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Luís Aleluia

por Elsa Filipe, em 24.06.23

Hoje soube pela manhã que tinha falecido o ator Luís Aleluia. Luís Aleluia, nasceu a 23 de fevereiro de 1960 em Setúbal e teve várias participações em teatro e televisão. Algumas horas antes de ser encontrado morto em casa que o ator Luís Aleluia, publicou um post na sua conta de Instagram em que praticamente fazia as despedidas de toda a gente, desejando ser recordado por todos os que dele gostavam, e com imagens da sua mulher e dos filhos. Não foram ainda transmitidas as causas de morte do ator, mas numa publicação de Zita, sua esposa, pode ler-se "O meu grande amor, preferiu partir mais cedo… Não estou de acordo! Mas, só me resta aceitar a tua última vontade." 

As primeiras suspeitas de que a morte de Luís Aleluia poderia não ser natural aconteceram a meio da tarde de ontem quando o próprio ator deixou um enigmático post no seu Facebook, quase uma mensagem de despedida, com o título: "Façam o favor de ser felizes." Com uma fotografia sua a preto e branco, uma da mulher e outra dos dois filhos, o ator escreveu ainda: "A memória de nós são pedaços de gente no coração dos outros."

Luís Aleluia não aparentava ter qualquer problema de saúde, ainda na semana passada foi um dos padrinhos da marcha do Bairro Alto, ao lado de Sónia Brazão, e estava a gravar a novela "Festa é Festa", da TVI. 

Esta tarde, o tradicional "Alta definição" da SIC dedica-se a repetir a entrevista dirigida por Daniel Oliveira, gravada quando o ator tinha 57 anos. Nessa entrevista, há uma frase do ator que me chama mais a atenção, que é quando ele fala sobre o seu ar de tristeza constante e ele diz "eu não sou amargo perante os outros, mas sou amargo por dentro".

De uma infância difícil, vítima de violência doméstica, o ator formou um caráter trabalhador e determinado, que escondia várias dores de alma. O pai é um homem doente que está internado no Caramulo, a mãe tendo refeito a sua vida, é vítima de violência doméstica por parte do seu padrasto. Luís é ele próprio desde cedo vítima da violência deste homem de quem a mãe sente necessidade de se separar de forma a terminar com este ciclo de violência. Viveu na pobreza, sem luz em casa, sem saneamento básico e sem os mínimos básicos. Aos nove anos, fica órfão de pai, e a mãe acaba por decidir sair de casa e Luís é então colocado na Casa do Gaiato, onde cresce com valores fortes ligados ao trabalho e ao respeito pelos outros. Mais tarde, a mãe refaz a sua vida com um homem completamente diferente, e aos 16 anos, Luís é trazido de novo para o seio da família, para perto da mãe e sendo adotado pelo seu novo companheiro, "foi o homem mais feliz com quem ela viveu." A mãe, apesar de tudo, era considerada a pessoa mais importante da sua vida.

Numa outra entrevista, a Manuel Luís Goucha, na TVI, diz Luís Aleluia que tem "uma admiração muito grande pelas mulheres e homens que têm que deixar os filhos e dá-los para a adoção porque o Estado não lhes criou as condições propícias para os criarem. As crianças não deviam ser tiradas dos seus familiares. As famílias é que têm de ser apoiadas." O ator e a sua mulher, Zita, pensaram desde logo em adotar, mesmo que tivessem tido filhos biológicos (o que não foi possível). Luís e a mulher tinham dois filhos, ambos adotados.

Luís Aleluia revelou que não era o Teatro a sua meta de vida e que "queria ser advogado." O primeiro espetáculo em que participou foi "O julgamento do Lobo", no caso a fazer uma substituição.

O ator ficou célebre pela interpretação como "Menino Tonecas" na série da RTP, "As Lições do Tonecas", da década de 90. A personagem "Tonecas" foi aquela que mais se colou à sua pele, o que o próprio ator achava injusto. Apesar do sucesso da série, passou muito tempo até ter novamente trabalho. De facto, acabou mesmo por criar a sua própria produtora. Em 2012, regressa à RTP com "Bem-vindos a Beirais", em que interpretava um agente da GNR, o guarda Júlio.

Em 2020, Luís Aleluia esteve na novela ‘Golpe de Sorte’, da SIC, onde interpretou o padre Alexandre Bento, e depois participou na série de sucesso ‘Pôr do Sol’, da RTP, no ano seguinte, tendo tido ainda uma pequena participação na minissérie sobre Marco Paulo, da SIC. 

Outra frase que ele disse durante a entrevista transmitida na SIC, foi "nunca e inibam de dizer ao ator que gostam dele". Na realidade, o ator foi um dos exemplos de pessoas desta área que nem sempre foram devidamente valorizados. "Nós precisamos de ser adotados pelo público. Nós, artistas. Deem-nos colo, deem-nos abraços."

Atualmente fazia parte da direção da Casa do Artista, numa direção onde também fazem parte os atores José Raposo e Sofia Grillo, entre outros. Ainda na sexta feira de manhã tinha estado nas instalações da associação, em Carnide, onde recebeu Natalina José, transferida para lá depois de ter alta do hospital, onde deu entrada em consequência de um acidente de viação. Tinha também uma peça de teatro preparada - 'Que Bonito Serviço' - para levar ao palco no Casino Lisboa, entre 8 de setembro e 1 de outubro.

Fontes:

https://sic.pt/sic/luis-aleluia-1960-2023-viver-e-um-fosforo-e-a-genta-lixa-se-ha-encontros-e-ha-abracos-que-nao-se-devem-adiar/

https://tvi.iol.pt/noticias/luis-aleluia/o-menino-tonecas/a-minha-necessidade-de-afeto-e-de-tal-ordem-que-muitas-vezes-me-escancaro-luis-aleluia-1960-2023/20230624/6496eaeed34ea91b0aaddcb8

https://magg.sapo.pt/atualidade/artigos/luis-aleluia-despediu-se-antes-de-ser-encontrado-morto-a-mensagem-arrepiante-que-deixou-horas-antes

https://www.flash.pt/celebridades/nacional/detalhe/os-ultimos-dias-da-vida-de-luis-aleluia-a-casa-do-artista-as-marchas-e-a-novela-que-estava-a-gravar-para-a-tvi

https://www.flash.pt/celebridades/detalhe/afinal-o-que-aconteceu-ator-luis-aleluia-decidiu-partir-mais-cedo-aos-63-anos-de-idade

 

 

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publicado às 15:50

A 1 de julho de 1922, o Teatro Maria Vitória, aquele que é o mais antigo do Parque Mayer, e que ficou conhecido como a "Catedral da Revista", fez a sua primeira estreia com a peça "Lua Nova," da autoria de Ernesto Rodrigues, Félix Bermudes e João Bastos. A peça do género teatro de revista, fazia uma retrospetiva, "em jeito de piada, dos principais acontecimentos do ano anterior."

Na fachada do novo Teatro de Lisboa, o nome "Maria Vitória" imortaliza a jovem fadista e atriz de apenas 26 anos que com a sua voz forte já era um sucesso na capital e no país. A jovem, conhecida, entre outros com o "fado do 31", tornou-se uma lenda e ainda hoje é lembrada. 

"O Parque Mayer surge como uma tentativa de revitalizar as tradicionais feiras itinerantes que, no início do século XX, eram pontos de entretenimento para os lisboetas - desde a conhecida Feira de Agosto, no parque Eduardo VII, à Feira de Santos, que foi proibida em 1919 devido à instabilidade noturna."

Mas no palco do Maria Vitória não passou só revista. Ali também era "possível assistir a comédias musicadas, operetas - como “Quebra-Bilhas” (1930) e as “Lavadeiras” (1933) - ou à proclamação de poemas." Algumas das revistas com mais destaque da sua história, foram "as revistas Foot-ball e Rataplan. Nesta, contava-se a "história de Artur Alves dos Reis, um burlão que falsificava notas de 500 escudos quase impercetíveis aos olhos dos especialistas de contrafação." 

Foram muitos os nomes que se estrearam ou que passaram pelas tábuas do Maria Vitória, entre eles, Amália Rodrigues, que também ali se estreou em 1940, na revista “Ora Vai Tu." E ali conheceu "o compositor Frederico Valério." Também aqui se estreou Io Appolloni, em 1965, na revista “Sopa de Mel." Marina Mota, Carlos Cunha e Fernando Mendes também ali se lançaram.

O que fez do teatro de revista um género não só do povo, mas também de todas as classes sociais, foi desde sempre a forma como retratava a verdade do país. E também por isso, sofreu as agruras da ditadura. "Quando, a 28 de maio de 1926, o golpe de Estado liderado pelo general Gomes da Costa proclama o início da segunda República Portuguesa - mais conhecida como Estado Novo -, a revista Ás de Espadas cantou o movimento militar. A população estava habituada a revoluções constantes desde a implantação da República, em 1910, e desvalorizou a importância de mais um movimento militar."

Já calada com a "Lei da rolha" que sentiu durante a monarquia, a Revista vem então a sentir os cortes da Censura, nos seus textos. Mesmo assim, é com muita arte, que se continua a fintar muitos dos cortes do "lápis azul."

Na revista “O Banzé”, em 1939, tem disso um bom exemplo. Posta em cena logo depois da "declaração de guerra à Alemanha que daria início à II Guerra Mundial, tinha um quadro onde a “Taberna Inglesa”, o “Hotel França” e a “Casa Alemã” disputavam entre si a "anexação de um armazém." Nunca chegou a subir ao palco devido aos cortes efetuados pela censura. 

Era preciso ter um selo branco que aprovasse cada uma das páginas do guião, o que tornava o "processo de produção de uma revista" já de si complexo, ainda mais difícil e demorado. A Comissão da Censura "analisava a escrita e cortava palavras, falas ou até mesmo números inteiros. Os empresários iam buscar os guiões, apresentavam aditamentos e correções, num vai e vem que não tinha fim à vista." 

Mas também tinham vários truques para escapar aos censores. Um deles eram os "trocadilhos" que faziam parte dos textos, que com muita imaginação e inteligência, conseguiam "ludibriar os censores." Além dos truques para enganar a PIDE, no Maria Vitória havia um camarote - o cinco - que "estava sempre reservado para receber os censores ou outros representantes do Estado Novo que, para o ocuparem," precisavam de mostrar na entrada o respetivo cartão ao fiscal. Assim, se esse camarote estivesse ocupado, os atores já sabiam que a PIDE lá estava e, claro, reprimiam um pouco mais algumas piadas. Foi no teatro que se denunciou a "independência da Guiné." A revista, afinal de contas, era "uma forma de cultura expressiva, já completamente entrosada no país desde meados do século XIX" e, por isso, não era proibida.

Na madrugada de 25 de abril, o Maria Vitória era o único palco com espetáculo a decorrer no Parque. Enquanto na Rádio Renascença, a música "Grândola, Vila Morena”, de Zeca Afonso, tocava, via-se ainda no Maria Vitória a revista “Ver, Ouvir e Calar”, que tinha sido "escrita por Aníbal Nazaré, Henrique Santana e Henrique Parreirão" e que depois se passou a chamar "Ver, Ouvir e Falar" fazendo jus ao espírito revolucionário. A revista “Até Parece Mentira” foi a primeira revista criada para o palco do "Maria Vitória em tempo de liberdade."

No dia 10 de maio de 1986, um incêndio deflagrou no Maria Vitória e destruiu o teatro. A companhia do Maria Vitória continuou o seu trabalho, mas durante esse período fê-lo no teatro Maria Matos e "só regressou a casa em 1990" quando as obras terminaram e foi permida a estreia da "revista Vitória! Vitória!."

Atualmente, Hélder Freire Costa, nascido "nas Janelas Verdes," em 1941 é "o último a resistir", contando já com 55 anos no Maria Vitória. Reclama que aquela casa, está a precisar de obras, mas que já não lhe caberá a ele fazê-las.

Fontes:

https://sdistribution.impresa.pt/data/content/binaries/5e5/409/e112e0b6-7282-49bd-ad89-a46d94681ead/

https://amensagem.pt/2022/06/14/helder-freire-costa-ultimo-empresario-teatro-maria-vitoria-centenario-parque-mayer/

 

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publicado às 21:01

Parque Mayer - 100 anos de espetáculos!

por Elsa Filipe, em 15.06.22

Quem diria que hoje ainda estaria de pé! Inaugurado a 15 de junho de 1922, o Parque Mayer assistiu "de camarote" à chegada da ditadura, sofreu as agruras que se viveu no país e quase que viu os seus teatros deitados abaixo, enquanto outros pelo seu abandono iam sendo incendiados. Mas hoje, apesar de tudo, está de pé e comemora o seu primeiro centenário.

A sua história acompanha não só a da cidade de Lisboa como a de Portugal. "O Parque Mayer foi ocupar um espaço junto à Avenida da Liberdade, que pertenceu antes aos jardins e espaços adjacentes do Palácio Mayer e foi construído em 1901 por Nicola Bigaglia e pertença de Adolfo de Lima Mayer."

Funcionou ali entre 1918 e 1920 "o Club Mayer, um clube noturno de recreio e jogo." Em 1920, Artur Brandão, adquiriu o terreno e tornou-se o primeiro "promotor do espaço" mas, no ano seguinte, vendeu-o a Luís Galhardo, depois de trágico acontecimento: "a morte por afogamento de um neto do proprietário no lago que ali existia." 

Luís Galhardo era já uma "personalidade ligada ao meio teatral, que sonhava criar um espaço dedicado ao divertimento" e com alguns sócios, criou a "Sociedade Avenida Parque. Lda," em 1921. Esta Sociedade "projetou nos espaços adjacentes ao edifício do Club Mayer, um espaço de diversão noturna e um polo de atração teatral, especializado no teatro de revista." Nascia assim a génese do Parque Mayer!

Mas em plena ditadura, no ano de 1930 Luís Galhardo acaba por vender "o Club Mayer para a instalação do Consulado Geral de Espanha em Lisboa."

Apesar do que se passava no país, foram as "décadas de 30 e de 70 do séc. XX" as que mais marcaram o "apogeu do Parque Mayer, um sítio carismático de diversão", onde se podiam encontrar barraquinhas, o "circo El Dorado", combates de boxe, carrocéis, entre outros divertimentos. "O percurso político, social e cultural do país, no início dos anos 70, levou a uma renovação de autores, artistas e da própria revista à portuguesa." Esta mudança não seria possívfel sem nomes como "José Viana, Aníbal Nazaré, Francisco Nicholson e Gonçalves Preto que ousaram abordar assuntos até aí interditos."

Foi aqui que nasceram também os desfiles das marchas populares. "Em 1932, por sugestão de Leitão de Barros, realizou-se no Parque Mayer o primeiro desfile de grupos representantes dos bairros lisboetas."

Construíram-se vários teatros neste espaço. O primeiro foi" o Teatro Maria Vitória" inaugurado em 1922, e cujo nome foi uma homenagem à "atriz e fadista Maria Vitória, cuja morte (poucos anos antes) criara alguma consternação." Estreou-se naquele palco, ainda em instalações de madeira provisórias, a 1 de julho desse ano a revista “Lua nova”. Esta sala é a única que ainda continua em atividade como teatro, muito pelo caráter resiliente" do empresário Helder Freire Costa. Um grave incêndio a "10 de Maio de 1986" quase destruiu por completo este teatro e manteve-o "fechado até 1990." Nessa altura, passados quatro anos, reabriu com a peça "Vitória, Vitória", título que se referia a todo o "esforço feito para recuperar a sala de espetáculos. Já então tinham sido gastos 90 mil contos na renovação daquele espaço." A falta de subsídios, que haviam sido prometidos "por várias entidades," tardaram e dificultaram o reerguer do Maria Vitória.

A 20 de agosto de 2003, este espaço sofreu danos graves devido a um outro incêndio que consumiu muito do recheio que estava armazenado. Além do fogo em si, também a água utilizada causou avultados danos, atingindo "o palco, o fosso da orquestra, a sala de estar do público, o salão grande e escadas."

"A 8 de julho de 1926" é inaugurado o Teatro Variedades, onde estreou a revista “Pó de arroz”. Seguiram-se o Capitólio, em 1931. Em 1937, apareceu uma outra casa de espetáculo, o Teatro Recreio, "que foi edificado por iniciativa do empresário Giuseppe Bastos e esteve apenas três anos em funcionamento." E, por último, já em 1956, o novo Teatro ABC, no espaço que já tinha sido do “Alhambra” e parte do “Pavilhão Português”, estreando a revista “Haja saúde”.

Apesar de durante a época do Salazarismo, muitos quadros de revista terem sido "interditados" pela censura, a verdade é que foi nas décadas de 1960 e 1970, que se viveram os tempos mais "áureos da revista à portuguesa. Os quatro teatros do Parque Mayer rebentavam pelas costuras, com espetáculos diários, a que assistiam ilustres figuras da vida pública, ao lado do povo anónimo." Durante as "primeiras décadas, outros espetáculos chamavam multidões, como o fado, o boxe e os combates de luta livre." Estes combates muitas vezes eram ensaiados!

Em agosto de 1990, o ABC sofreu um grave incêndio, já depois de ter sofrido obras de remodelação. Na época tinha em cena a peça "Ai Cavaquinho." Encerraria definitivamente em 1997.

"Em 1999, os terrenos do Parque Mayer foram comprados pela Bragaparques por 13 milhões de euros. Em julho de 2005, a empresa permutou os terrenos por parte dos lotes municipais de Entrecampos, onde se situava a Feira Popular." Só em março de 2021, depois de uma grande batalha jurídica, "a Câmara Municipal de Lisboa vence o processo legal que a opunha à Bragaparques, resultado da disputa referente aos terrenos do Parque Mayer, e que obrigava ao pagamento de 138 milhões de euros pela autarquia à empresa."

Fontes:

https://informacoeseservicos.lisboa.pt/contactos/diretorio-da-cidade/parque-mayer

https://arquivos.rtp.pt/conteudos/incendio-no-teatro-abc/

https://www.noticiasmagazine.pt/2022/viagem-aos-100-anos-do-parque-mayer/historias/276677/

http://cvc.instituto-camoes.pt/teatro-em-portugal-espacos/parque-mayer.html

https://www.publico.pt/2003/08/21/jornal/chamas-comem-cenarios-e-recheio-do-teatro-maria-vitoria-204532

 

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publicado às 21:19

Igor Sampaio

por Elsa Filipe, em 03.09.21

Perdeu-se hoje mais um grande ator. Igor Sampaio, nome artístico de João Luís Duarte Ferreira, nasceu em Ponta Delgada, a 29 de dezembro de 1944, faleceu hoje no Hospital de S. José, em Lisboa, onde estava internado desde 31 de agosto, vitima de um AVC. Tinha 76 anos. Foi também cenógrafo, figurinista e pintor,

Começou então por trabalhar como assistente de cenografia no Teatro Monumental, sob a direção de Pinto de Campos.

Estreou-se profissionalmente em 1967. "A cabeça do Baptista", "Laço de sangue", "Sacrilégio", foram algumas das peças que representou na Casa da Comédia, entre 1970 e 1971, tendo, também assinado os figurinos e cenários. Já depois do 25 de Abril de 1974 e até 1979, Igor Sampaio integrou elencos de teatro de revista em peças como "Até parece mentira", "O bombo da Festa", "E tudo S. Bento levou" e "Rei capitão soldado ladrão".

Entre 1979 e 2001 fez parte do elenco do Teatro Nacional D. Maria II, onde entrou em peças como "As Três Irmãs", "O Judeu", "As Fúrias", "Rei Lear", entre outras.

Do currículo do ator constam ainda trabalhos com o Novo Grupo/Teatro Aberto, nos anos 1980, e, no Teatro da Trindade, já depois de 2000, em espetáculos como "A desobediência", "O dia das mentiras" ou "Os Maias no Trindade".

Nos últimos anos, trabalhava como ator no teatro A Comuna, em Lisboa. "As artimanhas de Scapin" (2020), "Os apontamentos de Trigorin" (2018) e "Play Strindberg" contam-se entre as peças da companhia dirigida por João Mota em que Igor Sampaio subiu ao palco nos últimos anos.  

Sobre o ator podemos dizer que frequentou o curso de atores do Conservatório Nacional, fez teatro de revista no Teatro Maria Vitória e fez parte do elenco fixo do Teatro Nacional D. Maria II.

Igor Sampaio foi um ator transversal, tendo feito parte do grupo de bailados "Verde Gaio" e tinha presença regular em televisão, nomeadamente em telenovelas e séries.conta ainda com uma longa carreira em telenovelas e séries televisivas, dos quais se destaca para a RTP "Mau tempo no canal", "A banqueira do povo", "A mulher do sr. ministro", "Vidas de Sal", "Ballet Rose", "O processo dos Távoras" e "Lusitana Paixão", "Velhos amigos", "A ferreirinha" e "Pai à força", entre 1970 e 2010.

Já na TVI particpipou em "Equador", "Morangos com açúcar", "Super pai", "Bons vizinhos", "Tudo por amor".  Enquanto que para a SIC integrou os elencos de "Laços de sangue", "Perfeito coração" ou "A Família Mata".

Atualmente, integrava o elenco da telenovela "Mulheres", ainda em exibição na TVI.

Fontes:

https://www.dn.pt/cultura/morreu-igor-sampaio-ator-de-pai-a-forca-e-morangos-com-acucar-14087001.html

https://www.tsf.pt/portugal/sociedade/funeral-do-ator-igor-sampaio-realiza-se-no-domingo-no-cemiterio-dos-prazeres-14089554.html

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publicado às 20:25

Cremilda Gil

por Elsa Filipe, em 07.02.19

Faleceu a atriz Cremilda Gil. a atriz de 91 anos, que vivia há muitos anos na aldeia de Malarranha, concelho de Mora, no Alentejo, nasceu nas Caldas da Rainha, a 23 de fevereiro de 1927.

A sua ligação ao teatro começou como atriz no Conjunto Cénico Caldense, nas Caldas da Rainha. Estreou-se como atriz profissional em 1959, no Teatro Nacional D. Maria II na peça "Diálogos das Carmelitas".

Em 1961, estreia-se no cinema com o filme "Raça", de Augusto Fraga. Passa por várias companhias teatrais como o Teatro Estúdio de Lisboa ou Teatro Ádóque.

Na televisão fez teleteatro; séries; telefilmes e telenovelas. Participou na primeira telenovela portuguesa Vila Faia.

Retalhos da vida de um médico, Sabadabadu, Vila Faia, Origens, A relíquia, A morgadinha dos canaviais, O Mandarim, Cinzas, As Aventuras do Camilo, A Lenda da Garça e Inspector Max são alguns dos trabalhos em que participou em televisão. 

No teatro, atuou em Madame Sans-Gêne no D. Maria II, Sinhá Eufémia e António Marinheiro, no Teatro Villaret, Pimpinela, no Monumental, em Lisboa, mais recentemente, no Teatro da Terra em A casa de Bernarda Alba e A maluquinha de Arroios.

No cinema foi dirigida por António Macedo, em Domingo à tarde, por João Botelho em Um adeus português e Aqui na Terra e por Manoel de Oliveira em A divina comédia.

Em Cruz de Ferro (1967), um dos últimos trabalhos do realizador Jorge Brum do Canto, contracenou com Octávio Matos (do qual infelizmente também dei conta aqui da morte ainda há poucos dias).

 Ao longo da sua carreira fez vários trabalhos em cinema e televisão, entre eles as famosas novelas da TVI Todo o Tempo do Mundo, em 1999, Olhos de Água, em 2001, e a série Inspetor Max, em 2005.

Entre as mulheres, um telefilme de 2012, foi o seu último trabalho em televisão.

Fontes:

https://www.dn.pt/cultura/morreu-a-atriz-cremilda-gil-10554686.html

https://www.publico.pt/2019/02/08/culturaipsilon/noticia/morreu-actriz-cremilda-gil-91-anos-1861261

https://www.delas.pt/morreu-a-atriz-cremilda-gil/atualidade/544354/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Cremilda_Gil

 

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publicado às 14:12

Octávio Matos

por Elsa Filipe, em 03.02.19

Octávio Matos, o homem que dizia ter pena de se ir embora, deixou-nos com 79 anos. O ator foi encontrado sem vida em sua casa, desconhecendo-se ainda as causas de morte. Ficou conhecido do grande público por séries como "Nico D'Obra".

Foi um dos mais famosos atores de revista da sua geração, tendo também atingido sucesso em diversos programas de humor na televisão.

Octávio Rogério da Costa Matos nasceu no Porto, a 5 de abril de 1939, no seio de uma família ligada ao teatro. Octávio Matos pisou pela primeira vez um palco, com 4 anos, onde fazia ilusionismo, ao lado do pai (considerado um dos melhores ilusionistas do mundo). Em teatro, Octávio Matos estreou-se nos palcos aos 17 anos, também ao lado do pai em Abril de 1956, no Teatro Nacional de Luanda, em África, no registo de comédia.

Do ABC ao Maria Vitória, o seu nome fica associado a uma série de marcos na história da Revista à Portuguesa. Remonta a 1965, a sua estreia no cinema, com “O Parque das Ilusões”, de Perdigão Queiroga, e se a relação com a sétima arte não ficaria por aqui, é através da televisão que reforça o seu vínculo com o grande público, quase sempre através do registo cómico.

Na RTP, Octávio Matos começou por fazer Teleteatro. Entre várias peças, protagonizou “Uma Bomba Chamada Etelvina”, em 1988. Mas muito antes disso, na década de 70, já tinha entrado no “Álbum da Feira”, onde o vemos a contracenar com Ivone Silva. Foi a Londres ver a peça "Sexo nunca, somo britânicos", para depois a executar de forma brilhante em Portugal.

No cinema, Octávio Matos fez um brilharete com o filme “Cruz de Ferro”, onde ganhou todos os prémios que havia para ganhar. Depois disso e apesar de todos os prémios, ficou sete anos sem filmar.

Em 2000, protagoniza, juntamente com Guilherme Leite e Carlos Areia, a série cómica “Bacalhau com Todos” e participa na série “Camilo, o Pendura” (2002). 

Também para a RTP, Octávio Matos entrou nas telenovelas “Primeiro Amor” (1996), “Terra Mãe” (1998) e “Ajuste de Contas” (2000).

O ator recebeu a medalha de mérito, em 2007, pela Câmara Municipal de Lisboa, e deixa, na memória de todos os portugueses, uma carreira notável, que passou pelos palcos do teatro e pelos três canais generalistas. 

O curriculum inclui também outras séries como “Eu Show Nico”, “Nico D’Obra”, “Nós os Ricos”, "Os Batanetes" e “O Prédio do Vasco”.

Em 2016, emprestava a sua voz a uma das personagens de “O Panda do Kung Fu 3”. Estreou o espetáculo "Quem é o Jeremias?" no teatro Vilarett, uma comédia escrita e encenada por Isabel da Mata (substituída depois por Paula Marcelo).

Fontes:

https://observador.pt/2019/02/03/morreu-o-ator-octavio-de-matos/

https://media.rtp.pt/agoranos/artigos/recordar-carreira-octavio-matos

 

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publicado às 13:10


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