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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
Há natais com luzes e natais com velas, natais com broa e azevinho e há natais com fome. Há natais pelo mundo fora, mas onde nasceu a lenda do Natal não há luzes a decorar as ruas...
Há natais com Jesus e missa do Galo, há natais com pais natais gordos que entram em estreitas chaminés. Há natais com presentes debaixo da árvore e outros com pessoas ausentes das mesas. Há sorrisos e lágrimas em todas as casas, abraços e discussões, prendas e papéis por todo o lado.
Mas onde "nasceu" o menino Jesus, este ano, há escombros.
Há natais de luz e cores alegres que rasgam os céus e, há um céu onde os bombardeamentos rasgam a noite e explodem nas casas das crianças que não esperavam o Pai Natal, apenas um pai que lhes trouxesse algo para comer e lhes segredasse que tudo vai terminar em breve.
Há presépios com casinhas e pontes, e galinhas e ovelhas e pastoras e lavadeiras e luzes. Mistura-se o musgo verde apanhado no caminho e a neve feita de esferovite. Mas na terra onde se conta a história de um menino nascido numa gruta de pedra, no meio da areia fria e de um deserto invernoso, este ano não há Natal.
É Natal.
Há jovens que trazem um grande tronco para arder noite após noite no meio da praça da aldeia. Há famílias que se juntam a conversar, à volta do tronco ou à volta de uma mesa farta. As crianças olham as fagulhas vermelhas, douradas e quentes que sobem pelo ar frio da noite até se apagarem e desaparecerem... e ficam a olhar as estrelas, tentando descobrir se aquele feixe de luz lá bem ao fundo é o trenó mágico do Pai Natal. E há a criança que se farta de olhar o céu onde não correm renas de narizes brilhantes. Que não tira os olhos do escuro, desejando que aquele feixe de luz que se começa a ver cada vez maior não seja mais um ataque aéreo.
Há a missa daqueles que vão só para mostrar aos outros a tradição, para se redimirem dos pecados antes de uma farta ceia... e há os que rezam sem sequer terem tempo de juntar as mãos em oração, cerram os olhos, firmam o corpo e aguentam mais um impacto.
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