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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
A primeira reação é pensar porque é que estão outra vez a falar de atentados em mercados de natal, para depois me aperceber que, infelizmente, a situação se voltou a repetir. Esta sexta-feira, várias pessoas passeavam pelo mercado de natal de "Magdeburgo, no leste da Alemanha, quando uma viatura avançou sobre adultos e crianças. Há a registar pelo menos 5 mortos, um dos quais "uma criança. Há ainda a registar mais de 200 feridos, vários deles em estado grave."
Passaram-se 30 anos, mas ninguém pode esquecer o massacre que aconteceu no dia 7 de abril de 1994 no Ruanda. Lembro-me vagamente de ouvir algumas coisas sobre isto, mas na altura eu tinha apenas 10 anos e, claro, os blocos noticiosos muito mais fechados naquela época, não nos traziam as notícias como no-las trazem hoje.
Há 30 anos, o Ruanda estava em plena guerra civil. "O Ruanda e o Burundi são dois pequenos países africanos que viviam em permanente tensão desde a sua independência, na década de 50. Essa tensão decorria precisamente do conflito entre a maioria Hutu e a minoria Tutsi."
"No Ruanda, as raízes desta hostilidade remontam ao período colonial." Esta região foi colonizada primeiro pela Alemanha mas, posteriormente, passou para a administração da Bélgica, que "favoreceu a rivalidade entre os dois grupos e promoveu a supremacia da minoria Tutsi." Já os Hutus, mesmo sendo 85% da população, não tinham acesso à mesma educação, nem às mesmas oportunidades que eram dadas aos Tutsis. A raiva contra os Tutsis cresceu e deu origem à segregação em vastos campos de refugiados que se perdiam de vista. O gatilho, já bastante tenso, foi puxado quando o avião onde seguia o presidente Hutu foi abatido e os rebeldes Tutsis considerados culpados pela sua morte.
O genocídio não se fez esperar. Milhares de pessoas foram mortas de forma bárbara. O exército Hutu fechava as estradas e entrava nas casas dizimando todos os que lá estivessem. Os homens da casa eram mortos e depois as mulheres e as adolescentes violadas e assassinadas em seguida. As casas eram saqueadas. Avançavam casa após casa, até não restar ninguém.
Estamos a falar em cerca de dez mil pessoas por dia. Ainda hoje, trinta anos depois, se continuam a descobrir as valas comuns onde jazem cadáveres destas vítimas. "Calcula-se que tenham morrido entre 800 mil a 1 milhão de pessoas durante este período de pouco mais de três meses, enquanto a guerra civil que se seguiu terá causado cerca de 2 milhões de refugiados."
A indignação na altura, não foi apenas causada pelo horror das imagens dos massacres, mas sobretudo "pela passividade e indiferença das potências mundiais." O contingente militar que a "ONU colocou" no país, revelou-se impotente para travar os ataques! Não conseguiram "proteger as populações. Houve alertas e denúncias de que estava em marcha uma catástrofe humanitária no país, mas nada foi feito."
Durante aqueles dias, a população foi completamente dizimada e "nem os locais de culto serviam como sítios seguros." Há relatos de que "numa igreja na província de Gikondo, controlada pela ordem religiosa polaca dos palotinos, e onde estavam escondidas várias pessoas, cerca de 100 homens pertencentes às milícias ligadas aos hutus entraram no local e levaram a cabo um autêntico massacre."
Quinze dias depois dos ataques começarem, as Nações Unidas retiraram as suas tropas da região. "A França, tradicional aliada dos Hutus, foi posteriormente acusada de ter tido conhecimento dos planos genocidas das elites Hutus e de não ter tomado nenhuma ação. As organizações de defesa dos direitos humanos denunciaram igualmente a hipocrisia e a insensibilidade da comunidade internacional, por se tratar de uma região remota, longe dos centros de poder mundiais."
O massacre, esse só terminou cem dias depois, quando os rebeldes da Frente Patriótica do Ruanda conquistaram a capital. O seu comandante ainda é hoje, o presidente da República do Ruanda.
Fontes:
https://ensina.rtp.pt/artigo/o-genocidio-no-ruanda/
CNN Portugal 07/04/2024: reportagem sobre os 30 anos do genocídio do Ruanda, transmitido no Jornal CNN Domingo;
Faz hoje precisamente 90 anos que o Regime tremeu. Infelizmente, as ações promovidas pelos sindicatos não tiveram o resultado pretendido, mas não podemos deixar de lembrar como é que o dia 18 de Janeiro se tornou "um marco na história da resistência ao fascismo em Portugal."
Salazar e a maioria dos seus ministros, passou a noite no "quartel do exército que funcionava onde hoje está a Universidade Nova de Lisboa, em Campolide." Nas imediações das fábricas e dos bairros dos operários, viam-se elementos a cavalo prontos com metralhadoras, enquanto pelos cafés, teatros e outros recintos de diversão, a PIDE acompanhava a PSP e a GNR, encetando esforços para o seu encerramento. O Exército e a Marinha tiveram também de ser postos em ação, com ações de vigilância e prevenção. Mas a que se devia tamanha agitação?
É que seguindo aquilo que Hitler tinha feito na Alemanha, pouco tempo antes, Salazar preparava-se para dissolver de forma forçada aqueles que ainda eram os sindicatos livres, transformando assim "a ditadura militar num regime de tipo fascista. Estes, tencionava substituir por “sindicatos nacionais”, os quais seriam controlados pelo governo, tal como o "modelo fascista italiano que tinha sido estabelecido por Mussolini, em 1927", com a implementação da “Carta del Lavoro." Esta tentativa de "greve geral" pode ser considerada como "o primeiro grande desafio colocado a Salazar após a entrada em vigor da Constituição de 1933 e das leis laborais do novo regime, que dissolveram os sindicatos e proibiam expressamente as greves."
No dia 18 de janeiro de 1934, "as diversas organizações sindicais" que tinham formado um "Comité de Unidade", planearam "uma revolta geral que deveria paralisar o país nesse dia." No entanto, não houve a adesão que se esperava e os resultados acabaram por ficar aquém do esperado. Um dos locais onde se verificou maior adesão a esta que deveria ter sido uma greve geral a nível nacional, foi na Marinha Grande, onde "centenas de operários e trabalhadores," particularmente da indústria vidreira e coordenados por "um núcleo da CIS, a Confederação Inter Sindical, cortaram as estradas de acesso à vila, as linhas telefónicas e o caminho-de-ferro." Inicialmente, não se depararam com grande resistência e avançaram para o centro, ocupando "os correios, a Câmara Municipal e o posto da GNR." Conseguiram resistir apesar da rápida chegada dos militares que estavam em Leiria e que rapidamente ali acorreram.
Após alguma troca de tiros, por volta do meio-dia, já tudo tinha terminado, "com a prisão dos últimos grupos que tinham fugido para os pinhais das redondezas." Fala-se em cerca de 131 detidos, dos quais "45 revoltosos foram processados e condenados ao desterro pelo Tribunal Militar Especial, com penas entre três e 14 anos de prisão e ao pagamento de pesadas multas." Pode-se dizer que estes grupos de "revoltosos da Marinha Grande sofreram uma punição particularmente pesada." Dois anos depois foram levados para a recém-inaugurada "prisão do Tarrafal, na ilha de Santiago, em Cabo Verde," onde "alguns acabariam por morrer devido às condições terríveis do campo."
A adesão esperada "das zonas operárias da margem sul e a insurreição dos meios urbanos contra o regime," acabou por não acontecer. "Deflagraram várias bombas em Lisboa, em Coimbra e no Barreiro e várias fábricas paralisaram, mas sem impacto significativo," uma vez que as "forças do regime entraram imediatamente em ação e os focos grevistas" acabaram afinal por ser "rapidamente dominados."
Esta data "teve um profundo impacto nos círculos da oposição ao regime de Salazar, agravando as divisões e a desconfiança entre anarco-sindicalistas e comunistas e afetando gravemente as organizações operárias em Portugal."
Fontes:
https://vozoperario.pt/jornal/2024/01/09/90-anos-da-greve-de-18-de-janeiro-uma-revolta-antifascista/
https://ensina.rtp.pt/artigo/revolta-da-marinha-grande/
Estou aqui a tentar encontrar as melhores palavras para iniciar... Em todas as guerras há mortos. Em todas se cometem atrocidades. Israel e Palestina. Estamos a assistir a um autêntico massacre. Famílias inteiras mortas, queimadas, mutiladas, decapitadas pelo Hamas, em ataques terroristas. Num último balanço, contam-se entre os mais de mil mortos, "260 crianças e 230 mulheres". Cerca de 4600 pessoas ficaram feridas. Logo na sequência dos ataques, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, anunciou a "preparação de uma ofensiva total contra a Faixa de Gaza que alterará totalmente a situação no terreno".
Segundo Benjamin Netanyahu, caraterizou o ataque do Hamas a Israel como “uma selvajaria nunca vista desde o Holocausto”. Numa conversa telefónica com Joe Biden, o primeiro-ministro israelita, fala numa “centenas de massacres, famílias destruídas nas suas camas, nas suas casas, mulheres brutalmente violadas e assassinadas, mais de uma centena de raptos (…), levaram dezenas de crianças, amarraram-nas, queimaram-nas e executaram, decapitaram soldados”.
Vários líderes europeus têm-se manifestado. Desde Erdogan, da Turquia, a Zelensky presidente Ucraniano. "Numa conferência de imprensa com o chanceler austríaco Karl Nehammer, o líder turco manifestou ainda a sua preocupação com o alastramento do conflito a todo o Médio Oriente após o ataque terrorista do Hamas." O medo invade a Europa. Em Berlim, na Alemanha, manifestações a favor da Palestina foram proibidas por poderem representar, de acordo com as autoridades, “um perigo para a segurança e ordem pública”. Já Zelensky, afirmou "que a Rússia apoia o ataque do Hamas a Israel para promover a desestabilização global." O presidente ucraniano afirma ter "indicações que nos levam a crer que a Rússia está a ajudar a levar a cabo certas operações terroristas", e que “não é a primeira vez que atua desta forma". Dá o exemplo do que se passou na Ucrânia, na Síria e no continente africano.
Numa mensagem forte e emotiva, Joe Biden afirmou que "os Estados Unidos reforçaram a postura das forças militares na região para fortalecer a dissuasão”, estando armamento a caminho e já tendo mesmo aterrado no país o primeiro avião com munições. Serão cerca de vinte, os cidadãos norte-americanos desaparecidos em Israel e ainda "não é claro se estão entre os reféns capturados pelo Hamas e levados para Gaza, embora a Casa Branca tenha confirmado que um número indeterminado se encontra entre os reféns."
João Gomes Cravinho, "defendeu o regresso à via diplomática, com um diálogo mais aprofundado que inclua ONU e países árabes". Uma família lusodescendente está desaparecia e uma jovem de 25 anos, acabou mesmo por ser encontrada morta. Neumann, luso-israelita, estudava em Tel Aviv e estava "no festival Teva, um dos vários festivais de música perto da fronteira de Gaza que foi invadido por militantes nas primeiras horas da manhã de sábado".
Israel está cercado, os ataques estão a vir de todos os lados. "As forças israelitas adiantaram que estão a responder, com artilharia e morteiros, a um ataque com projéteis não identificados desde a Síria, enquanto prossegue a resposta de Israel contra Gaza na sequência do ataque do Hamas." A maioria terá caído numa zona deserta. Do Líbano, foram lançados vários foguetes que atingiram o território.
Do lado palestiniano, há também fortes acusações, com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Palestina a acusar Israel "de utilizar bombas de fósforo branco, destruindo um bairro no noroeste da cidade de Gaza". O cerco a Gaza, condena a população que lá permanece. O "rei Abdullah II da Jordânia ordenou o envio de ajuda médica e humanitária para a Faixa de Gaza, face às exigências israelitas para bloquear fundos internacionais à Palestina." Este apoio está a ser coordenado com o Egito, "através da passagem de Rafah", que entretanto foi encerrada depois dos "bombardeamentos israelitas terem atingidos as zonas envolventes".
Israel terá bombardeado "bairro por bairro na Faixa de Gaza, reduzindo prédios a escombros e fazendo com que as pessoas procurassem todos os meios para encontrar segurança no pequeno e isolado território," como retaliação ao ataque surpresa do Hamas. "As organizações humanitárias apelaram à criação de corredores humanitários para levar ajuda a Gaza, alertando que os hospitais locais, sobrelotados com feridos, estão a ficar sem meios e "os Médicos Sem Fronteiras indicaram que não conseguiram contatar as suas equipas em Gaza" depois do governo israelita ter cortado por completo o fornecimento de água e eletricidade à população.
É o povo que sofre. De ambos os lados.
Fontes:
O Natal é uma quadra na qual, tradicionalmente, as famílias se juntam. Para quem celebra o Natal há tradições que vão passando de geração em geração. De país para país, de religião para religião, de família para família... a tradição muda. E nestes dias, em que nos apelam para sermos mais empáticos, lembro aqueles que estão longe de casa.
Há aqueles que emigram por opção, em busca de melhores condições de vida e de oportunidades num país diferente. E há aqueles que têm de fugir dos seus países por causa da guerra. E por isso, não, Natal não é só amor. Este ano, na sua mensagem de Natal, António Costa centra-se na guerra da Ucrânia (depois de dois anos de mensagens de Natal marcadas pela pandemia de covid-19). O Primeiro-ministro, destacou três palavras: "paz, solidariedade e confiança são as três palavras que melhor exprimem o que desejamos este Natal."
Acho que é o que todos desejamos e, ainda mais, que se estenda também a outros países em situações semelhantes. A verdade é que o nosso país tem sido também a casa de muitos refugiados, vindos de zonas de guerra, que têm de certa forma de se adaptar à nossa realidade, embora mantenham claro alguns dos seus hábitos.
Na Ucrânia, onde a população continua a viver dias difíceis, "alguns ucranianos ortodoxos decidiram celebrar este ano o Natal" no dia 25 de dezembro, em vez de festejarem no dia 7 de janeiro, como era habitual. Esta decisão, que tem "tons políticos e religiosos numa nação com igrejas ortodoxas rivais e onde ligeiras revisões aos rituais podem ter um forte significado numa guerra cultural que decorre paralelamente à guerra militar", é uma forma simbólica de se afastarem da Rússia. "A ideia de comemorar o nascimento de Jesus em dezembro era considerada radical na Ucrânia até há pouco tempo, mas a invasão da Rússia" mudou muitos corações e mentes.
"A Igreja Ortodoxa Russa, que reclama a soberania sobre a ortodoxia na Ucrânia, e algumas outras igrejas ortodoxas orientais continuam a utilizar o antigo calendário juliano", no qual o Natal calha "13 dias mais tarde." E hoje, em Kiev, a população reuniu-se na igreja para celebrar pela primeira vez uma missa de Natal a 25 de dezembro, mesmo "com o som das sirenes a alertar para possíveis bombardeamentos."
Mesmo os que ficam em casa, durante os conflitos, passam muitas necessidades, como por exemplo a falta de eletricidade e de combustível que lhes permitiria pelo menos aquecer as casas nos dias invernosos.
A guerra é desde logo uma forma de desrespeito pela pessoa humana e não conhecço guerras em que isso não aconteça. Mas houve um episódio que ficou na história, por ter sido tão inusitado. Em 1914, durante a 1ª Guerra Mundial, em Ypres, próximo da fronteira francesa, há relatos de que o exército alemão que tinha estado em "confronto durante meses seguidos contra franceses e ingleses em Yprès", permanece mais recuado. "As linhas inimigas eram muito próximas umas das outras, de modo que cada tropa poderia ver seus inimigos e alvejá-los caso saíssem de suas trincheiras". No Natal daquele ano, alguns soldados começaram a mostrar-se mais descontraídos dentro das suas trincheiras. "Pareciam não se importar nem com a guerra e nem com o inverno."
O mais estranho foi que entretanto alguns soldados "começaram a andar, desarmados, pela zona conhecida como “terra de ninguém”, isto é, o espaço entre uma trincheira e outra. Caminhavam até à trincheira inimiga sem serem abordados ou mortos" e desejavam um “Feliz Natal". Mas nem tudo foi bom, porque "apesar da boa intenção dos envolvidos nesta trégua, não apenas a guerra em Yprès foi retomada como os oficiais envolvidos na trégua foram duramente punidos."
A todos, um Feliz Natal.
Fontes:
https://visao.pt/opiniao/vestigios-de-azul/2022-12-21-natal-em-tempo-de-guerra/
https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/tregua-natal-na-primeira-guerra-mundial.htm
A CECA preparou o caminho para aquilo que hoje temos, a União Europeia. A "9 de maio de 1950," pouco tempo depois do fim da 2ª Guerra Mundial, Schumann propõe um plano "para uma comunidade europeia do carvão e do aço, chamada de Montanunion." Este plano tinha como intenção unir "e gerir em comum a produção franco-alemã de carvão e aço", integrando outros países europeus - mais concretamente os países pertencentes à Benelux (uma organização económica da qual faziam parte a "Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo, sendo inicialmente uma área de livre comércio entre estes três países").
No ano seguinte, a 18 de abril, há precisamente 70 anos, é assinado em Paris o acordo para a "fundação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA)," por um grupo de seis países - Alemanha, França, Itália, Bélgica, Luxemburgo e Holanda e que viria então a preparar "o caminho para a atual União Europeia."
Este acordo firmava em cem artigos a cooperação entre os seus membros num compromisso mútuo de "garantir um mercado livre de taxações para exportação e importação de aço e carvão e a não prejudicar o livre comércio."
Este mercado pretendia, entre outras coisas, "racionalizar progressivamente a distribuição da produção, garantindo estabilidade e emprego."
Seis anos depois de assinado o Tratado de Paris, são então assinados os Tratados de Roma que vão dar origem à Comunidade Económica Europeia (CEE) e à Comunidade Europeia da Energia Atómica (CEEA ou Euratom), que viriam a dar origem à UE.
Fontes:
https://www.dw.com/pt-br/1951-criada-a-comunidade-europeia-do-carv%C3%A3o-e-do-a%C3%A7o/a-500071
https://pt.wikipedia.org/wiki/Benelux
https://pt.wikipedia.org/wiki/Comunidade_Europeia_do_Carv%C3%A3o_e_do_A%C3%A7o
Na noite passada, um homem empunhando uma arma de fogo entrou num bar na cidade de Hanau, perto de Frankfurt, na Alemanha. Quem lá estava foi surpreendido quando o indivíduo começou a disparar de forma aleatória. Saiu, entrou no carro e dirigiu-se a outro bar, onde voltou a repetir os disparos. Depois disso fugiu num carro de cor escura, deixando o caos atrás de si. Além das nove vítimas mortais do ataque, houve também alguns feridos.
Algumas horas mais tarde, o alegado autor dos tiroteios, de 43 anos, e a sua mãe de 72 anos, foram encontrados sem vida num apartamento alvo de buscas pelas autoridades poucas horas depois do ocorrido. Tobias terá assassinado a mãe, que não esteve envolvida nos tiroteios e suicidou-se de seguida.
O atacante foi identificado após terem sido encontradas pistas num carro abandonado junto ao local dos tiroteios. No interior, havia revistas sobre tiro e munições.
Segundo a polícia, o ataque teve “motivações xenófobas” e está relacionado com a extrema-direita alemã. A maioria dos frequentadores dos bares atacados era curda. O primeiro ataque aconteceu num bar de fumadores de cachimbo de água (shisha/narguilé) no centro de Hanau, por volta das 22:00, e o segundo pouco depois, a cerca de 2,5 quilómetros a oeste.
As autoridades encontraram um vídeo e uma carta no apartamento que, diz a polícia, se referia a uma “teoria de conspiração sobre maus tratos a crianças nos Estados Unidos”. O conteúdo já está a ser analisada por especialistas.
Fontes:
https://observador.pt/2020/02/19/pelo-menos-oito-mortos-em-dois-tiroteios-na-cidade-alema-de-hanau/
https://www.dn.pt/mundo/tiroteio-em-cidade-alema-faz-pelo-menos-oito-mortos-11840703.html
As imagens da queda do Muro, são de facto umas das primeiras que me recordo de ver na televisão. Eu tinha apenas 6 anos e ver noticiários não fazia parte nessa altura daquilo que me era permitido fazer, apesar de eu ser muito curiosa e de tentar sempre assistir quando podia.
Na altura, claro que nada daquilo fazia sentido para mim, eu não percebia o que representava aquele muro. Penso que hoje em dia, se questionar os jovens e até alguns adultos sobre o real significado que a demolição daquele muro teve na Europa, poucos saberão responder.
O Muro de Berlim dividiu a cidade em duas partes durante 28 anos, tornando-se no símbolo da Guerra Fria, que marcou parte história do século XX. No fim da II Guerra Mundial, depois da divisão da Alemanha, Berlim também ficou dividida em quatro setores de ocupação: soviético, americano, francês e inglês. As divergências entre os comunistas e os aliados foram crescendo e deram origens a duas partes da mesma Alemanha.
Como não existiam barreiras entre as Alemanhas, o fluxo de pessoas acontecia livremente e com a Alemanha Ocidental oferecendo melhores condições de vida à sua população, os habitantes da Alemanha Oriental começaram a mudar-se para lá. Entre 1948 e 1961, cerca de três milhões de pessoas fugiram da RDA para a RFA.
Isso era um grande problema para as autoridades da Alemanha Oriental, principalmente pelo fato de que o país perdia muita mão de obra qualificada com isso. A solução encontrada pela RDA foi realizar a construção de um muro para isolar Berlim Ocidental.
A sua construção remonta à noite de 12 de agosto de 1961, quando a RDA ergue um muro provisório e fecha 69 pontos de controle, deixando apenas 12 abertos. Na manhã seguinte, foi colocado “muro” de arame provisório com cerca de 155 quilómetros. Berlim divide-se em duas cidades, o mesmo acontecendo com famílias e amigos. Podemos dizer então que o Muro de Berlim foi um produto da Guerra Fria.
A República Federal da Alemanha (RFA) era chamada Alemanha Ocidental, tinha capital em Berlim Ocidental e era aliada dos Estados Unidos. A República Democrática Alemã (RDA), por sua vez, era conhecida como Alemanha Oriental, tinha capital em Berlim Oriental e era aliada da União Soviética.
Acompanhando o muro, foi criada a chamada “faixa da morte”, formada por um fosso, em arame farpado, sistemas de alarme, armas automáticas, torres de vigilância e patrulhas 24 horas do dia. Entre 1961 e 1989, mais de 5.000 pessoas tentaram passar o muro e mais de 3.000 foram detidas. Cerca de 100 pessoas morreram a tentar passar o muro, a última delas em 5 de fevereiro de 1989.
A queda do Muro de Berlim relaciona-se com a desintegração do bloco de nações socialistas no leste europeu. A década de 1980 foi uma década de crise para o bloco socialista em geral e a situação não foi diferente para a Alemanha Oriental. Assim, a queda acabou por ser motivada pela abertura das fronteiras entre a Áustria e a Hungria em maio de 1989, depois do desmantelamento de uma cerca elétrica ao longo da fronteira entre a Hungria e a Áustria, em abril do mesmo ano. O que acontecia era que essas pessoas que iam para Hungria, desejavam aproveitar da abertura das fronteiras húngaras para encaminharem-se até a Áustria. Uma vez na Áustria, elas poderiam solicitar asilo na Alemanha Ocidental. Ou seja, mudavam de "lado" sem terem de passar pelo muro.
No início de novembro, um número elevado de refugiados chegava à Hungria via Tchecoslováquia ou pela embaixada da Alemanha Ocidental em Praga. A emigração foi inicialmente tolerada por causa de acordos de longa data com o governo comunista da Tchecoslováquia, permitindo viagens gratuitas através de sua fronteira comum. No entanto, esse movimento de pessoas cresceu tanto que causou dificuldades para os dois países.
Nessa altura, eram cada vez mais os alemães que viajavam até à Hungria para pedir asilo nas diferentes embaixadas da República Federal Alemã. Isso acabou por motivar enormes manifestações na Alexanderplatz, o que fez com que, no dia 9 de novembro de 1989, o governo da RDA afirmasse que a passagem para o lado oeste estava permitida. Nesse mesmo dia, milhares de pessoas se aglomeraram nos pontos de controle para poder passar para o outro lado e ninguém podia detê-los, o que acabou por levar a um êxodo massivo.
A queda do Muro de Berlim foi um dos acontecimentos mais marcantes do final do século XX e aconteceu na virada de 9 para 10 de novembro de 1989. A queda desse muro foi um dos capítulos que marcou a decadência do bloco socialista que existia no leste europeu. Na prática, apesar da sua grande importância, a queda do Muro de Berlim foi um ato apenas simbólico, mas marcou o início de um processo político que culminou com a reunificação da Alemanha. O chanceler da Alemanha Ocidental, Helmut Kohl, preparou-se para isso e, no dia 3 de outubro de 1990, a Alemanha reunificava-se e o lado socialista deixava de existir.
Fontes:
https://idi.mne.gov.pt/pt/atividades/exposicoes/muro-de-berlim-30-anos
https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/queda-muro-berlim.htm
Em primeiro lugar, é preciso contextualizar que a 1ª Guerra Mundial - ou a Grande Guerra - que começou em 1914 e se tornou num dos maiores massacres do Século XX. Estima-se que cerca de 10 milhões de soldados tenham perdido a vida, sem contabilizar as baixas civis que a guerra, direta ou indiretamente, provocou.
O Armistício, que veio colocar um fim a este grande conflito, ocorreu no dia 11 de novembro de 1918, precisamente há 100 anos. A Alemanha e os Aliados assinaram dentro de um vagão-restaurante, na floresta de Compiègne, em França, o Armistício de Compiègne, que representou a rendição alemã e o fim da Primeira Guerra Mundial. No ano seguinte, a 28 de junho, seria então assinado o Tratado de Versalhes - tratado de paz assinado pelas potências europeias que encerrou oficialmente a Primeira Guerra Mundial.
Mas temos de voltar um pouco mais atrás para perceber que guerra foi esta.
De um lado, estava o bloco composto pelos aliados - Grã-Bretanha, França, Sérvia e Rússia Imperial (às quais se uniram posteriormente a Grécia, Portugal em 1916, Roménia e Estados Unidos em 1917) e do outro, a Tríplice Aliança, composta pela Alemanha e Império Austro-Húngaro (às quais se uniram posteriormente o Império Turco Otomano e a Bulgária). Apesar da Itália ter começado por lutar do lado da Alemanha, acabou por se juntar aos Aliados. Esta guerra ocorreu com conflitos no mar e em terra - esta foi também chamada "Guerra das Trincheiras", - mas, pela primeira vez, a guerra acontecia também no ar.
A guerra começou quando o arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austro-húngaro, e a sua esposa, a arquiduquesa Sofia, foram assassinados em Sarajevo, que na época fazia do Império Austro-Húngaro. Podemos afirmar que, apesar da Grande Guerra "ter sido desencadeada por uma série de acontecimentos subsequentes ao assassinato do arquiduque, as causas da guerra são muito mais profundas, envolvendo uma série de questões políticas, culturais e económicas, além de uma complexa teia de alianças que se desenvolveram entre as diferentes potências europeias ao longo do século XIX, após a derrota final de Napoleão Bonaparte, em 1815, e o Congresso de Viena."
Os vários estados imperialistas e as dificuldades associadas à partilha dos territórios africanos, foram apenas algumas das causas. Associado às políticas nacionalistas que se iam desenvolvendo em França (no pós revolução francesa) e na Alemanha, surgiu um outro ponto de tensão, mais a leste, com a disputa sobre as províncias dos Bálcãs. A Bósnia e Herzegovina foi anexada ao território Áustro-Hungria em 1908, (que desde o Congresso de Berlim em 1878, estava no Império Otomano, mas se encontrava de facto sob gestão Austro-Húngara). Esta situação veio perturbar o frágil equilíbrio de poder nos Bálcãs, causando uma contra-reação da parte da Sérvia e dos nacionalistas pan-eslavos na Europa. "Com o enfraquecimento da Rússia, o país incitou o sentimento pró-russo e anti-austríaco na Sérvia e em outras províncias dos Bálcãs, provocando temores austríacos do expansionismo eslavo na região."
Se Guilherme I, tinha assegurado alianças de paz entre a Alemanha e quase todos os países da Europa (à exceção de França) e de "um entendimento diplomático com a Rússia," a chegada ao trono de um monarca mais jovem, afasta Bismark e deita por terra muitos dos acordos até ali conseguidos.
Guilherme II "não conseguiu renovar o tratado de 1887 com a Rússia." A França republicana, sua opositora, consegue então fazer "uma aliança com o Império Russo. No entanto, o pior ainda estaria para vir, uma vez que Guilherme II encetou esforços para a criação de uma marinha germânica que fosse capaz de ameaçar o domínio Britânico dos mares, abrindo caminho para a Entente Cordiale de 1904 entre a França e Inglaterra e a sua expansão para com os Russos em 1907, formando a Tríplice Entente (em oposição à Tríplice Aliança de 1882 - entre a Alemanha, Império Austro-Húngaro e Itália)."
Em 1912, num Conselho de Guerra, é proposto enão por Guilherme II que a Sérvia fosse atacada, defendendo que, se a guerra era inevitável, quanto mais cedo melhor, de forma a que se antecipasse a construção da linha férrea que ligaria a Rússia ao território alemão. No entanto, foi necessário preparar e equipar o exército, tendo a guerra começado a 28 de julho de 1914.
Entre agosto de 1914 e novembro do mesmo ano, as Potências Centrais realizaram uma grande ofensiva nas duas principais frentes de batalha - a oriental e a ocidental. Na frente ocidental, os alemães avançaram pelo território francês, chegando a cerca de 50 quilómetros da capital, Paris.
A partir de novembro de 1914, o avanço das Potências Centrais, acabou por ser contido, dando início a um novo tipo de guerra: a guerra de trincheiras. "Nesta, os exércitos utilizam trincheiras, cercas de arame farpado, campos minados, posições de metralhadoras, artilharia e fortificações para defender" os seus territórios. Na frente ocidental, o sistema de trincheiras e fortificações "estendia-se por cerca de 760 km."
Uma das batalhas mais importantes foi a que ocorreu junto ao rio Somme. Só no primeiro dia (1 de julho de 1916), exército britânico, "perdeu cerca de 57000 soldados," nesta batalha, em que se usaram pela primeira vez na história, tanques de guerra. Dos "mais de três milhões de soldados" que combateram durante quase cinco meses, estima-se que cerca de 400 mil tenham perdido a vida.
Fontes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Conselho_de_Guerra_Imperial_Alem%C3%A3o_de_8_de_dezembro_de_1912
https://pt.wikipedia.org/wiki/Causas_da_Primeira_Guerra_Mundial
https://pt.wikipedia.org/wiki/Primeira_Guerra_Mundial
https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/batalha-do-somme.htm
https://antt.dglab.gov.pt/exposicoes-virtuais-2/o-fim-da-grande-guerra/
Faz hoje precisamente 100 anos que o caça-minas português Augusto de Castilho, se afundou depois de uma luta desigual contra um submarino alemão. Para a história fica a bravura de todos os que iam a bordo e do comandante que lutou até ao fim.
O mundo estava ainda envolvido na 1ª Guerra Mundial, na qual o nosso país participou "ao lado da Inglaterra e dos restantes Aliados." Esta participação não foi muito bem vista, mas cabia a Portugal defender as suas colónias africanas. A "9 de Março de 1916, após ver aprisionados alguns dos seus navios ancorados nos portos portugueses, a Alemanha declara guerra a Portugal."
Nos últimos dois anos de guerra, muitos dos soldados portugueses seriam "vitimados pelos gases tóxicos, pelo combate homem a homem e pelas deploráveis condições em que viviam meses a fio, nas trincheiras, sem serem substituídos," depois de milhares terem sido colocados em combate na zona da Flandres. Em 1918, quando as tropas portuguesas se preparavam para ser finalmente substituídas, a artilharia alemã bombardeou fortemente as suas posições, provocando muitos mortos. "Os sobreviventes seriam remetidos para a retaguarda dos Aliados, integraram as forças inglesas ou foram limitados a escavar trincheiras."
A 14 de outubro de 1918, o navio português Augusto de Castilho, que "escoltava o paquete S. Miguel," foi atacado e afundado "depois de um combate desigual com um submarino alemão," um dos três cruzadores-submarinos "U-139", construídao nos "estaleiros Krupp." Esta era uma das "autênticas máquinas de destruição," armadas com "potentes canhões," com as quais a Alemanha atacava. Surgiam de surpresa "a velocidades nunca inferiores a 15 milhas, esmagando os adversários com o corte das suas comunicações, tão imprescindíveis." Já o navio português, era um pequeno vapor de apenas "500 toneladas" e que tinha sido alterado para caça-minas e baptizado de Augusto de Castilho. Na proa tinha apenas "uma peça de calibre 65 mm e na popa outra de 47 mm."
O paquete S. Miguel levava a bordo 206 passageiros, e "ao longo de cerca de duas horas de combate," o Augusto de Castilho conseguiu impedir que "o submarino capturasse o paquete. Com armas de calibre inferior às do inimigo, o comandante Carvalho Araújo tinha poucas possibilidades de sair vitorioso do confronto, sendo morto já nos momentos finais do combate."
Deste confronto resultaram além do comandante, mais seis vítimas mortais.
Fontes:
https://ensina.rtp.pt/explicador/a-participacao-portuguesa-na-i-guerra-mundial-h84/
https://ensina.rtp.pt/artigo/o-afundamento-do-augusto-de-castilho/
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