar as atenções da coroa espanhola, que na altura travava outras guerras com outros territórios para além de Portugal."

A independência só foi reconhecida por Espanha 28 anos depois, em 1668, com a assinatura do Tratado de Lisboa.

 

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publicado às 20:09

A situação em Espanha está caótica, especialmente na região de Valência, onde se regista a maioria dos 211 mortos confirmados até ao momento, "devido ao mau tempo." 

Uma grande parte das vítimas mortais já confirmadas ocorreram na V-31, uma circular d zona de Valência, onde "ao final da tarde e início da noite de terça-feira, centenas de pessoas ficaram presas dentro de carros arrastados pelas águas quando regressavam a casa do trabalho." A proteção civil emitiu uma mensagem dde alerta, mas para estas pessoas, já foi tarde de mais e acabaram apanhadas pela enchente. E esta "é apenas uma das mais de 120 estradas ainda com cortes" onde os carros e camiões se empilham e o lixo e a vegetação que foi arrastada pela corrente se acumulam.

Apesar dos esforços, estima-se que ainda haja "milhares pessoas desaparecidas," muitas delas submersas na lama ou em locais isolados onde ainda não chegou ajuda.

O elevado "número de vítimas mortais obrigou as autoridades espanholas a abrir uma morgue temporária no centro de convenções Feria Valencia, nos arredores de Valência."

As imagens não deixam dúvidas sobre a gravidade e a extensão que o fenómeno atingiu. Fala-se na possibilidade de terem ficado pessoas "submersas em garagens inundadas" ou de ainda "haver corpos dentro dos milhares de carros arrastados pelas águas e que continuam empilhados em ruas de diversas localidades e outras estradas."

Infelizmente, "os meteorologistas preveem mais chuva, sobretudo nas ilhas baleares, na região da Catalunha, e, novamente, na comunidade valenciana."

De Portugal sairam também equipas de apoio, da Associação Portuguesa de Busca e Salvamento. Esta "organização não-governamental" informou o envio de  "nove operacionais e dois cães para auxiliar os espanhóis nas buscas."

Entretanto, tenta-se repor a normalidade possível, com a limpeza das vias e o restabelecimento da eletricidade, "mas ainda há milhares de casas sem luz, sobretudo na região mais a leste de Espanha." Muitas estão também sem água corrente, ou mesmo potável, sem acesso a alimentos ou medicamentos e sem ligações telefónicas ou de internet, o que as deixa ainda mais isoladas. Segundo o governo espanhol, o mau tempo acabou por também provocar danos nas "vias de metro de superfície e de comboio, incluindo as de alta velocidade, que ficarão sem serviço pelo menos durante duas a três semanas," tendo praticamente desaparecido "três das cinco linhas" e verificando "cerca de 80 quilómetros completamente destruídos."

A todos os familiares, das centenas de vítimas mortais, feridos e desaparecidos nesta catástrofe, deixo as minhas palavras de consolo, sabendo que serão sempre poucas nestes momentos difíceis. O que se passou em Espanha, poderia ter sido cá. Não nos podemos esquecer disso. Não estamos livres de que tal nos aconteça!

Fontes:

https://sicnoticias.pt/mundo/2024-11-02-video-pelo-menos-211-mortos-e-milhares-de-desaparecidos-o-quarto-dia-apos-as-cheias-em-espanha-1ed27fde

https://www.publico.pt/2024/11/01/azul/noticia/continuam-alertas-chuva-torrencial-espanha-2110253

https://sicnoticias.pt/mundo/2024-11-01-espanha-reforca-militares-no-terreno-em-valencia-para-resgatar-corpos-e-abastecer-populacoes-d4a9c103

https://sicnoticias.pt/mundo/2024-11-01-carros-abandonados-lixo-e-lama-ainda-entopem-estradas-em-valencia-48-horas-apos-tempestade-bc9c36b3

 

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publicado às 15:30

Catástrofe em Espanha

por Elsa Filipe, em 30.10.24

Espanha está a ser assolada por uma tempestade de proporções extremas, sendo a região de Valência a mais afetada, com 64 mortos confirmados e dezenas de desaparecidos uma vez que as equipas de socorro ainda não conseguiram chegar a todas as zonas atingidas. Num balanço mais atualizado, as autoridades espanholas falam já em 95 mortos!

Desde ontem que o território espanhol está sob a influência de uma "depressão isolada em níveis altos", um "fenómeno meteorológico conhecido como DANA em castelhano, que causou chuvas torrenciais e ocorrências em diversos pontos do país, sobretudo na costa do Mediterrâneo."

As imagens que nos chegam pelas redes sociais e através da comunicação social mostram algo nunca visto nesta região, com "aldeias, estradas, ruas e campos inundados, carros arrastados pelas águas e presos em autoestradas e pessoas em telhados ou árvores à espera de resgate."

"Segundo o governo regional da Comunidade Valenciana, no leste de Espanha, pelo menos 62 pessoas morreram por causa de chuvas torrenciais e inundações que atingiram a região de Valência na última noite e de madrugada. Está confirmada também a morte de mais uma pessoa na região vizinha de Castela La Mancha."

De acordo com dados oficiais do governo espanhol, a precipitação que na última noite caiu "na região de Valência foi a mais elevada em 24 horas desde 11 de setembro de 1966."

Em Valência, "cerca de 200 pessoas foram resgatadas durante a madrugada de diversos locais, mas as equipas de proteção civil e de militares que estão no terreno continuavam ao início da manhã sem acesso a várias zonas afetadas, por haver vias inundadas e destruídas ou infraestruturas afetadas."

Várias regiões estão também sem comunicações ou eletricidade. "Os apagões provocados pelas chuvas chegaram a deixar 150 mil pessoas sem acesso à rede de telecomunicações em Valência."

Na localidade de Letur, em Albacete houve "uma vítima mortal." As buscas continuam para "localizar cinco pessoas desaparecidas depois de um riacho transbordar e uma enchente gigantesca devastar a pequena cidade. Nesta localidade do município de Albacete, dois funcionários municipais foram arrastados pela corrente dentro de um veículo, que ainda não foi encontrado."

Na Andaluzia, a única vítima registada até agora"será um cidadão britânico de 71 anos." Já em "Cuenca, a norte de Albacete, as autoridades confirmaram a morte de uma mulher de 88 anos." Em Málaga registaram-se "três feridos e uma vítima mortal."

Na cidade de Alzira, há vários carros ainda "presos em vias inundadas," onde podem estar muitas das pessoas que ainda não foram encontradas. "Dezenas de pessoas ficaram presas pela água em diferentes pontos da província da região, incluindo em centros comerciais, veículos, telhados ou árvores, disseram moradores de diferentes localidades."

O "Governo de Espanha decidiu decretar três dias de luto nacional." 

Fontes:

https://expresso.pt/internacional/europa/espanha/2024-10-30-sanchez-diz-que-emergencia-por-mau-tempo-em-espanha-continua-e-garante-apoio-a-afetados-0008b890

https://expresso.pt/internacional/europa/espanha/2024-10-30-cheias-em-valencia-rei-de-espanha-garante-todo-o-apoio-necessario-aos-afetados-e-familiares-dos-mais-de-60-mortos-confirmados-a16a09d3

https://www.publico.pt/2024/10/30/azul/noticia/chuvas-torrenciais-provocam-vitimas-mortais-valencia-2109938

 

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publicado às 19:25

Acordamos para mais um dia negro...

por Elsa Filipe, em 18.09.24

...num pequeno país onde apesar de tanto mar, rios e lagoas, falta água que ponha cobro a tantas chamas! 

Pois é, o que é "demasiado" num dia, no outro já falta. De inverno, ficamos aborrecidos quando chove e a água sobe, os rios transbordam, inundando tudo à sua passagem. Agora, imagino que um pouqinho dessa água estaria a fazer falta a muita gente. Infelizmente, não mandamos no tempo. Não podemos fechar a "janela" e evitar o vento, mas existem outras coisas que podemos fazer e, das quais, só nos lembramos quando a desgraça chega à nossa porta. 

Parece que em breve, a chuva vai voltar e parece que existem meios a caminho de Portugal, vindos de Espanha e de outros países. Pelo menos, ajudarão a dar alguma "folga" aos nossos bombeiros que não têm tido descanso. 

No total, foram já registadas "150 vítimas, entre elas 12 feridos graves, (...) 65 ligeiros feridos ligerios e 68 assistidos." Lamenta-se ainda a perda de sete vidas, dos quais quatro eram bombeiros. Da corporação de Vila Nova de Oliveirinha, lamenta-se a perda de Paulo Santos, Susana Carvalho e Sónia Melo. Dos bombeiros de S. Mamede de Infesta, lamenta-se a morte de João Manuel Silva. Uma outra vítima foi Carlos Eduardo, "imigrante brasileiro" de 28 anos e que "morreu carbonizado no incêndio de Albergaria-a-Velha," quando "tentava salvar maquinaria da empresa para a qual trabalhava." Conta-se também a morte de uma senhora com 83 anos, "vítima de paragem cardiorrespiratória na aldeia de Almeidinha, Mangualde, ao ver as chamas a aproximar-se da sua área de residência." Há ainda a contabilizar a morte de um homem de 88 anos, do "lugar do Fontão, na freguesia de Angeja em Albergaria-a-Velha" e que deixa "três filhos e vários netos."

As regiões norte e centro do país continuam a ser as mais afetadas, tendo o Governo declarato situação de calamidade em todos os municípios afetados pelos incêndios nos últimos dias.

Em Gondomar, desde o início desta grande ocorrência, foram já assistidos oito bombeiros, dos quais um chegou mesmo a ser sujeito a uma cirurgia. Este incêndio iniciou-se ontem pelas 13h02 e, já levou à evacuação "por precaução, e no sentido de evitar a inalação de fumo," de trinta idosos do "Lar da Santa Casa da Misericórdia de Gondomar. Estes "idosos foram transportados para o Multiusos de Gondomar, estando acompanhados pelos técnicos do próprio lar e pelos técnicos das áreas da saúde e da ação social da Câmara Municipal de Gondomar."

Foi também necessário proceder à evacuação de "três estabelecimentos de ensino - EB1 de Ramalde (S. Cosme), EB1 de Aguiar (Jovim) e Jardim de Infância de Trás da Serra (Jovim), tendo, dos cerca de 100 alunos dos três estabelecimentos, 20 sido transportados para o Multiusos de Gondomar, de onde foram depois "recolhidos pelos encarregados de educação". Há pessoas desalojadas e terão já ardido "três casas arderam esta segunda-feira no incêndio que está a lavrar na freguesia de Jovim." O incêndio avançou "na direção da freguesia vizinha da Foz do Sousa." Algumas habitações localizadas "na zona de Branzelo, em Melres, concelho de Gondomar, estão a ser evacuadas e a população retirada devido aos incêndios."

No que respeita ao incêndio de Valongo, Gondomar, presidente da junta de freguesia foi constituído arguido devido a ser responsável por "dois funcionários da autarquia" que, alegadamente, estavam a usar "roçadoras de disco," para limpar as ruas. Estas máquinas, que são proibidas quando existem alertas (como era o caso) "terão gerado faíscas." Segundo o autarca, os funcionários teão usado o disco por "haver uns tojos na rua" e as faíscas prococadas terão dado início ao incêndio, "tendo o alerta, segundo os Bombeiros de Valongo, sido dado às 9:45," de ontem.

Em Vila Pouca de Aguiar a situação também é crítica. O "incêndio galgou para Vila Real, pelas zonas de Covelo e da Samardã," avançando em diferentes frentes. O comandante Hugo Silva, informou à agência Lusa, que tinha havido uma "reativação forte em Sabroso, uma frente completamente incontrolável, acrescentando que não tinha "meios disponíveis para reforçar" nem para "substituir" os bombeiros que "já andam aqui em trabalho há vários dias."

O comandante mostrou também receio de que este incêndio que "progride em direção a norte," chegue "à porta de Vidago (Chaves)." Existem ainda outras duas frentes preocupantes "que se desenvolvem na zona de Soutelinho do Mezio e na Samardã."

O incêndio de Tábua, no distrito de Coimbra, e que "teve origem no fogo que na segunda-feira eclodiu em Nelas e se estendeu a Carregal do Sal, no distrito de Viseu," foi fdado esta manhã como "dominado" apesar de não ter havido hipótese de se baixar os braços.

Em Arouca, no distrito de Aveiro, uma "parte do troço de madeira dos Passadiços do Paiva," foi consumida pelas chamas. Devido a este incêndio, foi necessário proceder à retirada de alguns "habitantes com mobilidade reduzida," que foram depois "conduzidos para casa de familiares, noutras localidades." Foram também encerrados "todos os estabelecimentos de ensino da rede pública do concelho, afetando as escolas-sede dos agrupamentos de Arouca e Escariz ao acolhimento exclusivo" dos "filhos e dependentes a cargo dos profissionais diretamente envolvidos nas operações de socorro no âmbito dos incêndios." Uma ação de valorizar!

O incêndio de Albergaria-a-velha, que começou na segunda-feira, pelas 07:20, "entrou" segundo o comandante Albano Ferreira, "em resolução cerca das 10:30. Continua agora a ser necessário manter os meios no terreno, "atentos a reativações" que possam ocorrer.

"Os meios aéreos fornecidos pelos países europeus ao abrigo do mecanismo de proteção civil da União Europeia já estão a operar em território luso. Ao todo operam oito aviões, quatro oriundos de França, dois de Itália e mais dois de Espanha." Chegaram também esta madrugada 230 bombeiros vindos de Espanha, com a missão de apoiar os operacionais portugueses. Foi cancelada a vinda dos meios gregos. "O Governo declarou situação de calamidade em todos os municípios afetados pelos incêndios nos últimos dias e alargou até quinta-feira a situação de alerta."

Fontes:

https://rr.sapo.pt/noticia/pais/2024/09/16/incendios-seis-bombeiros-feridos-em-gondomar/393884/

https://www.rtp.pt/noticias/pais/incendios-em-portugal-a-situacao-ao-minuto_e1600618

https://www.jn.pt/3477787569/presidente-de-junta-de-campo-nega-culpa-em-incendio-causado-por-rocadora/

https://pt.euronews.com/my-europe/2024/09/18/mais-de-cinco-mil-bombeiros-combatem-cerca-de-100-incendios-ativos-em-portugal

https://portocanal.sapo.pt/noticia/356074/

https://www.publico.pt/2024/09/18/sociedade/noticia/quatro-bombeiros-tres-civis-sao-vitimas-incendios-2104515

 

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publicado às 22:30

As manifestações estudantis que exigem o corte das relações com Israel começaram pelos EUA e rapidamente se espalharam ao Canadá, México, alguns países da Europa e à Austrália.

Em Espanha, a Universidade Pública de Navarra, começou por tomar a decisão de "cortar relações com centros israelitas que não rejeitem crimes contra a humanidade," seguindo-se "a Pablo de Olavide, de Sevilha," que também rompeu "todas as relações atuais e futuras com empresas e centros educacionais em Israel."

Entretanto, por cá, num "documento subscrito por 65 académicos," pede-se a priorização ética daquilo que se passa em Gaza, mostrando como exemplo uma comunidade onde se "ensina a resistir, mesmo em condições inimagináveis, aos intentos colonizadores e neoimperialistas" ao mesmo tempo que "elucida, sobre o quanto mais fortes que a repressão podem ser as ideias e o saber que continuarão resistentes mesmo debaixo dos bombardeamentos contínuos de já há longos sete meses".
 
Apesar de todas as instituições terem sido destruídas,  "uma prova de mestrado" foi mesmo assim efetuada "no interior de uma tenda num campo de refugiados" o que demonstra uma enorme capacidade de resiliência.
 
Assim, estes académicos exigem à "Universidade do Porto que não tenha relacionamento com o Estado de Israel, com empresas e instituições israelitas, ou em que estas estejam envolvidas, que, de qualquer forma, contribuam para a ocupação da Palestina e para a prossecução da guerra contra o Povo Palestiniano, e que denuncie acordos de colaboração que tem com as Universidades de Israel". Proclamam ainda, "a necessidade de criar e intensificar a cooperação com as instituições de ensino e de investigação palestinianas, num compromisso que a U. Porto deve assumir com o direito à educação, à liberdade de investigação científica e à ciência como instrumento de progresso e de paz", exigindo também "uma política de transparência relativamente a este assunto para que os subterfúgios e equívocos não possam ser mais evocados."
 
Os protesto começaram no dia 08 deste mês e têm-se vindo a acentuar, tendo sido esta segunda-feira, que as coisas se complicaram, com a ocupação da universidade, a qual exigiu a presença das autoridades.
 
Fontes:
 
 
 

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publicado às 19:57

Em primeiro lugar, permitam-me dizer que eu, não estou do lado de nenhum dos dois, e quando aqui coloco como título "de que lado estamos" estou a clocar o enfoque na União Europeia e na "nossa" posição como país, nesse âmbito. 

Analisar estes factos não é fácil, porque estou desde logo a falar de culturas e de ideologias diferentes daquelas com as quais me identifico. Afinal, qual a posição das nações e como é que Portugal se está a posicionar no meio destes conflitos? Penso que Portugal vai na onda da maioria, mas aquilo que todos queríamos é que este conflito tivesse um fim...

E o que é que se passa nesta tríade - Israel, Irão e Palestina? Sabemos que o ataque do Hamas a 7 de outubro foi um ato terrorista que veio abalar a segurança de Israel, resultando na morte de perto de 1400 pessoas e em muitos reféns. Israel, atacou a Faixa de Gaza, com a principal intenção de acabar com o Hamas e recuperar os reféns. O Hamas é apoiado pelo Irão através de grupos como o Hezbollah, O Irão fornece a maioria do armamento de que o Hamas dispõe, colocando assim o Irão na linha direta de ataque de Israel. Apesar do Irão ter negado a sua participação no ataque de 7 de outubro, há sempre a questão da origem das armas utilizadas.

Como está mais do que percebido, os ataques das tropas israelitas, estão a destruir edifícios residenciais, hospitais, escolas e, até, centros de refugiados, com a desculpa de que nesses locais estão homens do Hamas. Mas também se diz que é verdade que os membros deste grupo, usam a população civil como escudo humano. Assim, como é possível que se esteja a debater quem é no meio disto tudo tem razão! Acho que, na verdade, estamos impotentes e que estamos todos a aguardar qual será o próximo ataque, para depois apoiarmos os civis, de um lado ou do outro, minimizando da forma que for possível, os danos causados. E é isto que é triste! Esta impotência!

O primeiro-ministro israelita coloca-se contra todos os países que vêm defender os palestinianos ou mesmo contra aqueles que defendem um cessar-fogo. Sabemos também que, apesar de não haver consenso dentro da União Europeia, uma coisa é certa, os resultados atingidos por Israel ficam muito aquém dos seus objetivos e colocaram a Palestina numa crise humanitária sem precedentes naquela zona.

Enquanto a União Europeia se esforça "por controlar uma potencial retaliação israelita e evitar uma escalada ainda maior," Netanyahu já veio por diversas vezes dizer que já estariam aprovados "planos para uma operação militar no sul de Gaza." 

Na terça-feira, dia 16, os 27 ministros dos Negócios Estrangeiros da UE realizaram por videoconferência "uma reunião extraordinária do Conselho," na qual discutiram "a resposta coletiva à escalada, vista como um ponto de inflexão no conflito no Médio Oriente." Apesar de muitos se terem colocado do lado de Israel, ninguém quer que este conflito escale. Reino Unido e França, estão de facto do lado dos EUA e reconhecem "o direito do Irão a uma resposta ao ataque ao seu consulado" em Damasco, na Síria. As forças destes três Estados participaram de forma ativa "na interceção do ataque iraniano" a Israel, abatando vários dos drones lançados contra o país. Mas Israel, deve retaliar?

Se Israel retaliar, o conflito irá complicar-se. O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, ameaçou que “se o regime sionista fizer a mais pequena invasão" contra o Irão, "os israelitas podem ter a certeza de que enfrentarão uma resposta agressiva e em larga escala”. Mas Israel (cuja população é composta na sua maioria - mais de 75% - por judeus) já atacou diversos alvos do Hezbollah, grupo que é apoiado pelo Irão (regime islâmico).

Os EUA são os principais fornecedores de armamento a Israel e é em parte esse armamento que tem destruído a faixa de Gaza. Apesar de, quando a 9 de abril, Netanyahu afirmou que já existia "uma data para o início das operações militares em Rafah," os Estados Unidos da América terem avisado que não apoiariam qualquer operação que visasse um ataque à "cidade do sul da Faixa de Gaza," parece que afinal agora voltaram com a palavra atrás. Se antes pareciam preocupados com os quase 1,5 milhões de palestinianos que estão encurralados em Rafah, agora parecem ver esse ataque como um mal menor, desde que se evite uma propagaçaõ da guerra contra outros países.

Numa declaração das autoridades egípcias, a um meio de comunicação do Catar, é hoje dito que os EUA "aceitaram o plano de Israel para avançar com uma ofensiva em Rafah, em troca de não retaliar contra o Irão." Ou seja, será que estou a ler bem? Desde que fiquem dentro daquelas fronteiras, não há problema em apoiar ataques contra milhões de civis que neste momento, nem comida nem água têm?

Segundo informações de órgãos de comunicação internacionais, "pelo menos quatro batalhões do Hamas estão em Rafah, preparados para o início da ofensiva". Em Rafah podem estar escondidos "vários líderes do Hamas" mas também é possível que estejam "reféns israelitas". Mas... e os quase 1,5 milhões de palestinianos que lá estão encurralados?

 

Ontem, quarta-feira, no decorrer da reunião entre os 27 estados da UE ficou decidido que iriam ser reforçadas as sanções contra o Irão, depois do ataque de sábado. Ao isolarem o Irão, estes estados, esperam conseguir "avançar no sentido de um processo de paz" na região. Mas em parte, alguns dos países que também estão representados na ONU, defendem que "os líderes europeus devem tomar medidas mais concretas contra Israel, incluindo a revogação do reconhecimento diplomático e a aplicação de sanções específicas a funcionários do governo." Ainda há poucos dias, isto foi defendido pela Irlanda e pela nossa vizinha Espanha. Manu Pineda (eurodeputado espanhol) veio afirmar que é "vergonhoso que a União Europeia continue a comprar e a vender armas a Israel, que estão a ser utilizadas em combate e que estão a cair sobre as cabeças das crianças palestinianas na Faixa de Gaza."

Fontes:

https://sicnoticias.pt/mundo/2024-04-18-video-lideres-da-uniao-europeia-decidem-reforcar-sancoes-contra-o-irao-8f2b31ba

https://sicnoticias.pt/video/2024-04-09-Netanyahu-garante-que-ja-tem-data-para-ataque-a-Rafah-3c908a2d

https://pt.euronews.com/my-europe/2024/04/15/ue-tenta-controlar-repercussoes-do-conflito-entre-israel-e-irao

https://sicnoticias.pt/mundo/2024-04-17-video-netanyahu-diz-que-agradece-conselhos-dos-lideres-mundiais-mas-decide-sozinho-ataque-ao-irao-75115339

https://pt.euronews.com/my-europe/2024/04/10/albanese-ue-deve-suspender-relacoes-com-israel-devido-ao-genocidio-em-gaza

 

 

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publicado às 18:49

O Haiti fica numa das várias ilhas localizadas na zona central do continente americano, tendo passado pela "colonização europeia, ocupações pelos Estados Unidos e escravidão," mas entre "revoluções" e conflitos, é, desde 1804 um país independente. Da sua história faz parte, a sua "descoberta" por Cristovão Colombo que "chegou à ilha que hoje abriga o Haiti e a República Dominicana em dezembro de 1492," tendo à época este território ficado sob o controlo da Coroa espanhola. Assim sendo, "Colombo batizou a ilha de A Hispaniola,"  e aos seus habitantes, nativos, o navegador chamou "índios." Perdido o interesse dos espanhóis, que entretanto tinham descoberto territórios mais ricos, a ilha começou a ser disputada por "piratas ingleses, holandeses e franceses."

No ano de "1665, a França" deu-lhe "o nome de Saint-Domingue," e cerca de 30 anos depois, a capital espanhola "cedeu formalmente um terço de A Hispaniola ao governo francês." Sob domínio francês, a ilha prosperou e em 1789, "75% da produção de açúcar do mundo vinha de Saint-Domingue, assim como grande parte da riqueza e glória da França. A chamada pérola das Antilhas produzia também café, tabaco, cacau, algodão e índigo." Em 1791, depois da Revolução Francesa, um homem "de origem jamaicana chamado Boukman liderou uma revolta numa grande plantação." Nessa revolta, os escravos que até aí tinham sofrido imensas brutalidades, "destruíram as plantações e executaram todos os brancos que viviam na região." Nos anos seguintes, a guerra civil não se fez esperar e "entre fevereiro e abril de 1804 ocorreu o chamado Massacre do Haiti,"  no qual morreram entre 3 a 5 mil "mulheres e homens brancos de todas as idades." Esta longa luta, apesar de lhes ter trazido a independência, teve custos elevados. Além da destruição da "maioria das plantações" e das infraestruturas do país, também os custos humanos foram enormes: "calcula-se que das 425 mil pessoas escravizadas, tenham sobrado apenas 170 mil em condições de trabalhar para reconstruir o país."

Em 1825, "o então presidente do Haiti, Jean-Pierre Boyer, assinou um acordo com o rei" francês em que era prometido ao Haiti o "reconhecimento diplomático pela França em troca de uma redução de 50% das tarifas alfandegárias às importações francesas e uma indenização de 150 milhões de francos." Este acordo foi assinado porque, caso o governo haitiano não o assinasse, "o país não só continuaria isolado diplomaticamente como seria cercado por uma frota de embarcações de guerra francesas que estava na costa haitiana." O Haiti acabaria por fazer um empréstimo através de um banco também ele francês e demoraria 122 anos a pagar a dívida!

Em 1844, o lado leste da ilha declarar-se-ia "definitivamente independente do oeste, formando a República Dominicana."

Com um clima tropical, o Haiti está localizado numa zona problemática ao nível climático, sendo fustigado muitas vezes por furacões que destroem sucessivamente as estruturas habitacionais de uma população empobrecida por sucessivos governos ditatoriais e guerras civis, mas também sofre por sucessivos anos de seca que em algumas zonas da ilha acabam por reverter em grandes incêndios e na destruição das fontes de subsistência da população.

"Desde fevereiro de 2004, o Haiti sofre intervenção de forças militares da Organização das Nações Unidas (ONU)." Em 2010, foi notícia por ter sofrido um forte sismo que destruiu a maior parte do território, em especial Port au Prince (ou Porto do Príncipe) e que matou cerca de 120 mil pessoas.

Num país com baixo índice de desenvolvimento humano e em que menos de metade da população é alfabetizada, o Haiti tem uma economia nacional pouco desenvolvida e baseada em atividades do setor primário." O principal produto de exportação é o açúcar, o país também cultiva manga, banana, milho, entre outros." O Haiti foi considerado pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional, como "o país mais pobre da América e um dos mais pobres do mundo."

É a ONU que no fim de fevereiro vem reforçar o alerta para "o crescimento no número de violações sexuais." Ulrika Richardson, coordenadora das Nações Unidas diz mesmo que em 2023 se verificou "uma degradação muito acentuada da insegurança, com assassínios, linchamentos, violações e outras formas de violência sexual, sendo que 2024 deu continuidade a essa “tendência trágica”. Acrescenta ainda Ulrika que “as pessoas estão a ser sujeitas a violações muito brutais dos seus direitos humanos e estão sujeitas a formas muito brutais de violência sexual, incluindo violação coletiva." 

Em relação à insegurança alimentar, a porta voz da ONU alerta para o aumento dos níveis de subnutrição, que têm sido mais acentuados nas crianças e nas mulheres grávidas, provocado sobretudo pelo "agravamento da insegurança no Haiti" que "mantém os preços das matérias-primas acima da média, nomeadamente devido à escassez de produtos alimentares básicos nos mercados devido a perturbações nas cadeias de abastecimento."

Os ataques dos gangues têm vindo a aumentar neste território. “Em 2023, a violência perpetrada por gangues armados contra a população haitiana continuou a espalhar-se no país, atingindo áreas rurais isoladas à medida que a presença do Estado diminuiu," segundo afirmações da ONU. Estes ataques não são só entre grupos rivais, mas tratam-se também de grupos violentos que atacam "hospitais, escolas e locais de culto."

Segundo uma notícia avançada pela BBC, no último domingo, o governo do Haiti terá decretado "o estado de emergência" e o "recolher obrigatório" na capital, Porto do Príncipe, devido à “deterioração da segurança” e "aos ataques a duas prisões por bandos armados." No sábado, "grupos armados invadiram" a "Penitenciária Nacional" tendo resultado na morte de "12 pessoas" e na fuga de cerca de "4000 presos."

Segundo algumas versões que têm vindo a ser apresentadas, "o objetivo destes gangues é ganhar força antes da chegada ao Haiti da missão multinacional de apoio à segurança, que será liderada pelo Quénia." Isto acontece depois de na passada sexta-feira, o Quénia e o Haiti terem assinado "em Nairobi, um acordo bilateral solicitado pelos tribunais do país africano, para permitir o envio de um contingente de mil polícias." Esta missão multinacional foi aprovada em outubro passado pela ONU e será liderada pelos quenianos.

Fontes:
https://brasilescola.uol.com.br/geografia/haitiaspectos-geograficos.htm

https://observador.pt/2024/02/28/onu-denuncia-aumento-da-inseguranca-alimentar-e-violacoes-sexuais-no-haiti/

https://observador.pt/2024/03/04/governo-do-haiti-decreta-estado-de-emergencia-e-recolher-obrigatorio-na-capital/

https://www.bbc.com/portuguese/internacional-46721129

 

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