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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
Para mim, a Páscoa é aquele conjunto de dias em que comemos amêndoas de chocolate, somos bombardeados de imagens fofinhas de coelhinhos coloridos e, já que a criançada está de férias escolares - cada vez mais curtas por sinal - podemos aproveitar para descansar um pouco mais.
Mas para algumas pessoas, a Páscoa também é um ritual religioso, dependendo daquilo em que acreditam. Para muitos, a Páscoa é uma festa religiosa. Mas vamos ver melhor a origem destas festividades e o que significam.
Podemos dizer que a Páscoa é uma "festa de origem judaica, que comemora a liberdade do povo hebreu após um longo período de escravidão no Egito"?
Pois é, por volta de 1250 a.C., o povo hebraico que tinha sido "escravizado durante anos" pelos Egípcios acaba por ser libertado, depois daquilo que ficou conhecido como "As dez pragas do Egipto."
O Faraó - que na época seria Ramsés II - consente a libertação dos escravos após a primeira praga, mas assim que percebe que o Egipto está livre do problema, volta atrás na sua decisão. Deus envia uma nova praga, e assim foi acontecendo sucessivamente: "sempre que Deus enviava uma praga, convencia o Faraó, que depois de se ver livre da mesma, voltava atrás." Só quando na décima praga, Ramsés II se apercebe que estão a morrer "todos os primogênitos egípcios" destino que não irá excluir o seu próprio filho, este acaba por ceder e aceitar libertar da escravatura o povo hebraico.
Depois de se verem livres, os hebreus iniciaram a sua "travessia rumo a Israel." A própria terminologia deriva de uma palavra judaica: "Pessach," que significa “passagem." Na festa judaica, um dos símbolos mais importantes é o “Matzá” (pão sem fermento), que representa a fé. Por esse motivo, no festejo que se denomina de “Festa dos Pães Ázimos” (Chag haMatzot), "é proibido comer pães com fermento."
Mas a própria palavra, sofreu algumas evoluções, conforme o povo ou a língua. Passou a ser "Paska," na Grécia e "Pascua" em Roma. Em latim, o termo significava mesmo "alimento", ou seja, o fim do jejum da quaresma. Então, o termo já existia e a celebração também, mas podemos afirmar que o que têm em comum estas celebrações, são a sua ligação à "libertação" e à "esperança."
No caso da festa cristã, o domingo de Páscoa encerra a Semana Santa, na qual se "recorda a Última Ceia de Jesus com os apóstolos, a sua crucificação e ressurreição" - o que conforme se conta, teria "acontecido durante a celebração da Páscoa judaica." Na liturgia católica, esta semana é então composta pelo "Domingo de Ramos," - que antecede a Páscoa, "Segunda-Feira Santa, Terça-Feira Santa, Quarta-Feira Santa, Quinta-Feira Santa, Sexta-Feira Santa ou Sexta-Feira da Paixão, Sábado Santo ou Sábado de Aleluia e Domingo de Páscoa." Existem também outros símbolos, como por exemplo, o Círio Pascal, que em algumas zonas do país, ainda visita a casa dos crentes. Este círio pode ser também as velas que se acendem "para comemorar o retorno de Jesus Cristo, ou seja, a vida nova." Habitualmente, estas velas têm inscritas as "letras gregas alfa e ômega," que se podem traduzir como "o início e o fim, simbolizando assim, a luz de Cristo que traz a esperança." Já o "pão e o vinho, dois elementos muito emblemáticos no cristianismo, representam o corpo e o sangue de Cristo e simbolizam a vida eterna," assim como o cordeiro, que significa o sacrifício de Jesus.
Mas, vamos lá andar um pouco mais para trás!
Segundo alguns historiadores, civilizações muito mais antigas, especialmente nas mitologias nórdica e germânica, já se prestava culto a "uma deusa, conhecida como Ostara ou Eostern, numa festa que celebrava a passagem do inverno para a primavera," e que era também conhecida por ser a "deusa da fertilidade."
Ou seja, já os "antigos povos pagãos (celtas, fenícios, egípcios, etc.) festejavam a chegada da primavera e o fim do inverno," numa celebração que "simbolizava a sobrevivência da espécie humana."
E de onde apareceram então os coelhos e os ovos?
Bem, de certeza que este costume também teria de vir dos povos mais antigos! Em várias culturas, o coelho era um símbolo ligado à "fertilidade" e ao próprio "nascimento."
Também os ovos simbolizam a fertilidade. "Os ovos de páscoa (cozidos e coloridos ou de chocolate), carregam o germe da vida e representam a fertilidade, o nascimento, a esperança, a renovação e a criação cíclica." A tradição de trocar ovos vem da antiguidade, mas ainda hoje o fazemos, seja como oferta ou até escondendo-os para as crianças os poderem encontrar.
Em Portugal, apesar de não ser tão festejada como o Natal, a Páscoa ainda mantém um "importante significado religioso, assinalado através de diversos eventos de norte a sul do país." Este é especialmente "um momento de reunião" da família em volta da mesa, como é hábito por cá. Em cada região podemos encontrar diferentes tradições gastronómicas, mas são os mais conhecidos, os pratos "que incluam cabrito ou borrego."
São tradição também os folares, o pão-de-ló, as amêndoas, os ninhos, as queijadinhas, entre outras delícias típicas.
Fontes:
https://www.todamateria.com.br/origem-da-pascoa/
https://www.todamateria.com.br/historia-da-pascoa/
https://www.lostinlisbon.com/pt/blog/pascoa-a-sua-origem-e-o-que-fazer-nesta-epoca-tao-especial/
Hoje fiz uma publicação no blogue Caderno de leitura onde apresento uma iniciativa portuguesa que leva a que hoje, milhares de crianças tenham ido de pijaminha para a escola! A Missão Pijama, é uma iniciativa da "Mundos de Vida". Esta é essencialmente uma iniciativa de sensibilização da sociedade portuguesa para a promoção do "direito de uma criança crescer numa família" e não é por coincidência que calha exatamente no dia em que se assinala a Convenção Internacional dos Direitos da Criança. Apesar de estar mais direcionada para a consciencialização do direito que toda e qualquer criança deveria ter a viver numa casa, a ser aceite pelos seus e a ter uma família, a verdade é que neste dia não nos podemos esquecer de todas as outras. Aquelas que hoje não tem um pijama para vestir e que adormecerem sobre a terra dura sem nada com que se tapar.
E é cada vez mais importante falarmos disto!
A Convenção sobre os Direitos da Criança foi adotada pela Assembleia Geral da ONU em 20 de novembro de 1989. Entrou em vigor em 2 de setembro de 1990 e foi ratificado por 196 países, Portugal incluído. Os Estados Unidos não ratificaram a Convenção. Esta Convenção apoia-se ainda na Declaração de Genebra dos Direitos da Criança, de 1924, e na Declaração dos Direitos da Criança adotada pela Assembleia Geral a 20 de novembro de 1959.
Presentemente, continuam as crianças a ser as principais vítimas, diretas e indiretas, dos conflitos.
Na Faixa de Gaza, as crianças têm sido as principais vítimas do conflito entre Israel e o grupo palestino Hamas, perfazendo cerca de 40% do total de mortos no território. Segundo informações do ministério da Saúde da Faixa de Gaza, controlado pelo Hamas, desde o início dos bombardeios de retaliação de Israel após os ataques brutais perpetrados pelo Hamas em 7 de outubro, cerca de 3000 crianças perderam a vida e mais de 5,3 mil ficaram feridas na Faixa de Gaza. Nem será preciso referir que a situação vivida nos hospitais é desumana. Nem todos os recém-nascidos que estavam nas incubadoras conseguiram sobreviver aos cortes de energia e nem todos os que foram levados para o Egito, lá conseguiram chegar com vida.
Em Israel, mais de 30 crianças foram mortas pelo Hamas desde o início da atual guerra, e dezenas permanecem em cativeiro na Faixa de Gaza, longe dos pais e dos irmãos.
Apesar de os dados já não estarem atualizados, por causa da constante dificuldade em recolher dados nas zonas ocupadas pelas forças russas, desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022, quase 500 crianças foram mortas e mais de 1000 ficaram feridas.
Não se fala tanto do Sudão, mas a guerra civil em que o país está mergulhado desde abril, para além das habituais condições de pobreza extrema, faz com que aí se viva atualmente um dos períodos mais trágicos. A luta entre o exército do Sudão e o grupo paramilitar RSF dura há quase seis meses, tendo já provocado milhares de refugiados e uma verdadeira crise humanitária, que, reforço não tem sido devidamente acompanhada. De acordo com a agência da ONU, mais de 1200 crianças com menos de 5 anos (refugiadas da Etiópia e do Sudão do Sul) morreram de sarampo e de malnutrição em nove campos de refugiados no Estado do Nilo Branco entre 15 de maio e 14 de setembro. A guerra tem levado milhares de pessoas a fugirem para os países vizinhos, sobretudo para o Egito e para o Chade, onde quase um milhão de mulheres e crianças vivem em campos de refugiados. A fome e as doenças associadas à malnutrição são a principal causa de morte entre os mais novos.
Na Nigéria e na Somália, juntam-se as catástrofes naturais que têm levado à fuga de centenas de milhares de pessoas. A Nigéria foi o país da África sub-sariana onde se registaram mais deslocados internos, devido às inundações no estado de Borno e noutras partes do país, em 2022. No final do ano passado, pelo menos 854000 pessoas continuavam longe de casa entre elas, estima-se que 427000 eram crianças.
No Paquistão, mais de um ano depois das cheias que afetaram o território, estima-se que ainda existam oito milhões de pessoas, metade das quais crianças, que vivem sem acesso a água potável, nas zonas mais afetadas. A subnutrição atingiu níveis dramáticos.
E poderia continuar a enumerar, mas números são apenas isso, números. Faltam ações concretas dos governos, porque isto assim não pode continuar!
Fontes:
https://www.bbc.com/portuguese/articles/c517zvr11n1o
https://pt.euronews.com/2023/08/13/cerca-de-500-criancas-mortas-desde-o-inicio-da-guerra-na-ucrania
Os avisos foram dados. Os palestinianos tinham de fugir porque a cidade estava prestes a ser atacada. Na mira estão alvos do Hamas, infraestruturas que as tropas israelitas defendem estar escondidas por baixo de habitações civis, hospitais e escolas. Então, nenhum local é seguro em Gaza! Qualquer prédio, praça ou parque pode ser atacado com violência porque os túneis passam por baixo destas infraestruturas. Mas a questão é se, mesmo destruindo tudo o que está por cima, atingirão realmente os alvos pretendidos?
Fugir para onde? É a questão que se coloca. Não podem passar para Israel onde não são bem vindos e o Egipto não lhes abre as fronteiras a sul. Rafah seria o seu ponto de fuga mas está limitado apenas à entrada controlada de ajuda humanitária e, mesmo essa, passa a conta gotas. Os palestinianos estão retidos numa pequena faixa de terreno e não são, na sua maioria, aceites nos países vizinhos, pelas mais variadas razões, tanto políticas como culturais e religiosas. Os israelitas foram atacados pelo grupo terrorista Hamas e estão a defender-se, mas atacando população civil, a qual não respeitam de forma alguma. Falta água, luz, comida e combustível. Faltam medicamentos. Os hospitais que ainda funcionam estão sobrelotados e são para algumas famílias que ali procuram refúgio, uma pequena luz ao fundo do túnel, quando já não sabem para onde ir.
Na fronteira do Egipto, no terminal de Rafah, no sul de Gaza, passou hoje a primeira caravana de 20 camiões, supervisionada pela ONU. Estes camiões levam fornecimentos vitais organizados pelo Crescente Vermelho Egípcio (parte das sociedades internacionais da Cruz Vermelha) e pelas próprias Nações Unidas, que entregarão a ajuda ao Crescente Vermelho Palestiniano. Não podem levar combustível. E não se sabe se a ajuda sequer chegará a quem precisa, apesar dos esforços de todos os envolvidos.
António Guterres, Secretário-Geral das Nações Unidas, apelou aos governos e organizações no terreno a que garantam a chegada da ajuda humanitária a todos os palestinianos dizendo que estes "camiões, são uma tábua de salvação, são a diferença entre a vida e a morte para muitas pessoas em Gaza. E vê-los presos aqui faz-me ser muito claro: o que precisamos é de os fazer sair, fazê-los passar para o outro lado do muro. Fazê-los sair o mais depressa possível e o maior número possível". Segundo o último balanço das autoridades de Gaza, contavam-se 4469 mortos e mais de 13 mil feridos deste conflito e Daniel Hagari, porta-voz das forças armadas israelitas informou que o número de bombardeamentos vai aumentar: "temos de entrar na próxima fase da guerra nas melhores condições."
Em Gaza é estimado que haja atualmente cerca de um milhão de pessoas deslocadas, das quais cerca de 350 mil se encontram em campos organizados pela Agência das Nações Unidas, ou seja, estão em campos de refugiados sem ter para onde fugir. Já o Egipto, receia que a abertura total das fronteiras faça entrar milhares de refugiados no país, já a braços com a crise da Síria. As conversações entre líderes europeus e árabes têm sido difíceis, com opiniões divergentes sobre se Israel tinha ou não o direito a atacar Gaza depois do ataque que sofreu a 7 de outubro.
Fontes:
A Alarm Phone, rede transeuropeia de apoio a operações de resgate, afirmou ter recebido alertas de pessoas a bordo de um navio em perigo na costa da Grécia na tarde da passada terça-feira e que alertou as autoridades gregas. Quem efetuou o pedido de ajuda estava a bordo do navio. A pessoa que ligou terá dito que havia cerca de 750 pessoas a bordo e informou também que o capitão tinha fugido num pequeno barco.
Se olharmos para uma fotografia aérea do navio antes de afundar, divulgada pelas autoridades gregas e que tem passado nas redes sociais e nas notícias, podemos ver centenas de pessoas amontoadas no convés e reparar que a maioria não tem coletes salva-vidas. Horas depois do pedido de ajuda, a embarcação acabou mesmo por se afundar.
Aquilo que parece que está a causar ainda mais revolta, é saber se houve ajuda atempada. Ao que parece, a HSRCC enviou um navio adicional de bandeira maltesa, que se aproximou do navio de pesca por volta das 18:00 e forneceu comida e água. Posteriormente, um segundo navio, desta vez grego, foi enviado por volta das 21:00 para fornecer água aos passageiros. Por volta das 22:40, um navio da Guarda Costeira Helénica de Creta ter-se-á aproximado do barco de pesca. Até às 02:04 do dia 14 de junho não se notaram problemas de navegação, apesar da situação precária da embarcação. Dez a quinze minutos depois, o navio já estava completamente submerso. Vários passageiros que estavam nos convés externos caíram no mar. Só quando a embarcação naufragou, as equipas de salvamento começaram a atuar. E porquê só nessa altura, podemos questionar nós. É que ao que parece, houve recusa da parte dos migrantes em serem ajudados. De certa forma por receio do que lhes poderia acontecer ao serem levados para outro porto que não o de destino inicial, ou talvez porque não tivessem considerado a realidade da sua situação.
Funcionários do Governo disseram que os migrantes a bordo recusaram repetidamente a ajuda das autoridades gregas: “Era um barco de pesca lotado de pessoas que recusaram a nossa ajuda porque queriam ir para a Itália”, disse o porta-voz da guarda costeira Nikos Alexiou à emissora Skai TV. “Mantivemo-nos ao lado, caso precisassem da ajuda que haviam recusado.” As pessoas a bordo não queriam ajuda com medo de serem levados de volta e, a qualquer tentativa de aproximação, o barco começava a manobrar para longe.
Mas como em tudo, também aqui existem outras versões. Segundo alguns sobreviventes, o que se passou foi um pouco diferente e que o barco terá naufragado quando a “Guarda Costeira grega prendeu a embarcação com uma corda para a rebocar."
As hipóteses de recuperar o navio afundado são remotas, porque a área de águas internacionais onde ocorreu o incidente é uma das mais profundas do Mediterrâneo e a esperança de encontrar sobreviventes do naufrágio diminui a cada hora. 104 pessoas foram resgatadas com vida, 78 corpos foram retirados do mar, naquele que é um dos naufrágios mais mortais da Europa nos últimos anos.
Os sobreviventes são apenas homens, que viajavam na parte superior. Segundo as testemunhas, as mulheres e crianças viajavam no porão da embarcação e ninguém terá conseguido sair. Um sobrevivente hospitalizado contou que estariam cerca de cem crianças no porão.
Muitos dos sobreviventes estão em estado de choque e querem entrar em contato com as suas famílias para dizer que estão bem, mas muitos deles continuam a perguntar sobre os desaparecidos, uma vez que são seus familiares e amigos.
Das nacionalidades das vítimas sabe-se que a bordo iam egípcios, sírios, paquistaneses, afegãos e palestinianos e que a embarcação tenha saído da Líbia, país que tem pouca estabilidade e segurança, e que é um ponto de partida para aqueles que tentam chegar à Europa por mar e que tivesse Itália como destino. As redes de tráfico de pessoas são dirigidas principalmente por fações militares que controlam as áreas costeiras.
Os sobreviventes foram levados para Kalamata. Muitos foram tratados no hospital por hipotermia ou ferimentos leves e estão agora instalados provisoriamente em armazéns transformados em abrigos. Entretanto, as autoridades gregas prenderam nove alegados traficantes de pessoas. São oriundos do Egito e suspeitos de planear a viagem ilegal de centenas de pessoas da Líbia para Itália, depois de partirem do Egito com a embarcação. É provável que um procurador apresente várias acusações contra o grupo, incluindo a de homicídio em massa, sendo que o capitão pode estar fugido ou ter morrido.
As Nações Unidas registam mais de 20 mil mortes e desaparecimentos no Mediterrâneo central desde 2014. Esta rota é a travessia de migrantes mais perigosa do mundo.
Fontes:
Atualmente, cerca de 80 milhões de pessoas estão deslocadas. Isso representa 1% da população mundial. Desse total, quase metade é composta por crianças. A situação dos refugiados, é uma realidade que não pode ser esquecida. Mesmo perante o Covid ou, sobretudo, também devido à crise que o próprio Covid provocou também nestes países.
A ajuda huminatária, essencial para garantir a sobrevivência de milhões de pessoas, não chega a todos os lugares. A população de refugiados do Sudão do Sul é a maior da região e uma das mais vulneráveis. Cerca de 2,3 milhões de refugiados vivem em condições extremamente precárias, agravadas pela pandemia COVID-19.
Hoje vamos perceber quais são alguns dos países mais afetados A situação de segurança e humanitária na República Democrática do Congo (RDC) continuou a deteriorar-se, principalmente no leste, palco de uma das mais complexas e longas crises humanitárias permanentes na África.
A situação na Somália é uma das crises de deslocamento mais antigas do mundo, fruto de um conflito armado em curso. Muitas pessoas continuam a precisar de assistência humanitária urgente e mais de 778.000 refugiados somalis em países anfitriões também continuam a contar com proteção, assistência e apoio na busca por soluções duradouras. Muitos dos deslocados testemunharam atrocidades e mulheres foram vítimas de violência sexual.
Milhares de pessoas foram forçadas a deslocar-se internamente no Iraque depois das suas terras terem sido confiscadas e suas casas e meios de subsistência terem sido destruídos. Existem cerca de 1,4 milhão de deslocados internos no Iraque, mais da metade dos quais vivem deslocados há pelo menos três anos. Há também cerca de 278.600 refugiados iraquianos no Egipto, Jordânia, Líbano, Síria e Turquia.
No caso do Afeganistão, a crise já dura aproximadamente 50 anos e os afegãos são a segunda maior população de refugiados. Em 2020, o país tornou-se o terceiro com maior número de pessoas forçadas a procurar outras regiões onde viver. Com 2,5 milhões de refugiados, 2,8 milhões de deslocados internamente e 240 mil requerentes de asilo, o país está atrás apenas de Síria (com 6,8 milhões entre refugiados e requerentes de asilo e 6,7 milhões de deslocados internamente) e da Venezuela (com 4,9 milhões de deslocados ao todo).
Fontes:
https://news.un.org/pt/story/2020/07/1721671
https://csvm.ufg.br/n/146023-para-onde-vao-os-refugiados-afegaos
Quase diariamente assistimos nos noticiários à situação humanitária vivida pelas centenas de milhares de refugiados, oriundos maioritariamente da África e Oriente Médio, e da Ásia (embora com menor proporção), que procuram chegar à Europa. A travessia do Mediterrâneo é feita em botes ou em embarcações superlotadas, sem os mínimos requisitos de segurança, por traficantes de pessoas. Sem garantia de sucesso no pedido de refúgio, muitos imigrantes não conseguem ficar no destino final e são mandados de volta ao país de origem. Mas dificilmente eles desistem e tentam duas, três, quatro vezes, até receberem o asilo oficial. Perceber a evolução desta problemática que é europeia e, por isso, é nossa também e não lhe devemos virar a cara.
O naufrágio de migrantes ocorrido em 2013 na costa da Ilha de Lampedusa fez, de certo modo, o mundo abrir os olhos com a morte de mais de 360 pessoas e levando o governo italiano a estabelecer a Operação Mare Nostrum. Esta consistiu numa operação naval de grande escala que envolvia ações de busca e salvamento, com alguns migrantes trazidos a bordo de um navio de assalto anfíbio. Em setembro de 2014, pelo menos 300 imigrantes naufragaram em Malta, quando os traficantes fizeram um "assassinato em massa" depois das pessoas se terem recusado a mudar para uma embarcação menor.
No entanto em 2014, o governo italiano terminou a operação, dizendo que o custo era demasiado grande para um Estado da União Europeia gerir sozinho. Em 2014, 3.283 pessoas morreram ou desapareceram no Mediterrâneo durante a tentativa de migrar para a Europa, e 283.532 migrantes irregulares entraram na União Europeia, sobretudo seguindo a rota do Mediterrâneo Central, Mediterrâneo Oriental e rotas dos Balcãs Ocidentais. Em 2014, os sírios lideraram as solicitações de asilo no mundo inteiro, com mais de 149600 pedidos.
Esse fluxo migratório atingiu níveis críticos ao longo de 2015, com 3782 mortos e atingiu o seu pico em 2016 com 5143 vidas perdidas. Centenas de milhares de pessoas tentaram entrar na Europa e pedir asilo, fugindo dos seus países, devido a guerras, conflitos, fome, intolerância religiosa, terríveis mudanças climáticas, violações de direitos humanos entre outros, e somando-se a tudo isso, uma ação massiva de intimidação, violência e opressão executadas por grupos que controlam o tráfico ilegal e exploram estes migrantes totalmente vulneráveis. Numa das travessias, pelo menos 300 imigrantes perderem a vida quando 4 botes entraram em apuros depois de deixarem a Costa da Líbia com más condições climáticas. Em abril do mesmo ano, cerca de 400 imigrantes se afogaram quando o barco se virou na costa da Líbia.
A crise de 2015, surgiu em consequência do crescente número de migrantes irregulares que procuravam chegar aos estados membros da União Europeia, através de perigosas travessias no Mar Mediterrâneo e através dos Balcãs, procedentes da África, Oriente Médio e Ásia do Sul. Foi uma das maiores ondas migratória enfrentadas pela Europa desde a Segunda Guerra Mundial, com a Organização Internacional de Migração (OIM) a estimar de que até Setembro desse ano, o número de imigrantes já tinha batido a marca de 350000. A Alemanha foi mais longe falando em 800000 pedidos de asilo na Europa, isto porque no início de Setembro de 2015, a crise intensificou-se na Hungria, pois é parte da principal rota que leva imigrantes do Oriente Médio, principalmente da Síria para países mais ricos, notadamente para a própria Alemanha. O aumento do fluxo contínuo levou a Hungria a fechar a fronteira com a Sérvia, ao mesmo tempo que construiu uma segunda barreira na sua fronteira com a Croácia, tornan-se assim esta a rota mais utilizada.
O principal ponto de viragem para a União Europeia surgiu após uma nova tragédia, ainda em Abril de 2015, quando um barco com migrantes se afundou na Líbia, resultando em mais de 800 homens, mulheres e crianças mortas.
Portugal aceitou uma quota voluntária para o acolhimento de 4.500 refugiados: apesar da crise financeira sofrida atualmente pelo país, este mostrou-se disponível para acolher refugiados em nome do princípio da solidariedade. Para além da ação das autoridades oficiais coordenadas com os esforços das instituições europeias e internacionais, a sociedade civil mobilizou-se para dar uma resposta solidária e célere, tendo sido criada para o efeito a associação PAR (Plataforma de Apoio aos Refugiados).
Em 2018, mais de 1,5 mil migrantes morreram durante os primeiros sete meses do ano ao tentar atravessar o mar Mediterrâneo em direção à Europa, segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. Com o fecho dos portos italianos, a Espanha passa a ser o principal ponto de entrada para a Europa. De entre a origem destes migrantes, estão os portos de Marrocos, Argélia e Mauritânia.
Apesar de estar a diminuir, em relação a 2017, o número de pessoas que chega à Europa, a taxa de mortalidade, especialmente entre aqueles que chegam ao continente através do Mediterrâneo, aumentou significativamente. No Mediterrâneo Central, para cada grupo de 18 pessoas que realizaram a travessia entre janeiro e julho de 2018, uma pessoa morreu ou desapareceu, em comparação com uma em 42 no mesmo período em 2017. Pascale Moreau, diretor do Escritório do ACNUR para a Europa. “Mesmo com a diminuição do número de chegadas às costas europeias, já não se trata mais de testar a capacidade da Europa de gerir números, mas de demonstrar a humanidade necessária para salvar vidas”. O ACNUR pede também à Europa para aumentar a disponibilidade de rotas de acesso legais e seguras para os refugiados, inclusive aumentando o número de locais de reinstalação e removendo barreiras ao reagrupamento familiar – o que proporcionaria opções alternativas para viagens de alto risco cujo desfecho é frequentemente fatal.
O terceiro e o maior Centro de Acolhimento de Refugiados em Portugal, em São João da Talha, Loures, foi inaugurado em Dezembro de 2018, recebendo um primeiro grupo composto por refugiados sírios e sudaneses que vinham do Egito. Este centro, estava inicialmente destinado a receber os 1010 refugiados que Portugal previa acolher no âmbito do programa de reinstalação até ao final de 2019. O CAR II é maior Centro de Acolhimento de Refugiados do país e surgiu 12 anos depois do CAR I e seis anos depois da abertura da Casa de Acolhimento de Crianças Refugiadas (CACR).
Em 2019, 1.885 pessoas morreram e a proporção de migrantes que perderam a vida foi maior que as tentativas de travessia do Mediterrâneo Central e Ocidental. Nesse ano, entre vários acidentes registados, os Médicos Sem Fronteiras na Líbia estimam que 150 pessoas tenham pedido a vida num naufrágio a 26 de julho desse ano, após duas embarcações vindas de Trípoli com cerca de 300 pessoas a bordo se terem afundado. 137 pessoas foram resgatadas mas apenas um corpo foi recuperado. E isto é outro dos problemas desta crise, que se torna ainda pior quando sabemos que nem sempre são feitos esforços para se recuperar os corpos das vítimas.
Laczko - diretor do Centro de Análise de Dados de Migração Global da OIM - contou que quando uma vítima é de um país de alta renda, há esforços para encontrar e identificar o corpo. O mesmo já não ocorre em caso de um migrante pobre no Mediterrâneo, cujo paradeiro permanece desconhecido dos familiares. A OIM revelou que em dezenas desses casos não ocorre nenhum resgate.
Em outubro de 2019, a Agência da ONU para Refugiados, Acnur, pediu para que a Grécia fizesse a transferência de milhares de migrantes das ilhas Egeias para locais mais seguros. Segundo a agência, estes migrantes estão em “centros de recepção superlotados.” Em setembro, as ilhas receberam 10,258 novos migrantes, especialmente de famílias afegãs e sírias. Esse é o maior número desde 2016.
Em 2019, a Grécia registrou a maior parte das chegadas na região do Mediterrâneo. De um total de 77,4 mil migrantes, o país acolheu 45,6 mil pessoas, mais do que Espanha, Itália, Malta e Chipre juntos. A situação nas ilhas de Lesbos, Samos e Kos é considerada crítica. O centro de Moria, em Lesbos, ultrapassou em cinco vezes a sua capacidade. No caso da Líbia, a situação ainda é mais precária. Mais de 6,2 mil migrantes terão sido resgatados no mar e retornados à Líbia, em 2019. Muitos foram colocados em detenção arbitrária e outros foram libertados em áreas onde perdura o conflito armado. Segundo a OIM, mais de 100 mil migrantes no país permanecem vulneráveis, correndo o risco de sequestro e tráfico.
O Projeto de Migrantes Desaparecidos, da OIM, registou em fevereiro deste ano (2020) um naufrágio com 91 mortes na costa da Líbia. A OIM citou o recente naufrágio com a embarcação Garabulli na Líbia, ocorrido a 9 de fevereiro, como um dos episódios mais dramáticos com os chamados “barcos fantasmas”, que desaparecem a caminho da Europa.
Este ano, três corpos de jovens migrantes apareceram numa praia na Tunísia. Suspeita-se que as vítimas estejam ligadas a um navio que transportou 18 pessoas da Argélia, a 14 de fevereiro, sem destino conhecido.
Fontes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Crise_migrat%C3%B3ria_na_Europa
https://news.un.org/pt/story/2020/03/1706451
https://www.dw.com/pt-br/novos-caminhos-no-mediterr%C3%A2neo/a-44887718
https://cpr.pt/novo-centro-de-acolhimento-para-refugiados-car-ii/
https://news.un.org/pt/story/2019/10/1689202
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