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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
Os incêndios que lavram em Los Angeles, no estado norte-americano da Califórnia, tomaram proporções nunca vistas e, para mim, inimagináveis num país que se diz tão evoluído. Perante as condições atmosféricas adversas principalmente devido à ocorrência de fortes ventos (os conhecidos ventos de Santa Ana) e à persistência de vários meses de seca intensa, como é que foi feito o planeamento do combate aos incêndios que, como podemos facilmente constatar, são comuns naquela região? E, apesar de todas estas condições, como é que se deixa evoluir esta situação até ao extremo, tendo em conta que estamos em pleno inverno?
Agora, depois de vários dias de caos, há a lamentar a morte de 16 pessoas e outras 16 continuam desaparecidas. A maioria das pessoas seguiam as indicações dadas pelas autoridades e deixou tudo para trás. "As bocas-de-incêndio secaram na zona de luxo de Pacific Palisades, enquanto a escassez de água também dificultou os esforços noutros locais." Na maioria dos casos, não chegou sequer a haver qualquer tentativa de salvar as habitações. "Até ao momento, os incêndios florestais destruíram mais de 12 mil habitações e outros edifícios e queimaram 145 quilómetros quadrados."
As "primeiras chamas surgiram, na manhã de terça-feira (7/1), em Pacific Palisades, um bairro rico que fica entre as Montanhas de Santa Monica e o Oceano Pacífico." O fenómeno que provoca os ventos de Santa Ana, "que têm alimentado e espalhado as chamas," dificultando muito o combate. "Na madrugada do dia 9 de janeiro, o incêndio" de Palisades, tinha já destruído "uma área de cerca de 6.900 hectares."
Tem sido dado, na comunicação social, um certo destaque às várias celebridades que foram evacuadas das suas casas, como se ser alguém conhecido, fosse um fator diferenciador para o próprio do incêndio. É, na nossa sociedade, sim, diferente ser conhecido. É diferente viver em Skid Row, em Los Angeles ou em Santa Mónica. Para as chamas? Não há diferença... A situação é catastrófica!
Fontes:
https://www.bbc.com/portuguese/articles/c20503w69x6o
https://www.bbc.com/portuguese/articles/c4gx59jvvelo
Imagens retiradas de: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cpq9qqj27z7o
No dia 17 de junho de 2017, pelas 14:43 é dado o primeiro alerta para um incêndio florestal que já deflagrava na localidade de Escalos Fundeiros, e que rapidamente avançou sobre os concelhos de Castanheira de Pêra, de Figueiró dos Vinhos e Ansião, no interior do distrito de Leiria. Com o intenso calor e ventos fortes, as chamas galgaram montes e vales e alastraram rapidamente para os concelhos da "Pampilhosa da Serra (distrito de Coimbra) e da Sertã (distrito de Castelo Branco)."
Mais um, entre tantos incêndios a que ao longo dos anos nos estavamos a habituar. Todos os anos era assim. Chegado o verão, abria a época de incêndios e sabíamos que o norte e centro do país era sempre dos mais atingidos. Infelizmente, este não seria apenas mais um...
Este dia foi diferente. O calor estava diferente, o ar pesado, carregado, quente e uma das grandes conclusões é que não podemos falar apenas de um grande incêndio, mas sim de, pelo menos quatro, o que fez com os meios ficassem dispersos. No mesmo dia, passados apenas uns minutos do primeiro, surge um "segundo alerta para outro incêndio na região, em Góis" (distrito de Coimbra), que viria a tomar grandes proporções, alastrando para os "concelhos de Pampilhosa da Serra e de Arganil." Cerca de uma hora mais tarde, a população alertava "para o terceiro incêndio na região, em Figueiró dos Vinhos." Pelas 19h o pânico está instalado, com estradas cortadas e aldeias completamente cercadas. As pessoas tentam fugir, sem saber quais os caminhos para onde se devem dirigir. O fumo denso impossibilita a condução em segurança.
Pelas 20h41m, surge um quarto incêndio na região, em Alvaiázere, mas entretanto as comunicações estavam caóticas. Às 21h12m, o SIRESP informa "que se regista a queda de três estações da rede de comunicações – Serra da Lousã, Malhadas e Pampilhosa da Serra." A coordenação dos meios no terreno torna-se cada vez mais difícil e, numa situação em que todos os segundos contam, instala-se a incapacidade de entrar em contato com todos os veículos no terreno. Os incêndios encontraram condições climáticas favoráveis ao seu avanço e as matas mal cuidadas deixaram o alimento para que o resto acontecesse. Minutos depois e com o SIRESP praticamente em colapso, é dado o alerta para um quinta deflagração, desta vez em Penela. "Por dificuldades nas comunicações da rede SIRESP reforça-se o recurso à Rede Operacional dos Bombeiros (ROB)."
Minutos antes da notícia começar a surgir nos media, começamos a receber nas redes sociais alertas de que algo não estava bem. Amigos e familiares, não conseguindo entrar em contato com os seus familiares, iam tentando usar as redes sociais para comunicar ou, pelo menos, entrar em contato com alguém que soubesse o que por lá se passava. Por aqui, a noite estava quente, mas não imaginávamos a tragédia que estava a acontecer.
Por volta das 00h40m, o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, chega a Pedrógão Grande, mas só pela 01h30m é decretado por Jorge Gomes, o plano de emergência distrital.
Não me esqueço que estava num acampamento. Estavamos perto da segurança do quartel, numa zona arborizada rodeada de casas e vedada, mas havia uma trovoada seca que se ouvia ao longe. O ar tinha um cheiro diferente e estava pesado. Conhecedores dos riscos, sabiamos que se a trovoada se aproximasse mais, teríamos de evacuar o acampamento - o nosso e os dos grupos de escuteiros que ali estavam e que nos tinham cedido as suas instalações para aquela atividade. Aqui não havia fogo ativo nas redondezas, mas era como se a noite nos trouxesse aos poucos o fumo e os gases vindos do centro do país. A desgraça já tinha acontecido quando mandamos os miúdos para as tendas. Sabíamos que era algo grave, só não sabíamos bem o quê. Ponderámos levar os miúdos de volta e, pô-los a dormir no pavilhão do quartel, mas depois percebemos que isso só os preocuparia ainda mais. Os mais velhos, já se tinham apercebido que havia algo grave e que nós não estavamos tranquilos. A noite foi passada em claro e, logo de manhã cedo, terminamos o acampamento e regressamos. Pelas 09h00 da manhã, já existe a certeza de 43 vítimas mortais. Estamos todos em choque, o país está em choque. Apenas uma hora depois, o número passa para "57 vítimas mortais e 59 feridos." Às 13h30 do dia 18, o "Governo decreta três dias de luto nacional."
Ao longo do dia, este número foi sendo atualizado, culminando em 66 vítimas mortais, 253 feridos, sete dos quais graves, e na destruição de meio milhar de casas e 50 empresas. Só no dia 24 de junho, "o incêndio de Pedrógão Grande é dado como extinto."
"Relativamente às vítimas mortais, 47 foram encontradas nas estradas do concelho de Pedrógão Grande, tendo 30 morrido dentro de automóveis, 17 nas imediações durante a fuga ao incêndio e 1 na sequência de um atropelamento." Entre os feridos, contam-se 12 bombeiros e 1 militar da Guarda Nacional Republicana. Muitas destas pessoas, acabaram por ficar incapacitados para voltar a desempenhar as suas funções e, sobrevivem com uma pequena esmola mensal que o nosso Estado lhes atribuiu.
No dia 20 de junho, uma das frentes de fogo do incêndio de Pedrógão Grande juntou-se ao incêndio de Góis, originando o maior incêndio florestal de sempre em Portugal. Alguns dias depois, era publicada uma lista com os nomes de 64 vítimas diretas do incêndio (outras duas, na altura ainda não tinham sido contabilizadas) onde os números ganham rosto e idade. Entre elas, várias crianças, famílias inteiras que ao tentarem fugir, acabaram por correr diretas para a morte. Entre elas, a minha amiga de infância, Sara que com o seu sorriso rasgado ainda hoje me faz sentir um aperto no coração.
Passaram sete anos desde a tragédia. Até agora, muito se discutiu sobre causas, falhas e culpados. Mas temos todos a certeza de que muito ainda falta fazer naqueles territórios do centro do país, a começar pela prevenção, tão falada na altura e que, ainda hoje ou não é feita ou é mal feita. "No rescaldo do incêndio, a causa apontada pelas autoridades foi a trovoada seca que, conjugada com temperaturas muito elevadas (superiores a 40ºC) e vento muito intenso e variável, fez deflagrar e propagar rapidamente o fogo. No entanto, o presidente da Liga dos Bombeiros, Jaime Marta Soares, acredita que o incêndio não teve origem em causas naturais já que, segundo a perceção de alguns habitantes, o fogo já estaria ativo antes da trovoada."
No outro dia, escrevi sobre a situação do Haiti, com alusão a algumas notícias que têm vindo a público na comunicação social sobre o estado em que o país se encontra. Neste momento, a guerra civil está iminente, com os gangues a tomar a população como refém. A violência tem vindo a aumentar de dia para dia e há a ameaça de "um desastre humanitário."
O Haiti está longe...
No Haiti, têm sido cada vez mais praticadas "atividades criminosas como sequestros, violência sexual, tráfico de pessoas, contrabando de migrantes, homicídios e recrutamento de crianças por grupos armados e redes criminosas," as quais estão a gerar o a fuga "em massa de civis e violações dos direitos humanos."
Ariel Henry, "atual primeiro-ministro haitiano," está neste momento "em Porto Rico, depois de uma tentativa falhada de regressar ao país." No entanto, já confirmou que "vai renunciar ao cargo" e apelou à calma, de forma a que "paz e a estabilidade voltem o mais rápido possível".
Quem protege a população do Haiti? Homens, mulheres e crianças, sofrem desde há bastante tempo e muitos fecham os olhos às barbaridades que são cometidas por gangues armados que dominam aquele território.
No domingo, os EUA anunciaram a "retirada de parte dos funcionários de sua embaixada e o reforço da segurança." Perante o aumento da onda de violência, "dezenas de moradores ocuparam no sábado um escritório da administração pública em Porto Príncipe, na esperança de encontrar abrigo lá." Foi decretado o "estado de emergência" bem como "um toque de recolher noturno," que tem sido difícil de implementar pelas forças de segurança. As informações são de que a "autoridade da polícia é fraca e mais de 40 esquadras estão destruídas."
E onde está quem proteja os direitos humanos destas pessoas?
A situação está a piorar com “hospitais atacados por gangues" e que foram obrigados a "evacuar pessoal médico e pacientes," incluindo bebés recém-nascidos, havendo ainda o risco de "cerca de 3000 mulheres grávidas" deixarem de poder aceder a "cuidados de saúde essenciais."
Diz assim o Artigo 28, da Declaração Universal dos Direitos Humanos:
"Todo o ser humano tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados."
Fontes:
https://www.rtp.pt/noticias/mundo/haiti-prolonga-recolher-obrigatorio-por-mais-tres-dias_n1557033
https://news.un.org/pt/story/2024/03/1828947
https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos
O mar, esse gigante que dá e tira com a onda que vai e que vem...
Ontem roubou três vidas, a de um rapaz de 17 anos em Matosinhos, a de uma menina de 7 anos e do seu pai na praia da Foz, Aldeia do Meco, Sesimbra.
O mar é das coisas mais maravilhosas mas é preciso conhecer os perigos que esconde, onde estão os agueiros, de que forma se comportam as correntes marítimas. É uma tremenda injustiça e não há palavras que confortem estas famílias.
As praias ainda não estão vigiadas, mas o calor da época festiva leva muitos portugueses a procurarem as zonas costeiras. As autoridades apelam à responsabilidade de cada um, uma vez que a época balnear ainda não começou. A vigilância das praias, evita muitas vezes situações destas, por um lado porque limita a imprudência - não totalmente, mas em parte - e por outro lado porque no caso de acidente, o socorro é mais rápido e eficaz.
E assim segue a época Pascal com mortes na praia e mortes na estrada...
Fontes:
https://www.rtp.pt/noticias/pais/matosinhos-e-sesimbra-tres-mortes-por-afogamento-em-portugal_n1478016
Alexei Moskaliov, é apenas um dos nomes dos muitos russos que têm sido perseguidos por darem a sua opinião ou por, de alguma forma, se mostrarem contra a invasão da Ucrânia, contra o regime, ou em desacordo com a ação dos militares.
Neste caso, a filha de Alexei fez um desenho na escola, onde estava a sua visão sobre a guerra. A menina acabou separada da família, internada num orfanato e o pai, perseguido e condenado à prisão por manifestar a sua opinião nas redes sociais, fugiu. Acabou por ser ontem captuarado em Minsk, na Bielorússia.
Este pai e a sua filha tornaram-se num símbolo da repressão contra os que se opõem à operação militar lançada há mais de um ano contra a Ucrânia. O desenho da menina, foi "um sinal" para irem à procura do pai e, uma vez que ninguém é livre de dar a sua opinião, ambos acabaram detidos (ela num orfanato, ele primeiramente em prisão domiciliária, de onde fugiu). Nesta quarta-feira, o Kremlin afirmou que acompanha de perto o caso e acusou o pai de cumprir as suas "obrigações parentais de maneira deplorável".
Esta menina. Será que alguém, no seu perfeito juízo acha que ela terá pensado nas consequências de um desenho - como é que poderia tê-lo feito, sendo apenas uma criança e estando apenas a desenhar? Que culpa será a dela, com que sentimentos está a ser obrigada a confrontar-se agora, afastada dos que ama e que a amam?
A diretora da escola informou a polícia, que, por sua vez, descobriu que o pai da menina tinha feito comentários contra a ofensiva nas redes sociais. Que medo deste regime terá tido esta diretora para "entregar" uma menina e o seu pai? Em que acredita e o que ensina a estas crianças? Tantas perguntas a que acho que nem quero dar resposta. Nos livros de História, estão no passado muitas das respostas, só não quero olhar para lá, com este olhar de incredulidade, pois o que se escreveu nos manuais não é passado, voltou a ser presente. Está aqui e agora. A repressão, a ditadura, os regimes autoritários. Mudam as personagens mas o filme é apenas um remake de outros que já se viram e reviram.
Este nível de repressão acontece diariamente na Rússia, na Bielorrússia e em outros países. E troca-se a vida, rouba-se a alma de uma criança, quebram-se os galhos dos sonhos, destroem-se a arte, a criatividade, antecipa-se a dureza do crescimento e a passagem para o mundo dos mais crescidos, que nunca souberam (ou já esqueceram) a magia de um desenho, a tranquilidade e a calma de pôr no papel o que nos dói na alma e de "escrever" com linhas e cores aquilo que ainda não sabemos dizer em palavras!
Fontes:
https://www.dn.pt/internacional/meu-heroi-menina-russa-escreve-ao-pai-condenado-por-um-desenho-contra-a-guerra-16094941.html
Depois do forte abalo de 2010 de que ainda me lembro e que nos mostrou as grandes carências vividas naquela zona, este sábado a terra voltou a tremer de forma muito forte no Haiti.
Com epicentro em terra, este abalo, teve uma magnitude 7,2 na escala de Richter e foi sentido pelas 13h29, tendo sido assim mais forte e menos profundo do que o sismo de 2010. Registam-se 1.419 vítimas mortais e 6.900 feridos. Estes números ainda podem aumentar.
Os hospitais estão sobrelotados, não devido ao sismo, mas também devido à pandemia. São muitas as equipas de resgate que se mobilizaram para encontrar sobreviventes entre os escombros, mas infelizmente, é esperada ainda uma grande tempestade que poderá trazer chuvas fortes naquela zona, dificultando e até mesmo impedindo o resgate de vítimas.
Além disto, vive-se um enorme clima de instabilidade devido recente ao assassínio do chefe de Estado do país e da disseminação da violência de grupos criminosos armados.
Sobre este país, sabemos que foi colonizado em 1492, após a chegada de Cristóvão Colombo à América, e que se tornou o primeiro país do continente a conquistar a sua independência e a primeira república a ser liderada por negros, quando derrubou o domínio francês no começo do século XIX. O país já foi invadido e sofreu intervenção dos EUA no século XX e tem um longo histórico de ditadores, como François "Papa Doc" Duvalier e seu filho, Jean-Claude "Baby Doc". A primeira eleição livre do país ocorreu em 1990, mas Jean-Bertrand Aristide foi deposto por um golpe no ano seguinte.
Fontes:
https://www.dn.pt/internacional/numero-de-mortos-no-haiti-sobe-para-724--14035217.html
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/07/07/em-2021-haiti-o-pais-mais-pobre-das-americas-enfrenta-onda-de-violencia-alta-de-infeccoes-de-covid-19-e-disputa-politica-com-assassinato-de-presidente.ghtml
Assinala-se hoje a passagem de 35 anos sobre o maior acidente nuclear alguma vez registado. O acidente terá resultado de uma falha na execução de uma tarefa e, possivelmente, da falta de algumas medidas e procedimentos de segurança, mas isso, eu acho que nunca ficou bem provado.
"Os relatórios e estudos sobre o acidente repartem as responsabilidades entre a conceção defeituosa do reator, as condições deficientes em que o teste foi realizado e a falta de preparação técnica da equipa técnica da central," sendo que nesse momento era a equipa da noite que se encontrava de serviço e que alguns dos intervenientes teriam pouca experiência.
Chernobyl, é uma cidade localizada perto da "fronteira da Ucrânia com a Bielorrússia. Na noite de 26 de Abril de 1986, "o principal reactor da central nuclear", foi sujeito a um teste de resistência. "Foi simulada uma perda de abastecimento da energia externa que alimentava o sistema para verificar se os sistemas de segurança funcionavam de forma correta e aconteceu o desastre." O reactor "foi destruído por uma série de explosões que lançaram na atmosfera de toda a Europa nuvens de material altamente radioativo."
O incêndio que deflagrou foi combatido por brigadas de bombeiros que, ignorando os riscos que corriam ou talvez por falta de equipamentos adequados à época, acabaram por morrer "devido aos altos níveis de radiação. Foi declarado o estado de emergência na região e ordenada a evacuação da cidade mais próxima. No entanto, a descoordenação das autoridades e a demora em reconhecer a gravidade do problema acabaram por piorar substancialmente o panorama."
Sob domínio do regime soviético, que tentou esconder a verdadeira gravidade do problema, só no dia 28 é que foi confirmado que tinha havido "um problema em Chernobyl, depois de uma central nuclear sueca, a mais de 1000 km, ter detetado níveis de radioatividade muito elevados."
Apesar da central se localizar em território ucraniano, foi a Bielorrússia que sofreu os efeitos mais severos, tendo ficado "com 23% do seu território contaminado com radionuclídeos de Césio-137." A morte espalhou-se rapidamente, mas tentaram abafar as consequências da contaminação. "Centenas de pessoas morreram em torno de Chernobyl no momento do acidente e dezenas de milhares nos anos seguintes, a maioria com cancros provocados pela radiação."
Três dias depois do acidente, a Polónia regista também um elevado nível de radiação, a que se seguiram a Alemanha, a Áustria e a Roménia. "Em maio, a lista de países afetados já tinha aumentado largamente: França, Bélgica, Holanda, Reino Unido, Israel, Kuwait e Turquia." Mais tarde acabaram por ser detetados "resquícios gasosos no Japão, China, Índia, Estados Unidos e Canadá," mostrando que todo o globo possa ter sido afetado de alguma forma.
Passados 30 anos, ainda se realizavam trabalhos de descontaminação na Rússia, Ucrânia e Bielorrússia, mas muitos outros países foram afetados. Em Kiev, por exemplo, "no fundo do lago artificial nas proximidades da capital ucraniana foram detetados radionuclídeos," mostrando que ainda não é um território totalmente livre de radiação. Sabe-se que o "acidente de Chernobyl libertou uma quantidade de radiação correspondente a 400 bombas atómicas de Hiroshima," e que pode ter obrigado à deslocação de cerca de "350 mil pessoas."
A verdade é que ainda existem cerca de 72 reactores nucleares na Europa e o problema é que muitas destas "centrais nucleares estão velhas, 25 têm mais de 35 anos de existência. O tempo médio de vida de uma central varia entre 25 e 40 anos, dependendo das normas nacionais." Um dos riscos é que algumas destas centrais "foram construídas em zonas propensas a inundações ou terramotos."
Este reator "acabou por ser encerrado num sarcófago de cimento, alguns meses mais tarde, como forma de conter a radiação," embora não fosse esse cimento o suficiente para garantir a segurança. Só em 2016, termina a "construção da cobertura definitiva, em metal." Chernobyl foi até agora o "acidente mais grave ocorrido numa central nuclear e um dos dois acidentes que atingiu o nível máximo de gravidade na escala oficial da agência atómica internacional, sendo o outro o que ocorreu em Fukushima, em 2011."
No entanto, houve outros acidentes, não tão graves é verdade, mas desses ninguém fala...
Fontes:
https://ensina.rtp.pt/artigo/acidente-nuclear-em-chernobyl/
O ataque dos Estados Unidos a Hiroshima no dia 6 de agosto de 1945 matou aproximadamente 140 mil pessoas." A primeira bomba nuclear é seguida apenas três dias depois, por um segundo lançamento que atinge Nagasaki, "fazendo mais 70 mil vítimas, antes da rendição do Japão e do fim da Segunda Guerra Mundial."
O presidente norte-americano era Harry Truman. Em 1945, Truman exige ao Japão a sua rendição incondicional. A "16 de julho de 1945, os EUA testaram com sucesso a bomba Trinity, a primeira arma nuclear a ser detonada no mundo" e tinham já preparados outros engenhos nucleares como forma de retaliar o "ataque japonês em 1941 à base norte-americana de Pearl Harbor" que fez 2500 mortos. Mas seria a bomba atómica necessária para que os EUA ganhassem a guerra do Pacífico?
A primeira bomba foi transportada pelo bombardeiro Enola Gay, "pilotado pelo coronel Paul Tibbets," que sobrevoou "Hiroshima a cerca de 9,5 km de altura" largando a bomba que foi chamada de "Little Boy" e que explodiu no ar, a aproximadamente 600 metros do solo." A explosão destruiu ou danificou "90% das construções da cidade."
"A Little Boy transportava 64 quilos de urânio 235, mas a fissão teria ocorrido em somente 1,4% dessa carga. Ainda assim, a explosão teve uma força equivalente a 15 mil toneladas de dinamite." Mesmo assim, com cerca de 140 mil vítimas, o Japão não se rendeu tal como era esperado por Truman. São então lançados panfletos de aviso e que pedem a rendição.
Nagasaki não era o alvo preferencial para este segundo ataque, mas sim a região de Kokura. No entanto, nessa manhã Kokura estava "coberta de neblina" e não permitia as condições necessárias ao lançamento. "A tripulação tinha ordens de escolher visualmente um alvo que maximizasse o alcance explosivo da bomba" e acabaram por escolher Nagasaki. O "major Charles Sweeney," foi o piloto responsável porlo bombardeiro que "lançou a bomba Fat Man, que explodiu a 500 metros do solo."
Esta bomba era "feita de plutónio 239," um material que "era mais fácil de ser obtido e mais eficiente do que o urânio," utilizado na bomba de Hiroshima. "A explosão foi mais forte que a de Hiroshima, mas a localização de Nagasaki, dividida entre dois vales, limitou a área de destruição." Depois das evidentes consequências catastróficas provocadas pelas "bombas de Hiroshima e Nagasaki, o Japão" rendeu-se, tendo o "acordo de rendição" sido assinado no dia "2 de setembro, a bordo do navio americano USS Missouri, na Baía de Tóquio."
Mas as consequências fizeram-se sentir também nos anos seguintes. Estima-se que nos "cinco anos após os ataques, houve um aumento drástico nos casos de leucemia em Hiroshima e Nagasaki."
No que respeita à taxa de incidência de vários tipos de cancro, como por exemplo alguns tipos de cancro da tiróide, da mama e do pulmão, esta é mais alta entre os sobreviventes do que no resto da população. Por outro lado, os sobreviventes desenveram também problemas de "saúde mental" uma vez que foram gravemente afetados "pela experiência de um ato tão atroz, pela perda de entes queridos e pelo medo de desenvolver doenças causadas pela radiação."
Alguns dos sobreviventes, tornaram-se "ativistas contra a proliferação de armas nucleares e compartilham" as suas memórias e as suas histórias de vida de forma a manterem "viva a lembrança dos horrores da guerra."
Fontes:
https://pt.euronews.com/2019/08/06/japao-relembra-ataque-a-hiroshima
https://www.bbc.com/portuguese/resources/idt-a05a8804-1912-4654-ae8a-27a56f1c2b8a
Esta semana, as imagens do petroleiro Sanchi a arder, entraram-nos pela casa dentro, lembrando-nos que infelizmente a nossa dependência deste combustível continua a trazer estes (in-)evitáveis acidentes!
Desta vez resultou da colisão de um petroleiro Iraniano contra um cargueiro, na zona da China. As notícias dão conta de que se pode tratar do maior derramamento de petróleo desde 1991, embora se diga também que o derrame será mínimo pois de facto o que acontece é que a grande maioria estava a ser consumido pelas chamas.
O petroleiro, tal como se temia pela brutalidade do incêndio a bordo e dos materiais que transportava, acabou mesmo por explodir, cerca de uma semana após a colisão. O petroleiro iraniano, dirigia-se à Coreia do Sul e embateu num navio chinês que trazia grãos de cereais dos Estados Unidos. As equipas de busca e salvamento, não conseguiam aceder ao navio nem para apagar as chamas, nem para resgatar os 32 tripulantes.
Segundo Mohammad Rastad, porta-voz iraniano referido no GZHMundo, "os membros da tripulação do navio morreram durante a primeira hora após o acidente por causa do poder da explosão e da fumaça tóxica de gás", acrescentando que "não há esperança de encontrar sobreviventes (...) Dois terços do petroleiro afundaram, o fogo se espalhou e envolve completamente o navio e não podemos nos aproximar".
E agora, eu pergunto-me, como é que isto ainda pode acontecer nos dias de hoje? Como é que dois navios de tão grandes dimensões embatem um no outro na imensidão que é o oceano?
Tanta tecnologia, mas tão pouco cuidado com o nosso mar e com o nosso planeta. Este caso fez-me logo lembrar aquele submarino a que também não se conseguiu chegar... morreram todos e com eles ficou a verdade sobre o que ali estavam a fazer e o que terá acontecido.
Fontes:
https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2018/01/14/petroleiro-iraniano-em-chamas-afunda-no-mar-da-china.htm
https://gauchazh.clicrbs.com.br/mundo/noticia/2018/01/petroleiro-iraniano-em-chamas-afunda-no-mar-da-china-cjcep8syc003601o13w7snhw3.html
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