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Marco Paulo

por Elsa Filipe, em 24.10.24

Faleceu hoje o conhecido cantor Marco Paulo, aos 79 anos, após uma luta inglória contra o cancro, uma doença que continua a matar de forma indiscriminada apesar de todos os avanços que a medicina tem tido.

João Simão da Silva, nasceu a 21 de Janeiro de 1945, em Mourão, "no distrito de Évora, fixando-se com a família em Alenquer, no distrito de Lisboa, no final dos anos 1950, e depois no Barreiro, já na década de 1960." Marco Paulo - ou, como em menino era conhecido - João Silva, tinha uma relação de afeto e "cumplicidade com os irmãos," mas do pai, um homem austero, recebeu "pouco carinho."

A sua carreira foi sempre seguida por milhares de fãs, tendo o cantor lançado "mais de 70 discos e várias canções de sucesso" ao longo de 50 anos de carreira. 

A sua estreia foi nas festas de Alenquer a cantar a "Campanera" de Joselito. Com 14 anos, "entra para o rancho folclórico de Alenquer onde esteve dois anos como cantor até ir viver para o Barreiro."

Devido à profissão do pai, que obrigava a várias deslocações chegou a viver também em "Celorico de Basto, Alcabideche, Alenquer e Arcos de Valdevez," bem como no Barreiro ou em Sintra.

É a fadista"Cidália Meireles," que o vem a descobrir, já no Lavradio, onde o jovem João Simão frequentava "aulas de canto com Corina Freire," cantora lírica. Cidália Meireles levou-o ao seu programa e, as portas abriram-se para que participasse "pela primeira vez no Festival da Canção da Figueira da Foz." Esta participação fez com que fosse visto e fosse "convidado por Mário Martins, da editora Valentim Carvalho, para gravar o seu primeiro disco."

Em 1967, participou no Festival RTP da Canção com "Sou Tão Feliz", depois do que foi para a Madeira onde cantou "com Madalena Iglésias," e em 1982 voltou ao festival para interpretar “É o Fim do Mundo”, de João Henrique e Fernando Guerra. 

Marco Paulo, fez a tropa "em Beja, Leiria e Estremoz", mas com a guerra colonial ainda decorrer foi enviado para a Guiné, onde a sua estadia foi um pouco diferente da da maioria dos jovens que para lá iam. Apesar de lhe terem dado uma Mauzer, era no escritório que passava a maior parte do tempo. O seu principal problema, se é que assim se poderia chamar, era andar sempre distraído em cantorias. Durante uma brincadeira, um colega atingiu-o na cabeça com uma pressão de ar e o chumbo nunca chegou a ser retirado. Durante o tempo que esteve na Guiné, ficou sempre na cidade e nunca chegou a estar no mato, onde a situação era muito mais complicada. "Cantava nos aniversários" dos camaradas e animava as festas para que o convidavam por já ter discos seus a passar "na rádio."

Marco Paulo ganho vários prémios, entre os quais, "em 1978, conquistou o seu primeiro disco de ouro com o single “Canção Proibida/Ninguém Ninguém”, com 85 mil cópias vendidas." Em 1979 ganhou o "disco de ouro com “Mulher Sentimental” e, em 1980, com o êxito “Eu Tenho Dois Amores”, versão de “Petra”, do grego Giorgos Hatzinasios, com 195 mil discos vendidos."

O cantor ganhou ainda "140 discos de platina, ouro e prata, tendo vendido mais de cinco milhões de discos e sendo o quinto cantor nacional com mais discos vendidos de que há registo."

É ainda "o único cantor português com um disco de diamante," que venceu com a canção “Maravilhoso Coração”.

Entre muitos outros discos, editou em 2001, o disco "35 Anos da Nossa Música", onde podíamos ouvir temas como "Nossa Senhora", "Te Amo, Te Amo" e "Amália A Nossa Voz."

Foi também apresentador, num programa que passava ao domingo à noite na RTP 1: “Eu Tenho Dois Amores," (1994-1995). Dois anos depois e ainda na RTP, apresentou o programa “Música no Coração”, onde fazia entrevistas a convidados ligados ao meio musical e artístico.

Foi em 1996 que o diagnóstico do primeiro cancro chegou, localizado no "testículo direito."

Corria já o ano de 2016, quando Marco Paulo "tornou público que lhe fora diagnosticado cancro da mama e que seria submetido a tratamentos. No final desse ano, revelou que o seu estado de saúde se tinha agravado com o diagnóstico de um tumor pulmonar." No mesmo ano, o cantor foi galardoado com "o Prémio de Mérito e Excelência na XXI Gala dos Globos de Ouro." Em 2022, foi "condecorado pelo presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa", com a "distinção de Comendador da Ordem Infante D. Henrique, numa cerimónia que decorreu no Palácio de Belém, em Lisboa."  

Já na SIC, estreia em "junho de 2021," o programa “Alô Marco Paulo”, onde Ana Marques co-apresentava com o artista. O programa, que "começou por ser transmitido nas tardes de sábado da SIC," passou em abril de 2022 para as manhãs de fim de semana. Em 2022, "quando era atualizado sobre o estado do tumor pulmonar, descobriu o cancro no fígado." 

Já em janeiro de 2023, a Sica lança na plataforma Opto, uma série biográfica que descreve com vários pormenores a vida do cantor, “Marco Paulo: A História da Minha Vida."

Desde junho deste ano, tinha estado a ser "transmitida uma emissão especial"com o título, “Força, Marco Paulo”,que tinha como principal intuito apoiar o cantor, já visivelmente debilitado, na"luta contra dois cancros," tendo o cantor sido informado pelos médicos de "que os tratamentos de quimioterapia seriam suspensos por não estarem a resultar." Em resultado disso, "o cantor encontrava-se em repouso em casa."

Em maio do presente ano, foi-lhe feita uma bonita homenagem, como todas deveriam ser, ainda em vida, no espetáculo “Para Sempre Marco." O cantor cantou o refrão de “Maravilhoso Coração”, deixando ainda uma mensagem emotiva. Da sua vida privada, o cantor manteve quase sempre segredo.

Fontes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Marco_Paulo

https://magg.sapo.pt/celebridades/artigos/do-disco-de-diamante-as-ultimas-palavras-em-palco-recorde-11-momentos-marcantes-de-marco-paulo

https://www.flash.pt/celebridades/nacional/detalhe/marco-paulo-revela-que-levou-um-tiro-na-cabeca-quando-estava-na-tropa-na-guine-a-bala-ficou-alojada-na-minha-cabeca

https://expresso.pt/blitz/2024-10-24-morreu-marco-paulo-aos-79-anos-apos-uma-longa-luta-contra-o-cancro-a582e7b1

https://expresso.pt/blitz/2024-10-24-marco-paulo--1945-2024--a-infancia-nomada-o-pai-austero-a-vida-predestinada-e-a-solidao.-uma-conversa-franca-com-a-blitz-em-2023-65ee0c10

 

 

 

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publicado às 23:38

Fausto

por Elsa Filipe, em 01.07.24

Hoje Portugal perdeu um dos grandes compositores dos últimos tempos. Um dos grandes músicos que traduziram "para as canções de intervenção o sentimento do povo português," sendo por isso inevitável associar o nome de Fausto aos nomes maiores da música portuguesa, como "José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Manuel Freire, José Mário Branco," Sérgio Godinho ou Luís Cília. Além de um grande defensor da liberdade, Fausto era único na sua forma de compor e de cantar.

"Carlos Fausto Bordalo Gomes Dias nasceu a bordo do navio Pátria, durante uma viagem entre Portugal e Angola. Seria registado a 26 de novembro de 1948 em Vila Franca das Naves, Trancoso." Foi ainda em Angola, de onde regressaria anos mais tarde, que formou a sua primeira banda, Os Rebeldes.

Com 20 anos, Fausto concluiu "a licenciatura em Ciências Políticas e Sociais no Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina", em Lisboa. "É nessa época que grava Chora, amigo chora, que em 1969 lhe deu o Prémio Revelação do antigo programa de rádio Página Um, transmitido pela Rádio Renascença."

Depois da revolução do 25 de abril de 1974, "ajudou a fundar o GAC" (Grupo de Ação Cultural — Vozes na Luta), juntamente com José Mário Branco, Afonso Dias e Tino Flores." Dos seus trabalhos podemos destacar Pró que Der e Vier (1974) e Beco sem Saída (1975), Madrugada dos Trapeiros (1977) ou Histórias de Viajeiros (1979). Em 1989, venceu o Prémio José Afonso, com "Para Além das Cordilheiras." 

"Um dos seus concertos mais marcantes ocorreu em julho de 1997, em Belém, nas celebrações dos 500 anos da partida de Vasco da Gama para a Índia."

Gravou ao todo 12 álbuns entre 1970 e 2011. O último a ser lançado, foi Em busca das montanhas azuis, em 2011.

O músico tinha 75 anos e morreu durante a última noite, vítima de doença prolongada.

Fontes:

https://www.rtp.pt/noticias/cultura/morreu-fausto-bordalo-dias-criador-de-por-este-rio-acima_n1582941

https://observador.pt/2024/07/01/morreu-o-cantor-e-compositor-fausto-bordalo-dias/

 

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publicado às 18:54

Eurovisão 2024

por Elsa Filipe, em 12.05.24

A vitória este ano foi para a canção da Suiça, "The Code", interpretada por Nemo. "O tema, entre o rap, rock e a ópera, explora o processo de descoberta do artista como uma pessoa não-binária."
Portugal, ficou em 10º com a canção "Grito", que foi interpretada por Iolanda.

Mas o que mais marcou o festival deste ano, foram os protestos contra a participação de Israel. 

A cantora israelita, Eden Golan, de apenas 20 anos, conseguiu o seu lugar na final com a canção "Hurricane." No entanto, desde logo, a versão inicial foi criticada e "teve de ser modificada por se considerar que fazia alusão ao ataque do Hamas em Israel, a 7 de outubro." Na Finlândia, vários ativistas invadiram a sede da televisão nacional, exibindo frases como "Boicote a Eurovisão" ou "Parem o genocídio". Estes manifestantes afirmaram que "Israel está a usar a Eurovisão como plataforma para branquear a sua imagem com a participação da cantora Eden Golan." 

Entre as vozes contra, manifestaram-se também vários intérpretes, incluindo da própria representante portuguesa, que mostrou nas unhas, cores e simbolos ligados à Palestina, e no final da sua atuação fez um apelo à paz. No início, logo no desfile de apresentação, a cantora portuguesa apostou num "vestido de uma marca de um designer de origem palestiniana, com o padrão do lenço keffiyeh, um lenço associado à causa palestiniana."

Apesar de terem sido permitidos apelos à paz na Ucrânia e o uso das cores da bandeira (que ainda ontem pudemos ver representada no simbolo da Eurovisão), a situação da Palestina não teve ontem o mesmo tratamento. Podemos falar este ano em censura? Um exemplo disso, foi o facto do vídeo da atuação portuguesa, não ter sido logo publicado no site oficial, depois da atuação de Iolanda. "A União Europeia de Radiodifusáo (EBU), organizadora do festival, optou por publicar o vídeo da semi-final em que a cantora portuguesa tinha apenas as unhas brancas, sem símbolos da Palestina." Só quase uma hora depois da atuação e com os protestos da RTP, o vídeo foi colocado no site.

Poucos minutos antes do festival começar, registaram-se "várias detenções em Malmö, na Suécia, num protesto que decorria junto ao edifício onde decorria o evento. A polícia recorreu a gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes."

Além dos apelos para que fosse vetada a participação de Israel, o Festival Eurovisão da Canção deste ano ficou "também marcado pela expulsão do representante dos Países Baixos, Joost Klein, anunciada horas antes da final deste sábado. De acordo com a EBU, o artista está a ser investigado pela polícia sueca na sequência de uma denúncia feita por uma mulher da equipa de produção," devido a um "incidente" ocorrido durante a semifinal do concurso.

É triste que um espetáculo tão bonito, esteja a ser cada vez mais afetado por motivos políticos e que não seja apenas um espaço de união. A música é essencial na vida dos povos, e tem sido ao longo dos anos um implusionador de mensagens políticas, mas não pode ser um fator de exclusão, na medida em que um artista não deveria ser conotado com o seu governo, mas sim e apenas com a sua música. É pena que ontem, se tenha assistido a extermos de ambos os lados e que os organizadores do concurso se tenham deixado afetar. Isso tirou a beleza à competição.

Fontes:

https://www.rtp.pt/noticias/cultura/suica-vence-o-festival-eurovisao-da-cancao_n1570884

https://sicnoticias.pt/cultura/2024-05-11-manifestantes-invadem-televisao-publica-finlandesa-para-exigir-boicote-a-eurovisao-ee32240d

 

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publicado às 16:42

Votos e canções

por Elsa Filipe, em 10.03.24

A celebração maior da democracia está no exercício do direito de voto. Esta é a única forma que temos de mostrar a nossa vontade. Seja ela qual for, o meu apelo é que todos exerçam esse direito.

No entanto e enquanto não sabemos quem ganhou, hoje vou fazer uma outra referência que também acho importante. A noite passada estive a assistir à final do Festival da Canção transmitido pela RTP1. Na minha opinião, podiam ter aproveitado este momento para um grande espetáculo televisivo, mas isso na minha opinião não aconteceu. Destaquem-se os 12 finalistas, uns melhores que outros (vai do gosto musical de cada um) mas no fim, a vitória de Iolanda, com a canção "O grito" foi bem merecida e acho que nos vai representar muito bem na Eurovisão em Malmö, na Suécia.

A cantora, natural da Figueira da Foz, chegou ao Festival através de um convite. É também compositora e "estreou-se em nome próprio em 2023 com o EP Cura, que incluía os singles Cura e Lugar Certo, lançados um ano antes." A jovem cantora passou pelo "BIMM Music Institute, em Londres, Reino Unido, e pelo Hot Clube de Portugal. Além de ser intérprete, escreve para artistas como Bárbara Tinoco ou Bárbara Bandeira." A canção, "co-escrita por Luar," foi apresentada por Iolanda toda vestida de branco e com dançarinos também eles todos cobertos de branco. Esta foi uma das canções a votos no Festival, mais ouvida "nas plataformas de streaming." 

Este ano assinalou-se também a passagem de 60 anos desde o primeiro Festival. A primeira vez que se realizou, com o nome de "Grande Prémio TV da Canção Portuguesa" foi "nos Estúdios do Lumiar, na noite de 2 de Fevereiro de 1964." Nesse ano, havia pela primeira vez a vontade de escolher uma "canção candidata" a representar o país no "Concurso Eurovisão da Canção."

Nesta primeira edição, de entre as 167 canções candidatas, ganharam destaque "António Calvário, Artur Garcia, Madalena Iglésias, Simone de Oliveira", que em 1964 apresentou o tema "Olhos nos olhos." A RTP, que no dia 7 celebrou 67 anos, tem já no ar um documentário que conta a história dos Festivais e que recomendo, a quem gosta de seguir este tema, que veja.

Foram muitas as canções que começaram nos Festivais mas depois se ligaram definitivamente à nossa história como povo. Exemplo disso: "Lusitana Paixão" (1991), "E depois do Adeus" (1974), ou "Tourada"(1973).

Em 67 anos de televisão, muita coisa mudou. A história da primeira estação de televisão portuguesa cruza-se com a história do país e acompanhou os 50 anos de democracia.

Fontes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Festival_RTP_da_Can%C3%A7%C3%A3o

https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_Festival_RTP_da_Can%C3%A7%C3%A3o

https://observador.pt/2024/03/10/o-grito-de-iolanda-venceu-o-festival-da-cancao-e-vai-representar-portugal-na-eurovisao/

 

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publicado às 15:00

Sara Tavares

por Elsa Filipe, em 19.11.23

Lembro-me de a ver no Festival da Canção. Foram dezenas de vezes talvez que ouvi a musica e que a cantei. Eu que ainda era uma menina, admirava aquela jovem apenas cinco anos mais velha do que eu e com uma voz fabulosa. A sua participação no "Chuva de Estrelas" fica também marcada na nossa memória. A sua carreira passou depois por outros estilos musicais. A cantora, de ascendência Cabo-verdiana, fez uma pausa na carreira em 2009, na sequência do diagnóstico de um tumor cerebral, mas acabou por voltar e, em 2018, chegou a ser nomeada para um Grammy Latino.

A cantora Sara Tavares morreu este domingo, vítima de tumor cerebral, avançou a SIC Notícias e confirmou a CNN Portugal. Tinha 45 anos. Sara Tavares estava internada na Unidade de Cuidados Paliativos do Hospital da Luz, em Lisboa. Apesar de ela já estar internada, não vemos a sua morte sem surpresa, por ser tão nova e ter ainda uma luz tão forte. É uma referência na nossa música mas também na música africana.

O primeiro álbum da cantora e compositora, "Sara Tavares & Shout!" foi editado em 1996, dois anos depois de vencer o Festival da Canção da RTP com o tema "Chamar a Música" e que representou Portugal na Eurovisão, tendo ficado em oitavo lugar. E nas duas décadas seguintes, editou vários álbuns que a aproximaram das raízes cabo-verdianas, com destaque para "Balancê" (2005), que lhe valeu um disco de platina e uma nomeação como "Artista Revelação" para o prémio BBC Radio 3 World Music. Em 2011, recebeu o Prémio de "Melhor Voz Feminina" nos Cabo Verde Music Awards e no ano seguinte deu continuidade à digressão internacional "Xinti", título do álbum editado em 2009, que lhe valeu o Prémio Carreira do "África Festival" na Alemanha.

Fontes:

https://cnnportugal.iol.pt/sara-tavares/morreu-a-cantora-sara-tavares/20231119/655a7708d34e65afa2f7bc92

https://www.dn.pt/cultura/morreu-a-cantora-portuguesa-sara-tavares-17366594.html

 

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publicado às 22:00

Cantar Abril - o poder das canções

por Elsa Filipe, em 24.04.23

Este ano não vou sair de casa para ir ver um concerto, uma vez que aqui onde moro não me agrada particularmente (nem canda Abril). Sou uma pessoa de hábitos e há aqueles dias em que a música que me faz sentido é aquela que lhe associo.

Nestes dias, faz-me sentido ouvir as grandes cantigas portuguesas, boa música, poemas escritos por Ary dos Santos ou por José Niza, com os orquestramentos próprios dos grandes Festivais de então, ou aquelas músicas que se ligaram a este momento para sempre, como "Grândola, Vila Morena", de José Afonso e direcção musical de José Mário Branco.

Esta música foi utilizada como segunda senha da revolução e é, ainda hoje, a música que mais se identifica com o que aconteceu nesta data.

“Grândola, vila morena” foi anunciada aos 25 minutos do dia 25 abril de 1974 por Leite de Vasconcelos, no programa “Limite” da Rádio Renascença, confirmando aos muitos militares que esperavam atentos, que a Revolução estava na rua e que iriam de facto avançar na mobilização de forças para tomar pontos estratégicos especialmente na capital. Uma hora e meia antes, tinha sido emitida a primeira senha, nos Emissores Associados de Lisboa, “E depois do Adeus”, um tema interpretado por Paulo de Carvalho.

Fontes:

https://ensina.rtp.pt/artigo/grandola-a-musica-da-revolucao/

https://www.timeout.pt/porto/pt/musica/cantar-abril-uma-duzia-de-cancoes-revolucionarias

 

 

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publicado às 10:06

Mimi vence Festival

por Elsa Filipe, em 12.03.23

Mimicat é a vencedora deste ano do Festival RTP da Canção, com "Ai coração", uma música alegre, divertida, com sonoridades da música tradicional portuguesa misturadas, misturadas com ritmos latinos e pop music.

Performer, intérprete e compositora desde muito jovem, Mimicat, o alter ego de Marisa Isabel Lopes Mena, nascida há 38 anos em Coimbra, surgiu em 2014, depois de uma muito aguardada revelação de uma cantora que gravou o primeiro disco aos 9 anos. Com uma voz quente e forte, característica da soul-pop anglo-saxónica, edita em 2014 o seu primeiro álbum como Mimicat, intitulado For You, que teve como primeiro single o tema Tell Me Why. De 2015 a 2016 passou por alguns dos maiores palcos portugueses (Festa do Avante, Sol da Caparica, Edp Cool Jazz, Meo Marés Vivas, Culturgest, entre outros) e fez a sua estreia internacional com concertos no Brasil. Num registo pop sem nunca perder a força e o carisma que a caracterizam, lançou em 2017 o álbum Back in Town.

Em 2019, Mimicat lança a sua primeira canção em português, Até ao Fim, uma homenagem aos 50 anos de amor dos seus pais, e que surgiu durante a sua gravidez. Depois da paragem para o primeiro filho, regressou em 2021 com o single Tudo ao Ar. No ano passado, apresentou o novo single em português Mundo ao Contrário.

Participou, com apenas 15 anos e com o nome artístico de Izamena, na 3ª semifinal do Festival RTP da Canção 2001 com a canção "Mundo Colorido", mas não conseguiu nesse ano a passagem à final.

Segundo a própria, a Mimicat é "uma Marisa um bocadinho mais vaidosa, um bocadinho mais atrevida. É aquilo que a Marisa não pode ser no dia-a-dia, quando vai na rua". O pseudónimo soou-lhe bem no primeiro instante. Afinal, já há muitos anos que era chamada de Mimi pela família. Bastou juntar Cat à alcunha, para dar um toque mais pessoal ao nome.

A inspiração para escrever as canções e para escolher a sua sonoridade, provém de músicos como Ella Fitzgerald, Jill Scott ou Ray Charles. com uma clara preferência por músicos que vão desde os anos 30/40 até aos anos 70.

Mimicat aposta forte na imagem, no realce da beleza feminina.

Festival RTP da Canção 2023 foi o 57º Festival RTP da Canção. A primeira semifinal teve lugar no dia 25 de fevereiro e a segunda no dia 4 de março, nos estúdios da RTP, em Lisboa. A final foi disputada no dia 11 de março, também nos estúdios da RTP. 

A RTP convidou 15 compositores para que apresentassem uma canção original e inédita, sendo estes os responsáveis por definir os respetivos intérpretes para as suas canções.

As restantes cinco vagas de compositores resultaram da abertura a candidaturas espontâneas de canções originais e inéditas com uma duração máxima de três minutos. Aqui, puderam concorrer todos os cidadãos de nacionalidade portuguesa ou residentes em Portugal, tivessem ou não trabalhos publicados, o que inclui os portugueses que vivam fora do país, assim como os cidadãos dos PALOP ou de outras nacionalidades que residam em Portugal.

Foi constituído um júri para as avaliar, sendo os concorrentes vencedores convidados a apresentá-las a concurso nesta edição. Segundo as regras, cada canção tem a duração máxima de 3 minutos, podendo ser apresentada em português ou numa outra qualquer língua estrangeira.

 

Fontes:

https://media.rtp.pt/festivaldacancao/autores/mimicat/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Mimicat

https://mag.sapo.pt/musica/artigos/mimicat-a-mimicat-e-a-marisa-um-bocadinho-mais-vaidosa-e-um-bocadinho-mais-atrevida?artigo-completo=sim/

https://media.rtp.pt/festivaldacancao/artigos/mimicat-e-a-grande-vencedora-do-festival-da-cancao-2023/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Festival_RTP_da_Can%C3%A7%C3%A3o_2023

 

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publicado às 12:50

A canção "Saudade, saudade", interpretada por Maro, levou do público e do júri a pontuação máxima, conseguindo assim a passagem para o Festival Eurovisão que se irá realizar na cidade italiana de Turim, em maio. Em 2º lugar ficaram, empatados com os mesmos pontos, Os Quatro e Meia, FF e Diana Castro.

O tema é cantado em português e inglês e foi co-escrito por John Blanda, e fala de um termo muito português. Na minha modesta opinião, a canção é bonita mas eu tenho outra preferida. De qualquer forma, foi uma justa vencedora e esperemos que alcance um bom lugar na Europa.

Saudade é um sentimento causado pela distância ou ausência de algo ou alguém. palavra faz parte do vocabulário dos portugueses e, também, do povo brasileiro. Existe a ideia de que a palavra vem do árabe “saudah”. Alguns especialistas indicam que palavras como saud, saudá e suaida significam «sangue pisado» e «preto dentro do coração». A metáfora perfeita para alguém que carrega no seu coração uma profunda tristeza, tristeza esta que pode ser causada pela saudade.

Os árabes utilizam o termo as-saudá quando se querem referir a uma doença do fígado, diagnosticada por estes como «melancolia do paciente».

Outros entendem que a sua origem está no latim “sólitas”, que significa solidão, embora saudade e solidão não sejam sinónimos. Saudade descreve um sentimento muito mais profundo e que se torna difícil de explicar, uma vez que não tem tradução literal em outras línguas.

De acordo com a perspetiva de Carolina Michaelis ou de José Pedro Machado, a palavra saudade vem do latim "solitate", que significa «isolamento, solidão».

Em certos idiomas, o significado de solitate foi mantido, como é o caso do castelhano (soledad), do italiano (solitudine) ou do francês (solitude)3. Em português e no galego (soidade) alterou-se com o tempo. Assim sendo, quando alguém dizia «tenho saudades de casa» significava que sentia “solidão” por não estar em casa.

Saudade é uma das palavras mais utilizadas nas poesias de amor, nas músicas românticas da língua portuguesa. 

Saudade representa um conjunto de sentimentos, normalmente causados pela distância ou ausência de algo ou alguém. Esta ausência pode ser física ou não, isto é, pode sentir-se saudade quando alguma relação de amizade, por exemplo, termina. Esta palavra expressa, então, um sentimento que envolve afetividade.

A real simbologia, condiz com um conjunto de sentimentos, normalmente causados pela distância ou ausência de algo ou alguém. É a falta que determinado momento, pessoa, lugar ou situação causa nas pessoas. 

De qualquer modo, os portugueses conectaram outros significados à “saudade”. Dizem até que passou a fazer parte do dicionário dos portugueses no tempo dos Descobrimentos Marítimos, descrevendo uma certa melancolia por se sentirem tão sós e distantes dos seus.

 

Fontes:

https://www.nacionalidadeportuguesa.com.br/tradicoes-portuguesas/#A_palavra_Saudade

https://www.fantastictv.pt/2022/03/saudade-saudade-vence-o-festival-da.html

https://www.significados.com.br/saudade/

https://www.nationalgeographic.com/ (em 30 de dezembro de 2019) in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/artigos/rubricas/idioma/algumas-curiosidades-da-palavra-saudade/4003#

 

 

 

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publicado às 19:45

Liberdade para cantar

por Elsa Filipe, em 25.04.21

Celebra-se hoje mais um dia da Liberdade. Mas ainda se lembram quando havia censura? Quando os livros, as notícias, os poetas eram censurados? Hoje venho escrever um pouco sobre os grandes poetas e sobre grandes intérpretes que tiveram a coragem de subir ao palco, com letras construídas metodicamente com a mestria de enganar a PIDE-DGS e passar pelos censores sem que as mensagens fossem reparadas.

A verdade é que poetas e autores, compositores e intérpretes, não ficaram indiferentes ao regime totalitário que existia em Portugal até ao dia 25 de Abril de 1974 e, através da sua arte, contribuíram para denunciar os abusos da ditadura e muitas conseguiram furar as malhas da censura impondo-se na música portuguesa.

Foi na verdade no Festival da Canção que apareceram grandes dos nomes que hoje conhecemos. Ali, se fez saber da vontade de gritar pela liberdade a plenos pulmões! Assim, não será de estranhar que a canção que se associa ao 25 de Abril de 1974 é aquela que nasceu (pensavam os censores da altura) "apenas" como um lindo poema de amor. Embora não tivesse sido a primeira escolha, o facto de ter sido aceite no Festival e de passar despercebida, fez com que fosse a escolhida como a primeira senha do movimento dos capitães. A canção "E Depois do Adeus" com letra de José Niza e música de José Calvário, foi brilhantemente interpretada no Festival da Canção e no Festival da Eurovisão pela voz de Paulo de Carvalho. 

Outra canção que eu adoro e que nunca me canço de ouvir, pela voz grandiosa de Simone de Oliveira, é "A desfolhada", escrita por Ary dos Santos, em 1969 e com música de Nuno Nazareth Fernandes. Esta canção vem recheada de várias metáforas. Cantou Simone com a sua grandeza, Quem faz um filho, fá-lo por gosto, numa época em que era pecado a mulher ter prazer no ato sexual, dando uma autêntica pedrada no charco na hipocrisia e falsa moral vigente.

Em 1971, cantou no Festival da Canção Fernando Tordo a canção "Cavalo à Solta", onde só a ideia de liberdade já arreliava a PIDE. O poema, também era do mestre Ary dos Santos.

Em 1973, volta a dupla Fernando Tordo e Ary ao Festival com a canção "A Tourada", que foi uma genial critica ao antigo regime através de metáforas tauromáquicas. Depois da vitória desta canção no Festival, o então governo, ainda ponderou não enviar a canção à Eurovisão, mas o escândalo internacional, numa Europa esmagadoramente democrática, seria bem mais prejudicial e a canção lá foi até ao Luxemburgo. A mensagem estava lá e é incrível pensar como é que a censura não compreendeu que na letra deste poema não se falava afinal do espetáculos de touros e toureiros, mas sim do antigo regime, numa crítica extremamente inteligente e com um retrato fiel da sociedade de então:
"toureamos ombro a ombro as feras | ninguém nos leva ao engano | toureamos mano a mano | só nos podem causar dano esperas."

Neste mesmo ano regressa Simone de Oliveira com a canção "Apenas o meu povo", que lhe valeu o Prémio de Interpretação. Um poema de inconformismo e de uma certa revolta contra quem pretendia tirar a esperança ao povo que governava com mão de ferro

Ainda no Teatro Maria Matos no dia 26 de Fevereiro de 1973, com letra da autoria de Ary dos Santos é apresentada a concurso a canção  "É por isso que eu vivo", interpretada por Paco Bandeira. Conseguiu o segundo lugar, com um poema que dizia que: "Eu sou a palavra lavrada e aberta, eu sou a raiz, eu sou a garganta de um homem que fala e sabe o que diz, eu sou o silêncio das trevas que penso, das coisas que digo, sou filho do tempo, sou fúria do vento, sou força do trigo." E voltava a estar lá o tal clamor, a crítica à censura e ao obscurantismo, a revolta contra a falta de liberdade e a opressão.

São tantas as letras que aqui poderia colocar, mas vou apenas falar de mais uma, já no ano de 1974. O grupo Green Windows cantou nesse ano, a canção de José Cid, "No dia em que o rei fez anos", conseguindo um brilhante  2º lugar. A letra conta como é que no dia em que um rei faz anos, esse mesmo rei é deposto e como todos (o povo) saem à rua para celebrar a liberdade:
"Vieram tribos ciganas, saltimbancos sem eira nem beira, evitaram a estrada real, e passaram de noite a fronteira, e veio a gente da gleba, mais a gente que vivia do mar, para enfeitar a cidade, e abrir-lhe as portas de par em par para libertar a cidade leia-se o país…
…lá vai rei morto rei posto, levado em ombros p’la grei, e a festa continuou, já que ninguém tinha nada a perder, só ficou um trovador, p’ra contar o que acabava de ver."

A canção faz parte das comemorações do 25 de Abril. Lembremos sempre estes valentes que lutaram não com armas mas com a sua voz e com a sua capacidade de poetizar o dia a dia de um povo oprimido.

 

Fontes:

https://festivaiscancao.wordpress.com/2021/04/24/as-cancoes-do-festival-que-gritaram-liberdade-antes-do-25-de-abril-de-1974/

https://festivaiscancao.wordpress.com/2019/04/25/25-de-abril-sempre-cancoes-que-furaram-as-malhas-da-censura-simone-de-oliveira/

https://festivaiscancao.wordpress.com/2019/04/25/25-de-abril-sempre-cancoes-que-furaram-as-malhas-da-censura-fernando-tordo/

 

 

 

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publicado às 23:05

Em vésperas da liberdade, "presos" em casa

por Elsa Filipe, em 24.04.20

Um pouco antes das 23h de um dia 24 como o de hoje, ouve-se na rádio a canção "E depois do Adeus"... mais tarde, já na madrugada de 25 de abril, é a voz de José Afonso que ecoa nos rádios com "Grândola, Vila Morena". Outras canções, antes da revolução cantavam gritos de revolta e brilhavam os olhos dos seus intérpretes quando conseguiam dizer aquelas letras ludibriando quem os queria calar.

Hoje estamos em casa, por causa de uma pandemia e até parece que não temos liberdade. De certa forma, estamos um pouco presos mas não as nossas mentes, tal como não estavam presas as mentes daqueles que usaram as palavras e a escrita como gritos de revolta e rasgar de amarras. É sobre esses que hoje vos venho escrever.

A palavra escrita podia comprometer o regime e a imagem que dele os portugueses tinham e por isso, muitos livros foram proibidos, muitos jornais nunca chegaram a ver a luz do dia e muitas informações foram caladas.Portugal, viveu durante 48 anos, na escuridão. A escuridão da mente que não podia abrir-se ao mundo mas também a escuridão daqueles que às escondidas, iam escrevendo artigos de propaganda contra o regime, poemas - tantos hoje cantados - com coisas que não podiam ser ditas. Falemos hoje livremente de livros proibidos e de autores que alguns quiseram que nunca fossem lidos!

A política de Salazar e de Marcello Caetano, era feita de silêncios, de calar tudo o que fosse considerado “propaganda subversiva”. Os jornais, as revistas, os livros e outras manifestações culturais, eram cortados previamente ou simplesmente proibidos. Fugir ao lápis azul, passou a ser uma arte construída em subtilezas e truques para iludir a vigilância policial. E uma forma de resistir sem liberdade de expressão.

A censura era uma arma do Estado Novo! Produziu mais de 10.000 relatórios de leitura aos livros de autores portugueses, lusófonos e não-lusófonos, em edição original ou tradução, que entravam e circulavam em território nacional. 

Centenas de obras foram proibidas. Falamos em cerca de 900 títulos identificados como tendo sido proibidos pela ditadura entre 1933 e 1974. o primeiro livro objeto da fúria censora da ditadura do Estado Novo foi A obra intangível do Dr. Oliveira Salazar, de Cunha Leal, que chefiou um governo na I República e chegou a apoiar o golpe de 28 de maio de 1926.

Os autores eram acusados de serem imorais, pornográficos, comunistas, irreligiosos, subversivos, maus, antissociais, dissolventes, anarquistas ou revolucionários, os livros examinados pela Censura abrangem áreas como as artes plásticas, ciências naturais, ciência política, economia, educação, geografia, filosofia, história, literatura, música, sociologia, religião, entre outras. A Censura acabou por proibir especialmente as obras marxistas-leninistas, eróticas ou de educação sexual. Nas décadas de 1940 e 50 proibiu-se a literatura neorrealista.

Da lista negra de autores portugueses faziam parte Urbano Tavares Rodrigues, Miguel Torga, Alves Redol, Natália Correia, Herberto Hélder, Aquilino Ribeiro, Vergílio Ferreira, entre outros. O autor mais proibido misturava em doses bem medidas um humor brejeiro, a sátira política e o erotismo do seu desenho que indispunham os censores, o que os levou a apreender 29 obras de José Vilhena, humorista que depois do 25 de Abril publicaria o título Gaiola Aberta. Os outros dois autores mais proibidos são Roy Harvey (15 obras), pseudónimo literário de José Ferreira Marques, e Tomás de Fonseca (14), cujo militantismo republicano e anticlerical lhe valeu a perseguição do lápis azul. O quarto autor mais visado é Urbano Tavares Rodrigues, jornalista e escritor, militante do PCP, que viu sete livros serem proibidos.

Com um número muito menor de livros, estão as mulheres. Sem dúvida, fruto da parca escolarização a que as meninas tinham acesso e ao poder que os homens tinham sobre as mulheres, conseguindo em muitas casas, castrar-lhes o pensamento. Daquelas que o conseguiram fazer, poucas chegaram até aos nossos dias. No caso de Maria Archer, a ação da censura terá tido um peso tão grande que a autora perdeu o seu meio de subsistência, tendo de viver mais de duas décadas fora de Portugal. Para além disso, a sua obra sofreu danos irreversíveis pois ela teve de ser alterada de forma a poder passar ilesa pela mão dos censores. Tem havido algumas tentativas de recuperação da sua obra – e, consequentemente, do seu lugar na história literária –, mas estas têm sido insuficientes para que seja conhecida pelo grande público.

Carmen de Figueiredo foi censurada pela inclusão, na estrutura da narrativa, de descrições sexuais. Nita Clímaco, com a sua escrita fez contrastar Portugal, pobre, iminentemente rural, culturalmente tacanho, a França, moderna, culturalmente viva. No entanto, essa modernidade acaba por ser apresentada como uma devassidão moral pela censura.

Natália Correia, mais conhecida e até estudada nos nossos dias, também foi impedida de ser lida mas, a verdade é que esta veio não só a reeditar algumas das suas obras depois do 25 de Abril mas também a tornar-se num dos nomes mais proeminentes da cultura portuguesa nas décadas seguintes. A sua obra foi premiada e reeditada várias vezes.

Nos estrangeiros apareciam Jorge Amado, Jean-Paul Sartre e todos os que defendessem a ideologia marxista. 

Recomendo que oiçam a entrevista feita por Teresa Nicolau, João Martins e Paulo Nunes (RTP - 2014).

 

Fontes:

https://ensina.rtp.pt/artigo/livros-e-escritores-censurados-pelo-estado-novo/

https://www.parlamento.pt/Parlamento/Documents/Biblioteca_25abril2021.pdf

https://www.dn.pt/politica/estado-novo-censurou-900-livros-2434309.html

https://www.esquerda.net/dossier/escritoras-portuguesas-e-estado-novo-9-autoras-e-21-obras-censuradas/64649

https://www.bnportugal.gov.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=1682%3Aexposicao-obras-proibidas-e-censuradas-no-estado-novo-3-maio-3-set&catid=173%3A2022&Itemid=1680&lang=pt

 

 

 

 

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