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Num país que arde...

por Elsa Filipe, em 17.09.24

Desde ontem que o país olha horrorizado para um país que arde, aparentemente, de forma desgovernada.

Uma das pessoas que gostei de ouvir explicar vários factos, foi o comandante Mário Conde, do CB da Amadora, que esteve a comentar de forma extremamente assertiva a situação que se vive desde a passada sexta-feira no nosso país. Uma das melhores conversas que vi, nos últimos dias, entre o jornalista e apresentador Hernâni Carvalho e o comandante que, ao contrário de muitos "pseudo" comentadores que por aí andam, disse o que tinha a dizer de forma direta e sem medo de represálias (que certamente, as poderá vir a ter), no programa 'Linha Aberta', transmitido hoje, dia 17 e, em que se analisaram "os motivos que poderão estar a causar um mar de chamas acima do Mondego."

Não têm sido dias fáceis e há a lamentar sobretudo a morte de quatro bombeiros.

No passado domingo, dia 15, "João Manuel dos Santos Silva," que era "membro da corporação dos Bombeiros Voluntários de São Mamede de Infesta (Matosinhos)," estaria numa pausa para se alimentar durante o combate a "um incêndio na região de Oliveira de Azeméis," quando "morreu vítima de doença súbita." João Silva e os colegas foram jantar depois de terem estado "a combater as chamas," e "quando estavam a tomar café," o bombeiro "entrou em paragem cardiorrespiratória." Apesar de ter sido "assistido no local por uma equipa do INEM," o quadro já não foi possível de reverter. Este homem, era casado e "tinha dois filhos, sendo que o mais novo também é bombeiro, e dois netos. Durante muitos anos, trabalhava como padeiro de noite e depois de dia ia para os bombeiros." 

Em Tábua, distrito de Coimbra, três bombeiros perderam a vida. Carbonizados depois de terem ficado cercados pelas chamas. Sabem o que é estar a sentir o corpo a "cozinhar" dentro dos equipamentos que estes bombeiros vestem? Imaginem só o querer encontrar o caminho, saber dos colegas e cair, atingido pelas chamas cavalgantes. Duas mulheres e um homem, que estavam a combater uma frente de incêndio (e não em deslocação com veiculado por alguns meios de comunicação social) perderam a vida e as suas famílias irão apenas ter os seus corpos carbonizados para chorar. Imaginem-se e entendam porque é que a mim, perante estas notícias, me sobe uma vontade de atirar com os incendiários para o meio das chamas e deixá-los lá. Não nos podemos esquecer que há também feridos a lamentar, entre eles, vários bombeiros. De entre os feridos, a situação mais grave será a de uma bombeira que está a lutar pela vida nos Cuidados Intensivos.

Que haja mão firme da justiça!

Além disso, lamentam-se também vários civis que acabaram por perder a vida, por causas direta ou indiretamente, ligadas aos incêndios florestais.

Segundo a GNR, no dia 16, segunda-feira, "foi encontrado cerca das 15.30 horas um corpo carbonizado na zona florestal do Sobreiro, no concelho de Albergaria-a-Velha" que se revelou vir a tratar-se de "um cidadão de nacionalidade brasileira, de 28 anos de idade, funcionário de uma empresa que se dedica à exploração florestal." Aparentemente, este homem "terá ido, juntamente com outros funcionários da empresa, recuperar alguma maquinaria que se encontrava na zona afetada pelo incêndio."

Durante a noite, uma idosa de 83 anos, morreu perto de Mangualde.

Ao longo da noite, muita gente teve de ser evacuada. Manter a calma é algo quase impensável quando se tem de abandonar a casa, os bens que se levou uma vida a juntar, as memórias que não sabem se lá vão estar quando regressarem. Não há ninguém que abandone a sua casa e a sua terra de ânimo leve. Já arderam cerca de 40 casas e diversas viaturas.

Muitos voluntários têm estado a ajudar nestas evacuações e também no combate às chamas, em locais onde os profissionais não conseguem chegar tantas são as ocorrências que ocorrem em simultâneo. Ajudam com tratores, com máquinas agrícolas, com pequenos tanques com água. Muitos voluntários de diversas organizações, ou até por iniciativa própria, têm estado a ajudar a resgatar animais. Infelizmente, parece que não tem sido possível salvar todos os animais.

Resumindo um pouco, algumas das ocorrências, de referir que pouco depois da meia-noite, havia em Ribeira de Fráguas, na zona de Albergaria-a-velha, uma zona habitacional que era atingida pelas chamas. Os bombeiros estavam longe de conseguir chegar a todo o lado e, se por um lado se pedia às populações para dixarem as suas casas e irem para um lugar seguro, por outro, a ausência de meios que os tranquilizassem, fazia com que poucos aceitassem arredar pé.

Em Vila Pouca de Aguiar, o fogo também não deu tréguas durante a noite, com o vento forte a piorar a situação.

Em Coimbra, o incêndio que na véspera tinha deflagrado numa zona florestal, durante a noite ameaçou a cidade. Ninguém se esquece do incêndio que há 19 anos, cercou e invadiu a cidade.

Segundo as palavras do presidente da câmara municipal de Sever do Vouga, um dos incêndios que começou perto da zona industrial, uma pessoa foi vista a dar início a esta ignição e a fugir. O vento estava fortíssimo, o local era distante dos outros focos de incêndio e os meios estavam empenhados noutras ocorrências muito consideráveis. Maldade pura de quem achou boa ideia dar início a uma nova ignição, ainda por cima perto de uma zona industrial. As pessoas criticam a falta de meios e demora na ajuda, mas por muito que custe a alguns compreender, em situações destas, não há meios que cheguem a todo o lado e a população não consegue e não pode fazer mais.

Em Gondomar, deflagraram vários incêndios em pontos diferentes. A população vai tentando proteger as casas com baldes e mangueiras domésticas e está cada vez a ficar mais nervosa e cansada. O presidente da Câmara de Gondomar referiu que "a propagação para a área urbana do incêndio", está "contida", embora na zona de Melres, a situação não esteja controlada. Um dos maiores focos, começou na zona de Cosmes, ontem pouco depois das 13h00.

Na zona de Baião, já arderam várias casas. O presidente queixa-se da falta de meios aéreos referindo, no entanto, que compreende a situação tendo em conta o que se está a passar pelo país. 

Em Valongo, a Polícia Judiciária "constituiu arguidos quatro funcionários da União de Freguesias de Campo e Sobrado," por presumívelmente terem, pela sua atuação irresponsável, sido os autores de um incêndio florestal. Os funcionários, apesar de todos os alertas, usaram "uma roçadora de disco metálico, cuja utilização é proibida quando o índice de perigo de incêndio rural se encontra a um nível máximo ou mesmo muito elevado”. Agora coloco a questão: usaram por sua iniciativa, ou alguém os mandou utilizar aquele tipo de máquina?

Em Mangualde, arderam também várias habitações e há feridos a registar. A população ajuda como pode, mas o incêndio veio de Penalva, empurrado pelo forte vento. Nelas, Mangualde e Penalva do Castelo são apenas alguns exemplos de zonas onde devido aos incêndios as aulas foram canceladas, as creches e jardins de infância não abriram e alguns lares foram evacuados. A A25 continua cortada nos dois sentidos, para segurança dos condutores e, também, para servir de faixa de emergência para a circulação dos meios.

"Os incêndios de Cabeceiras de Basto e Póvoa de Lanhoso, distrito de Braga, preocupam a Proteção Civil por haver casas na linha de fogo e pelo risco de propagação a uma mancha florestal contígua de vários hectares." Este incêndio, chegou mesmo a "cercar a aldeia de Samão, obrigando os moradores a refugiarem-se num abrigo previamente definido no âmbito do Programa Aldeias Seguras."

Em Amarante, no distrito do Porto, deflagraram três incêndios em diferentes zonas do concelho, com algumas das frentes muito "próximas de zonas residenciais." Dois destes incêndios "lavram nas zonas da serra da Aboboreira e de Vila Meã."

Um outro incêndio, lavra em Aguiar de Sousa, Paredes, tendo tido origem pelas "05:21 na zona de Sobreira." O incêndio que teve início "na segunda-feira em Soutelo, Castro Daire," está neste momento com “várias frentes ativas” e segue já em "direção aos municípios vizinhos de São Pedro do Sul e Viseu."

Além dos bombeiros, que têm o maior dispositivo de sempre a atuar, não nos podemos esquecer de todas as outras entidades que têm estado a ajudar. No entanto, na contabilização dos meios, não nos podemos esquecer de fazer a distinção entre os meios em combate e os meios em trânsito, ou os meios em reserva, o que por vezes é transmitido de forma um pouco confusa pela comunicação social, fruto desses dados não lhes serem transmitidos. 

A Cruz Vermelha Portuguesa já "mobilizou 100 colaboradores e voluntários para o apoio às autoridades no socorro às populações afetadas pelos incêndios, naquele que é o maior contingente dos últimos cinco anos, anunciou hoje a instituição."

Por volta das 09:30 desta manhã, "a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC)" registava "mais de 140 ocorrências, envolvendo mais de 5000 operacionais, apoiados por 1600 meios terrestres e 21 meios aéreos." Ao longo do dia de hoje, a situação evoluiu para norte e o Minho rapidamente foi atingido. Olhando o mapa, observa-se a localização da maioria dos incêndios e, podemo-nos perguntar o porquê de estarem localizados numa zona, apesar de extensa, limitada. 

Fica também sobre hoje o registo de um aluno de apenas 12 anos que esta tarde esfaqueou seis colegas na Escola Básica da Azambuja. As aulas tinham começado apenas há poucas horas quando "depois de ter ido a casa à hora do almoço buscar a arma branca", um aluno do 7º ano esfaqueou seis colegas, aparentemente de forma indiscriminada. O aluno tinha saído para almoçar e, no regresso, "já no interior do edifício da escola," retirou da mochila "um colete à prova de bala, que mais tarde identificou ser do pai, e uma faca." Cá estas situações não são muito comuns - felizmente - mas noutros países é frequente existirem este tipo de ataques em escolas.

Fontes:

https://www.rtp.pt/noticias/pais/incendios-em-portugal-a-situacao-ao-minuto_e1600254

https://fogos.pt/fogo

https://sic.pt/programas/linha-aberta-com-hernani-carvalho/videos/2024-09-17-video-o-norte-do-mondego-no-estado-em-que-esta-e-pura-coincidencia--5d138aba

https://www.jn.pt/7262728855/dois-mortos-nos-incendios-em-albergaria-a-velha/

https://www.jn.pt/8199032209/bombeiro-de-sao-mamede-de-infesta-morre-de-doenca-subita-durante-combate-ao-fogo-em-oliveira-de-azemeis/

https://observador.pt/liveblogs/idosa-morreu-em-mangualde-numero-de-mortos-sobe-para-quatro-ribeira-de-fraguas-ficou-cercada-pelas-chamas/

https://cnnportugal.iol.pt/geral/esfaqueou-todos-os-que-viu-aluno-do-setimo-ano-ataca-colegas-em-escola-da-azambuja-ha-cinco-criancas-feridas/20240917/66e992d4d34ea1acf26e6f10

https://magg.sapo.pt/atualidade/atualidade-nacional/artigos/aluno-de-12-anos-esfaqueia-6-colegas-na-azambuja-menor-tinha-colete-a-prova-de-balas-e-levou-faca-de-casa

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publicado às 21:40

Os avisos foram feitos e já se esperava a ocorrência de incêndios florestais, mas de ontem para hoje a situação piorou bastante e, infelizmente, já se pode falar na ocorrência de uma catástrofe em que já se lamenta a perda de vidas humanas, vários feridos e muitos bens materiais destruídos. Ao longo do dia, a situação tem vindo a piorar.

"O balanço mais recente da Proteção Civil dá conta de 21 vítimas, incluindo três mortos. Foram atingidas pelas chamas casas de primeira habitação e evacuados lares e escolas."

Uma das três mortes a lamentar até agora, foi a de um bombeiro que durante o combate às chamas sucumbiu. Depois, haveremos talvez de saber porquê, mas agora o que importa é confortar a família, os colegas e os amigos. O bombeiro, que combatia o incêndio de Oliveira de Azeméis, "fazia parte da corporação de bombeiros de São Mamede de Infesta" e quando se sentiu mal estava a realizar uma pausa para se alimentar.

Aquando desta ocorrência, era o incêndio de Oliveira de Azeméis aquele que mais preocupação trazia. Entretanto, o dia nascia e com ele percebiamos que outros incêndios tinham deflagrado durante a noite e que, alimentados pelas altas temperaturas e pelo vento forte, ameaçavam pessoas e bens. Durante o dia, chegavam até nós imagens terríveis, em que os piores cenários se estavam a suceder - habitações destruídas pelas chamas, animais a que ninguém conseguiu acudir a tempo de evitar a sua morte. Enormes colunas de denso fumo cobrem as serras e descem os vales, impedindo saber o que se está a passar do outro lado ou, em muitos casos, saber o que está a dois palmos da cara! O dia está a dar lugar à noite e lamentam-se já duas vidas perdidas...

O distrito de Aveiro tem estado a ser o mais afetado. Faltam bombeiros - que nestes dias nunca serão suficientes, faltam baldes para atirar água às chamas que se aproximam, ardem as mangueiras. O vento sopra as fagulhas para cima dos telhados que, dali a nada, se transformam em tochas, pegando em tudo à sua volta. O pior cenário está a acontecer - o fogo já não lavra só no mato: entrou na cidade, entrou nas aldeias, queimou carros, queimou casas e matou pessoas!

Algumas estradas foram cortadas. Mas mesmo com os cortes efetuados, muita gente tentou contornar as indicações das autoridades e chegar às localidades e aldeias onde tinha os seus familiares e os seus bens. Não os posso criticar, mas alerto apenas que estas tentativas de dar a volta às indicações das autoridades, pode levar não apenas ao risco que a pessoa assume, mas também põe em causa aqueles que o têm de, eventualmente, seguir para socorrer.

Infelizmente, o pânico é natural nestas situações mas este mesmo pânico deve ser evitado, pois é dele que decorrem tantas vezes situações em que as reações de cada um, o coloca a si em risco, mas também a quem o tenta ajudar. Além do risco que decorre do próprio incêndio, existem também alguns comportamentos que devem ser evitados, tal como tem sido veiculado durante o dia pela comunicação social. Só que é natural que cada pessoa queira que lhe salvem a sua casa, os seus terrenos, armazéns, alfaias e animais. Muitos comportamentos de risco acabam por ser praticamente impossíveis de se evitar, uma vez que mexem com aqueles que são os nossos maiores sentimentos - aqueles que amamos - que são os nossos familiares, os nossos amigos e também em muitos casos os nossos animais, as nossas casas, os nossos bens!

Podemos dizer que o pior começou na sexta-feira com a deflagração no Fundão, a que se seguiram depois várias outras que iam dispersando meios e desgastando homens. Pelas duas da manhã, a meio da noite, no meio do mato, algo faz deflagrar o fogo de Pessegueiro do Vouga. Horas mais tarde, já depois da hora do almoço e com temperaturas bastante elevadas, acende-se outra situação grave em Sever do Vouga. Apesar de terem surgido como deflagrações independentes umas das outras, podemos dizer que neste momento, os fogos já se confundem e misturam uns com os outro, tal a sua intensidade. O incêndio de Sever do Vouga já chegou a Águeda.

Na zona de Albergaria-a-velha, o início do incêndio que agora queima e destrói não apenas mato mas também atinge povoações, começou hoje pouco depois das sete da manhã, quando as temperaturas estavam mais baixas e a humidade era um pouco maior. Pouco depois do início do incêndio, a A25 estava cercada pelas chamas, mas mesmo assim as pessoas continuavam a avançar, sem visibilidade, sem saber como estava a situação mais à frente. Nesta região contam-se já dois mortos. Com o passar das horas, os incêndios longe de se esgotarem, aproveitaram o combustível disponível e foram galgando montanhas e vales. Não há como acudir a tudo!

Um pouco mais abaixo, na zona de Viseu, o incêndio que começou pouco antes do meio-dia, avançou em várias direções. Além dos meios terrestres, o combate foi feito também por um meio aéreo que foi dando algum alívio. No entanto, não houve forma de impedir a progressão do incêndio e neste momento, a "zona Industrial de Oliveirinha, no concelho de Carregal do Sal", encontra-se cercada pelas chamas.

Numa outra região, na zona de Coimbra, a pior ocorrência iniciou-se hoje pouco depois das dezasseis horas. Chegaram a estar em ação cinco meios aéreos nesta zona, mas a dificuldade de combate mais a norte exigiu a dispersão das aeronaves pelas várias frentes.

E podia continuar... o dia não foi fácil e a noite não será melhor, havendo a registar novos incêndios que se iniciaram já depois das 23 horas (um em Guimarães e outro em Cinfães). As projeções, que com o vento podem atingir vários quilómetros, podem dar origem a novos incêndios. Assim, Portugal que até dispõe de muitos meios, dificilmente se acharão ser os suficientes, mesmo com o acréscimo de oito meios aéreos provenientes da União Europeia (sendo que, de noite, estes meios não podem trabalhar).

Nem para a população, nem para aqueles que estão a dar o seu melhor para evitar que a situação se agrave. Se não puder ajudar... não atrapalhe!

Fontes:

https://sicnoticias.pt/especiais/incendios-em-portugal/2024-09-16-video-bombeiro-que-combatia-incendio-em-oliveira-de-azemeis-morre-durante-pausa-98bee39b

https://sicnoticias.pt/especiais/incendios-em-portugal/2024-09-16-portugal-em-alerta-por-causa-do-risco-de-incendio-8c7f63da

https://fogos.pt/fogo

https://fogos.pt/lista

 

 

 

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publicado às 23:40

No dia 17 de junho de 2017, pelas 14:43 é dado o primeiro alerta para um incêndio florestal que já deflagrava na localidade de Escalos Fundeiros, e que rapidamente avançou sobre os concelhos de Castanheira de Pêra, de Figueiró dos Vinhos e Ansião, no interior do distrito de Leiria. Com o intenso calor e ventos fortes, as chamas galgaram montes e vales e alastraram rapidamente para os concelhos da "Pampilhosa da Serra (distrito de Coimbra) e da Sertã (distrito de Castelo Branco)."

Mais um, entre tantos incêndios a que ao longo dos anos nos estavamos a habituar. Todos os anos era assim. Chegado o verão, abria a época de incêndios e sabíamos que o norte e centro do país era sempre dos mais atingidos. Infelizmente, este não seria apenas mais um...

Este dia foi diferente. O calor estava diferente, o ar pesado, carregado, quente e uma das grandes conclusões é que não podemos falar apenas de um grande incêndio, mas sim de, pelo menos quatro, o que fez com os meios ficassem dispersos. No mesmo dia, passados apenas uns minutos do primeiro, surge um "segundo alerta para outro incêndio na região, em Góis" (distrito de Coimbra), que viria a tomar grandes proporções, alastrando para os "concelhos de Pampilhosa da Serra e de Arganil." Cerca de uma hora mais tarde, a população alertava "para o terceiro incêndio na região, em Figueiró dos Vinhos." Pelas 19h o pânico está instalado, com estradas cortadas e aldeias completamente cercadas. As pessoas tentam fugir, sem saber quais os caminhos para onde se devem dirigir. O fumo denso impossibilita a condução em segurança.

Pelas 20h41m, surge um quarto incêndio na região, em Alvaiázere, mas entretanto as comunicações estavam caóticas. Às 21h12m, o SIRESP informa "que se regista a queda de três estações da rede de comunicações – Serra da Lousã, Malhadas e Pampilhosa da Serra." A coordenação dos meios no terreno torna-se cada vez mais difícil e, numa situação em que todos os segundos contam, instala-se a incapacidade de entrar em contato com todos os veículos no terreno. Os incêndios encontraram condições climáticas favoráveis ao seu avanço e as matas mal cuidadas deixaram o alimento para que o resto acontecesse. Minutos depois e com o SIRESP praticamente em colapso, é dado o alerta para um quinta deflagração, desta vez em Penela. "Por dificuldades nas comunicações da rede SIRESP reforça-se o recurso à Rede Operacional dos Bombeiros (ROB)."

Minutos antes da notícia começar a surgir nos media, começamos a receber nas redes sociais alertas de que algo não estava bem. Amigos e familiares, não conseguindo entrar em contato com os seus familiares, iam tentando usar as redes sociais para comunicar ou, pelo menos, entrar em contato com alguém que soubesse o que por lá se passava. Por aqui, a noite estava quente, mas não imaginávamos a tragédia que estava a acontecer. 

Por volta das 00h40m, o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, chega a Pedrógão Grande, mas só pela 01h30m é decretado por Jorge Gomes, o plano de emergência distrital.

Não me esqueço que estava num acampamento. Estavamos perto da segurança do quartel, numa zona arborizada rodeada de casas e vedada, mas havia uma trovoada seca que se ouvia ao longe. O ar tinha um cheiro diferente e estava pesado. Conhecedores dos riscos, sabiamos que se a trovoada se aproximasse mais, teríamos de evacuar o acampamento - o nosso e os dos grupos de escuteiros que ali estavam e que nos tinham cedido as suas instalações para aquela atividade. Aqui não havia fogo ativo nas redondezas, mas era como se a noite nos trouxesse aos poucos o fumo e os gases vindos do centro do país. A desgraça já tinha acontecido quando mandamos os miúdos para as tendas. Sabíamos que era algo grave, só não sabíamos bem o quê. Ponderámos levar os miúdos de volta e, pô-los a dormir no pavilhão do quartel, mas depois percebemos que isso só os preocuparia ainda mais. Os mais velhos, já se tinham apercebido que havia algo grave e que nós não estavamos tranquilos. A noite foi passada em claro e, logo de manhã cedo, terminamos o acampamento e regressamos. Pelas 09h00 da manhã, já existe a certeza de 43 vítimas mortais. Estamos todos em choque, o país está em choque. Apenas uma hora depois, o número passa para "57 vítimas mortais e 59 feridos." Às 13h30 do dia 18, o "Governo decreta três dias de luto nacional."

Ao longo do dia, este número foi sendo atualizado, culminando em 66 vítimas mortais, 253 feridos, sete dos quais graves, e na destruição de meio milhar de casas e 50 empresas. Só no dia 24 de junho, "o incêndio de Pedrógão Grande é dado como extinto."

"Relativamente às vítimas mortais, 47 foram encontradas nas estradas do concelho de Pedrógão Grande, tendo 30 morrido dentro de automóveis, 17 nas imediações durante a fuga ao incêndio e 1 na sequência de um atropelamento." Entre os feridos, contam-se 12 bombeiros e 1 militar da Guarda Nacional Republicana. Muitas destas pessoas, acabaram por ficar incapacitados para voltar a desempenhar as suas funções e, sobrevivem com uma pequena esmola mensal que o nosso Estado lhes atribuiu.

No dia 20 de junho, uma das frentes de fogo do incêndio de Pedrógão Grande juntou-se ao incêndio de Góis, originando o maior incêndio florestal de sempre em Portugal. Alguns dias depois, era publicada uma lista com os nomes de 64 vítimas diretas do incêndio (outras duas, na altura ainda não tinham sido contabilizadas) onde os números ganham rosto e idade. Entre elas, várias crianças, famílias inteiras que ao tentarem fugir, acabaram por correr diretas para a morte. Entre elas, a minha amiga de infância, Sara que com o seu sorriso rasgado ainda hoje me faz sentir um aperto no coração.

Passaram sete anos desde a tragédia. Até agora, muito se discutiu sobre causas, falhas e culpados. Mas temos todos a certeza de que muito ainda falta fazer naqueles territórios do centro do país, a começar pela prevenção, tão falada na altura e que, ainda hoje ou não é feita ou é mal feita. "No rescaldo do incêndio, a causa apontada pelas autoridades foi a trovoada seca que, conjugada com temperaturas muito elevadas (superiores a 40ºC) e vento muito intenso e variável, fez deflagrar e propagar rapidamente o fogo. No entanto, o presidente da Liga dos Bombeiros, Jaime Marta Soares, acredita que o incêndio não teve origem em causas naturais já que, segundo a perceção de alguns habitantes, o fogo já estaria ativo antes da trovoada."

"Despovoamento, envelhecimento da população, falta de empregos qualificados ou de ordenamento e gestão da floresta, falhas nas comunicações, vias de comunicação perigosas ou serviços públicos deficientes, são, afinal, problemas coincidentes com dezenas de concelhos do interior português. A necessidade de coesão do território nacional é incessantemente repetida, mas, naqueles territórios, esse desígnio tarda em cumprir-se."
 
No que respeita a apurar culpados, a investigação feita no âmbito criminal "resultou num julgamento com 11 arguidos, entre os quais o comandante dos Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande, então responsável pelas operações de socorro," bem como, "os presidentes de Câmara de Pedrógão Grande, Castanheira de Pêra e Figueiró dos Vinhos. Foram todos absolvidos pelo Tribunal de Leiria, em setembro de 2022, que considerou que os mortos e feridos provocados pelos incêndios não foram resultado da ação ou omissão dos arguidos."
 
Num outro processo, "14 arguidos de um total de 28 - incluindo o antigo presidente da Câmara de Pedrógão Grande, Valdemar Alves, e o então vereador Bruno Gomes - que estavam acusados num processo relacionado com a reconstrução de casas na sequência dos incêndios."
 
Infelizmente, a 15 de outubro do mesmo ano, o país ainda mal refeito do drama ocorrido em junho, sofre uma nova situação. O país vê-se novamente a braços com grandes frentes de fogo que levam tudo à sua frente. Dois dias depois dos primeiros alertas, os incêndios da zona centro são finalmente "considerados extintos e são anunciadas 45 vítimas mortais, 350 empresas afetadas, um prejuízo de cerca de 360 milhões de euros e uma área ardida de cerca de 54 mil hectares."
 
2017 foi um ano negro, que nunca irei esquecer.
 
Fontes:
 
 

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publicado às 23:01

Quedas, acidentes e descuidos

por Elsa Filipe, em 16.04.24

Podemos estar a falar em acidentes ou podemos mesmo estar a falar de crime. Estas duas primeiras situações deixam várias dúvidas. Infelizmente, nos últimos dias, houve várias pessoas a perder a vida em situações cujas causas ainda estão por apurar. Destaco aqui dois casos distintos, em que duas pessoas bastante jovens, aparentemente, foram vítimas de queda em altura. Depois, voltarei ainda a falar dos diversos casos ocorridos nos últimos dias nas nossas praias e barras marítimas. Com diferentes causas, há entre eles algo em comum: uma má avaliação do risco.

Começo por destacar aqui a morte de uma mulher de apenas 26 anos, de nacionalidade alemã, cujo corpo foi ontem encontrado. A mulher terá, aparentememente, caído "de uma arriba com cerca de 40 metros na praia dos Rebolinhos, em Sagres, no concelho de Vila do Bispo."

No domingo, dia 14 de abril, o corpo de um jovem de 19 anos, foi encontrado num dos pátios laterais do Museu Municipal de Coimbra. Este espaço, é um saguão que "serve o Museu Municipal e outros dois edifícios na baixa da cidade." Ao que se sabe até agora, o jovem, que é "filho do deputado Rafael Carvalho, da Assembleia Legislativa da Madeira," terá caído "de forma acidental", da janela de um dos edifícios que partilha aquele mesmo pátio, mas a PJ está a fazer diligências para apurar o que se passou. Jovens de 19 anos, já não caiem de uma janela sem mais nem quê.

Nos últimos três dias, devido à subida das temperaturas, à vontade de voltar à praia, ao mar e aos desportos marítimos, muitas pessoas colocaram-se em situações de risco elevado. Em três dias, quase se chegou aos 250 salvamentos, mas o pior resultado foram de facto, as vítimas que o mar ainda não devolveu. Aquilo que me surpreende é que a maioria das vítimas são adultos, ou jovens já numa idade próxima da idade adulta e que, apesar de todos os alertas sobre as condições do mar, que ainda é, em abril, aquilo que se chama "mar de inverno" continuam a pôr-se em risco apenas por um mergulho num dia quente.

Continua desaparecido Yassine Toukhsi, de 16 anos na praia de Salgueiros, em Canidelo, Gaia, desde sexta-feira. O jovem, de nacionalidade marroquina, terá entrado na água ao final da tarde, com um grupo de amigos e foi arrastado pela corrente. Não saberia nadar. Está também desaparecido um homem de 26 anos na Praia da Vieira e um jovem de 19 anos, da nacionalidade brasileira, na praia da Costa Nova, em Ílhavo.

No domigo, um homem de 47 anos morreu afogado, no Rio Cáster, junto ao Parque Urbano de Ovar. A vítima, natural da freguesia da Torreira, Murtosa, terá mergulhado "junto a uma cascata artificial na zona de rio que passa pelo parque."

Um jovem de nacionalidade cabo-verdiana está desaparecido desde domingo nas águas do Tejo. Ele e os amigos, na casa dos 30 anos, estariam alcoolizados e, quando o primeiro caiu ao rio no Cais do Sodré, os outros lançaram-se à água em seu socorro. Os dois amigos saíram da água e foram assistidos, mas aquele que caíra inicialmente, ainda de encontra desaparecido.

Um homem que estava à pesca na zona de Caminha, desapareceu no passado sábado, 9 de abril, sendo que, segundo as autoridades marítimas, esta barra "estava encerrada devido a ondas de quatro metros e rajadas de vento até 30 quilómetros por hora."

Estão ainda desaparecidas duas pessoas, depois de um naufrágio na zona de Tróia, ocorrido no passado dominho, 10 de abril, num caso que ainda vai fazer correr muita tinta, uma vez que ao que parece já se sabe que a embarcação não tinha licença de atividade turística, ficando em causa o pagamento recebido para que a viagem decorresse.

Fontes:
https://www.cmjornal.pt/portugal/detalhe/jovem-alema-morre-apos-cair-de-falesia-com-40-metros-em-sagres?ref=DET_RelacionadasInText

https://www.jn.pt/7566278704/salvas-249-pessoas-em-dois-dias-nas-praias-portuguesas/

https://www.noticiasaominuto.com/pais/2540852/corpo-de-jovem-encontrado-em-patio-de-museu-de-coimbra-morte-investigada

 

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publicado às 11:34

Nos últimos dias foi dado a conhecer pelas televisões portuguesas uma comunidade que se localiza na zona de Oliveira do Hospital e que é chamado de Reino de Pineal. Alberga um conjunto de pessoas com caraterísticas de uma sociedade verticalizada e patriarcal. Fica no extremo do distrito de Coimbra e a autarquia fez já uma queixa à Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, por entender que pode não estar a ser cumprido o direito à educação e à saúde das crianças. Esta seita tem uma visão anti-social do mundo, uma necessidade de acreditar em coisas que são inimagináveis nos nossos dias - como a teoria de que a Terra é plana. As reportagens - das quais deixo os links em baixo - mostram a complexidade daquilo que aqui está em causa, da questão dos direitos e das liberdades e também das teorias em que acreditam.

O terreno onde está instalada a seita do Reino do Pineal, em Oliveira do Hospital, é propriedade de Pione Sisto, jogador de futebol dinamarquês de 28 anos. Pione Sisto é mecenas da comunidade e afirma que a seita é pacífica. O jogador afirma que o Reino do Pineal “é um dos muitos projetos ecológicos espirituais, culturais e ambientais” ao qual dedicou o seu “tempo e energia”, sentindo-se “inspirado pela sua filosofia, pelos sues ideais, princípios e forma de viver a vida”. Para Pione Sisto, "o mundo precisa de mais organizações que coloquem a natureza e o ambiente antes dos lucros". Sublinha ainda que a Fundação do Pineal vive de “forma legal” e “pacífica”, e garante que, enquanto isso acontecer, irá continuar a apoiar a organização.

A comunidade vive no meio da natureza, numa paisagem belíssima. Aparentemente, num conceito de vida alternativa, com uma grande ligação à terra. O problema são os extremos que aqui se podem estar a começar a afirmar e que por serem uma comunidade fechada ao exterior, com valores e uma autoafirmação própria de independência. 

Em março de 2022, um bebé de 14 meses terá morrido alegadamente por falta de cuidados de saúde básicos que poderiam ter evitado a sua morte. Não ficou provado se houve crime, mas a verdade é que houve um bebé que foi cremado, não houve qualquer registo (nem do nascimento nem da morte) nem sequer uma autópsia. Ao que parece, nenhuma das crianças ali nascidas entretanto, estarão a ser registadas ao nascimento (nem à morte) nem estão a ter qualquer tipo de ensino. Poderá estar em causa a aplicação dos direitos fundamentais das pessoas que estão em vulnerabilidade, incluindo as crianças. Estamos em julho de 2023, e até agora o que foi feito? Pouco, uma vez que o inquérito chegou apenas esta quarta-feira à Polícia Judiciária, após denúncia em abril passado. Akbal Pinheiro, líder da seita e pai da criança em causa, disse à RTP que procurou assistência médica para a criança, mas o que foi proposto entrava em conflito com as suas crenças e diz que está disposto a colaborar com a investigação da PJ e do ministério público.

O líder da seita afirma que nenhuma lei foi desrespeitada porque as leis "deles" são as da comunidade e não as do Estado. O não registo da criança não poderia, segundo as suas palavras, ser feito porque a criança é deles e não do estado. Confuso? Atualmente, existem apenas três bebés a viver na seita, e um deles, de apenas sete meses, nunca foi sequer vacinado. Os avós - que já registaram a criança, uma vez que os pais se recusam a fazê-lo - já pediram que a criança seja retirada à mãe para que possam ficar com a sua guarda e cuidar do pequeno em condições.

O problema não é o grupo de adultos que se juntou e escolheu aquela forma de vida, o problema é o seu completo fecho ao mundo exterior e a aceitação de uma soberania própria. Apesar de o Estado não poder impor uma doutrina educativa, existem mínimos que têm de ser respeitados.

O grupo é composto por pessoas que se conheceram pela Internet e que se juntaram, construindo uma comunidade que se opõe à lógica da maioria das pessoas e que tenciona viver de forma "autónoma e independente", ou seja, à parte do próprio país, das suas leis e regras. Em 2019, estabeleceram uma eco-comunidade através da Fundação Pineal que tem bandeira, hino e passaporte próprio. O seu líder é Martin Junior Kenny, nascido e criado no Zimbabué, e que aos 20 anos emigrou para o Reino Unido, onde estudou e trabalhou como chefe de equipa.Com 36 anos mudou o seu nome para Água Akbal Pinheiro (vá-se lá saber o porquê) e atualmente é o líder fundador do Reino do Pineal. No Youtube é possível encontrar vídeos do líder do Reino do Pineal a defender inúmeras teorias da conspiração, por exemplo em 2018 colocou em dúvida a chegado do Homem à Lua e defendeu a crença de que o sol gira à volta da terra. Foi precisamente através da internet que foi acumulando seguidores até que em 2019 deixou o Reino Unido, com a sua mulher e dois filhos, para imigrar para Portugal e "estabelecer uma eco-comunidade com uma escola de mistérios espirituais".

Caracterizam-se como "nómadas viajantes com uma vocação espiritual" que escolheram "restaurar, proteger e preservar os modos de vida orgânicos, naturais, espirituais, culturais e indígenas". Autointitulam-se uma "tribo indígena, autónoma e cultural, o que inclui o reconhecimento de todas as (suas) práticas espirituais e culturais, princípios e exercícios de soberania" - palavras do seu líder durante uma reunião pública na autarquia, em que um grupo de 13 homens se apresentaram à população para afirmarem a sua independência. Se a autodeterminação é um direito, este grupo não apresenta os pressupostos necessários para se autoestabelecerem, embora se oponham de forma bem visível à soberania do próprio Estado. Pretendem ter imunidade para as leis do Estado português. Não acreditam na ciência convencional nem nos currículos educativos que segundo eles as "escolas impõem" e que estão "errados", e sendo assim preferem afastar as crianças da educação formal, em especial no que respeita à educação sobre o corpo humano e sobre a sexualidade.

À vista das populações locais, parecem ser pacíficos, não causando problemas embora se acumulem queixas anónimas sobre o grupo. A "Paraíso Imensurável" é a empresa gestora da propriedade do culto e viver nesta comunidade, onde a maioria são estrangeiros, pode custar até 30 mil euros. Pois é, se afirmam ser contra as empresas e o capital, então expliquem a relação entre esta empresa e a seita? Dizem querer afastar-se dos valores "mundanos" e globais do dinheiro, então expliquem lá isto? E usam a internet - fazem-no como, sem recorrer a empresas e a capitais? Roubam sinal do poste mais próximo, será?

Numa entrevista ao Correio da Manhã, Ana Sofia, a única portuguesa que viveu no Reino de Pineal, afirmou que  durante nove meses foi alvo de manipulações e jogos psicológicos. Segundo as suas palavras, foi obrigada a não estabelecer contacto com a família e foi ainda informada que todos os habitantes deveriam queimar o seu passaporte e esperar que "fosse emitido um documento do Reino do Pineal, feito com sangue e cabelo num ritual espiritual, em que era atribuído um novo nome para que se desvinculassem cada vez mais da vida no exterior". "Eles convenciam as pessoas a largarem os seus trabalhos online e a investir todo o dinheiro no espaço, para construir o paraíso na terra". Mais uma vez, espreita aqui a questão financeira e me cheira um pouco a "burla", a vocês não? O problema não é haver quem faça isto, o problema é haver quem acredite nestas teorias e caia que nem um patinho! 

Entre outros, pode ler também: https://elsafilipecadernodiario.blogs.sapo.pt/as-seitas-os-chalupas-e-as-fachadas-199068

 

Fontes:

https://sicnoticias.pt/pais/2023-07-19-Reino-de-Pineal-afinal-que-seita-e-esta--15140292

https://tvi.iol.pt/noticias/videos/o-terreno-em-oliveira-do-hospital-pertence-ao-futebolista-pione-sisto-onde-esta-quantos-estao-quantos-patrocinam-a-seita-do-reino-do-pineal/64b924b80cf23765eb86318c

https://www.rtp.pt/noticias/pais/reino-do-pineal-pai-promete-entregar-documentos-sobre-morte-do-filho_v1501684

https://www.sabado.pt/descodificadores/detalhe/afinal-o-que-se-sabe-a-seita-do-reino-do-pineal

https://www.sabado.pt/portugal/detalhe/morte-de-bebe-reino-do-pineal-recorda-que-nao-foi-acusado-de-violar-quaisquer-leis

 

 

 

 

 

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publicado às 18:51


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