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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
A situação em Espanha está caótica, especialmente na região de Valência, onde se regista a maioria dos 211 mortos confirmados até ao momento, "devido ao mau tempo."
Uma grande parte das vítimas mortais já confirmadas ocorreram na V-31, uma circular d zona de Valência, onde "ao final da tarde e início da noite de terça-feira, centenas de pessoas ficaram presas dentro de carros arrastados pelas águas quando regressavam a casa do trabalho." A proteção civil emitiu uma mensagem dde alerta, mas para estas pessoas, já foi tarde de mais e acabaram apanhadas pela enchente. E esta "é apenas uma das mais de 120 estradas ainda com cortes" onde os carros e camiões se empilham e o lixo e a vegetação que foi arrastada pela corrente se acumulam.
Apesar dos esforços, estima-se que ainda haja "milhares pessoas desaparecidas," muitas delas submersas na lama ou em locais isolados onde ainda não chegou ajuda.
O elevado "número de vítimas mortais obrigou as autoridades espanholas a abrir uma morgue temporária no centro de convenções Feria Valencia, nos arredores de Valência."
As imagens não deixam dúvidas sobre a gravidade e a extensão que o fenómeno atingiu. Fala-se na possibilidade de terem ficado pessoas "submersas em garagens inundadas" ou de ainda "haver corpos dentro dos milhares de carros arrastados pelas águas e que continuam empilhados em ruas de diversas localidades e outras estradas."
Infelizmente, "os meteorologistas preveem mais chuva, sobretudo nas ilhas baleares, na região da Catalunha, e, novamente, na comunidade valenciana."
De Portugal sairam também equipas de apoio, da Associação Portuguesa de Busca e Salvamento. Esta "organização não-governamental" informou o envio de "nove operacionais e dois cães para auxiliar os espanhóis nas buscas."
Entretanto, tenta-se repor a normalidade possível, com a limpeza das vias e o restabelecimento da eletricidade, "mas ainda há milhares de casas sem luz, sobretudo na região mais a leste de Espanha." Muitas estão também sem água corrente, ou mesmo potável, sem acesso a alimentos ou medicamentos e sem ligações telefónicas ou de internet, o que as deixa ainda mais isoladas. Segundo o governo espanhol, o mau tempo acabou por também provocar danos nas "vias de metro de superfície e de comboio, incluindo as de alta velocidade, que ficarão sem serviço pelo menos durante duas a três semanas," tendo praticamente desaparecido "três das cinco linhas" e verificando "cerca de 80 quilómetros completamente destruídos."
A todos os familiares, das centenas de vítimas mortais, feridos e desaparecidos nesta catástrofe, deixo as minhas palavras de consolo, sabendo que serão sempre poucas nestes momentos difíceis. O que se passou em Espanha, poderia ter sido cá. Não nos podemos esquecer disso. Não estamos livres de que tal nos aconteça!
Fontes:
https://www.publico.pt/2024/11/01/azul/noticia/continuam-alertas-chuva-torrencial-espanha-2110253
Vietname, Laos, Tailândia e Myanmar foram atingidos por ventos e chuvas fortes devido à passagem de um tufão que ganhou o nome de Yagi. Sendo Myanmar um país onde, devido a várias condicionantes, a vida já não é fácil, a chegada do tufão Yagi, tornou a situação ainda mais complicada. À sua passagem deixou inundações que "obrigaram mais de 235.000 pessoas a abandonar as suas casas," registando-se num primeiro balanço "33 mortos e um ferido." No entanto, este balanço não estava, infelizmente, fechado e podia ser bastante superior, o que se viria a confirmar quando em Myanmar (antiga Birmânia) o balanço provisório indicou "a morte de 226 pessoas que residiam nas zonas atingidas." Havia também a suspeita de que "dezenas de trabalhadores migrantes" poderiam estar "desaparecidos após deslizamentos de terra numa área de mineração de ouro na região central de Mandalay." Sobre eles, ainda nada se sabe...
O tufão "veio agravar mais ainda a miséria no país mergulhado numa crise humanitária, de segurança e política desde o golpe de Estado de fevereiro de 2021 contra o Governo eleito de Aung San Suu Kyi."
No Vietname, a passagem do tufão tinha já deixado graves estragos. "Uma ponte desmoronou-se e um autocarro foi arrastado pelas inundações" da passada segunda-feira. Contabilizam-se também nove mortos devido à forte "tempestade, que atingiu o Vietname no sábado antes de se transformar numa depressão, e 50 outras morreram durante as consequentes inundações e deslizamentos de terras."
"Na segunda-feira de manhã, na província montanhosa de Cao Bang, um autocarro de passageiros que transportava 20 pessoas foi arrastado por um deslizamento de terras para uma ribeira inundada" e, embora tivessem sido "enviadas equipas de salvamento," as mesmas não conseguiram chegar a tempo ao local, uma vez que o caminho se encontrava bloqueado e "intransitável."
De acordo com a UNICEF, "as inundações e derrocadas provocadas pela passagem do tufão Yagi no sudeste asiático, nomeadamente no Vietname e no Myanmar, afetaram quase seis milhões de crianças," verificando-se ainda "sérios riscos no acesso a água potável e alimentos, tal como perturbações nos vários sistemas escolares."
Fontes:
https://pt.euronews.com/2024/09/09/tufao-yagi-assola-o-vietname-e-faz-59-mortos
O Afeganistão está também a viver uma situação de calamidade depois do norte do território ter sido atingido por fortes cheias. As chuvas repentinas provocaram deslizamentos de terras que "arrastaram casas, terras de cultivo, pessoas e animais, provocando mais de 300 vítimas mortais, entre elas 50 crianças."
Contabilizam-se já milhares de feridos e desalojados. Tendo em conta o caos "desencadeado por dias de chuvas incessantes e inundações que soterraram cidades inteiras e destruíram infraestruturas essenciais, como pontes e estradas, o regime talibã afirma que o número de vítimas poderá continuar a aumentar."
Muita da ajuda está a ser transportada de burro, uma vez que não há forma de fazer circular camiões nos acessos às regiões mais afetadas. A população pede ajuda, mas desde que os Talibã tomaram conta do país em 2021, a maioria das organizações internacionais reduziram bastante a sua presença. Apesar de tudo, a OMS já enviou para a zona afetada "7 toneladas de medicamentos e kits de emergência." A União Europeia também já tomou a decisão de "enviar 97 toneladas de bens essenciais."
Fontes:
Há dias, falei nas cheias que estão a afetar o Rio Grande do Sul, no Brasil, mas não nos podemos esquecer que, noutras zonas do globo, fenómenos idênticos estão também a provocar destruição e morte. É o caso da Indonésia e do Afeganistão.
Na zona oeste da Indonésia, nos distritos de Agam e Tanah Datar, inundações repentinas, arrastaram correntes de lama e de lava fria do "monte Marapi, um vulcão na província de Samatra Ocidental" provocando a morte a pelo menos 12 pessoas. Ainda se procuram quatro desaparecidos.
"A lava fria é o magma formado a partir dos vários materiais que constituem as paredes de um vulcão: cinzas, areia e rochas. Sob o efeito da chuva, estes materiais podem misturar-se e escorrer pela cratera."
Mas esta não foi a única situação. Já na passada sexta-feira, 3 de maio, "aluimentos provocados por fortes chuvas atingiram a região de Luwu, no sul da província de Sulawesi." Nessa ocasião, perderam a vida 14 pessoas. "Mais de 100 casas ficaram gravemente danificadas e 42 foram arrasadas." Em março, inundações fortes levaram a vida a pelo menos 30 pessoas, mas o número pode ter sido muito superior uma vez que dezenas nunca chegaram a ser encontradas.
Fontes:
Os fenómenos atmosféricos extremos podem causar grandes catástrofes naturais e humanitárias. No Brasil, as cheias que afetam o Rio Grande do Sul, já levaram mais de 100 vidas humanas e fizeram cerca de 150 mil desalojados. Muitas pessoas ainda estão nos pisos superiores das suas habitações ou nos telhados, enquanto aguardam por alguém que as venha buscar. A falta de água potável é agora um dos principais problemas, a que em breve se começarão a juntar outros, como a fome e a propagação de doenças.
Os sobreviventes estão "desesperados em busca de alimentos e suprimentos básicos. As equipas de resgate têm corrido para tentar retirar as pessoas que ficaram presas." As estradas e as pontes ficaram destruídas ou submersas e é de barco que se consegue agora avançar. A lama cobre tudo, destruiu casas, carros, escolas...
Na cidade de Porto Alegre, "as ruas do centro da cidade ficaram submersas depois de o rio Guaíba ter galgado as margens com um nível recorde de água." também aqui os moradores sentem já os efeitos da falta de produtos básicos e de combustível. A água está já a ser racionada, com preferência dada aos hospitais e centros que recebem desalojados. Por razões de segurança, a eletricidade foi cortada. Os voos foram cancelados devido à água que está acumulada na pista.
Os danos vão além "da destruição de infra-estruturas críticas." As inundações provocadas pelas chuvas torrenciais, "deixaram os campos de cereais submersos e mataram o gado, interrompendo a colheita de soja e parando o trabalho em várias fábricas de carne."
Segundo nos conta Giovana Girardi, no seu blog, estas cheias estão dentro daquilo que já seria esperado em função dos estudos que têm vindo a ser feitos. "O Rio Grande do Sul, pela sua localização geográfica, é particularmente sensível aos fenómenos naturais El Niño e La Niña. Daí que é relativamente comum a alternância de secas e chuvas intensas por lá. Mas o aquecimento global vem piorando isso. Assim como o desmatamento." As leis têm de proteger os cidadãos, a habitação e as culturas, que são o ganha-pão da maioria da população daquelas áreas.
O rio é fonte de riqueza mas tem de ser cuidado e as construções devem respeitar o espaço que a natureza precisa para se expandir. As cheias, são culturalmente, em muitos povos, vistos como uma benção, mas quando as populações são atingidas desta forma, não terá também havido falta de planeamento?
Fontes:
Esta semana, a Grécia e outras zonas europeias estão a ser afetada por tempestades. Na região da Grécia, a tempestada que entretanto ganhou o nome Daniel, trouxe chuvas fortes que estão a atingir com especial intensidade a zona central, onde o rio Krafsidonas galgou as margens e as águas inundaram as estradas.
As chuvas fortes que estão agora a atingir a Grécia surgem depois de o país ter sido afectado por incêndios de grandes dimensões ao longo de todo o verão, o mais grave o do Parque Nacional de Dadia, no Nordeste da Grécia, que só foi dominado esta segunda-feira, após 17 dias de combate às chamas e que consumiu 81 mil hectares.
Nos últimos dias, Portugal e em especial Espanha foram também afetados por um fenómeno atmosférico denominado Dana, que por cá levou a alguns fenómenos como queda de granizo associado a vento e chuva intensos, o que devastou várias culturas, especialmente de vinha e olival. Outras consequências foram o levantamento de estradas, e alguns danos em coberturas de edifícios.
Em Espanha, infelizmente, os danos além de materiais foram também humanos, com o registo de pelo menos duas mortes.
O Dana é um fenómeno que ataca integralmente o lado mediterrâneo da Península Ibérica. O ar sofre uma mudança drástica nos níveis de pressão atmosférica e que formam as chuvas torrenciais que se podem ver nestes tempos e que são considerados eventos de chuva perigosos. Este fenómeno costuma acontecer no outono, devido ao ar que ainda circula nas zonas marítimas com o calor do verão. A região mais propensa a este tipo de eventos é o Mediterrâneo. É na Península Ibérica que ocorre o choque do ar polar que avança sobre toda a Europa Ocidental, com o ar quente e húmido que vem do Mar Mediterrâneo.
Fontes:
https://www.publico.pt/2023/09/05/azul/noticia/europa-aflita-tempestades-grecia-espanha-onda-calor-areia-sara-2062245
https://www.publico.pt/2023/09/04/terroir/noticia/valpacos-contabilizamse-estragos-granizo-dizimou-olival-vinha-2062160
https://www.meteorologiaenred.com/pt/dana.html
Sempre que se fala em cheias, na televisão, parece que são "as primeiras" a acontecer, mas a verdade está muito distante disso. Como por exemplo, em Lisboa as maiores cheias registadas, datam de 26 de Novembro de 1967 e fez ontem precisamente 55 anos que aconteceram. Esse dia foi também considerado como aquele em que ocorreu uma das maiores tragédias da capital.
Para vos falar deste dia, de que ouvi falar mas não vivenciei, precisei de fazer alguma pesquisa. De entre as várias publicações e relatos que li, resolvi escolher duas entrevistas que para mim se destacam pela forma como relatam os acontecimentos daquela fatídica noite e dos dias que se seguiram.
As inundações que atingiram a cidade, levaram tudo à sua frente desde Alenquer até ao Dafundo. Na época, dava-se que as habitações tinham condições muito precárias e, não muito longe do que há nos nossos dias, havia uma enorme falta de ordenamento territorial. Destas cheias, o resultado foi a morte de 462 pessoas mas o número pode ter atingido os 700. Milhares de pessoas ficaram sem habitação. E continua-se com construções em zonas de leitos...
Dina Soares e Joana Bourgard, fizeram para a Rádio Renascença uma excelente reportagem onde algumas das testemunhas deste evento deram a sua visão dos acontecimentos dramáticos.
Nessa reportagem, é referida uma placa colocada pela Junta de Castanheira do Ribatejo no largo da aldeia de Quintas homenageia as cem pessoas que morreram naquela noite de 25 para 26 de Novembro, só naquela zona. Muitas apanhadas durante o sono, não tiveram tempo para fugir e os corpos de manhã foram colocados em cima de placas de zinco. Sabe-se que mais de metade da população sucumbiu debaixo da água e da lama, das cheias e das enxurradas que elevaram o caudal do Rio Grande da Pipa ao nível do primeiro andar das casas do largo.
Perante a apatia de Salazar, 5 mil alunos ajudaram as vítimas. Um movimento que marcou uma geração. Muitos dos estudantes da época, arregaçaram as mangas e foram para o terreno ajudar nas buscas e na remoção da lama que cobria as casas e, nestas muitas horas de trabalho, tomaram verdadeira consciência da miséria em que muitas famílais viviam.
Alguns fizeram de verdadeiros jornalistas e começaram a escrever no Jornal "Solidariedade Estudantil" onde relatavam a miséria que encontravam.
Segundo António Araújo, historiador referido noa reportagem de Dina Soares e Joana Bourgard, "aquilo não eram papéis, era a realidade duríssima de corpos inchados pela água e toda a condição humana que ali se revelava. Era a revelação não só da morte, mas também da vida que levou àquela morte. Tudo aquilo era atirado à cara dos estudantes quando chegavam ao terreno.”
Nesta reportagem, que recomendo vivamente, é referido que parte das reportagens de Joaquim Letria foi cortada pela censura. O país estava sob regras muito rígidas impostas pelo regime. Além disso, muitas informações eram, pura e simplesmente, negadas. “O ‘Diário de Lisboa’ entrou em choque com o Ministério do Interior porque eles procuravam minimizar as coisas e nós tínhamos a ideia contrária. Então, o Vítor Direito, que era o chefe de redacção, mandou-nos, a mim e ao Pedro Alvim, contar mortos. Chegámos perto dos 700", conta Joaquim Letria.
Segundo a mesma reportagem, "o impacto desta catástrofe atravessou fronteiras e despertou a solidariedade internacional. Grã-Bretanha, Itália, Mónaco, França, Suíça e Espanha enviaram donativos e vacinas contra a febre tifóide."
Mais do que os relatos que encontramos explandidamente registados neste reportagem, apresentam-nos também imagens, em especial de jornais da época. Um registo que fica para a história e do qual eu aconselho a leitura.
No domingo, explodiu o paiol de Linda-a-Velha, como é relatado numa outra grande reportagem.
Fontes:
https://especiais.rr.pt/cheias-1967/index.html
https://www.dn.pt/sociedade/cheias-de-1967-o-mar-de-lama-e-dor-que-mostrou-o-pais-8942334.html
Como se não bastasse a situação de pobreza que afeta esta zona do globo, Indonésia e Timor estão a ser afetados por fortes chuvadas. Em Timor, as cheias repentinas provocaram a morte a, pelo menos, 27 pessoas, embora tenham sido encetados esforços para evacuar a população das áreas mais afetadas. "Há ainda várias pessoas dadas como desaparecidas, algumas delas estarão soterradas na sequência de deslizamentos de terra." A capital, Dili, foi a zona mais afetada. Para complicar ainda mais a frágil situação que ali se vive, o país está a braços com um dos maiores surtos de Covid desde que a pandemia foi declarada.
"As inundações afetaram várias estruturas usadas no combate à doença, como o Centro de Isolamento de Vera Cruz, onde estão três doentes considerados moderados e um doente grave, e que tiveram que ser realojados no Hospital de Lahane. Registaram-se ainda inundações no Laboratório Nacional e no centro de isolamento de Tasi Tolu, bem como no Serviço Autónomo de Medicamentos e Equipamentos de Saúde (SAMES), a farmácia central timorense."
Já na Indonésia, "o número de óbitos confirmados ultrapassa as sete dezenas mas há ainda muitos desaparecidos." Os estragos são incalculáveis, levando milhares de pessoas a procurar abrigo em centros de acolhimento. As equipas de resgate tentam ainda resgatar possíveis sobreviventes que tenham ficado presos nas infraestruturas, principalmente, na ilha das Flores, mas muitos podem estar soterrados na lama. "O dilúvio fez transbordar reservatórios de água e inundou milhares de casas, enquanto as equipas de resgate lutavam para prestar assistência às vítimas."
Fontes:
https://pt.euronews.com/2021/04/05/cheias-em-timor-leste-e-indonesia-provocam-dezenas-de-mortes
https://www.dnoticias.pt/2021/4/5/256613-pelo-menos-66-mortos-em-cheias-e-deslizamento-de-terras-na-indonesia/
Aqui no blogue costumo relembrar alguns acontecimentos ocorridos no nosso país e que considero que foram de alguma forma marcantes - ou pelas suas consequências ou pela sua grandeza. Neste caso, o aluvião que ocorreu na ilha da Madeira há 10 anos foi um desses casos, pela destruição causada e pelo elevado número de mortos e de feridos.
Dez anos depois, "ainda há cinco corpos por descobrir, cinco famílias por realojar, feridos à espera de cirurgia e máquinas a trabalhar nas ribeiras", segundo o Expresso, que lembra esta como uma das maiores tragédias deeste século, apenas superada apenas pelos incêndios de 2017. "Naquele dia, a chuva intensa provocou deslizamentos de terras — só no Funchal registaram-se mais de 150 derrocadas quase em simultâneo — e fez transbordar as três ribeiras (e os seus afluentes) que atravessam a Baixa da capital madeirense e a ribeira da Ribeira Brava, localidade a oeste do Funchal. A água e lama arrastaram tudo o que encontraram pela frente."
Este temporal teve início com uma forte precipitação durante a madrugada do dia 20 de fevereiro, com origem num sistema frontal de forte atividade associado a uma depressão que se deslocou a partir dos Açores, seguida por uma subida do nível do mar. Estes acontecimentos provocaram inundações e derrocadas ao longo das encostas da ilha, em especial na parte sul da ilha.
Segundo o Instituto de Meteorologia, o choque da massa de ar polar com a tropical deu origem a uma superfície frontal, que aliada à elevada temperatura da água do oceano acelerou a condensação, causando uma precipitação extremamente elevada num curto espaço de tempo. A orografia da ilha contribuiu para aumentar os efeitos da catástrofe. A possibilidade de se terem aliado valores recorde de precipitação e erros de planeamento urbanístico - tais como o estreitamento de leitos das ribeiras e a construção legal ou ilegal dentro ou muito próximo dos cursos de água, bem como falta de limpeza e acumulação de lixo nos leitos de ribeiras de menor dimensão - fizeram com que a situação se tornasse ainda mais grave do que seria inicialmente esperado.
Segundo um estudo realizado já em 2020, "o relevo irregular e montanhoso é o factor explicativo da perigosidade natural predominante,
normalmente associada a eventos de precipitação intensa." Neste mesmo estudo, "salientam-se os movimentos de terreno, em particular os deslizamentos, ou a queda de blocos nas vertentes de elevado declive e as cheias e inundações repentinas e intensas nos vales muito estreitos e sem planícies de cheia. Estas cheias, designadas por aluviões, correntes de detritos ou debris flow, caracterizam-se por concentrações elevadas de material sólido, incluindo blocos de grandes dimensões, que conferem ao escoamento um enorme poder destrutivo."
Outro fator apontado para a ocorrência destes fenómenos com alguma frequência na ilha, devem-se à sua geomorfologia, a qual "condiciona fortemente a ocupação do território da ilha e tem levado as populações a assumirem, de forma consciente ou inconsciente, riscos não desprezáveis, instalando-se nos cones de dejecção na parte terminal das ribeiras, como é o caso, entre outros, dos principais aglomerados urbanos da vertente sul da ilha, como Machico, Funchal e Ribeira Brava."
Fontes:
https://poseur.portugal2020.pt/media/4020/estudo-de-risco-de-aluvi%C3%B5es-da-madeira.pdf
https://pt.wikipedia.org/wiki/Aluvi%C3%A3o_na_ilha_da_Madeira_em_2010
Segundo as notícias, doze jogadores, entre os 11 e os 16 anos e o seu treinador de 25 anos, poderão estar presos numa gruta na Tailândia.
Os rapazes costumavam ir à caverna depois dos treinos. No sábado, à entrada da gruta, foram encontradas uma moto e onze bicicletas, mochilas, chuteiras e equipamento de desporto.
As autoridades foram chamadas ao local e disseram que os jovens podem ter ficado encurralados pelo aumento da água, na sequência de uma chuva forte que inundou a entrada. As autoridades também acreditam que, apesar da extensão de túneis e da profundidade a que a água pode chegar em algumas zonas, os jogadores possam estar numa zona seca da gruta Tham Luang Nang Non, localizada num parque nacional.
Uma equipa de mergulhadores da marinha foi enviada para as buscas no sábado, mas, a meio da tarde de segunda-feira, ainda não tinha sido feito nenhum contato. O maior risco, além da subida da água, é a falta de oxigénio, o frio, a escuridão e a falta de comida e de água potável que possam beber.
Esperemos que as crianças ainda estejam vivas e que se consigam localizar e salvar com a maior brevidade possível. Estes acontecimentos, embora longe da minha vista, afetam sempre o meu coração, como mãe, uma vez que penso sempre na ansiedade que aqueles pais, mães e irmãos estarão a sentir por não saberem se as suas crianças estão vivas e qual o seu estado de saúde. Fico a acompanhar na televisão todas as notícias que posso, ansiosa pela sua rápida resolução.
Fontes:
https://www.jn.pt/mundo/autoridades-procuram-equipa-de-futebol-presa-em-gruta-inundada-9512717.html
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