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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
Num ano atípico, onde alguns alunos passaram quase mais tempo "fora" do que dentro da sala de aula, motivar para a realização das provas de 9º ano tem sido uma tarefa hercúlea. É que uns não deram a matéria toda por causa do covid, da falta de professores e das greves, outros deram mas já fizeram contas e basta-lhes ter um 10 para passarem o ano. E assim vai a vontade dos alunos que este ano foram avaliados a matemátia e vão ser avaliados a português.
Fazer um texto? Não é obrigatório concluir a prova toda e se fizerem só a escoha múltipla dá para passar de ano. E continuamos com esta palhaçada.
Sem falar das provas de aferição.
Quanto a essas, os alunos sabem que não contam para a nota e que "se calhar" o professor nem vem porque faz greve. Então e o papel dos pais, aqui fica onde? Cansados de tanta greve, já nem obrigam os filhos a estudar porque "é tempo perdido". Verdade que já ouvi isto. Não lhes consigo dar razão, porque mesmo sem testes e sem provas a contar para "passar" a aprendizagem é contínua, e um dia, eles nem um email sem erros serão capazes de enviar.
É para isto que estamos a caminhar. Falta exigência no ensino! Não a exigência que se aplicava nos anos 70, 80 ou 90... algo mais medido e adequado aos tempos que correm! A educação precisa de um novo rumo!
Como é que se chega a um quarto ano sem saber ler? Sim, existem vários casos (e não estou a falar de crianças com Necessidades Educativas Específicas, nem abrangidas por nenhum apoio especial), estou mesmo a falar de meninos e meninas, que vão à escola, não costumam faltar, mas estão ali só a ver passar a marcha.
Os professores estão sem tempo para nada. Vejo cadernos, de 3º e 4º ano, em que cada palavra tem um erro e em que não se respeitam parágrafos, maiúsculas, pontuação... e nada, nem uma correçãozinha a lápis. Novas formas de ensinar, sim de acordo, mas, mesmo que não se assinale, é preciso agir com exercícios em que o aluno consiga atingir aquela meta. Ou escrever a nossa Língua de forma minimamente correta não é uma das várias metas a atingir?
Depois rimo-nos quando vêmos nas notícias, caixas de texto com erros, acentos usados ao contrário e outros pontapés na gramática e na ortografia. Lá fazemos umas piadinhas sobre isso, mas a culpa é de quem? Do ensino, da sua falta de exigência, da falta de motivação dos alunos? E da falta de motivação dos professores? Não será também?
Há tanto a fazer, mas só se fala em anos, meses e dias, merecidos e devidos sim, mas que não vão resolver os problemas de base do nosso sistema educativo que se está a afundar.
As mulheres afegãs enfrentam duras provas de vida e estão privadas do acesso à educação desde que o regime Talibã voltou ao poder, depois da saída das tropas americanas. A EuroNews apresenta uma reportagem sobre estas escolas, que são um grito de revolta, num país onde as mulheres não têm voz. No DN encontrei também uma ótima reportagem sobre este assunto e que despertou o meu interesse.
O Afeganistão esteve sob o poder dos Talibã desde Setembro de 1996. Este regime e a guerra que se abateu sobre o povo afegão, destruiram 3600 escolas afegãs, ou seja, grande parte dos espaços que antes estavam reservados à escola. Mas o povo afegão não desistiu de aprender e criou espaços alternativos que, embora com condições muito precárias, permitiram perpetuar a ideia de escola no Afeganistão. apesar das dificuldades, existe uma enorme vontade de estudar. Até as populações nómadas realçam a importância da educação das suas crianças.
Agora começam a surgir escolas clandestinas para raparigas no Afeganistão, principalmente depois da subida dos talibãs ao poder. Mas as jovens que frequentam estas escolas clandestinas têm de ter muito cuidado.
Uma das raparigas que frequenta uma escola clandestina, contra a vontade do irmão, diz que também vai à escola muçulmana para aprender sobre religião e à tarde vai à escola clandestina, porque desta forma consegue responder ao irmão sobre religião sem levantar suspeitas.
A hostilidade masculina em relação à educação das mulheres é muito antiga no Afeganistão. Muitas raparigas sofrerem episódios de violência ou até a morte por frequentarem escolas femininas.
Ao contrário das promessas dos Talibãs quando subiram ao poder, no ano passado, a integração das mulheres está longe se ser uma realidade e a sociedade afegã encerra-se numa gestão masculina. Desde que tomou o poder há um ano, o regime talibã impôs duras restrições a meninas e mulheres para cumprir a visão austera do Islão, retirando-as da vida pública. As meninas vêem-se obrigadas a esconder os livros e os materiais escolares.
As mulheres não podem fazer viagens longas sem um parente do sexo masculino para acompanhá-las. Elas foram também instruídas a cobrirem-se com o hijab ou, de preferência, com uma burca - embora a preferência declarada dos talibãs seja que elas só saiam de casa se for absolutamente necessário.E, na mais cruel privação, as escolas secundárias para meninas em muitas partes do Afeganistão não foram autorizadas a reabrir. Mas escolas secretas surgiram em quartos de casas comuns em todo o país. Uma professora de uma das escolas secretas, adianta que não queria que estas raparifgas tivessem a mesma vida que ela - que devem ter um futuro melhor. Acrescenta ainda que muitas raparigas menores são obrigadas a casar, como ela foi. Ficou noiva aos 12 anos e lutou muito para ter acesso à educação - é por isso que não quer que passem pela mesma coisa.
Vários estudiosos religiosos dizem que não há justificação no Islão para a proibição do ensino secundário de meninas e, um ano após terem assumido o poder, os talibã ainda insistem que as aulas serão retomadas.
Um dos casos que encontramos nestas reportagens é o de Tamkin, que com o apoio do marido, transformou primeiro uma despensa numa sala aula. Em seguida, vendeu uma vaca da família para arrecadar fundos para livros didáticos, já que a maioria das meninas vinha de famílias pobres e não podiam pagar os próprios livros. Hoje, ensina inglês e ciências a cerca de 25 alunas ansiosas.
Recentemente, num dia chuvoso, as meninas entraram na sala de aula para uma aula de biologia. "Eu só quero estudar. Não importa como é o lugar", disse Narwan, que deveria estar no 12.º ano, sentada numa sala cheia de meninas de todas as idades.Atrás dela, um poster na parede pede aos alunos que sejam atenciosos: "A língua não tem ossos, mas é tão forte que pode partir o coração, então cuidado com as palavras".
Tal consideração da parte dos vizinhos ajudou Tamkin a manter o verdadeiro propósito da escola escondida. "Um talibã perguntou várias vezes 'o que está a acontecer aqui?' Eu disse aos vizinhos para dizerem que é uma madrassa", disse Tamkin. Uma outra jovem, Maliha, de dezessete anos, acredita firmemente que chegará o dia em que o regime talibã não estará mais no poder. "Nesse dia vamos dar bom uso ao nosso conhecimento", disse. Nos arredores de Cabul, num labirinto de casas de barro, Laila é outra professora que dá aulas clandestinas. Tanto esta professora como esta aluna, que são apenas dois exemplos de muitas, são casos de superação e de uma luta não só pela educação, mas pelo direito ao saber, a liberdade de escolherem o seu destino.
Assim, podemos afirmar que o direito a estudar não é o único objetivo de algumas meninas e mulheres afegãs - que são muitas vezes casadas em relacionamentos abusivos ou restritivos. Zahra, é disso um bom exemplo. Zahra, que frequenta uma escola secreta no leste do Afeganistão, casou-se aos 14 anos e agora vive com parentes por afinidade, que se opõem à ideia de frequentar as aulas. Atualmente, toma comprimidos para dormir para combater a ansiedade - preocupada em que a família do marido o influencie a obrigá-la a ficar em casa. "Eu digo-lhes que vou ao bazar local e venho aqui", disse Zahra sobre a ida à escola secreta que frequenta. Para ela, diz, é a única maneira de fazer amigas.
Laila é outra professora que dá aulas clandestinas a cerca de uma dúzia de meninas, que se reúnem dois dias por semana na sua casa, que tem um pátio e uma horta onde cultiva legumes e frutas. A sala de aula tem uma ampla janela que se abre para o jardim, e as meninas com livros didáticos guardados em pastas de plástico azul estão sentadas num tapete - felizes e alegres, a estudar juntas. À medida que a aula começa, uma a uma, eles leem as respostas dos trabalhos de casa.
Fontes:
https://pt.euronews.com/2022/08/14/dentro-das-escolas-secretas-para-raparigas-do-afeganistao
https://webpages.ciencias.ulisboa.pt/~ommartins/images/hfe/lugares/oriente/afeganistao.htm
Quando em Março do ano passado, o país "fechou" eu fui daquelas pessoas que achou a medida extremamente necessária para controlar a evolução da pandemia. Não sabíamos quanto tempo íriamos ficar fechados, nem o que iria acontecer quando se levantassem as medidas mais restritivas.
No meu trabalho, ensino crianças de várias idades num centro educativo, consegui ficar em teletrabalho, aprendi a trabalhar com o Zoom, a descarregar livros de fichas para o computador, inscrevi-me em muitas plataformas dirigidas a pais e a professores. Fez-me crescer como profissional, abriu-me novos horizontes, fui "obrigada" a pensar o ensino de outra forma, para que os alunos se mantivessem ativos e interessados nas minhas aulas.
Digo-vos que o pior foi sentir-me impotente perante o avançar da pandemia, mas a esperança voltou com o desconfinamento, com o regresso das crianças para as férias (mesmo com todas as medidas de proteção e cuidados, conseguimos ter sempre diversão).
Neste momento, entramos num novo confinamento. Já sabemos que vai ser difícil. E só passaram alguns dias e já me sinto mais cansada do que se andasse a trabalhar fora. Era durante a viagem para lá e para cá, um momento em que a rádio é a minha companhia, que a minha cabeça tinha tempo para espairecer, pensar na vida. Tinha tempo de almoço, ia comer e ia caminhar na praia quando o tempo estava bom, ou ficava dentro do carro a ler um livro. Havia um sentimento de solidão mas não fazia mal porque me ocupava com coisas mais interessantes.
Em casa, por incrível que pareça, esse tempo desapareceu. Faço as mesmas horas on-line, mas o tempo de preparação, de organização de conteúdos, leva-me o resto do dia. Ao fim de 8, 9 horas no computador, só quero um banho e cama. Gostava de ir fazer uma caminhada, mesmo aqui à volta do prédio só para esticar as pernas, mas depois a inércia vence e visto o pijama em vez do fato de treino! Às vezes faço um pouco de ioga, faço alongamentos, (tenho fibromialgia e problemas de coluna, por isso fazer aulas com saltos por exemplo não consigo).
Com vocês, como é? Também sentem que o trabalho on-line é mais cansativo?
Mais conhecida como Agustina Bessa-Luís, a escritora nascida em Vila Meã, Amarante, a 15 de outubro de 1922, faleceu ontem.
Desde muito jovem que Agustina se interessou por livros, descobrindo na biblioteca do avô materno, os clássicos da literatura espanhola, francesa e inglesa, marcantes na sua formação literária. Os locais onde viveu a sua meniníce, marcam a sua escrita.
Estreou-se com a novela "Mundo Fechado" em 1949, e em 1954, o romance "A Sibila", trás-lhe um enorme sucesso e reconhecimento geral.
Escreveu mais de cinquenta obras, entre romances, contos, peças de teatro, biografias romanceadas, crónicas de viagem, ensaios e livros infantis.
O realizador Manoel de Oliveira, com quem manteve uma relação de amizade e de colaboração próxima, adaptou algumas das suas obras ao cinema, tais como: "Fanny Owen" (que deu origem ao filme de nome "Francisca" em 1981), "Vale Abraão" (filme homónimo, 1993), "As Terras do Risco" (que deu origem ao filme "O Convento", 1995) ou "A Mãe de um Rio" (que deu origem a "Inquietude" em 1998).
Foi também autora de peças de teatro e guiões para televisão, tendo o seu romance "As Fúrias" sido adaptado para teatro e encenado por Filipe La Féria, em 1995 no Teatro Nacional D. Maria II.
Em 2005, participou no programa da RTP "Ela por Ela" e em julho de 2006, pouco depois de terminar a sua última obra, "A Ronda da Noite", deixou de escrever e retirou-se da vida pública, devido a razões de saúde (possivelmente pelo acidente vascular cerebral que sofreu).
Fontes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Agustina_Bessa-Lu%C3%ADs
https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$agustina-bessa-luis
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