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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
Passaram-se 30 anos, mas ninguém pode esquecer o massacre que aconteceu no dia 7 de abril de 1994 no Ruanda. Lembro-me vagamente de ouvir algumas coisas sobre isto, mas na altura eu tinha apenas 10 anos e, claro, os blocos noticiosos muito mais fechados naquela época, não nos traziam as notícias como no-las trazem hoje.
Há 30 anos, o Ruanda estava em plena guerra civil. "O Ruanda e o Burundi são dois pequenos países africanos que viviam em permanente tensão desde a sua independência, na década de 50. Essa tensão decorria precisamente do conflito entre a maioria Hutu e a minoria Tutsi."
"No Ruanda, as raízes desta hostilidade remontam ao período colonial." Esta região foi colonizada primeiro pela Alemanha mas, posteriormente, passou para a administração da Bélgica, que "favoreceu a rivalidade entre os dois grupos e promoveu a supremacia da minoria Tutsi." Já os Hutus, mesmo sendo 85% da população, não tinham acesso à mesma educação, nem às mesmas oportunidades que eram dadas aos Tutsis. A raiva contra os Tutsis cresceu e deu origem à segregação em vastos campos de refugiados que se perdiam de vista. O gatilho, já bastante tenso, foi puxado quando o avião onde seguia o presidente Hutu foi abatido e os rebeldes Tutsis considerados culpados pela sua morte.
O genocídio não se fez esperar. Milhares de pessoas foram mortas de forma bárbara. O exército Hutu fechava as estradas e entrava nas casas dizimando todos os que lá estivessem. Os homens da casa eram mortos e depois as mulheres e as adolescentes violadas e assassinadas em seguida. As casas eram saqueadas. Avançavam casa após casa, até não restar ninguém.
Estamos a falar em cerca de dez mil pessoas por dia. Ainda hoje, trinta anos depois, se continuam a descobrir as valas comuns onde jazem cadáveres destas vítimas. "Calcula-se que tenham morrido entre 800 mil a 1 milhão de pessoas durante este período de pouco mais de três meses, enquanto a guerra civil que se seguiu terá causado cerca de 2 milhões de refugiados."
A indignação na altura, não foi apenas causada pelo horror das imagens dos massacres, mas sobretudo "pela passividade e indiferença das potências mundiais." O contingente militar que a "ONU colocou" no país, revelou-se impotente para travar os ataques! Não conseguiram "proteger as populações. Houve alertas e denúncias de que estava em marcha uma catástrofe humanitária no país, mas nada foi feito."
Durante aqueles dias, a população foi completamente dizimada e "nem os locais de culto serviam como sítios seguros." Há relatos de que "numa igreja na província de Gikondo, controlada pela ordem religiosa polaca dos palotinos, e onde estavam escondidas várias pessoas, cerca de 100 homens pertencentes às milícias ligadas aos hutus entraram no local e levaram a cabo um autêntico massacre."
Quinze dias depois dos ataques começarem, as Nações Unidas retiraram as suas tropas da região. "A França, tradicional aliada dos Hutus, foi posteriormente acusada de ter tido conhecimento dos planos genocidas das elites Hutus e de não ter tomado nenhuma ação. As organizações de defesa dos direitos humanos denunciaram igualmente a hipocrisia e a insensibilidade da comunidade internacional, por se tratar de uma região remota, longe dos centros de poder mundiais."
O massacre, esse só terminou cem dias depois, quando os rebeldes da Frente Patriótica do Ruanda conquistaram a capital. O seu comandante ainda é hoje, o presidente da República do Ruanda.
Fontes:
https://ensina.rtp.pt/artigo/o-genocidio-no-ruanda/
CNN Portugal 07/04/2024: reportagem sobre os 30 anos do genocídio do Ruanda, transmitido no Jornal CNN Domingo;
A CECA preparou o caminho para aquilo que hoje temos, a União Europeia. A "9 de maio de 1950," pouco tempo depois do fim da 2ª Guerra Mundial, Schumann propõe um plano "para uma comunidade europeia do carvão e do aço, chamada de Montanunion." Este plano tinha como intenção unir "e gerir em comum a produção franco-alemã de carvão e aço", integrando outros países europeus - mais concretamente os países pertencentes à Benelux (uma organização económica da qual faziam parte a "Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo, sendo inicialmente uma área de livre comércio entre estes três países").
No ano seguinte, a 18 de abril, há precisamente 70 anos, é assinado em Paris o acordo para a "fundação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA)," por um grupo de seis países - Alemanha, França, Itália, Bélgica, Luxemburgo e Holanda e que viria então a preparar "o caminho para a atual União Europeia."
Este acordo firmava em cem artigos a cooperação entre os seus membros num compromisso mútuo de "garantir um mercado livre de taxações para exportação e importação de aço e carvão e a não prejudicar o livre comércio."
Este mercado pretendia, entre outras coisas, "racionalizar progressivamente a distribuição da produção, garantindo estabilidade e emprego."
Seis anos depois de assinado o Tratado de Paris, são então assinados os Tratados de Roma que vão dar origem à Comunidade Económica Europeia (CEE) e à Comunidade Europeia da Energia Atómica (CEEA ou Euratom), que viriam a dar origem à UE.
Fontes:
https://www.dw.com/pt-br/1951-criada-a-comunidade-europeia-do-carv%C3%A3o-e-do-a%C3%A7o/a-500071
https://pt.wikipedia.org/wiki/Benelux
https://pt.wikipedia.org/wiki/Comunidade_Europeia_do_Carv%C3%A3o_e_do_A%C3%A7o
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