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Faleceu o Embaixador de Portugal em Cabo Verde

por Elsa Filipe, em 25.05.24

Paulo Jorge Lopes Lourenço tinha apenas 52 anos e terá sido, ao que se sabe, vítima de enfarte. O acontecimento deu-se ao final do dia de ontem, na cidade da Praia, depois de uma caminhada. Durante o dia, tinha participado "em atividades públicas no centro histórico da Praia e na Escola Portuguesa de Cabo Verde."

O corpo será repatriado para Portugal.

Paulo Lourenço, nasceu a 10 de março de 1972, em Angola e era "diplomata de carreira desde 1995." Desempenhou funções em Luanda, Londres, Sarajevo, Bósnia e Belgrado. Foi Consul-geral de São Paulo, no Brasol, entre 2012 e 2018 e, mais recentemente, chefe de direção geral de Política e Defesa Nacional entre 2020 e 2022, "funções nas quais negociou o novo programa-quadro de Defesa entre Portugal e Cabo Verde para o período 2022 a 2026."

Fontes:

https://observador.pt/2024/05/25/embaixador-de-portugal-em-cabo-verde-morreu-de-enfarte-cardiaco-fulminante/

 

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publicado às 19:10

Há 50 anos, os presos do Tarrafal, foram libertados.

Neste campo, os presos viam morrer os companheiros - 36 dos cerca de 600 que lá passaram, morreram. 32 eram de nacionalidade portuguesa, 2 eram guineense e 2 eram angolanos. A maioria foi torturada, não havia cuidados médicos e ficavam isolados do mundo. O único médico que por lá passou, nãos lhes prestava cuidados - "estava lá só para passar certidões de óbito".

O campo, localizado "na aldeia de Chão Bom, no Concelho de Tarrafal, na ilha de Santiago" em Cabo Verde, abriu em 1936, "durante um processo de reorganização do sistema prisional do Estado Novo, com o objetivo de encarcerar presos políticos e sociais," sobretudo aqueles que se opunham ao regime fascista. 

Esta "localização foi escolhida de forma estratégica, tanto por ser perfeita para que os testemunhos não viessem a público, com principal objetivo de aniquilar física e psicologicamente os opositores portugueses e africanos à ditadura Salazarista, isolando-os do resto mundo em condições desumanas de cativeiro, maus tratos e insalubridade." Muitos eram deixados a morrer de forma "natural", ou seja, completamente deixados ao abandono sem qualquer tratamento, por exemplo, contra a tuberculose que ali se instalava facilmente.

Em 1956 fecha portas, mas volta a reabrir em 1962, com o nome de "Campo de Trabalho de Chão Bom." Nesta fase, o campo destinava-se "a encarcerar anticolonialistas de Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde, altura em que morreram dois angolanos e dois guineenses." A 1 de maio de 1974, o campo foi encerrado e posteriormente passou a museu. Doenças, subnutrição, torturas, igual "àqueles de Hitler na Alemanha". 

Hoje, além de se celebrar a passagem do 50 anos, sobre o encerramento deste terrível campo de concentração, assinala-se também a passagem de mais um Dia do Trabalhador. O 1º de Maio é celebrado em vários países e, tem por base, a greve que decorreu neste mesmo dia, mas em 1886, em Chicago. Os trabalhadores gravistas, pretendiam exigir melhores condições de trabalho, sobretudo "a redução da jornada de trabalho diária," das habituais dezassete horas, para oito horas diárias.

Poderia aqui descrever muitos episódios e factos históricos que fui descobrindo nas minhas pesquisas (sabem que eu adoro História...) mas tornaria este post muito extenso. Deixo aqui apenas um pequeno excerto:

"Em 1833, oficialmente, o horário de trabalho das crianças foi reduzido para as 48 horas semanais." "Em 1844, pela primeira vez, é estabelecida a semana de trabalho de 69 horas, com um limite máximo de 12 horas diárias."

 Após anos de luta, em 1886, dá-se o "Massacre de Chicago":

"80000 trabalhadores a abandonarem o trabalho e a irem para a manifestação. Com o governo a mobilizar mais de 1000 polícias para vigiar e intimidar os trabalhadores. (...)Os trabalhadores despedidos não desistem e no dia 2 de maio algumas centenas realizam um comício em frente à fábrica que os tinha despedido. É chamada novamente a polícia que investe sobre os trabalhadores e começa a bater para os dispersar, provocando várias mortes e causando dezenas de feridos."

"Os trabalhadores voltam à carga e é realizado um segundo comício para protestar contra a brutalidade policial, (...)Quando restavam cerca de 200 trabalhadores, eis que explodiu no meio dos polícias uma bomba matando um deles e ferindo muitos outros. Foi o caos, com os polícias a dispararem sobre a multidão em fuga, ficando as ruas cobertas de sangue, mortos e feridos."

"Nos dias que se seguiram, centenas de dirigentes e trabalhadores foram presos. Houve um mega-julgamento no mesmo ano de 1886, tendo sido condenados à morte por enforcamento sete sindicalistas. Alguns foram condenados a prisão perpétua e outros quatro dirigentes sindicais foram executados a 11 de novembro de 1887, pelas 11.30."

Pouco tempo depois o governo assume perante a opinião púbica que estes sindicalistas estariam inocentes.

No ano de 1889, o "Congresso Operário Internacional, reunido em Paris," decreta então esta data como o "Dia Internacional dos Trabalhadores."

Em Portugal, esta data é celebrada desde 1890, numa época em que a monarquia dava as suas últimas cartadas. "Nas comemorações do 1.º de maio em Portugal, em 1890, a manifestação em Lisboa reclamou do município «o estabelecimento das 8 horas diárias e a regulamentação do trabalho de menores». No Porto, a comemoração aconteceu no Monte Aventino, atraindo milhares de trabalhadores."

O Estado Novo veio acabar com esta comemoração. "Só a partir de maio de 1974," depois da Revolução, "é que se voltou a comemorar livremente o Primeiro de Maio, que passou a ser feriado. Nesta data," estima-se que tenham estado 500 mil pessoas na manifestação do Dia do Trabalhador de 1974," só na capital.

5o anos depois, o povo continua a celebrar esta data!

 1º de Maio em Portugal

Em Moçambique, também "durante o período colonial," estavam proibidas quaisquer celebrações do "Dia do Trabalhador, em virtude da natureza repressiva do regime colonial português. No entanto, houve manifestações de trabalhadores moçambicanos, em particular em Lourenço Marques (atual Maputo), contra o modo de relações laborais existente naquele período."

Fontes:

https://observador.pt/2024/05/01/portugal-cabo-verde-guine-bissau-e-angola-assinalam-libertacao-do-tarrafal/

https://rdpafrica.rtp.pt/noticias-africa/50-anos-sobre-a-libertacao-dos-presos-politicos-do-campo-do-tarrafal/

https://www.jornaldeangola.ao/ao/noticias/angola-nos-50-anos-da-libertacao-dos-presos-do-tarrafal/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_do_Trabalhador

https://observador.pt/opiniao/historia-concisa-do-1-o-de-maio-dia-do-trabalhador/

 

 

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publicado às 19:51

Sara Tavares

por Elsa Filipe, em 19.11.23

Lembro-me de a ver no Festival da Canção. Foram dezenas de vezes talvez que ouvi a musica e que a cantei. Eu que ainda era uma menina, admirava aquela jovem apenas cinco anos mais velha do que eu e com uma voz fabulosa. A sua participação no "Chuva de Estrelas" fica também marcada na nossa memória. A sua carreira passou depois por outros estilos musicais. A cantora, de ascendência Cabo-verdiana, fez uma pausa na carreira em 2009, na sequência do diagnóstico de um tumor cerebral, mas acabou por voltar e, em 2018, chegou a ser nomeada para um Grammy Latino.

A cantora Sara Tavares morreu este domingo, vítima de tumor cerebral, avançou a SIC Notícias e confirmou a CNN Portugal. Tinha 45 anos. Sara Tavares estava internada na Unidade de Cuidados Paliativos do Hospital da Luz, em Lisboa. Apesar de ela já estar internada, não vemos a sua morte sem surpresa, por ser tão nova e ter ainda uma luz tão forte. É uma referência na nossa música mas também na música africana.

O primeiro álbum da cantora e compositora, "Sara Tavares & Shout!" foi editado em 1996, dois anos depois de vencer o Festival da Canção da RTP com o tema "Chamar a Música" e que representou Portugal na Eurovisão, tendo ficado em oitavo lugar. E nas duas décadas seguintes, editou vários álbuns que a aproximaram das raízes cabo-verdianas, com destaque para "Balancê" (2005), que lhe valeu um disco de platina e uma nomeação como "Artista Revelação" para o prémio BBC Radio 3 World Music. Em 2011, recebeu o Prémio de "Melhor Voz Feminina" nos Cabo Verde Music Awards e no ano seguinte deu continuidade à digressão internacional "Xinti", título do álbum editado em 2009, que lhe valeu o Prémio Carreira do "África Festival" na Alemanha.

Fontes:

https://cnnportugal.iol.pt/sara-tavares/morreu-a-cantora-sara-tavares/20231119/655a7708d34e65afa2f7bc92

https://www.dn.pt/cultura/morreu-a-cantora-portuguesa-sara-tavares-17366594.html

 

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publicado às 22:00


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