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A perda da inocência

por Elsa Filipe, em 31.03.23

Alexei Moskaliov, é apenas um dos nomes dos muitos russos que têm sido perseguidos por darem a sua opinião ou por, de alguma forma, se mostrarem contra a invasão da Ucrânia, contra o regime, ou em desacordo com a ação dos militares. 

Neste caso, a filha de Alexei fez um desenho na escola, onde estava a sua visão sobre a guerra. A menina acabou separada da família, internada num orfanato e o pai, perseguido e condenado à prisão por manifestar a sua opinião nas redes sociais, fugiu. Acabou por ser ontem captuarado em Minsk, na Bielorússia.

O desenho de Maria que acabou por levar à condenação do pai

Este pai e a sua filha tornaram-se num símbolo da repressão contra os que se opõem à operação militar lançada há mais de um ano contra a Ucrânia. O desenho da menina, foi "um sinal" para irem à procura do pai e, uma vez que ninguém é livre de dar a sua opinião, ambos acabaram detidos (ela num orfanato, ele primeiramente em prisão domiciliária, de onde fugiu). Nesta quarta-feira, o Kremlin afirmou que acompanha de perto o caso e acusou o pai de cumprir as suas "obrigações parentais de maneira deplorável".

Esta menina. Será que alguém, no seu perfeito juízo acha que ela terá pensado nas consequências de um desenho - como é que poderia tê-lo feito, sendo apenas uma criança e estando apenas a desenhar? Que culpa será a dela, com que sentimentos está a ser obrigada a confrontar-se agora, afastada dos que ama e que a amam?

A diretora da escola informou a polícia, que, por sua vez, descobriu que o pai da menina tinha feito comentários contra a ofensiva nas redes sociais. Que medo deste regime terá tido esta diretora para "entregar" uma menina e o seu pai? Em que acredita e o que ensina a estas crianças? Tantas perguntas a que acho que nem quero dar resposta. Nos livros de História, estão no passado muitas das respostas, só não quero olhar para lá, com este olhar de incredulidade, pois o que se escreveu nos manuais não é passado, voltou a ser presente. Está aqui e agora. A repressão, a ditadura, os regimes autoritários. Mudam as personagens mas o filme é apenas um remake de outros que já se viram e reviram.

Este nível de repressão acontece diariamente na Rússia, na Bielorrússia e em outros países. E troca-se a vida, rouba-se a alma de uma criança, quebram-se os galhos dos sonhos, destroem-se a arte, a criatividade, antecipa-se a dureza do crescimento e a passagem para o mundo dos mais crescidos, que nunca souberam (ou já esqueceram) a magia de um desenho, a tranquilidade e a calma de pôr no papel o que nos dói na alma e de "escrever" com linhas e cores aquilo que ainda não sabemos dizer em palavras!

 

Fontes:

https://www.dn.pt/internacional/bielorrussia-detem-russo-separado-da-filha-apos-desenho-sobre-a-guerra-16098408.html

https://www.dn.pt/internacional/meu-heroi-menina-russa-escreve-ao-pai-condenado-por-um-desenho-contra-a-guerra-16094941.html

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publicado às 10:56

Avançando pela Bielorrússia

por Elsa Filipe, em 26.03.23

Parte da URSS durante largos anos, ainda mantém as suas bases soviétivas, ditatoriais e opressoras com Alexander Lukashenko desde 1994 no poder. A sua relação com a Rússia é evidente e acaba por estar isolada dos outros países mantendo uma dependência direta, que pode significar uma possível reunificação.

Os meios de comunicação têm sido limitados pelo regime, levando a que muitos dos habitantes, não façam ideia do que relamente se está a passar. As próprias eleições realizadas em 2020 e que deram o sexto mandato a Lukashenko (com 80,23% dos votos) colocaram no exílio a sua opositora - Svetlana Tikhanovskaia - que está a ser julgada à revelia por acusações de traição.

Este mês, o presidente bielorrusso introduz a pena de morte para os casos de alta traição, para os oficiais do Estado e membros do Exército, a qual até agora só era aplicada nos crimes de homicídio agravado ou de atos de terrorismo. Outra lei, prevê uma pena de prisão para aqueles que desacreditarem as Forças Armadas do país  -  lei semelhante foi aprovada pela Rússia no ano passado, logo depois da invasão do território ucraniano.

Este fim de semana, voltou-se a falar muito neste país, e quem viu ontem o programa "Toda a Verdade" da SIC, teve a oportunidade de saber um pouco mais sobre esta relação - para mim, muito preocupante - entre Putin e Lukashenko.

Aquilo que foi anunciado por Putin neste sábado, foi que chegou a acordo para armazenar armas nucleares na Bielorrússia, uma estratégia de ataque que pode ser tanto à Ucrânia - uma vez que este país faz fronteira com a Ucrânia, permitindo assim a passagem de armas pelo seu território, tal como aconteceu no início do conflito - como à própria União Europeia. O Presidente russo, afirma que não está a violar o Tratado de Não Proliferação Nuclear, mas este é o mesmo homem que dizia estar a salvar cidadão russos das mãos dos nazis na Ucrânia, por isso, sobre as suas afirmações não há mais nada a dizer.

Falar de armas nucleares é pôr na mesa um assunto que deixa as populações com medo, sem saber o que pode estar reservado para o futuro.Esta é uma questão que devia ser inaceitável, se pensarmos bem, e pelo que tem sido referido em vários sites noticiosos, a Rússia tem mais ogivas que os próprios EUA (não sei se este é um facto verdadeiro, mas preocupa-me). Que os EUA tenham armas na Europa - e isso também parece ser facto confirmado - será no nosso caso um fator defensivo, em caso de ataque, mas ninguém sairá bem se o conflito rebentar, envolvendo as formas russas (e os seus aliados) e a própria NATO.

Putin, sente-se de certa forma livre para ir contornando as regras do jogo e tem do seu lado, a Bielorrússia - que pode parecer um país pequeno mas que a nível geoestratégico é muito importante no avanço russo, como também de uma grande potência mundial como é a China. Estas reuniões e encontros não são meras coincidências diplomáticas. Algo mais se prepara em banho-maria, mas se aumentarem o lume, entrará em ebulição e os estragos serão imensos.

Fontes:

https://observador.pt/seccao/mundo/europa/bielorrussia/

https://www.infoescola.com/europa/bielorrussia/

Programa: "Toda a Verdade" -SIC Notícias;

 

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publicado às 23:37


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