
Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
Segundo algumas notícias, os preços dos medicamentos deverão subir a partir de abril e podem ficar até 5,6% mais caros. O Governo diz que a medida é para combater a rutura de medicamentos nas farmácias.
Ao que parece, “os medicamentos com PVP até 10 euros têm o preço atualizado em 5% e aqueles com preços entre 10 e 15 euros serão atualizados em 2%”.
Os mais caros, segundo o ministro, podem até baixar de preço, em compararção com outros países.
Para mim esta medida não tem lógica nenhuma, na conjuntura económica e social em que vivemos. Eu levei agora um aumento na renda de casa e, devido aos meus problemas de saúde, tenho de tomar vários medicamentos. Além disso, tomo suplementos que não são comparticipados e dos quais necessito, como por exemplo o magnésio, que cada vez são mais caros. Alguns medicamentos, estão a ser difíceis de encontrar nas farmácias e por isso ás vezes sou obrigada a aceitar a troca por mais caros, em vez daqueles de valor mais baixo.
Prejjudica-nos a todos estas medidas. Quem não pode comprar, deixa de tomar a medicação? Que apoios estão pensados para estas pessoas? Já nem falo de mim porque trabalho e consigo (com dificuldade e muita gestão de cada cêntimo) comprar o que vou precisando - optando pelos mais urgentes e muitas vezes até diminuindo as dosagens para que chegue para mais tempo!
Esta regulação prejudica quem menos tem, tantas vezes com baixas reformas, com doenças crónicas e prolongadas com as quais já têm de lidar diariamente, sendo uma vez mais lesados.
Fontes:
https://www.rtp.pt/noticias/pais/medicamentos-mais-caros-a-partir-de-1-de-abril_v1476593
https://expresso.pt/sociedade/2023-01-18-Medicamentos-mais-caros-para-travar-ruturas-0c48a989
Este ano tinha definido como um dos meus objetivos, começar a fazer uma atividade física. Por um lado, para calar a implicância das médicas que me dizem que eu "tenho de me mexer" e por outro porque sinto que se não começar depressa a fazer alguma atividade, nunca o vou conseguir fazer e quanto mais tarde pior.
Tenho procurado, mas sem grande vontade e a verdade é que está a terminar o terceiro mês do ano. Entretanto, esta semana, mandei mensagem a pedir informações num grupo de Tai-Chi e hoje fiz a primeira aula. Por um lado, trabalha com a respiração e com movimentos lentos e controlados, o que evita lesões de impacto e, por outro lado trabalha com a energia e ajuda a prevenir várias doenças. Pesquisei um pouco sobre os benefícios e o que descobri foi importante na minha escola desta arte marcial.
Quando cheguei a Belverde, encontrei um grupo pequeno e logo depois dos primeiros minutos senti-me integrada. À minha esquerda estava uma senhora que eu acho que se não tem a idade da minha avó, está lá pertinho e que se move com uma delicadeza e uma determinação invejáveis. Estava lá outra senhora, com idade mais próxima da minha e depois, mais dois senhores, também mais velhos. O mestre é o Max. Tratamo-nos todos por "tu". Depois de hora e meia neste grupo, além de descobrir que quero ficar e aprender mais, já tenho um almoço marcado e um evento no próximo sábado em que vou participar.
Descobri que no Tai-chi temos movimentos circulares, com nomes engraçados, mas com grandes objetivos, como promover a circulação do Chi (ou energia), permitir a mobilização de todo o corpo, e no fim, usar a maior força no movimento de ataque ou de defesa. O mestre durante a aula foi explicando sobre cada movimento e isso dava-me a entender que há muitos nomes que ainda vou ter de saber. O Tai Chi Chuan previne algumas doenças ao diminuir a tensão arterial. Um dos aspetos que logo reparei é que a nossa concentração é muito estimulada, pois os movimentos são muito lentos e exigem foco e concentração na sua execução. Assim, apesar de estar a praticar uma atividade que exige esforço físico, este acaba por reduzir o stress e a ansiedade, enquanto estimula o sistema nervoso e imunológico e também fortalece os músculos e as articulações.
Algumas horas depois, sinto no corpo as dores musculares. Isto vai exigir mais de mim a nível mental do que físico, porque se quero continuar e se quero mudar a minha vida este ano, não me posso deixar cair na rotina e tenho de ser eu a impulsionadora desta mudança.
O fim de semana chega e com ele o tempo de por em ordem as ideias e de refletir sobre os próximos passos que tenho de dar. Durante anos, batalhei por ter um diagnóstico e, mesmo sabendo que aquilo de que sofria era de uma doença que para alguns médicos nem existe, nunca baixei os braços. Na última consulta a minha médica de família lá cedeu e enviou um pedido de avaliação para o Instituto Português de Reumatologia, o qual pensavamos que demorava mais a ser atendido. Fui lá esta semana.
A médica rapidamente confirmou o diagnóstico de fibromialgia e disse que para ela era óbvio, encontrou facilmente os pontos de dor, os gatilhos. Estranhou o porquê de ter andado tanto tempo para me diagnosticarem algo que há muito se suspeitava o que era. Voltou a referir que tenho de fazer hidroginástica ou pilates clínico, mas isso para mim não é fácil - pelo menos não neste momento EM QUE ESTOU CHEIA de trabalho! Andar a pé é o máximo que agora tenho conseguido fazer e que mais se assemelha com desporto.
Em relação aos meus pulsos ela é a favor que eu seja operada e que isso me vai beneficiar bastante, mas sinceramente eu não fiquei convencida.
Agora terei nova consulta em maio e até lá tenho de manter a medicação (ela voltou a receitar-me duloxetina) e fazer exames.
Não muda nada, mas para mim muda muita coisa. Pelo menos sei que estou a ser seguida no sítio certo por uma pessoa experiente. Uma pessoa frontal mas que não me fez sentir diminuída.
Mas no fundo, aquilo que me tem irritado sempre é que ainda agora estou em casa, cheia de dores. A medicação que agora aumentou deixa-me cheia de sono e ainda não vejo melhoras (sei que irá demorar a me habituar) e que esperam de mim que enfrente tudo como se não fosse nada de mais. O pior não são as dores, mesmo assim, o pior é o cansaço, a falta de força e de ânimo.
Acordo. A madrugada ainda não deu lugar ao calor que se adivinha mas o meu corpo já não quer estar mais no aconchego dos lençois. Que se lixe. Tenho umas séries para ver, umas coisas para escrever e, se calhar, um café ajudava a começar a manhã. Faço o café, arrumo a loiça que deixei na máquina, ligo a tv. Volto para cima da cama. Tv ligada e o pc preparado para pôr em prática mais um exercício de escrita. É mais fácil escrever de madrugada. Antes dos outros problemas do dia começarem a chegar em rajadas e a deturpar-me as ideias e a vontade.
Ontem o dia não começou bem. Andei à procura da marcação para a consulta na Unidade da Dor, que estava marcada desde abril. Pensava que era às 11h. Encontro o papel, no meio de umas outras papeladas perdidas, são 9h43m. "Vou já sair e aproveito para ir beber café", olho para o papel que tenho na mão.
A consulta é às 10h. Estou atrasada. Saio de casa e pelo caminho vou mais uma vez pensando que tenho de ter calma, ouvir o que me vai ser dito, respirar e sair dali com calma, "vai ser só mais uma consulta". Minutos depois de entrar no gabinete, já estou a chorar. Perco de vez a calma e "que se lixe" hoje vou pôr tudo cá fora. Afinal, não tenho mais ninguém a quem me queixar! A médica volta a falar da minha postura e eu disparo que assim tenho menos dores, que ela me está a avaliar em dois minutos ali e que nas restantes horas e dias da minha vida sou apenas Eu sozinha a lidar com a dor, com a incapacidade, com o julgamento dos outros. Se é para me julgar também então não vim ali fazer nada. Ela pede autorização para me encaminhar para a psicóloga. Até que enfim, penso. É um direito que eu tenho, já tive consultas mas tive de as pagar do meu bolso.
Avançamos mais um pouco hoje. Depois de me ouvir, lá me avalia os pontos de dor e descobre os gatilhos. O toque dela parecem facas a perfurar-me a carne, uma facada de cada vez. Torço-me e as lágrimas caem em silêncio. Tento responder quando me faz perguntas mas as palavras estão turvas na minha mente. A dor ultrapassa já a vontade de falar. Só quero que ela me deixe sair dali.
Lá resolve fazer uma eco para me ver o ombro - surpresa, há ali qualquer coisa algures na acromioclavicular - informo que já sabia, que já esteve pior do que está agora. Já passaram alguns anos desde que fiz fisioterapia. Agora as dores estão piores porque me torceram o braço esta semana, tento explicar. Saio da consulta com mais uns comprimidos para tomar à noite que "ajudarão nas dores e a descansar", com indicação para não desistir da hidroginástica (que não faço) e para aguardar a chamada para o raio-x e para ir pedir à médica de família que me passe fisioterapia. Voltamos ao jogo do empurra e das burocracias. Pior se quero um relatório: iam ser duas páginas a explicar o processo e acho que quase será mais fácil ir doutorar-me em medicina primeiro - deve ser mais rápido.
Depois do almoço vou trabalhar. Enquanto estou sentada a preencher a folha de ponto, um dos meninos chega por trás de mim. Ele é autista, não sabe medir a força do aperto. Agarra-me a cabeça e o pescoço entre os seus braços e sufoca-me, aperta-me. Tento manter a calma, enquanto a minha colega tenta que ele afrouxe o aperto.
Os outros miúdos aproximam-se e tentam ajudar. Acho que tanta gente de volta dele só o faz apertar mais. Sei que só passaram uns segundos. Estou bem.
Não, não estou bem.
As dores disparam e o ombro, o braço, o pescoço parecem a escaldar. Foi o gatilho mais do que a força que ele colocou no aperto. Não entendi e enquanto tento voltar a respirar, chamam-no e levam-no para os pais que entretanto o vieram buscar. Hoje vão sair daqui sem saber o que ele me fez. Não tenho forças para lhes ir contar e a minha colega que o vai entregar não teve tempo de saber o que se passou. Ele não tem culpa. Eu tenho culpa de ter baixado a guarda e estar distraída a preencher um papel. Nem me apercebi da presença dele atrás de mim, ou se o vi, não o senti como uma ameaça. Ele não é ameaçador. Eu não tenho medo dele. Mas sentir-me agarrada e apertada faz despoletar em mim uma sensação de pânico. Passaram-se sete anos e ainda sinto que me estão a agarrar. Por momentos, aquela criança passou de ser apenas um rapaz, autista, para ser aquele outro que me agrediu naquela tarde e que nunca vou esquecer.
Tenho de respirar. O dia continua. As pessoas à minha volta continuam nas suas rotinas e não sabem o que se passou. Respondo sem pensar a algo que me perguntam e acusam-me de estar a "fazer aquele olhar", a "responder torto"... nem me lembro o que me perguntaram, não sei que olhar é que fiz. Por momentos, só me apetece sair dali. Deixem-me ir para casa por favor, é só o que estou a pensar naquele momento.
A tarde passa, aos poucos as coisas vão voltando ao normal. Saio do trabalho. Tenho várias coisas ainda para fazer e o meu filho lembra-me que tinhamos combinado ir ao Batuque. Quero ir. Deixei de ir porque tinha de recuperar. Já entendi que nunca vou estar completamente bem, então... que se lixe! Se amanhã não me mexer será porque estive a fazer algo prazeroso e não a chorar enroscada num canto. A dor esteve sempre ali, presente, como um ferro a escaldar encostado no ombro ou uma faca que de vez em quando me penetrada no braço, mas assim que a música arrancou eu fazia parte daquela bateria. Deixei-me ir, sem pensar num enredo que nunca tocara mas que segui durante mais de uma hora como se tivesse ensaiado dezenas de vezes.
Sete anos, desapareceram como se tivesse ensaiado na semana anterior. E o meu filho tentou estar ali, mostrou vontade de aprender, quis saber os nomes dos instrumentos e como se tocam. Diz que vai desfilar e então iremos os dois como fizemos antes. Criar memórias. Um dia ele vai lembrar-se de mim e de como eu e ele desfilavamos. Um dia ele vai saber que estivemos juntos e que ultrapassei muita coisa.
Hoje será igual, posso ter um dia bom ou mau. Posso ter dores ou não.
A dor crónica é a malvada que nos destrói sonhos. Mas eu vou pisá-la mais do que ela me vai pisar a mim.
Trabalhar na área educativa - o que eu amo - faz com que chegue a esta altura e eu já esteja em ponto morto, sem forças nem energias. O verão e o calor, para quem sofre desta e de outras patologias, pode ser extremamente desgastante. Felizmente, tenho umas meninas espetaculares na minha equipa que me apoiam e me dão a mão quando preciso. Este ano, infelizmente, voltei a ter de conduzir, mas as idas à praia e outras voltas e viagens, têm sido mais fáceis, porque nos vamos substituindo umas às outras para não custar tanto! Só tenho a agradecer-lhes!
Pena que nem todos sejam assim e prevaleça a vontade de prejudicar os outros em vez de compreender e de ajudar, mas pronto. As pessoas com as quais nos vamos cruzando na vida, tornam-se especiais por isso mesmo e nunca vou esquecer estas pessoas especiais que, apesar de me conhecerem só desde maio, me compreendem e apoiam.
Quanto ao calor... ui, não é fácil e nem sei se não acaba por se tornar pior do que nos dias de muito frio. O calor, pelo menos a mim, agrava-me as crises e, não me deixa dormir, o que torna alguns dos meus dias quase insuportáveis! Tenho inúmeras cãibas e espasmos que são difíceis de aguentar!
Mas tenho de aguentar, mesmo que custe. Este ano acho que nem férias vou ter, por isso, um dia de cada vez e muita medicação, para conseguir levantar-me da cama e ir trabalhar. O sol ainda é o que vai najudando, sabe bem o seu toque na pele - sempre com muito protetor - e a reposição de vitamina D que é essencial para quem padece destas coisas.
Verão. Dias quentes, dias maiores, dias mais bonitos...
Não sei se entretanto me enganei na estação, ou se saí antes da minha paragem, mas está frio, estou cheia de dores e tive de ir novamente assaltar a farmácia. Não posso ficar na cama como me apetecia porque (felizmente) já em encontro a trabalhar e estou muito feliz com isso. Mas subir a escada até à minha sala tem sido um martírio nos últimos dias, apenas superada pela dura tarefa de voltar a descer. Sim, descer é bem mais custoso que subir, não me perguntem porquê.
E é isto, passar os feriados e fins de semana na cama e no sofá, apenas me obrigando a levantar para as coisas obrigatórias como levar o meu filho ou ir buscar e ir acompanhar os meus atletas aos jogos e torneios marcados e aos quais não posso faltar. De resto, estou a adorar a chegada do verão este ano...
Hoje está muito difícil. Nunca precisaram que o tempo vos acompanhasse? Sabem aqueles dias em que vos apetece fechar a página e passar ao seguinte, simplesmente porque hoje não estão para isto?
É que bem pensado, se ainda viesse uma boa trovoada daquelas com relâmpagos que metessem medo, eu ainda podia ir para dentro do carro sentir as bátegas de água no vidro e ver os raios desfazer a estrada à minha volta, as rajadas arrancar uns pinheiros, rachar ao meio os eucaliptos. É assim que hoje me sinto, explosiva.
A apetecer-me partir a loiça e não a lavar. Atirar o ferro à parede e ignorar que está partido à meses e que tenho de estar sempre a colar adesivo para aguentar mais umas pecinhas de roupa...
Porque é que as coisas têm de ser tão complicadas e porque é que o que é simples não pode ser sempre simples? O tempo podia colaborar e mandar umas nuvens mais carregadas, com chuva e trovoada que me animassem a tarde. Estou na escrita mas sei que o resto está por fazer, o trabalho não está acabado, estou atrasada com prazos. E como é que atrasei tudo, se tive dias "livres" sem trabalho? Claro, simples que ninguém entenda. Na minha testa nascem borbulhas (talvez um par deles já lá tenha tido) mas não aparece uma luz fluorescente a dizer "doente crónica". E sem esse lototipo escarrapachado, fácil que os demais não entendam o que é "fibrofog" nem depressão. Sim, porque essa está cá tem tempo e nunca foi embora, mas as doenças também temos de escolher as que podemos pagar e as que não podemos dar importância. Ora eu optei por pagar nas que me tiram as dores físicas. Sem dor, posso fingir que o resto está bem e continuar a ir trabalhar.
E como eu me considero uma pessoa inteligente, também finjo que não me dói às vezes. Hoje dói-me os ombros (o esquerdo está pior), as articulações das mãos, o osso da perna esquerda e o tornozelo e, claro, a cabeça. Mas ontem a dor era maior nas articulações do braço e mão direitas mas também no ombro esquerdo, na anca direita e joelho esquerdo (mesmo assim não me enganei). Ora se alguém ouvisse e prestasse devida atenção, hoje ia achar que "ah, enganaste-me bem!" Pois ia achar que ou eu era louca ou mentirosa, ou que não sei os nomes das partes do corpo. Mas para meu próprio mal, sei bem os nomes e nomezinhos de todos os ossos, músculos e coisinhas mais!
E agora que descarreguei aqui um bocadinho de más energias na folha, vou aquecer café e tentar acabar os manuais que deviam já estar prontos! Depois logo tento acabar de fingir que arrumo a casa.
Esta semana não tem sido fácil, nem este mês, nem este ano.
Mudar é sempre uma decisão complicada, especilamente quando temos quem dependa de nós e nunca sei se estou à altura de atingir os meus objetivos, nem que seja o de pôr comida na mesa em todas as refeições e pagar as contas.
O pior é quando sentimos que de alguma forma temos de tomar decisões difíceis, fazer as escolhas que uns meses (anos?) antes não teríamos de fazer. Aí nessas alturas eu penso, "pior era se o meu país estivesse em guerra e eu de malas às costas a fugir daqui" mas porra! Eu não mereço isto, não estudei para isto (sim, já me arrependi bem de não ter seguido secretariado, mas pronto é o que acontece quando ouvimos os outros e temos vergonha de dizer que afinal já não queremos ser professoras como queríamos aos seis anos de idade).
A nossa vida devia dar para espreitar mais à frente, nem que fosse só um episódio do futuro. Assim escusavamos de andar a fazer figura de ursos em caminhos que não levam a lado nenhum.
Esta semana, alguém me perguntou "mas tirou o curso, trabalhou e depois esteve tantos anos noutra área?" Porque numa dada altura da minha vida, eu era "muito nova" e tinha "pouca experiência". Hello! Eu tive de ir trabalhar noutra profissão, numa que eu sabia fazer, que tinha experiência e onde aprendi muito e ganhei ainda mais competências, mas não porque fosse o meu sonho, foi só para pôr dinheiro em casa e comida na mesa.
Felizmente, numa determinada altura da minha vida tive pessoas que me ajudaram a superar, me arranjaram trabalho e me deram uma oportunidade de ir em frente. Ao Zé e à Fátima nunca serei suficientemente grata. Mas infelizmente, à minha volta houve também gente a pisar-me. Essas pisadelas, empurrões, estão gravadas no meu corpo fisicamente como se não tivessem sido só palavras e atos nas minhas costas (ou mesmo à minha frente, sem vergonha que eu visse, a olharem-me nos olhos enquanto me prejudicavam e ficavam por cima).
A dor é física como é psicológica. Às vezes, dói tanto que tenho me marcar os dentes no pulso ou no braço para retirar o foco da dor "oca" noutras partes do corpo. Oca porque é como se estivesse com uma zona vazia, fria, uma dor fantasma num membro que ainda lá está, que dói como se estivesse partido, queimado mas que eu olho e não tem lá nada!
Apetece bater até marcar, negro, para depois mostrar e dizerem "ah, não te dói aí?" Talvez entendessem a dor sem sentido, fantasmagórica que me acorda de noite e me massacra. Qundo não vem dor, vem a comichão ou as cãibras, ou a dor, a comichão e as cãibras. E só quero que a noite acabe e de manhã o dia amanheça como se eu tivesse dormido bem, mas nada disto acontece.
Estou sem tomar medicação. Várias semanas já, a levar-me à loucura.
Este meu post vem com uma mensagem de força para todos aqueles que neste novo ano, querem melhorar a sua vida, continuar trabalhando e lutando.
Temos de ser persistentes, de dedicar o nosso esforço em objetivos específicos. A motivação é importante, mas eu acho que tem mesmo de vir de dentro de nós. Posso ouvir mil vezes me dizerem que sou capaz, mas se eu não acreditar que isso é verdade, eu nunca me vou esforçar o suficiente para conseguir!
Não basta querer, é preciso avançar, ter iniciativa, ir em frente, não desistir. Mas fazer implica gasto de energia, depende não apenas de mim mas também dos outros e das coisas chatas que nos podem acontecer. Querer muito não chega, quando depois acabamos por esbarrar em obstáculos. Muitos podem pensar nos obstáculos como paredes lisas e impossíveis de escalar enquanto outros, vêm nos obstáculos pequenas fissuras onde se podem agarrar para subir.
Subir implica esforço. Vem da nossa força anímica. Começa com a capacidade de me levantar da cama de manhã e de definir as metas.
Ir à praia com crianças é, para mim e para mais algumas pessoas, um drama! Chego a casa, em ponto de "não me toquem nem com uma pluma!"
Adoro praia mas passar o dia a contar cabeças - ou melhor chapéuzinhos iguais, torna-se mais do que cansativo, num stress diária. E isso porque o meu sentido de responsabilidade triplica, ou quadriplica nestes dias. A praia está cheia de gente e todos os cuidados são poucos. Começa logo nos dias anteriores com toda a preparação necessária para a própria viagem - seja para a praia, para a piscina, para uma visita a um museu... as carrinhas tem de estar impecáveis - regras, mecânica, cintos, banquinhos! Não sendo eu a responsável neste campo, o facto de ser uma das motoristas faz com que tenha de ter alguns cuidados, em especial, quando as crianças entram e saem, na viagem em si, no caminho escolhido, nos horários, engtre outras coisas...
E não se fica por aqui. Um diz que "no carro do pai já não usa o banquinho", o outro não quer ir na primeira volta e outros vão o caminho a bater com os pés no meu banco e a gritar! Ai que bom que é levar os meninos para a praia!
O trânsito? Tranquilo, primeira volta. Um pouco mais difícil, na segunda volta... na terceira já fico com cãibras de estar no pára arranca e tenho de parar para esticar as pernas, enquanto eles estão ansiosos para ir a banhos! Será óbvio que nem sempre as entidades patronais entendam - uns percebem isso, outros não, as dores não estão na cara. No primeiro dia, até se aguenta, mas depois, no segundo, terceiro, o corpo está rígido, tenho espasmos musculares, dormência durante a condução. Mas é tão bom ir para a piscina quatro semanas seguidas! É bom mas não é para mim...
Se me posso negar, até podia, mas a recibos... ou faço ou salto fora da equipa. Adoro a parte d ensinar, de brincar, de corrigir trabalhos, de fazer projetos, de meter as mãos no barro... mas detesto as idas à praia! Please! Que este verão acabe rápido!!!
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.