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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
Faleceu hoje o conhecido cantor Marco Paulo, aos 79 anos, após uma luta inglória contra o cancro, uma doença que continua a matar de forma indiscriminada apesar de todos os avanços que a medicina tem tido.
João Simão da Silva, nasceu a 21 de Janeiro de 1945, em Mourão, "no distrito de Évora, fixando-se com a família em Alenquer, no distrito de Lisboa, no final dos anos 1950, e depois no Barreiro, já na década de 1960." Marco Paulo - ou, como em menino era conhecido - João Silva, tinha uma relação de afeto e "cumplicidade com os irmãos," mas do pai, um homem austero, recebeu "pouco carinho."
A sua carreira foi sempre seguida por milhares de fãs, tendo o cantor lançado "mais de 70 discos e várias canções de sucesso" ao longo de 50 anos de carreira.
A sua estreia foi nas festas de Alenquer a cantar a "Campanera" de Joselito. Com 14 anos, "entra para o rancho folclórico de Alenquer onde esteve dois anos como cantor até ir viver para o Barreiro."
Devido à profissão do pai, que obrigava a várias deslocações chegou a viver também em "Celorico de Basto, Alcabideche, Alenquer e Arcos de Valdevez," bem como no Barreiro ou em Sintra.
É a fadista"Cidália Meireles," que o vem a descobrir, já no Lavradio, onde o jovem João Simão frequentava "aulas de canto com Corina Freire," cantora lírica. Cidália Meireles levou-o ao seu programa e, as portas abriram-se para que participasse "pela primeira vez no Festival da Canção da Figueira da Foz." Esta participação fez com que fosse visto e fosse "convidado por Mário Martins, da editora Valentim Carvalho, para gravar o seu primeiro disco."
Em 1967, participou no Festival RTP da Canção com "Sou Tão Feliz", depois do que foi para a Madeira onde cantou "com Madalena Iglésias," e em 1982 voltou ao festival para interpretar “É o Fim do Mundo”, de João Henrique e Fernando Guerra.
Marco Paulo, fez a tropa "em Beja, Leiria e Estremoz", mas com a guerra colonial ainda decorrer foi enviado para a Guiné, onde a sua estadia foi um pouco diferente da da maioria dos jovens que para lá iam. Apesar de lhe terem dado uma Mauzer, era no escritório que passava a maior parte do tempo. O seu principal problema, se é que assim se poderia chamar, era andar sempre distraído em cantorias. Durante uma brincadeira, um colega atingiu-o na cabeça com uma pressão de ar e o chumbo nunca chegou a ser retirado. Durante o tempo que esteve na Guiné, ficou sempre na cidade e nunca chegou a estar no mato, onde a situação era muito mais complicada. "Cantava nos aniversários" dos camaradas e animava as festas para que o convidavam por já ter discos seus a passar "na rádio."
Marco Paulo ganho vários prémios, entre os quais, "em 1978, conquistou o seu primeiro disco de ouro com o single “Canção Proibida/Ninguém Ninguém”, com 85 mil cópias vendidas." Em 1979 ganhou o "disco de ouro com “Mulher Sentimental” e, em 1980, com o êxito “Eu Tenho Dois Amores”, versão de “Petra”, do grego Giorgos Hatzinasios, com 195 mil discos vendidos."
O cantor ganhou ainda "140 discos de platina, ouro e prata, tendo vendido mais de cinco milhões de discos e sendo o quinto cantor nacional com mais discos vendidos de que há registo."
É ainda "o único cantor português com um disco de diamante," que venceu com a canção “Maravilhoso Coração”.
Entre muitos outros discos, editou em 2001, o disco "35 Anos da Nossa Música", onde podíamos ouvir temas como "Nossa Senhora", "Te Amo, Te Amo" e "Amália A Nossa Voz."
Foi também apresentador, num programa que passava ao domingo à noite na RTP 1: “Eu Tenho Dois Amores," (1994-1995). Dois anos depois e ainda na RTP, apresentou o programa “Música no Coração”, onde fazia entrevistas a convidados ligados ao meio musical e artístico.
Foi em 1996 que o diagnóstico do primeiro cancro chegou, localizado no "testículo direito."
Corria já o ano de 2016, quando Marco Paulo "tornou público que lhe fora diagnosticado cancro da mama e que seria submetido a tratamentos. No final desse ano, revelou que o seu estado de saúde se tinha agravado com o diagnóstico de um tumor pulmonar." No mesmo ano, o cantor foi galardoado com "o Prémio de Mérito e Excelência na XXI Gala dos Globos de Ouro." Em 2022, foi "condecorado pelo presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa", com a "distinção de Comendador da Ordem Infante D. Henrique, numa cerimónia que decorreu no Palácio de Belém, em Lisboa."
Já na SIC, estreia em "junho de 2021," o programa “Alô Marco Paulo”, onde Ana Marques co-apresentava com o artista. O programa, que "começou por ser transmitido nas tardes de sábado da SIC," passou em abril de 2022 para as manhãs de fim de semana. Em 2022, "quando era atualizado sobre o estado do tumor pulmonar, descobriu o cancro no fígado."
Já em janeiro de 2023, a Sica lança na plataforma Opto, uma série biográfica que descreve com vários pormenores a vida do cantor, “Marco Paulo: A História da Minha Vida."
Desde junho deste ano, tinha estado a ser "transmitida uma emissão especial"com o título, “Força, Marco Paulo”,que tinha como principal intuito apoiar o cantor, já visivelmente debilitado, na"luta contra dois cancros," tendo o cantor sido informado pelos médicos de "que os tratamentos de quimioterapia seriam suspensos por não estarem a resultar." Em resultado disso, "o cantor encontrava-se em repouso em casa."
Em maio do presente ano, foi-lhe feita uma bonita homenagem, como todas deveriam ser, ainda em vida, no espetáculo “Para Sempre Marco." O cantor cantou o refrão de “Maravilhoso Coração”, deixando ainda uma mensagem emotiva. Da sua vida privada, o cantor manteve quase sempre segredo.
Fontes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Marco_Paulo
Faleceu o ceramista e pintor português, Manuel Cargaleiro.
Nasceu em Chão das Servas, Vila Velha de Ródão, a 16 de março de 1927. Em 1928, foi morar "na Quinta da Silveira de Baixo, no Monte da Caparica" e é em 1939 que dá inícia aos seus "estudos no Instituto Secundário de Lisboa." As suas primeiras experiências com a modelação de barro, ocorreram "na olaria de José Trindade,"enquanto esteve no Monte da Caparica.
Mais tarde, inscreve-se em Lisboa, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, "no curso de Geografia e Ciências Naturais, que mais tarde abandona para se dedicar exclusivamente às Artes Plásticas." As suas obras foram expostas pela primeira vez na Primeira Exposição Anual de Cerâmica”, na Sala de Exposições do Secretariado Nacional da Informação, Cultura Popular e Turismo (SNI), no Palácio Foz, em Lisboa. "Um ano mais tarde, organizou com a Comissão Municipal de Turismo de Almada o I Salão de Artes Plásticas da Caparica. A primeira exposição em nome próprio foi feita em 1952, na Sala de Exposições do SNI." Em 1953, fez a sua "primeira exposição de pintura, no Salão da Jovem Pintura, na Galeria de Março, em Lisboa. Um ano mais tarde, apresenta a exposição individual Cerâmicas de Manuel Cargaleiro."
Em 1954, começa a dedicar-se ao ensino das artes, trabalhando por quatro anos "como professor de cerâmica na Escola de Artes Decorativas António Arroio, em Lisboa." Também em 1954, Cargaleiro vai pela primeira vez a Paris, onde acaba por conhecer "Maria Helena Vieira da Silva, Arpad Szènes e Roger Bissière."
Ainda durante a década de 50, "o artista plástico dirige os trabalho de passagem para cerâmica das estações da Via Sacra do Santuário de Nossa Senhora de Fátima. Em 1955, faz também a primeira participação numa exposição coletiva internacional dedicada à cerâmica, no I Festival International de Céramique, em Cannes, França." É da sua autoria "o painel de azulejos para a fachada da nova igreja de Moscavide."
Em 1957, torna-se mais reconhecido e recebe "uma bolsa do governo italiano, através do Instituto de Alta Cultura. Estuda a arte da cerâmica em Faença, com Giuseppe Liverani, Roma e Florença. É também nesse ano que se fixa em Paris, em França."
Foi um dos "primeiros bolseiros da Fundação Calouste Gulbenkian, fazendo um estágio na Faïencerie de Gien, sob a orientação de Roger Bernard." Colabora em "várias exposições individuais e coletivas" em países como "França, Brasil, Japão, Alemanha, Itália, Angola, Moçambique, Espanha, Venezuela, Suíça ou Bélgica." Organiza em 1965, na "Galeria Gravura, em Lisboa, a exposição 12 Artistas de Paris: Gravuras da Colecção Manuel Cargaleiro."
"Em 1974, quando se comemoram 25 anos do trabalho artístico do Mestre Cargaleiro, é editada uma medalha do escultor Lagoa Henriques."
"Em 1980, volta às exposições individuais, primeiro, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e depois em Paris e Reims."
"Em 1984, o seu nome é dado à Escola Secundária Manuel Cargaleiro, no concelho do Seixal, que tem em destaque um painel de azulejos do artista plástico." Mais tarde seria erguido também no Seixal, mais precisamente na Quinta da Fidalga, "a Oficina de Artes Manuel Cargaleiro." Este foi "um projeto arquitetónico da autoria de Álvaro Siza Vieira que se carateriza por uma articulação harmoniosa entre os diferentes elementos arquitetónicos e os espaços envolventes.
Nos anos 90, "a arte de Manuel Cargaleiro" extende-se a diversos locais públicos em Portugal e França, como a "estação de Metro do Rato, em Lisboa," ou a "estação de metro dos Campos Elísios," em Clemenceau. Em 1990 foi fundada, em Castelo Branco, a Fundação Manuel Cargaleiro.
Foi-lhe atribuído o "primeiro prémio no concurso internacional Viaggio attraverso la Ceramica, em Vietri sul Mare, na província de Salerno. Em 2004, foi inaugurado em Itália o Museo Artistico Industriale di Ceramica Manuel Cargaleiro." Em 2014, seria erguido também no Seixal, mais precisamente na Quinta da Fidalga, "a Oficina de Artes Manuel Cargaleiro." Este foi "um projeto arquitetónico da autoria de Álvaro Siza Vieira que se carateriza por uma articulação harmoniosa entre os diferentes elementos arquitetónicos e os espaços envolventes." Em 2015, "recebe o Prémio Obra de Vida do projeto SOS Azulejo, dedicado à salvaguarda e valorização do património azulejar português e coordenado pelo Museu da Polícia Judiciária.
Em 2016, vê ser inaugurado em Portugal, "o Museu Cargaleiro, que resulta de uma parceria entre a fundação em nome do artista e a Câmara Municipal de Castelo Branco. Em 2011, o museu foi ampliado para acolher e expor toda a obra da fundação." Em 2017 foi condecorado "com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique. Em 2019, o artista português foi agraciado em "com a Medalha de Mérito Cultural pelo então primeiro-ministro António Costa e pela ministra da Cultura da altura, Graça Fonseca. Recebeu também a Medalha Grand Vermeil, atribuída pela presidente de Câmara de Paris Anne Hidalgo." Em 2022, Cargaleiro recebeu o "título honoris causa, atribuído pela Universidade da Beira Interior e no ano seguinte, é condecorado "com a Grã-Cruz da Ordem de Camões."
Cargaleiro faleceu hoje aos 97 anos.
O mestre Cargaleiro ficou reconhecido pelas suas obras que deixou "em igrejas, jardins ou estações de metro e em inúmeras peças tão geométricas e cromáticas como as de outros artistas cosmopolitas que viveram em Portugal”. Muito mais havia a falar desde grande artista. A sua obra predurará.
Fontes:
https://observador.pt/2024/06/30/morreu-ceramista-e-pintor-manuel-cargaleiro-tinha-97-anos/
https://www.cm-seixal.pt/equipamento/oficina-de-artes-manuel-cargaleiro
Mais do que deputada, Odete Santos foi advogada e uma acérrima defensora dos direitos das mulheres. Faleceu com 82 anos, mas deixa como marca o seu trabalho na Assembleia da República e na autarquia de Setúbal.
Nascida em 26 de Abril de 1941, na freguesia de Pêga, concelho da Guarda, Maria Odete Santos mostrou desde logo o seu interesse pela atividade política em 1961, participando nos movimentos associativos estudantis. Foi ainda na faculdade de Direito da Universidade de Lisboa que Odete Santos teve o primeiro contacto com o Partido Comunista Português, ao qual viria a aderir após o 25 de Abril de 1974.
Entre 1980 e 2007 foi deputada à Assembleia da República entre 1980 e 2007, tendo exercido também vários cargos a nível partidário e autárquico, em Setúbal. Em 1980, também se juntou ao primeiro Conselho Nacional do Movimento Democrático de Mulheres.
Odete Santos foi a principal voz do PCP na defesa da despenalização do aborto, em 1984, quando foi aprovada a primeira lei, em 1998, no primeiro referendo e em 2007, quando ganhou o 'sim'. No parlamento, dedicou-se às áreas do direito do Trabalho, Assuntos Constitucionais e direitos das mulheres, tendo sido agraciada com a Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.
"Odete Santos destacou-se pelo seu compromisso com os trabalhadores e o povo, com uma particular ligação com a juventude, afirmando a sua notável capacidade, profundidade de análise, solidariedade, dedicação, frontalidade, coragem e força de intervenção", enaltece o PCP, recordando também a sua intervenção pela igualdade e a emancipação da mulher.
Escreveu vários livros, entre os quais “Em Maio há cerejas” e “A Bruxa Hipátia – o cérebro tem sexo?” Além do âmbito político, foi também presença regular em programas de televisão, desde debates políticos a programas de entretenimento.
Apaixonada pelo teatro amador, a antiga deputada estreou-se nos palcos em 1966. Voltaria a participar numa peça em 1991, e, em 1999, protagonizou "Quem tem medo de Virgínia Woolf" numa encenação do Teatro Animação de Setúbal. Subiu também ao palco do Maria Vitória, em Lisboa, onde interpretou adaptações de Gil Vicente e de Moliére, ainda que em regime amador. Em 2004 aceitou um convite para participar desta vez numa revista, "Arre Potter Qu'É Demais", no teatro Maria Vitória.
Fontes:
https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/morreu-odete-santos-deputada-do-pcp
Quando falamos num conflito como o que afeta o Sudão, a última coisa de que nos vamos lembrar é de arte. Será? Hoje senti um pequeno aperto ao ler esta notícia do Observador, em que o dono da Downtown Gallery, afirma (em declarações prestadas à Agência Lusa), que não era da guerra que pensava que ia falar quando esta exposição começou a ser preparada com a Brotéria, em Lisboa, há mais de um ano. As obras de arte, que entretanto vieram para Portugal, acabaram por ser as poucas que escaparam ao conflito que afeta o país.
Rahiem Shadad, sudanês e um dos curadores da exposição, fala da violência nas ruas e refere que as três dezenas de obras, de nove artistas sudaneses que entretanto fugiram para o Egito, para Espanha, ou para regiões do Sudão mais afastadas das zonas de combate, são, nalguns casos, as poucas que restaram do trabalho que estes desenvolveram nos últimos anos. A destruição não poupa museus, galerias de arte, ateliers ou escolas.
Rahiem Shadad, dono de uma galeria no bairro que reunia a maior parte delas e dos ateliers de artistas em Cartum, foi uma das muitas pessoas que não conseguiu ainda regressar à sua terra. Rahiem, saiu do Sudão com a família no final de março para o que, pensava serem apenas duas semanas de férias no Egito, mas a guerra começou e não puderam voltar, permanecendo até agora no Cairo.
Depois de Lisboa, estas obras que escaparam à guerra no Sudão vão estar em Berlim, em novembro, e o objetivo para já é que passem também pelo menos por Madrid e Paris.
Falando aqui de outros conflitos (poderia ir muito mais atrás à Primeira ou à Segunda Guerras Mundiais) a realidade, seja qual for a zona do mundo, é a mesma. Não é a arte a primeira a ser protegida (como é óbvio, o foco está na vida humana e nos bens essenciais), e por isso muito se tem perdido pelo mundo pela destruição deliberada ou "acidental" de museus e galerias. Logo dois dias depois do início da invasão da Ucrânia, foi divulgada a destruição do Museu Ivankiv, situado na região metropolitana de Kiev. Aqui terão sido destruídas 25 obras de uma das principais artistas ucranianas, Maria Prymachenko. As suas obras, exuberantes nas cores e formas, retratavam a história e o quotidiano do país e do folclore, em pinturas, desenhos, cerâmicas e bordados.
Entretanto, os bombardeamentos russos já destruíram, total ou parcialmente, outros locais de elevada importância cultural, como o Museu de Arte em Kharkiv, com mais de 25.000 obras de arte. Ocorreram também já bombardeamentos próximos do memorial do Holocausto Babi Yar, em Kiev, local onde, em 1941, mais de 34 mil judeus foram fuzilados pelos nazis em apenas dois dias. O que se pode fazer para preservar a história de um país representado pela sua herança cultural e pelos seus artistas?
Efetivamente, o património cultural material do mundo é uma herança comum que marca a identidade e constitui uma inspiração para toda a humanidade, tendo o poder de nos unir e de promover a paz.
Infelizmente, as guerras procuram apagar a identidade, a consciência coletiva e a memória cultural de um povo através da destruição de obras de arte. Procurando evitar que isso aconteça na Ucrânia, os funcionários do Museu Nacional Andrey Sheptytsky, o maior museu de arte deste país, localizado em Lviv, próximo da fronteira com a Polónia, embrulharam e retiraram já obras deste museu, para protegê-las.
Em 1954, depois da Segunda Guerra Mundial, foi criada na Convenção de Haia o “Escudo Azul” que procurava a proteção de bens culturais em situações de guerra. No artigo 53º da Convenção de Haia para a Proteção da Propriedade Cultural no Caso de Conflito Armado está explicito que são proibidos “quaisquer atos de hostilidade dirigidos contra monumentos históricos, obras de arte ou locais de culto que constituam património cultural ou espiritual dos povos”, sob pena de serem considerados crimes de guerra.
Infelizmente, isso parece nunca ser cumprido.
Fontes:
https://observador.pt/2023/06/29/sudao-ha-arte-que-escapou-a-guerra-e-pode-ser-vista-em-lisboa/
JESUS, Saúl Neves - https://postal.pt/edicaopapel/como-sao-tratadas-as-obras-de-arte-durante-a-guerra/
Mimicat é a vencedora deste ano do Festival RTP da Canção, com "Ai coração", uma música alegre, divertida, com sonoridades da música tradicional portuguesa misturadas, misturadas com ritmos latinos e pop music.
Performer, intérprete e compositora desde muito jovem, Mimicat, o alter ego de Marisa Isabel Lopes Mena, nascida há 38 anos em Coimbra, surgiu em 2014, depois de uma muito aguardada revelação de uma cantora que gravou o primeiro disco aos 9 anos. Com uma voz quente e forte, característica da soul-pop anglo-saxónica, edita em 2014 o seu primeiro álbum como Mimicat, intitulado For You, que teve como primeiro single o tema Tell Me Why. De 2015 a 2016 passou por alguns dos maiores palcos portugueses (Festa do Avante, Sol da Caparica, Edp Cool Jazz, Meo Marés Vivas, Culturgest, entre outros) e fez a sua estreia internacional com concertos no Brasil. Num registo pop sem nunca perder a força e o carisma que a caracterizam, lançou em 2017 o álbum Back in Town.
Em 2019, Mimicat lança a sua primeira canção em português, Até ao Fim, uma homenagem aos 50 anos de amor dos seus pais, e que surgiu durante a sua gravidez. Depois da paragem para o primeiro filho, regressou em 2021 com o single Tudo ao Ar. No ano passado, apresentou o novo single em português Mundo ao Contrário.
Participou, com apenas 15 anos e com o nome artístico de Izamena, na 3ª semifinal do Festival RTP da Canção 2001 com a canção "Mundo Colorido", mas não conseguiu nesse ano a passagem à final.
Segundo a própria, a Mimicat é "uma Marisa um bocadinho mais vaidosa, um bocadinho mais atrevida. É aquilo que a Marisa não pode ser no dia-a-dia, quando vai na rua". O pseudónimo soou-lhe bem no primeiro instante. Afinal, já há muitos anos que era chamada de Mimi pela família. Bastou juntar Cat à alcunha, para dar um toque mais pessoal ao nome.
A inspiração para escrever as canções e para escolher a sua sonoridade, provém de músicos como Ella Fitzgerald, Jill Scott ou Ray Charles. com uma clara preferência por músicos que vão desde os anos 30/40 até aos anos 70.
Mimicat aposta forte na imagem, no realce da beleza feminina.
O Festival RTP da Canção 2023 foi o 57º Festival RTP da Canção. A primeira semifinal teve lugar no dia 25 de fevereiro e a segunda no dia 4 de março, nos estúdios da RTP, em Lisboa. A final foi disputada no dia 11 de março, também nos estúdios da RTP.
A RTP convidou 15 compositores para que apresentassem uma canção original e inédita, sendo estes os responsáveis por definir os respetivos intérpretes para as suas canções.
As restantes cinco vagas de compositores resultaram da abertura a candidaturas espontâneas de canções originais e inéditas com uma duração máxima de três minutos. Aqui, puderam concorrer todos os cidadãos de nacionalidade portuguesa ou residentes em Portugal, tivessem ou não trabalhos publicados, o que inclui os portugueses que vivam fora do país, assim como os cidadãos dos PALOP ou de outras nacionalidades que residam em Portugal.
Foi constituído um júri para as avaliar, sendo os concorrentes vencedores convidados a apresentá-las a concurso nesta edição. Segundo as regras, cada canção tem a duração máxima de 3 minutos, podendo ser apresentada em português ou numa outra qualquer língua estrangeira.
Fontes:
https://media.rtp.pt/festivaldacancao/autores/mimicat/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mimicat
https://pt.wikipedia.org/wiki/Festival_RTP_da_Can%C3%A7%C3%A3o_2023
Nascida a 22 de Fevereiro de 1948, com o nome Teolinda Joaquina de Sousa Lança na localidade de Beringel em Beja, Linda de Suza emigrou em 1970 para França em busca de uma vida melhor e com mais liberdade pelo que se percebe na história que conta no seu livro "A mala de cartão" (1984).
No seu livro, diz ter fugido de Portugal, por não sentir aceitação, era então considerado errado uma mulher ter filhos sendo solteira, revelando o que se passava num país com um regime fechado e de uma familia com ideias retrógadas e tirânicas. O livro teve bastante sucesso na altura teno sido vendidos cerca de dois milhões de exemplares.
Em 1988, a cantora que fazia de França a sua casa e que animava os emigrantes saudosos de Portugal, viu a sua história ser adaptada à televisão numa minissérie intitulada "Mala de Cartão".
Linda de Suza estreou-se como cantora num restaurante localizado em Saint-Odein, a norte de Paris, chamado Chez Loisette, onde foi descoberta pelo compositor André Pascal (1932-2001) que a apresentou, posteriormente, ao compositor Alex Alstone (1903-1982). Pouco tempo depois, a cantora teve a sua primeira apresentação na televisão, entrando no programa Rendez-Vous du Dimanche, de Michel Drucker, onde interpretou a canção Un Portugais (Vine Buggy/Alex Alstone), cujas vendas do ‘single’ atingiram em França, o cobiçado Disco de Platina. Corria 1979.
Com uma vida difícil, tal como a de todos os emigrantes que fizeram a sua vida longe de casa, procurando manter as suas raízes, Linda de Suza passou por contratempos pessoais que foram muito badaladas nos media: no ano de 2010, tornou públicas as suas dificuldades financeiras, acusando o companheiro de lhe roubar a identidade; nessa alturou, afirmou viver com dificuldades, ganhando apenas cerca de 400 euros por mês. No entanto, conseguiu voltar aos palcos atéfazer algumas digressões entre 2014 e 2017.
Em 2020, apresentou um novo projeto, "Postais de Portugal", com o qual preparava nova digressão que a pandemia de covid-19 obrigou a cancelar.
Linda morreu hoje com 74 anos. Estava internada em Gisors, França, com diagnóstico de insuficiência respiratória, provocada por Covid 19.
Fontes:
https://pt.euronews.com/2022/12/28/linda-de-suza-morre-aos-74-anos-o-duro-percurso-da-mala-de-cartao
https://www.rtp.pt/noticias/cultura/aos-74-anos-morreu-linda-de-suza_n1456381
A vida termina num sopro. Depois de uma tarde animada, a trabalhar em Castanheira de Pera, Cláudia entra no carro e segue em direção ao Algarve. A viagem termina abruptamente na zona de Álcácer, onde em plena A2 é abalroada por outra viatura, quando, aparentemente, estaria parada na berma, após sinalizar a viatura e regressar ao seu interior.
Não sabemos o que se terá passado, mas a vida desta cantora de apenas 40 anos, foi-lhe roubada num segundo. Parada no local errado, à hora errada.
Cláudia nasceu em Faro em 1982 e a sua carreira como artista começou em 1995 com apenas 13 anos, com o seu primeiro álbum, "Dizias Tu, Pensava Eu". Em 1998 lançou o disco "Pensei Com o Coração", e no mesmo ano a artista participou na coletânea "De mãos dadas". Foi no ano de 1999 que obteve o seu maior sucesso apresentando o tema "Preciso de um Herói".
Já em 2001 lança o seu 4.º disco, de nome "Meu Sonho Azul", que voltou a ter mais um grande sucesso na sua carreira, com o tema "Não vou voltar a chorar".
Em 2002 num outro formato a artista arrisca participar na segunda edição do Big Brother Famosos.
No ano de 2005 surgiu "Preto no Branco" e em 2009 a cantora voltou a surgir no mercado com o álbum "Quem és tu". Em 2010 participou no Festival RTP da canção, pelas mãos de produção do compositor Jordi Cubino, com o tema "Contra Tudo e Todos", tendo passado até às semi-finais.
Claudisabel tinha sido vítima de um aparatoso e grave acidente de viação em 2019, quando uma viatura não respeitou um sinal vermelho. Deste resultaram consequências graves, tendo ficado com uma lesão na coluna que lhe provocou duas hérnias e uma compressão cervical que lhe tornva difíceis alguns movimentos. Ficou ainda com uma lesão na vista, uma perda de visão significativa e uma pressão ocular muito elevada.
Regressa aos discos em 2020, com uma abordagem diferente, um estilo musical totalmente renovado e uma imagem marcante, com o seu single "Condenada".
Nestes momentos tão duros, não podem haver palavras que confortem a família e os amigos - e ela parecia ter tantos a gostar dela, como se vê agora nas redes sociais. Cada dia é uma dádiva que nos pode ser retirada a qualquer momento e somos um grão de areia neste universo.
Fontes:
https://www.dn.pt/cultura/cantora-claudisabel-morre-em-acidente-na-a2-tinha-40-anos-15513455.html
Infelizmente, as notícias desta sexta-feira, deram conta do falecimento do ator Orlando Costa com 73 anos.
Orlando Costa, conhecido também do grande público pela sua participação em séries e em novelas nacionais, nasceu em Braga, a 24 de dezembro de 1948.
Em 1969, Orlando Costa, estreou-se como profissional no Teatro Experimental de Cascais, com a peça "Um Chapéu de Palha de Itália", tendo-se destacado no percurso que fez na televisão com o icónico papel que interpretou na série "Zé Gato", corria o ano de 1979, na RTP.
Na década de 70, o ator estreou-se no cinema, onde se deu a conhecer em várias produções como por exemplo "Jogo de Mão" (1982), "Amor e Dedinhos de Pé" (1993) ou em "Sapatos Pretos" (1998).
Em 1973, foi também fundador do Teatro da Cornucópia, com Luís Miguel Cintra e Jorge Silva Melo.
Na televisão, trabalhou com todos os canais e entre vários trabalhos que fez, destaca-se a sua participação em "Duarte e Companhia" (1985) na RTP, "Desencontros" (1995), "Polícias" (1996), "Ballet Rose"(1998), "O Fura-Vidas" (1999), "Esquadra de Polícia" (1999), "Capitão Roby" (2000), "Olhos de Água", "Conta-me como foi", "Inspetor Max" (TVI), "Morangos com Açúcar" (TVI), "Os Filhos do Rock" e claro, fez parte da maravilhosa equipa de "Malucos do Riso" (2001) na SIC e em "João semana" (2005)
Em 2007 integrou o elenco de Hamlet de Shakespeare, numa encenação de André Gago, que o levou a percorrer o país.
Ultimamente, participou na SIC em "Amor Amor" e "Por Ti", onde era o sargento Silva. Era uma pessoa muito ativa e querida dos seus colegas e do público que o gostava de ver trabalhar. Uma grande perda que deixa mais pobre o nosso teatro e televisão.
Fontes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Orlando_Costa
Faleceu a pintora Paula Rego, com 87 anos, na sua casa em Londres onde estava acompanhada da família.
Nascida em Lisboa, no dia 26 de janeiro de 1935, a pintora dividiu sempre opiniões em relação à sua obra. O que não podemos deixar de dizer é que usava a arte para fazer valer os seus valores contra a opressão, o que muitas vezes fazia com que uns a admirassem e outros a odiassem. Uma dessas coleções foi "Aborto", tendo sido se calhar a que recentemente mais impacto político e social teve em Portugal, produzida durante a campanha pela despenalização deste procedimento no nosso país.
Paula Rego começou a desenhar ainda criança, partindo das ideias das histórias que lhe contavam e daquilo que via e imaginava. Cedo lhe reconheceram talento e os seus professores (na St. Julian´s School, em Carcavelos) ajudaram a que fosse possível ir para Londres apenas com 17 anos, para estudar na Slade School of Fine Art.
Em 1975, conseguiu uma bolsa atribuída pela Fundação Calouste Gulbenkian para poder fazer pesquisa sobre contos infantis.
Seria em Londres que viria a conhecer o artista inglês Victor Willing, que viria a ser seu marido. Mais tarde, em Cascais, Paula Rego exibiu por várias vezes na Casa das Histórias a obra deste conhecido artista que faleceu vítima de esclerose múltipla. É também na Casa das Histórias que está uma grande parte do acervo das suas obras.
Na pintura, Paula Rego destaca-se então pelas imagens típicas da infância, por vezes até consideradas fetichistas ou mesmo traumáticas. Podemos dizer que se relacionam ou que exemplificam cenas de violência. Os animais são frequentemente os protagonistas da sua linguagem artística, mas representa também outros temas como as mulheres ou o abuso do poder.
A artista recebeu vários prémios, tais como o Prémio Turner em 1989 (atribuído normalmente a artistas britânicos), o Grande Prémio Amadeo de Souza-Cardoso em 2013, a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada em 2004. No ano de 2010, Paula Rego foi galardoada com a Ordem do Império Britânico com o grau de Oficial, pela sua contribuição para as artes, das mãos da Rainha Isabel II. Em 2016, recebeu também a Medalha de Honra da Cidade de Lisboa.
Fontes:
https://www.dn.pt/cultura/morreu-a-pintora-paula-rego-tinha-87-anos-14925493.html
https://www.museu.presidencia.pt/pt/visitar/museu-da-presidencia-da-republica/exposicao-permanente/galeria-dos-retratos/pintores/paula-rego/#
A grande final da Eurovisão realizou-se ontem em Turim, Itália. A Ucrânia, com a canção "Stefania", da Kalush Orchestra, é a grande vencedora do Festival da Eurovisão 2022. Esta é a terceira vitória da Ucrânia neste evento e desde logo se assumiu como a grande favorita desta edição. É a primeira vitória na Eurovisão de uma canção com componente hip-hop.
"Saudade, Saudade", na voz de Maro, de 27 anos, conseguiu o nono lugar, igualando a classificação de Tonicha, em 1971, com "Menina" e de Manuela Bravo em 1979, com "Sobe, Sobe, Balão Sobe". De recordar que Portugal participa no concurso europeu desde 1964, tendo vencido pela primeira e única vez em 2017 com o tema “Amar pelos Dois”. Salvador Sobral continua a ser o vencedor com a maior pontuação de sempre na Eurovisão (758 pontos).
Fontes:
https://expresso.pt/blitz/2022-05-14-Ucrania-e-a-vencedora-do-Festival-da-Eurovisao-2022-9be4766b
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