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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
Adoro o mês de Setembro. É o meu mês e sempre o considerei um mês de decisões e mudanças. Mas é também um mês muito difícil. É um mês em que nos chegam propostas, em que nos exigem decisões rápidas. Mas o pior de tudo, para mim, são as opiniões que nos querem impor, sem pensarem que as palavras nos podem magoar.
E isto vem porquê?
Porque as minhas decisões hoje, não são de hoje. Vêm da minha construção própria, da aceitação de quem eu sou, das minhas fragilidades e capacidades. É um processo contínuo que, mais do que externo, é um processo que ocorre dentro de mim. É um processo instável, que muitas vezes me torna muito emocional.
Mas esta sou eu. A Elsa que gosta de escrever, de ensinar. Eu sou diferente daquilo que fui há uns anos, mas estou cá, inteira e forte. Com medos, com inseguranças, mas com muitos objetivos.
Se podia ou desejava estar numa situação mais estável? Claro que sim. Acho que todos nós ansiamos por chegar aos quarenta com a nossa vida estabilizada e eu ainda não tenho isso. Mas não sou infeliz por isso. Tenho quarenta e um, tenho muita coisa na vida que me arrependo de ter feito, mas são essas coisas que me fazem como sou e, aos poucos tenho aprendido a lidar com cada um desses momentos - os bons e os maus. Sou uma pessoa muito solitária. Gosto do meu canto, dos meus livros, das minhas folhas e cadernos e lápis... e desenhos e canetas... gosto das minhas séries, de ver programas que me fazem chorar. Gosto da areia nos pés e do som do mar, mas detesto que me atirem água ou gente que faça muito barulho na praia. Gosto de uma boa conversa, mas não me venham com coscuvilhices que eu não tenho paciência. Sou sempre a última a saber das coisas e não me importo com isso.
Introspeção é para mim algo que me leva a ser eu, a preparar-me para o mundo, a enfrentar a vida.
Será que a nossa espécie não consegue evoluir ao ponto de entender que a guerra só nos leva à dor e à destruição? Às vezes, parece que não mudámos nada desde o tempo das Cruzadas...
Gostava que tivessemos crescido e aprendido um pouco mais, que as guerras não fossem consideradas "santas", que as invasões não fossem consideradas "operações militares especiais"... o que há são interesses pessoais, pessoas retrógadas com ideais individualistas e com fome de poder. O que há não são interesses nacionais, nem patrióticos, mas sim questões de dinheiro e poder que só beneficiam alguns seres energúmenes.
Como é que se continuam a atacar serviços de saúde e escolas? Como é que se mata indiscriminadamente? Como é que se usam pessoas como escudos humanos e como é que se arranjam desculpas que justificam os ataques perante os Estados vizinhos, coniventes e colaborantes na carnificína?
Como é que a nossa espécie não evolui? Somos assim tão animais, mais do que os próprios que o são?
Hoje tive de ir a Lisboa e, depois de uma noite mal dormida - ainda ia culpar o meu sporting, mas foi mesmo por pura ansiedade - lá fui.
A viagem até foi rápida, mas estacionar é que foi a grande dor de cabeça! Acabei por optar por um daqueles estacionamentos subterrâneos que nos estragam logo o dia só de olhar para os preços, mas enfim, entre isso e arriscar ser multada... pareceu-me melhor o dito cujo. Para começar, o local onde o IPR ainda se encontra ao fim de tantos anos, é tudo menos o melhor. É que na impossibilidade de estacionar ali perto, lá temos de fazer grandes caminhadas a pé, por entre calçadas esburacadas e estaleiros de obras porta sim, porta sim.
Um ano depois lá estava eu e a conversa parecia um déja-vu.
Lá consegui que a médica, entre as infelizes expressões de "isso é normal", "isso é só muscular" e "isso é da sua doença", fizesse o favor de avaliar as minhas queixas... à saída, trazia já o papel para marcar uma eco, que ficou marcada para uma vaga em setembro (dois anos depois de eu me ter começado a queixar da anca). Enfim, se ando a coxear há tanto tempo, mais uns meses não irão fazer diferença, pois não? Os joelhos é que já se vão queixando de compensarem o peso e o andar mais desengonçado mas desses trato depois. Lá trouxe mais do mesmo em medicação... não deve haver muito por onde escolher, nem opções a tentar, ou então dá muito trabalho ajudar um pouco nessa parte.
O que ainda me lixa, é que ao fim de tantos anos de ouvir tantas coisas, ainda me conseguem fazer correr as lágrimas. Mas já passou, amanhã é outro dia.
E pronto, desculpem lá, mas hoje precisava de desabafar um pouco.
Ultimamente não tenho dedicado muito a falar sobre mim, porque na verdade, tudo continua igual e, realmente, a conjuntura nacional e internacional tem sido muito mais interessante. Talvez porque não me dê grande relevância, ou porque tenha mais que fazer do que me estar a dar demasiado valor. No fundo, há sempre coisas boas e más a acontecer todos os dias na minha vida, mas a principal, sem dúvida, é sentir-me realizada com aquilo que agora estou a fazer.
Ontem caiu uma certa nostalgia e, até um certo aperto, quando comecei a pensar que está tudo a seguir no bom caminho. Mas eu não estou habituada a que as coisas me corram bem e isso faz-me sempre recear... não sei se conhecem a sensação. Eu não estou aqui a dizer que está tudo perfeito, não está mesmo, há muito para melhorar, tenho muito para trabalhar e sobretudo, para me auto-construir. Mas é este caminho que agora estou a percorrer é que me está a dar uma motivação diferente e me faz olhar para situações passadas e me faz pensar: como é que isto me aconteceu? como é que eu deixei que me fizessem isto? como é que eu me permiti a passar por isto? como é que eu não vi isto?
E estas memórias ainda me afetam. Sim, ainda acordo a meio da noite com angústias. Ainda temo e desconfio.
Ainda há sonhos e apertos que me fazem acordar a meio da noite.
E aqui está o foco que quero muito melhorar. A minha saúde. Vivo há anos demais presa a diagnósticos, a medicamentos, a tentativas de fazer os outros perceberem que há doenças que não são visíveis mas que estão cá e nos magoam, nos vão tirando as forças bocadinho a bocadinho. Mas sabem o que eu também sei? É que aquilo que mais me tira as forças, não é a doença nem a medicação, que sim estão cá e fazem parte da minha vida há muitos anos, é a minha preocupação sobre o que os outros pensam de mim. E essas pessoas interessam? Não deviam, porque não são as pessoas próximas de mim, nem as pessoas da minha família próxima, nem as pessoas que me querem bem. Se são só as "outras" e, muitas delas já nem fazem parte da minha vida, porque é que ainda me magoam, me fazem angustiar? Porque é que as memórias do que se passou, não podem passar apenas de memórias e, ainda hoje, me fazem ficar triste?
E porque é que eu estou hoje a escrever isto? Bem, uma das razões é porque não sou a única pessoa a viver com fibro e sei que há muitas pessoas que dizem que o pior desta doença é a incompreensão dos outros. E é exatamente aí que eu sinto que tenho de trabalhar. Não nos outros, mas em mim, em aceitar-me como sou, sem me estar a preocupar se os outros acreditam em mim ou se falam por trás, ou se são falsos... é que eu sei que isso não me devia estar a magoar, não aos quarenta anos, nem depois de tudo aquilo que eu já passei na minha vida, de tudo aquilo que eu já vi e já vivi.
E é tudo isso que importa.
Enquanto o país anda entretido com as peixeiradas que já começaram na AR, a criminalidade violenta lá se vai mostrando aqui e ali país fora. As forças de autoridade precisam de ser mais respeitadas e mais valorizadas.
Ontem, sexta-feira, Porto, e plena hora de almoço e no meio de uma rua movimentada. Um homem saiu de um carro, "foi em direção ao alvo e, em plena rua e perante o olhar de vários moradores, disparou cinco vezes. Um dos tiros atingiu um homem de 27 anos," no rosto. Segundo as notícias, os dois estariam conotados "com a venda de droga." A suspeita é que "o homicídio terá sido uma vingança, motivada por um negócio de droga que terá causado prejuízos ao autor dos disparos." Porventura, parece que o homicida foi "enganado pela vítima, que saiu há poucos dias da cadeia, e tenha decido ajustar contas a tiro."
Também na sexta-feira, um caso um pouco mais insólido, mas mesmo assim, também grave. No Barreiro, um jovem, "com idade entre os 16 e os 20 anos, sofreu esta sexta-feira ferimentos graves depois de ter sido esfaqueado nas costas." Parece que "uma patrulha" se terá deparado "com o jovem ferido, acompanhado por outro, a correr com uma faca cravada nas costas na Avenida D. João I, no centro da cidade. Os agentes abordaram os jovens, que se recusaram a contar o que tinha acontecido, e deram o alerta para os meios de socorro," tendo posteriormente o jovem sido socorrido e levado ao hospital. O que se terá passado aqui? Eu acho muito estranho que não tivessem contado o que se tinha passado, não acham?
Já hoje, sábado, em Lisboa, plena Avenida das Descobertas. De madrugada, foi encontrado um cadáver que apresentava “indícios de violência” e, por isso, foi acionada a Polícia Judiciária. O homem terá sofrido uma facada numa perna, mas as "circunstâncias do homicídio estão ainda a ser apuradas." Alguns conhecidos da vítima, terão colocado a hipótese de que o homem "tenha morrido ao ser assaltado, quando regressava do trabalho, no Hotel Mundial, no Martim Moniz, no centro da cidade de Lisboa."
E quanto a tráfico? Sim, também houve esta semana! Seis jovens, "com idades entre os 17 e os 26 anos, vendiam produtos estupefacientes a consumidores dos concelhos de São João da Pesqueira, Meda, Tabuaço, Penedono e na Guarda." Foram detidos e presentes a juíz. Terão ficado presos? Nas "oito buscas" realizadas "foram apreendidas doses de haxixe e cocaína, seis balanças de precisão e material de corte e embalamento de produto estupefaciente."
E por aquipodia continuar, mas fica só "um cheirinho" do que se anda por aqui a passar... Crimes, sempre houve! Mas parece que a violência cada vez é maior. Ah, e já agora, não me posso esquecer de referir a forma como alguns elementos de alguns bairros recebem os elementos das forças de segurança. E porquê? Provavelmente, porque sabem que por cá a polícia não entra a disparar e, quando o fazem, ainda têm problemas. Quando apedrejaram a polícia no meio do bairro, sabiam que um ladrão tinha invadido uma casa onde estava um casal com crianças? Como se terá sentido aquela família, tendo em conta que, ao que parece, nem o conheciam? Quem não deve, não teme, nem receia qualquer abordagem da polícia. É que além de um telemóvel que tinha roubado, o indivíduo também tinha droga com ele. Então, vamos lá ter alguma coerência e deixar a polícia fazer o seu trabalho, sem medos.
Fontes:
https://www.jn.pt/3696646402/abatido-em-rua-do-porto-e-a-luz-do-dia-devido-a-negocio-de-droga/
https://www.jn.pt/1265656039/funcionario-de-hotel-morre-esfaqueado-em-assalto-na-portela-de-sacavem/
Hoje faz anos aquela mulher que me ensinou o que é a liberdade e a democracia, que me deu a ler a história da primeira república andava eu no 1º ciclo e me deixava ler tudo o que eu queria, tivesse ou não idade para isso. Tanto é especial, que foi logo teimar em nascer no dia 29! Assim sendo, faz agora uns 30 anitos, se bem que é minha avó e tem a cabeça cheia de cabelinhos brancos.
Para mim, há dois adjetivos que a caraterizam: lutadora e irreverente! E dela eu herdei a teimosia, a dificuldade em dizer que gosto quando não gosto, a incapacidade de sorrir sem me apetecer e a capacidade de ser autónoma e independente. O pior que nos podem fazer, sei que ambas estamos de acordo nisso, é fazerem-nos baixar a cabeça perante alguém. Podemos passar despercebidas, mas nunca nos deixamos rebaixar. Não é de estranhar que por vezes as nossas opiniões e os nossos feitios se choquem e que até passemos algum tempo chateadas, mas na verdade nunca estamos zangadas uma com a outra.
A ela agradeço ter aprendido a ler, a escrever corretamente, a contar, a multiplicar e a dividir. Aprendi e hoje ainda uso diariamente muito daquilo que ela, só com a 4ª classe, me ensinou. Hoje ainda sei de cor as tabuadas, dividir sem usar a calculadora, fazer a prova dos nove ou a prova real. Mas a ela também agradeço ter confiado em mim, tantas vezes! E nem vou falar aqui de outras tantas coisas que fez por tanta gente, mas isso não é para aqui...
Existem muitas mulheres com um papel importante na minha vida, mas esta é especial. Sei que ela odeia fazer anos, especialmente se a data calhar numa ano que não seja bissexto (aí escusamos até de lhe dar os parabéns), mas para mim, é importante dedicar-lhe estas palavras.
Hoje há uma certa nostalgia no ar... uma tristeza que nos percorre o corpo. Sabemos que foi melhor assim e que as condições não estavam propícias a que houvesse desfile. Que os materiais e as fantasias se iriam estragar, já para não falar nas aparelhagens, sistemas de som e instrumentos que não iriam resistir à chuva. Falta-nos um espaço fechado onde desfilar nestes dias de chuva. Já conseguimos um carnaval de verão, mas quem é do samba sabe, que isso não substitui a falta que este desfile nos faz.
Ontem, sábado, já ão se desfilou na Quinta do Conde. Iria sair a minha escola (Batuque do Conde), o Corvo de Prata e um grupo de Motards, mas não estavam reunidas as condições para que tal acontecesse em segurança. Em Sesimbra, o sol permitiu que o grupo de Axé Tripa Mijona tivesse a sorte de percorrer a marginal da nossa baía. Animou a nossa vila e quem a veio visitar. Felizes por elas e tristes por nós... mas ainda pensamos que hoje fosse possível ter algumas tréguas.
Mas de madrugada, já todos tínhamos consciência de que o desfile estaria prestes a ser cancelado (ou adiado). Apesar de ter dado aos grupos da noite um pouco de tolerância, S. Pedro não esteve pelos ajustes e o aviso de mau tempo não foi levantado. O mar, batido a vento e a chuva forte fez com que não se pudesse desfilar em Sesimbra...
Espera-se que amanhã os palhaços possam sair e animar as ruas de Sesimbra! Festejando 25 anos de folia e animação! Quem é da minha geração, lembra-se certamente do primeiro desfile... da ansiedade em saber se tinha sido batido o recorde de palhaços! Amanhã, estarei a trabalhar mas o meu coração estará nas ruas da minha terra.
E espera-se que as condições atmosféricas melhorem e que na terça se possa fazer um grande desfile, que as Escolas e os grupos de Axé possam mostrar na Avenida o trabalho de um ano inteiro! As coreografias e músicas que já espreitamos na semana passada no ensaio técnico e que, todos, desejamos ver agora compostas pelas fantasias! Os arames moldados em asas, armações, cabeças e cabeções! As milhares de penas, plumas e lantejoulas que bordam em elaborados desenhos os tecidos coloridos! As pinturas, maquilhagens e claro, as máscaras... os trabalhos dos artistas que esculpem e moldam o esferovite com que nos presenteiam e que, não fosse a chuva do fim de semana, já teríamos visto desfilar!
Não fiquem tristes! Ainda nos vamos encontrar e iremos fazer Sesimbra brilhar!
Fazendo aqui uma pausa nas minhas publicações viradas à política, venho hoje desabafar aqui um pouco, depois dos últimos dias que foram física, mental e emocionalmente muito cansativos.
Na sexta de manhã fui fazer a eletromiografia (sim, aquela que estava planeada desde novembro, daquela consulta que eu já estava à espera desde janeiro passado) e não vim de lá mais satisfeita. É que durante os últimos meses, meti na cabeça que ia ser operada e que as dores nas minhas articulações e a dormência que tenho constantemente nos dedos eram do túnel cárpico, mas afinal, parece que o problema não está aí. E não foi por descobrir que o túnel que poderia estar inflamado não está assim tão mau que fiquei descansada. É que as dores que tenho nos dedos têm aumentado muito nos últimos meses, os tremores (o meu sismógrafo pessoal, como lhe costumo chamar) voltaram e acho que têm estado piores do que estavam e às vezes tenho retrações dos tendões que são extremamente dolorosas e incapacitantes.
Associado a estes sintomas e que nada ligam com as mãos, tenho cãibras frequentes, bem como parestesias em determinadas zonas dos pés, do nariz e de outras zonas do corpo. E há aquela sensação de que tenho bichos a passar pela pele, que "mordem, picam" a noite inteira! Coço-me tanto que às vezes a pele começa a escamar e chego a fazer feridas. O cansaço tem vindo a aumentar mas sinto que isso pode estar relacionado com a perda de massa muscular, uma vez que devido às dores na articulação da anca e do ombro, passo todo o tempo que posso na cama... Pelos entretantos, levanto-me para ir trabalhar (ou apenas me sento quando o trabalho é online) e só subir a rua (uns longos 500 metros...) é um esforço demasiado pesado para os músculos cada vez mais fracos. Quando me encosto no muro da secundária, a meio da subida, não é para mais do que para descansar um pouco antes de continuar a subir.
Acabei por desistir do desfile deste ano, quando percebi que poderia dar-se o caso de não ser capaz de fazer a avenida, mas também porque tenho episódios de desiquilibrio e de tonturas quando estou em pé. E nem todos entendem que no ensaio eu devia estar sentada para me conseguir concentrar porque em pé, não são apenas as dores que pioram: são também os espasmos e as parestesias que me distraem do que estou a tentar fazer, E não, ninguém é obrigado a entender aquilo que às vezes nem eu sei explicar. E os meus colegas estão sempre a perguntar se estou melhor, se já consigo ensaiar ou o porquê de afinal eu não ir desfilar e eu, na maioria das vezes, já nem sei que lhes responder. Só que tenho dores e estou farta e cansada de ter dores! E quando regresso a casa depois de assistir aos ensaios, venho para casa e choro.
Ainda tenho a árvore de natal para acabar de arrumar. Não consigo fechar os ramos e enfiá-la na caixa. Já me deu vontade de a pôr no lixo... tirei as placas que protegem a parte de baixo dos móveis da cozinha e não consigo pô-los de volta porque isso implica baixar-me para os voltar a encaixar. E não consigo. Então, estão ali, a um canto...
De manhã, costumo levantar-me com o objetivo de ir fazer uma caminhada - mesmo que pequena - mas fico cansada nas pequenas tarefas, como tomar duche, vestir-me ou deixar o quarto minimamente arrumado que na maior parte das vezes acabo por desistir. Se faço a cama, já não arrumo a loiça que está na máquina... é tudo uma coisa de cada vez. Que inveja que eu tenho das pessoas que têm forças para manter tudo limpinho, tudo arrumado e organizado!
Nos últimos dias, tenho boicotado as tarefas da casa de manhã e obrigo-me a ir à rua, conduzir um pouco ou ir a pé, para ver gente ou, às vezes, só ficar dentro do carro a ler umas páginas de um livro. Quando está sol. Se está nevoeiro ou chuva, só me consigo levantar porque me obrigo a ir trabalhar. É mais do que uma sensação de cansaço. É acordar já exausta.
Escrever... ai, era tudo o que eu queria... tenho tanta coisa para pôr no papel e não consigo! No teclado, é por enqunto muito mais fácil e lá vou conseguindo fazer alguns textos, preparar as minhas formações, com algumas pausas pelo meio mas... e pegar numa caneta, como sempre gostei? Tenho um romance a meio, mas não consigo avançar no teclado do computador. Falta-me a ligação entre o cérebro e a mão, que é mais natural e mais verdadeira que o ecrã. Às vezes, escrevo nas fichas dos meus alunos e depois percebo que o que escrevi não está tão percetível como eu desejava, a minha letra está diferente. Eu que estou sempre a defender a escrita "à mão" e que defendo o seu uso como forma preferencial por dezenas de razões, às vezes, nem eu percebo o que escrevi... e se isso vos pode parecer que não é nada de mais, enganam-se! Para mim, é tudo, porque sempre amei a escrita, porque em tudo o que faço e para onde vou, tenho canetas e papel a acompanhar-me!
E sim, por tudo isto, às vezes fico acordada noite dentro sem saber o que a vida me reserva... acabando às vezes por ter de me levantar para ir trocar a fronha da almofada, molhada pela tristeza que me assoma pelas longas noites.
E hoje regresso às palavras do secretário-geral da ONU, António Guterres, que ao contrário do que muitos queriam, não foi afastado do seu cargo e que afirma que o número de civis mortos na Faixa de Gaza mostra que há algo "claramente errado" com as operações militares de Israel contra o Hamas. Os números assustadores são do próprio grupo terrorista e por isso, não sabemos se é o verdadeiro número de vítimas ou se foi empolado, mas quando pensamos em quase 10 mil mortos, torna-se claramente assustador. Há registo também de mais de 32 mil feridos, de acordo com informações do Ministério da Saúde de Gaza, que afirma também que de todos os mortos, quase quatro mil serão crianças. Não se esqueçam aqui os cerca de 1400 mortos em Israel há um mês.
Além disso, milhares tentam fugir do norte de Gaza para o sul, mas são impossibilitados! Israel sabe que o Hamas os usa como escudos humanos! E continua a atacá-los! Sabe bem que os membros do Hamas, na sua maioria está protegido e que quem está a sofrer é a população civil. Mata um comandante, por cada mil civis assassinados?
Foram milhares os palestinianos que obedeceram às ordens militares israelitas e fugiram a pé para o sul de Gaza na quarta-feira, durante uma janela de quatro horas para evacuação. Milhares de pessoas percorreram a principal autoestrada- Salah al-Din - apenas com o que podiam carregar nos braços. Alguns levavam panos brancos, improvisando bandeiras de forma a se identificarem... o que pensariam aquelas pessoas enquanto caminhavam, que sentido tem a sua vida nestes dias?
Em colaboração com os Estados Unidos, o governo do Qatar tenta mediar com o Hamas a libertação de alguns dos reféns que mantém desde 7 de outubro, em troca de Benjamin Netanyahu permitir uma pausa humanitária em Gaza.
Ontem, o governo de Israel afirmou ter invadido a cidade de Gaza por terra e identificado o bunker onde está o líder do Hamas (Yahya Sinwar, considerado como o número 2 do grupo). Numa emissão da televisão israelita, Yoav Gallant (ministro da defesa), declarou rejeitar qualquer ideia de cessar-fogo, e que as Forças de Defesa de Israel estão “no coração” da cidade de Gaza.
Yahya Sinwar, fundou o grupo Izzedine al-Qassam Brigades, considerado um braço armado do Hamas. Entre as ações que com ele estão relacionadas, estão vários ataques suicidas e o lançamento de mísseis contra Israel. O líder do Hamas passou mais de 20 anos preso em Israel, após ser condenado a quatro penas perpétuas na década de 1980. Entre os crimes pelos quais foi condenado estão acusações de homicídio e de rapto. A sua liberdade foi conseguida quando o Hamas negociou a libertação de um soldado israelita (Gilad Shalit). Em troca deste combatente, Israel abriu mão de mais de mil prisioneiros palestinianos, entre os quais estariam membros do grupo terrorista Hamas.
Já no passado dia 3 deste mês, foi anunciada por Israel a morte de Mustafa Dalul, um outro comandante do grupo Hamas, pertencente ao batalhão de Sabra Tel al-Hawa. A informação foi confirmada pela Força de Defesa de Israel (IDF) e pelo Serviço de Segurança (Shin Bet) do país, na manhã da passada sexta-feira.
Fontes:
https://www.metropoles.com/mundo/comandante-hamas-morto-israel
Antes de começar, não é este um post em defesa de quem quer que seja. Sou muito pragmática. Não defendo nenhuma guerra e muito menos quando se usa a "desculpa" esfarrapada de que uma qualquer entidade atribuiu o quê a quem quer que seja. Ainda estou numa fase de incompreensão perante tamanha barbárie que se está a passar. Sou completamente contra este conflito e acho que isto tem de acabar. Apetece dizer para pegarem numa régua e dividirem a meio aquilo tudo, metade para a direita metade para a esquerda! No meio disto tudo, ninguém tem razão. Não há nenhuma razão, nenhum motivo para matar inocentes. Nem de um lado, nem do outro!
Mas hoje resolvi também vir falar das palavras de um português. Um homem que agora está a ser posto em causa por aquilo que disse - meus caros, ele é cidadão português e nós somos livres de dizer e escrever as nossas opiniões - e não estou com isto a dizer que concordo com ele. As afirmações que fez no Conselho de Segurança da ONU não foram felizes. Esteve mal, mas quem o condena agora, não está melhor.
Antes da reunião do Conselho de Segurança, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, condenou os atos "de terror" e "sem precedentes" perpetrados pelo Hamas a 7 de outubro, salientando que "nada pode justificar o assassínio, o ataque e o rapto deliberados de civis". No entanto, durante o seu discurso, Guterres acabou por afirmar que seria "importante reconhecer" que os ataques do grupo "não aconteceram do nada", frisando que o povo palestiniano "foi sujeito a 56 anos de ocupação sufocante". Estas palavras não agradaram o embaixador Gilad Erdan, que pediu a António Guterres que se demitisse "imediatamente".
Palavras mal medidas, mal ponderadas, mas que consigo de certa forma compreender no sentido em que tantas vezes as emoções estão à "flor da pele" e nos impedem de pensar de forma mais pragmática. Imagens desoladoras, trágicas e desconcertantes tinham precedido este discurso e sem aquele filtro a que seria obrigado, Guterres deixou escapar o seu lado mais humano e menos ponderado. Por vezes, temos momentos assim - quem nunca? A sua posição porém é diferente da "nossa". A ele, não são perdoados escapes de língua, desabafos e, nem tão pouco, tentativas de justificação de algo injustificável.
Em consequência porém das palavras que Guterres proferiu, Israel começou logo por bloquear vistos a funcionários da ONU. Gilad Erdan anunciou que foi já recusado o visto de entrada em Israel ao subsecretário-geral da ONU para os Assuntos Humanitários. As palavras que fizeram Israel reagir, talvez tenham sido uma espécie de contextualização dos ataques, em que Guterres diz que "o povo palestiniano tem estado sujeito a 56 anos de ocupação sufocante." Nas palavras do secretário-geral, que penso não venham legitimar os ataques, mas vêm em defesa da Palestina como povo e de como acabaram por ter de "aceitar" a sua situação com o Hamas, acrescentou ainda que os palestinianos viram "as suas terras serem constantemente devoradas por colonatos e assoladas pela violência, a sua economia sufocada, o seu povo deslocado e as suas casas demolidas." Acrescentou que a esperança "numa solução política para a sua situação têm vindo a desaparecer".
Por vezes, é preciso medir as palavras e ponderar a capacidade de aceitação de quem as escuta. Nem sempre estão todos os ouvintes no momento certo para compreender o que se afirma, outras vezes o que quer ser transmitido como mensagem tem o efeito contrário à intenção pretendida. Fossem quais fossem as palavras trasnmitidas nesse dia, e nos que se seguem, serão sempre uma ofensa para Israel se defendem a Palestina e uma ofensa para a Palestina se legitimarem Israel. O entendimento neste caso são duas paredes de betão, cujo único ponto em comum é se reprimirem e afastarem mutuamente.
Aproveitando esta situação, Eli Cohen, cancelou uma reunião agendada com Guterres (não seria uma oportunidade de se confrontar e explicar o seu ponto de vista?)mas prefere Israel dizer com todas as letras que "é tempo de ensinar uma lição" à ONU, insistindo na demissão do secretário-geral da organização.
Guterres recusa ter justificado os atos de terror do Hamas, mas os protestos de Israel encontraram eco em vários membros dos governos britânico e italiano, que já vieram a público dizer que discordam dos comentários do Secretário-Geral da ONU sobre Israel e as alegadas violações dos direitos humanos.
Acusando a ONU, desde sempre - não é de agora e nem foram as palavras do seu secretário-geral a despoletar esta opinião - de estar contra Israel, afirmou Erdan que "a partir de agora, todos os dias em que ele estiver neste edifício, a não ser que peça desculpa imediatamente, não há justificação para a existência deste edifício. Este edifício foi criado para evitar atrocidades." Será uma ameaça à própria ONU e aos seus funcionários? Matar a população, sem qualquer limite nem consciência, fazendo com os seus ataques mais mortes do que contra os seus foram cometidos, pior do que "olho por olho, dente por dente", é aceitável para um homem que representa um país? É aceitável pelos seus? Nós não concordamos com muito do que se passa pelo mundo e não saíamos por aí a lançar bombas a torto e a direito!
Fontes:
https://pt.euronews.com/2023/10/25/israel-abre-guerra-a-onu-pelas-criticas-de-guterres
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