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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
Muitas vezes, aquilo que serve para o nosso conforto pode ser um perigo. Tal é o caso dos aquecedores, que já têm feito algumas vítimas pelo mundo fora, Foi o caso de um incêndio que ontem deflagrou num restaurante em Most, na Chéquia e matou, pelo menos, 6 pessoas.
O incêndio, terá tido início quando um "aquecedor a gás" que estava no jardim do restaurante, "se virou," acabando por explodir. Da situação, resultaram ainda oito feridos com queimaduras graves. Todo o espaço foi evacuado, bem como um edifício vizinho. "O restaurante ainda estava aberto quando o fogo começou, antes da meia-noite de sábado, e foram necessários mais de 60 bombeiros para controlar as chamas, até à uma da manhã."
Estas situações são mais comuns do que se pensa e, apesar de todas as indicações de uso correto e de haver informação disponível sobre os riscos, a verdade é que os acidentes continuam a destruir propriedade e a causar vítimas. Deixo de seguida alguns exemplos.
Em 2007, um incêndio que teve como causa um aquecedor, "vitimou duas mulheres deficientes," que viviam num "prédio perto de Trajouce, no concelho de Cascais." Neste caso, as "duas vítimas, de 34 e 50 anos," só foram encontradas quando "a mãe de uma" delas, "chegou a casa e não conseguiu abrir a porta," e dando conta do incêndio, accionou os bombeiros.
Lembremo-nos também do incêndio que, em janeiro de 2018, provocou onze mortos e 38 feridos, na "Associação Cultural e Recreativa de Vila Nova da Rainha, em Tondela." Este incêndio ocorreu "quando o tubo da salamandra que os aquecia inflamou o teto falso do edifício — que entrou em combustão." Muitas das vítimas ficaram encurraladas ao tentarem sair para o exterior.
Em fevereiro de 2019, um incêndio urbano em Braga, Portugal, teve também como causa um aquecedor a gás. Os bombeiros conseguiram evitar que o incêndio propagasse às habitações contíguas e não houve feridos a lamentar. Neste caso, segundo informações recolhidas no local e à época, indicam que o incêndio terá tido início aquando do "derretimento da mangueira que conduz o gás da botija para funcionar o aquecedor, no quarto e último andar de um apartamento na Rua Andrade Corvo, perto da Estação Ferroviária de Braga."
Em junho de 2019, um aquecedor (do tipo que conhecemos por cá, como caldeira), explodiu e destruiu dois restaurantes (um da marca "Burger King" e um outro da cadeia de restauração "McDonald's"), em São Paulo, Brasil. O acidente aconteceu mais propriamente na Avenida Rebouças, na zona centro da cidade. O aparelho funcionou como uma panela de pressão e, ao rebentar, destruiu ambas as fachadas dos edifícios e provocou danos graves no seu interior. Felizmente, não houve vítimas, mas talvez porque àquela hora não estivessem clientes nem funcionários nas lojas.
Fontes:
https://pt.euronews.com/2025/01/12/incendio-em-restaurante-mata-pelo-menos-seis-pessoas-na-chequia
https://sol.sapo.pt/2019/02/16/aquecedor-a-gas-provoca-incendio-em-apartamento-em-braga/
https://cnnportugal.iol.pt/morte/incendio/aquecedor-tera-originado-fogo
Os avisos foram feitos e já se esperava a ocorrência de incêndios florestais, mas de ontem para hoje a situação piorou bastante e, infelizmente, já se pode falar na ocorrência de uma catástrofe em que já se lamenta a perda de vidas humanas, vários feridos e muitos bens materiais destruídos. Ao longo do dia, a situação tem vindo a piorar.
"O balanço mais recente da Proteção Civil dá conta de 21 vítimas, incluindo três mortos. Foram atingidas pelas chamas casas de primeira habitação e evacuados lares e escolas."
Uma das três mortes a lamentar até agora, foi a de um bombeiro que durante o combate às chamas sucumbiu. Depois, haveremos talvez de saber porquê, mas agora o que importa é confortar a família, os colegas e os amigos. O bombeiro, que combatia o incêndio de Oliveira de Azeméis, "fazia parte da corporação de bombeiros de São Mamede de Infesta" e quando se sentiu mal estava a realizar uma pausa para se alimentar.
Aquando desta ocorrência, era o incêndio de Oliveira de Azeméis aquele que mais preocupação trazia. Entretanto, o dia nascia e com ele percebiamos que outros incêndios tinham deflagrado durante a noite e que, alimentados pelas altas temperaturas e pelo vento forte, ameaçavam pessoas e bens. Durante o dia, chegavam até nós imagens terríveis, em que os piores cenários se estavam a suceder - habitações destruídas pelas chamas, animais a que ninguém conseguiu acudir a tempo de evitar a sua morte. Enormes colunas de denso fumo cobrem as serras e descem os vales, impedindo saber o que se está a passar do outro lado ou, em muitos casos, saber o que está a dois palmos da cara! O dia está a dar lugar à noite e lamentam-se já duas vidas perdidas...
O distrito de Aveiro tem estado a ser o mais afetado. Faltam bombeiros - que nestes dias nunca serão suficientes, faltam baldes para atirar água às chamas que se aproximam, ardem as mangueiras. O vento sopra as fagulhas para cima dos telhados que, dali a nada, se transformam em tochas, pegando em tudo à sua volta. O pior cenário está a acontecer - o fogo já não lavra só no mato: entrou na cidade, entrou nas aldeias, queimou carros, queimou casas e matou pessoas!
Algumas estradas foram cortadas. Mas mesmo com os cortes efetuados, muita gente tentou contornar as indicações das autoridades e chegar às localidades e aldeias onde tinha os seus familiares e os seus bens. Não os posso criticar, mas alerto apenas que estas tentativas de dar a volta às indicações das autoridades, pode levar não apenas ao risco que a pessoa assume, mas também põe em causa aqueles que o têm de, eventualmente, seguir para socorrer.
Infelizmente, o pânico é natural nestas situações mas este mesmo pânico deve ser evitado, pois é dele que decorrem tantas vezes situações em que as reações de cada um, o coloca a si em risco, mas também a quem o tenta ajudar. Além do risco que decorre do próprio incêndio, existem também alguns comportamentos que devem ser evitados, tal como tem sido veiculado durante o dia pela comunicação social. Só que é natural que cada pessoa queira que lhe salvem a sua casa, os seus terrenos, armazéns, alfaias e animais. Muitos comportamentos de risco acabam por ser praticamente impossíveis de se evitar, uma vez que mexem com aqueles que são os nossos maiores sentimentos - aqueles que amamos - que são os nossos familiares, os nossos amigos e também em muitos casos os nossos animais, as nossas casas, os nossos bens!
Podemos dizer que o pior começou na sexta-feira com a deflagração no Fundão, a que se seguiram depois várias outras que iam dispersando meios e desgastando homens. Pelas duas da manhã, a meio da noite, no meio do mato, algo faz deflagrar o fogo de Pessegueiro do Vouga. Horas mais tarde, já depois da hora do almoço e com temperaturas bastante elevadas, acende-se outra situação grave em Sever do Vouga. Apesar de terem surgido como deflagrações independentes umas das outras, podemos dizer que neste momento, os fogos já se confundem e misturam uns com os outro, tal a sua intensidade. O incêndio de Sever do Vouga já chegou a Águeda.
Na zona de Albergaria-a-velha, o início do incêndio que agora queima e destrói não apenas mato mas também atinge povoações, começou hoje pouco depois das sete da manhã, quando as temperaturas estavam mais baixas e a humidade era um pouco maior. Pouco depois do início do incêndio, a A25 estava cercada pelas chamas, mas mesmo assim as pessoas continuavam a avançar, sem visibilidade, sem saber como estava a situação mais à frente. Nesta região contam-se já dois mortos. Com o passar das horas, os incêndios longe de se esgotarem, aproveitaram o combustível disponível e foram galgando montanhas e vales. Não há como acudir a tudo!
Um pouco mais abaixo, na zona de Viseu, o incêndio que começou pouco antes do meio-dia, avançou em várias direções. Além dos meios terrestres, o combate foi feito também por um meio aéreo que foi dando algum alívio. No entanto, não houve forma de impedir a progressão do incêndio e neste momento, a "zona Industrial de Oliveirinha, no concelho de Carregal do Sal", encontra-se cercada pelas chamas.
Numa outra região, na zona de Coimbra, a pior ocorrência iniciou-se hoje pouco depois das dezasseis horas. Chegaram a estar em ação cinco meios aéreos nesta zona, mas a dificuldade de combate mais a norte exigiu a dispersão das aeronaves pelas várias frentes.
E podia continuar... o dia não foi fácil e a noite não será melhor, havendo a registar novos incêndios que se iniciaram já depois das 23 horas (um em Guimarães e outro em Cinfães). As projeções, que com o vento podem atingir vários quilómetros, podem dar origem a novos incêndios. Assim, Portugal que até dispõe de muitos meios, dificilmente se acharão ser os suficientes, mesmo com o acréscimo de oito meios aéreos provenientes da União Europeia (sendo que, de noite, estes meios não podem trabalhar).
Nem para a população, nem para aqueles que estão a dar o seu melhor para evitar que a situação se agrave. Se não puder ajudar... não atrapalhe!
Fontes:
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