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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
Na ordem do dia está a fuga de cinco homens da cadeia de Vale de Judeus, os quais são considerados perigosos e que ainda não foram encontrados. Mas claro que esta não foi a primeira vez que isto aconteceu.
Segundo informação da Direção Geral das Políticas de Justiça, publicados no Público, nos "últimos 15 anos fugiram 160 reclusos ao sistema prisional português."
Hoje vamos aqui ver algumas dessas fugas, a maior das quais terá acontecido também na cadeia de Vale de Judeus, há 44 anos. A 17 de julho de 1978, 124 homens conseguiram fugir "por um túnel," com 35 metros de comprimento e 80 centímetros de diâmetro, que terá demorado entre um a "três meses a escavar." Só quando os guardas prisionais "foram fazer a habitual contagem de turno, por volta das dez e meia da noite", repararam que a maioria dos reclusos já lá não estava - para trás ficaram apenas "76 reclusos."
Uma outra fuga famosa foi a que aconteceu em 1986, quando seis reclusos da prisão de Pinheiro da Cruz, incluindo os “manos Cavaco”, mataram "três guardas e escaparam num carro celular." Os homens acabaram por se separar "mas foram todos apanhados, à exceção de um que se suicidou."
Já em agosto de 2007, fugiram seis reclusos do estabelecimento prisional de Guimarães. Os fugitivos "usaram ferros das cadeiras para manietar três guardas," a quem roubaram as armas. Conseguiram depois fugir numa carrinha de transporte de comida.
Em novembro de 2012, "três estrangeiros escaparam da cadeia anexa" à Polícia Judiciária do Porto, removendo as grades de uma janela e descendo, como nos filmes, usando uma "corda de lençóis atados."
A criatividade não pára aqui e, em 2017, "três reclusos da Prisão de Caxias serraram as grades da janela," de onde conseguiram sair para o exterior das celas "e depois cortaram a rede para conseguir fugir" do estabelecimento prisional de Caxias. Neste grupo estava o luso-israelita Joaquim Bitton Matos, que "ficou conhecido pelo vídeo em que faz de super-homem a provocar a então ministra da Justiça Francisca Van Dunem." O homem poderá estar atualmente em "Israel, mas o país não extradita os seus nacionais."
Mas o que se destaca são as sucessivas fugas de Mark Roscaleer, um dos homens que se encontra a monte junto com outros quatro fugitivos. Mark Roscaleer tinha-se já conseguido evadir da "cadeia de Kirkham, em Inglaterra" tendo-se entregue às autoridades políciais "após nove dias em fuga." Já em Portugal, a 18 de agosto de 2019, o inglês que "tinha sido transferido da prisão de segurança média de Silves, de onde já tentara escapar", resolveu fazer uma nova tentativa. "Partiu a janela a cela onde estava preso" e com "o corpo todo" coberto de óleo, tentou "passar pelas grades." Por volta das 23 horas, os guardas prisionais aperceberam-se desta "tentativa de evasão e travaram a fuga do recluso."
Fontes:
Durante a manhã de ontem, sábado, cinco reclusos da cadeia de Vale de Judeus, evadiram-se daquelas instalações. Contaram com ajuda do exterior e, vamos a saber se não terão tido também ajuda do interior, mas o que salta desde logo à vista, é a facilidade com que o plano foi colocado em prática e as falhas que têm estado a ser faladas nos meios de comunicação social. Falhas essas que não são novidade para ninguém - e que provavelmente eram do conhecimento dos reclusos. Aquilo que acaba por me espantar no meio de tudo o que tenho estado a ver nas notícias é, como é que só saíram cinco?
Porventura, os restantes não quiseram arriscar o agravamento das suas penas ou, talvez cá fora as condições para serem recebidos na sociedade não fossem as melhores se se apresentassem como fugitivos, resolvendo por isso, que seria muito mais benéfico cumprirem o resto das suas penas. Mas para estes cinco reclusos, fugir foi uma opção em que tiveram tempo de pensar, e se bem o pensaram, melhor o fizeram.
Sem brincadeiras, estes homens são considerados muito perigosos (quatro deles tinham “medidas especiais de segurança”) e devíamos todos estar bastante preocupados com o facto de eles se encontrarem à solta e sem sabermos exatamente se ainda estão no país ou se já seguiram viagem para outro lado. É que só deram pela fuga quarenta minutos depois e, durante esse lapso temporal, os mesmos tiveram tempo de se pôr bem longe dali. Vale de Judeus fica em Alcoentre, perto de Lisboa, numa zona em que com facilidade se tem acesso a autoestradas (já para não falar da possibilidade de terem saído de barco ou de avião para outro lado, o que com documentos falsos não terá sido assim tão difícil).
Mas como é que o fizeram? Até agora, o que se sabe é tiveram ajuda do exterior, havendo "três suspeitos envolvidos," e o apoio de de duas viaturas para a fuga (uma de marca Mercedes e outra de marca Volvo). Os reclusos saíram pelo pátio, recorrendo a uma escada e a uma corda que lhes foram lançadas do exterior, sem que os guardas dessem conta. Isto foi possível por haver uma clara “falta de meios humanos (haverá 20 guardas para cerca de 500 reclusos)," facto que tem sido sucessivamente desvalorizado pelas diferentes tutelas. Outro factor que terá ajudado à fuga, ou pelo menos facilitado a sua execução, é que devido às últimas obras realizadas na prisão de Vale de Judeus, "as torres de vigia foram retiradas e substituídas por câmaras de vigilância." Estas câmaras são visualizadas por apenas um guarda, o que é humanamente impossível.
E quem são estes homens?
Rodolfo Lohrmann é "um criminoso argentino que chegou a ser um dos dez homens mais procurados da América Latina" e que por cá era conhecido como "El Ruso". É acusado de crimes de rapto, sequestro e homicidio. Uma das suas vítimas foi "Christian Schaerer (na altura com 21 anos), filho de um político argentino." Apesar de ter sido pago um "resgate de 277 mil dólares (cerca de 249 mil euros)" pela família, o jovem nunca veio a aparecer. Neste crime esteve também envolvido um cúmplice de nome Horacio Maidana. "Os dois acabariam por ser detidos em Aveiro, onde estariam a preparar assaltos a carrinhas de transporte de valores, e eram suspeitos de serem os autores de vários assaltos a bancos na zona de Lisboa e Odivelas. Ambos aguardaram julgamento na prisão de alta segurança do Monsanto, em Lisboa."
Fernando Pereira, foi "condenado com duas penas, uma de seis anos e outra de 24 por crimes como tráfico de droga e assaltos à mão armada," o que em Portugal perfaz apenas 25 anos.
Fábio Loureiro, de 33 anos e natural de Lagoa, no Algarve, cumpria também uma pena de 25 anos, "por vários crimes, incluindo sequestro e associação criminosa." É conhecido pela alcunha de "Cigano", e "foi considerado um dos maiores traficantes de droga do Algarve."
Mark Roscaleer, estava a cumprir 9 anos, acusado de crimes de roubo e sequestro. De nacionalidade britânica, Mark tem 39 anos e "já tinha fugido da prisão no seu país de origem."
Shergili Farjani, de 40 anos, é georgiano e estava a cumprir uma pena menor, de apenas 5 anos, "pelo crime de ofensa à integridade física." De notar que nesta prisão de alta segurança, estão, além de criminosos condenados a penas mais longas, estão também muitos reclusos estrangeiros.
O que pergunto é, se eles eram tão perigosos, deviam estar juntos, num espaço não vigiado? E entre muitas outras coisas que nos devem preocupar, é que havia alertas de falta de efetivos no meio prisional. Já se falava há muitos anos do fraco investimento nas prisões e das más condições de trabalho. Todos sabemos que existem telemóveis dentro das cadeias (um meio que facilita a comunicação com o exterior e ajuda na preparação deste tipo de fugas).
Vale de Judeus, está sem diretor e sem chefe dos guardas! Mas que mais tem sido feito e, o que é que foi feito, pelo menos nesta prisão, desde que se soube desta fuga? Algo mudou lá dentro?
Fontes:
Ontem, por volta das 17h30m começaram a chegar através das redes sociais, imagens de um avião numa espiral que rapidamente se despenha no solo. Os olhares e exclamações são de incredulidade.
O voo da Voepass, que tinha saído de Cascavel, no Paraná, e que se dirigia a Guarulhos, acabou por se despenhar sobre Vinhedo, na região de São Paulo. O avião, um ATR-72-500, não fez vítimas no solo, apesar de ter caído numa zona residencial.
Infelizmente, entre os 62 mortos, está também uma cidadã portuguesa. Gracinda Marina Castelo da Silva tinha dupla nacionalidade (portuguesa e brasileira), era "professora na Universidade Tecnológica Federal do Paraná" e viajava com o marido, Nélvio José Hubner. Deixam órfãos três filhos.
Ainda não se sabem as causas deste desastre aéreo, mas especula-se que condições atmosféricas adversas possam ter estado na origem do acidente. No entanto, isso tem de ser ainda averiguado e explicado, uma vez que mesmo havendo formação de gelo sobre as asas, existem sistemas de remoção que impedem a perda de sustentação da aeronave, entre outras coisas a que só uma apurada investigação pode dar respostas.
Fontes:
https://www.publico.pt/2024/08/10/mundo/noticia/vitima-portuguesa-queda-aviao-sao-paulo-2100432
https://expresso.pt/internacional/2024-08-10-gelo-e-a-hipotese-mais-referida-para-explicar-a-queda-de-aviao-no-brasil-e861b10f
Este ano, fui pela primeira vez para Lisboa para comemorar um dos feriados mais importantes que hoje temos. E foi um dia muito bem passado, apesar de não ter ficado para assistir ao desfile na Avenida da Liberdade, ponto alto das comemorações e que, pelo que pude constatar depois pela televisão, terá mesmo superado qualquer desfile efetuado até hoje.
Saímos de barco até ao Cais do Sodré e logo aí deu para perceber que ia muita gente a camnho de Lisboa para fazer o mesmo que nós. No banco da frente, um casal, com uma criança conversava sobre a Revolução. Ele, português, explicava à sua companheira, brasileira, como é que tinha sido a Revolução que terminara com o regime, com a ditadura e com a falta de liberdade do povo. "Que lindo! Lá não foi nada assim... morreu muita gente" responde ela a certa altura, com um misto de admiração pelo povo português e de tristeza ao relembrar o tempo de ditadura que, no Brasil, "terminou" em 1985. Voltei a vê-los mais tarde no Terreiro do Paço (ou, Praça do Comércio), assim como muitas outras famílias e grupos que tinham apanhado o mesmo barco que nós.
No Terreiro do Paço, havia uma alegria e emotividade bastante presente nas pessoas e reparei desde logo numa coisa: um grande número de crianças, acompanhadas pelos seus pais e algumas também pelos avós! Ali estava representada a passagem de testemunho que se pretende alcançar com estas celebrações. É que em parte alguma me senti envolvida em saudosismos ou em tristeza. Desde que cheguei a Lisboa que o sentimento geral era de reconhecimento pelo valor dos nossos combatentes do Ultramar, pelas ações não só dos participantes conhecidos do MFA, mas sobretudo pelo reconhecimento daqueles que participaram nas ações que levaram à Revolução. A restauração das viaturas penso que foi um dos maiores sucessos uma vez que, ao porem estes carros na rua, dois feitos foram alcançados: restaurar memórias a uns, dar a conhecer o passado, a outros.
"No total, 14 viaturas foram restauradas desde 2018, em Paço de Arcos e Santa Margarida. O trabalho foi feito pela Associação Portuguesa de Veículos Militares Antigos, com o apoio do Exército Português."
As crianças e os jovens estavam delirantes com o facto de se poderem sentar-se nas viaturas, ou entrar dentro da conhecida chaimite Bula. A presença de muitos ex-combatentes trouxe também uma grande emotividade. Se de manhã cedo, vi na televisão o desfile destas viaturas, ainda na presença das altas-entidades, perto da hora do almoço, as mesmas viaturas deslocaram-se do Terreiro do Paço, até ao largo do Carmo, acompanhadas por um mar de gente que ia aplaudindo entusiasticamente. Nesta deslocação, muitas pessoas (além dos ex-combatentes presentes e de alguns militares que os acompanhavam) tiveram a oportunidade de fazer este percurso sentadas nas viaturas, ou empoleirdas nas mesmas.
À tarde, aproveitamos para conhecer alguns locais, como a Igreja de S. Domingos (no largo de S. Domingos, perto da Praça D. Pedro IV, vulgo Rossio), de mostrar ao meu filho a estação do Rossio, que pela sua dimensão é um pouco diferente daquelas que ele já conhecia e de lhe apontar alguns edifícios importantes naquela zona - como por exemplo, o Café Nicola (por cima do qual, terá vivido Eça de Queirós), o Teatro D. Maria II, com a sua fachada lindíssima e o emblemático elevador de Santa Justa (o qual digo desde já, desculpem, mas está demasiado caro para ser utilizado, pelo que apenas o apreciamos do exterior).
Descemos pelas escadinhas do Carmo e, confesso, fiquei super feliz por encontrar café a um preço normal de 0.75€ num local típico que se chama Ginginha do Carmo e que é uma pequena loja encaixada por baixo das escadinhas e que data de 1930! Um pouco mais tarde, subimos pela ingreme e típica calçada do Carmo, o que acabou por me estragar um pouco o resto do dia, porque a meio da subida os meus joelhos deixaram de querer colaborar.
Depois do meu filho ter voltado a subir aos muitos veículos militares, no meio de um mar de gente que inundava o largo do Carmo, fomos visitar o Quartel do Carmo (que neste dia e, até dia 12 de maio, tem visitas gratuitas - vão que vale muito a pena). Dizer que o Quartel do Carmo, que já foi um convento e que é o quartel da GNR desde a 1ª República (1910), está muito bem preservado e tem uma exposição, não só alusiva ao 25 de Abril de 1974, mas à história da Guarda, desde o tempo da monarquia.
É engraçado pensarmos que o "Quartel do Carmo foi o último bastião da monarquia em Portugal que caiu a 5 de outubro de 1910" e que mais tarde, no dia "25 de abril de 1974 foi palco da «Revolução dos Cravos» que pôs fim ao regime autoritário de 48 anos em Portugal, dando lugar à liberdade e à democracia." Foi neste quartel que Marcello Caetano se refugiou para tentar escapar dos revoltosos e, de onde, ao fim do dia a chaimite Bula lhe serviu de transporte pelo meio da multidão, levando-o até ao quartel da Pontinha junto com alguns dos seus ministros (essa zona também teria sido interessante de visitar...). Uma placa circular dedicada aos revoltosos e, em especial, ao papel determinante de Salgueiro Maia, assinala desde 1992 nessa praça o local onde no dia 25 de abril de 1975, estava o veículo militar que disparou contra as janelas do quartel do Carmo.
O próprio largo em si é digno de uma visita, pela sua história e pela espetacularidade dos seus edifícios. Desde logo, aqui resistem as ruínas do Convento do Carmo, construído no século XIV, onde se encontra instalado o Museu Arqueológico do Carmo (que não visitamos por estar muita gente, mas que tem um valor de 5€ para residentes em Lisboa e 7€ para os não-residentes). No meio do largo, encontramos um chafariz que data de 1771 e que é abastecido pelo Aqueduto das Águas Livres. Neste largo, residiu Fernando Pessoa.
Começou a levantar-se algum vento e, como o meu joelho direito, devido ao esforço, decidiu aliar-se à minha anca e quase me vi incapaz de andar, resolvemos terminar o nosso passeio com um geladinho, sentados nos degraus do monumento escultório que representa D. Pedro IV. Não ficamos para a marcha pela Avenida da Liberdade, com grande pena minha... nem conseguimos ir ao Quartel da Pontinha, outro local emblemáticos nestas comemorações, mas felizmente, as televisões permitiram-me já em casa, acompanhar os vários momentos importantes que aí decorreram.
Que venham mais 50, mais 100! Que a liberdade não caia, que as janelas não se encerrem e as portas de Abril não se encerrem!
Fontes:
http://arquivomuseugnr.pt/entrada.aspx?Pagina=Convento%20do%20Carmo-&IDP=0
As motivações que, há 50 anos atrás, levaram ao Golpe Militar que poria fim ao Regime, foram principalmente de cariz profissional. O governo tinha aprovado dois decretos-lei (o 353 e 409, de julho e agosto de 1973) "para responder às necessidades da guerra colonial." Os oficiais, que tinham tido uma formação militar de quatro anos, "não aceitavam poder vir a ser ultrapassados pelos novos oficiais milicianos, cuja formação seria feita apenas em dois semestres."
O Movimento dos Capitães pretendia "recuperar o prestígio das Forças Armadas e, mesmo depois de terem conseguido que Marcelo Caetano, suspendesse os decretos, continuaram a reunir-se, de forma clandestina. O objetivo era "efetuar uma mudança de Regime" de forma a acabar com a guerra colonial.
"Como eram eles que comandavam os soldados nas três frentes de batalha, tinham a noção de que a guerra estavam longe de estar ganha, até pelo apoio que os povos africanos, a viver em más condições em muitas regiões, davam aos movimentos de libertação."
Angola e Moçambique, continuavam num impasse e "a Guiné estava quase toda controlada pelo PAIGC."
Em dezembro de 1973, o grupo mandatou "Vasco Lourenço, Vítor Alves e Otelo Saraiva de Carvalho como Comissão Coordenadora para planear um golpe militar." O caso das manifestações em Moçambique chegou ao conhecimento do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA), Costa Gomes, e foi abordado por Vasco Lourenço e Otelo em reunião com António de Spínola, o vice-chefe do EMGFA." António Spínola, publicaria em 1974, pouco tempo antes da revolução, um livro que seria, à época, bastante esclarecedor e polémico.
A 5 de março de 1974, numa reunião clandestina, foi criado o "Manifesto dos Capitães, de que Melo Antunes era um dos autores. Esse documento deixava clara a politização do movimento, passando a defender-se o fim da guerra colonial e uma solução negociada para a independência dos povos africanos, o desmantelamento do regime e a implantação de uma democracia de tipo ocidental, o prestígio das forças armadas e o fim do isolamento de Portugal."
"Marcello Caetano, consciente do mau estar entre as forças armadas, convocou os generais para uma sessão de apoio ao governo, a 14 de março de 1974." Esta reunião chamar-se-ia de "Brigada do Reumático", não tendo comparecido Costa Gomes nem António Spínola, que foram exonerados dos cargos por Marcello Caetano Caetano. Este facto, apenas aumentou o seu "prestígio junto do Movimento dos Capitães."
"A 16 de março de 1974 houve uma tentativa, falhada, de golpe militar nas Caldas da Rainha" e que ficaria conhecida como a "Intentona das Caldas." A coluna, "comandada pelo major Armando Ramos" tinha saído do Regimento de Infantaria 5, nas Caldas da Rainha e seguiu até "às portas da capital." Deviam ter recebido apoio de outras forças, como Lamego, Mafra e Vendas Novas, mas nenhuma apareceu. Sem sinais do apoio esperado, a decisão foi "abortar o golpe e regressar ao quartel. Foi só depois de chegarem às Caldas que foram cercados pelas forças fiéis ao regime, vindas de Leiria e de Santarém." Por volta das 17 horas e "após várias horas de negociações, os revoltosos renderam-se."
Fontes:
https://ensina.rtp.pt/artigo/levantamento-militar-nas-caldas-da-rainha/
https://ensina.rtp.pt/explicador/as-motivacoes-do-golpe-militar-de-25-de-abril-de-1974/
Ontem escrevi sobre o triste naufrágio que aconteceu na manhã de domingo, mas o mar não roubou apenas estas vidas. Sobre o caso de Tróia, esperemos agora mais desenvolvimentos, até porque as informações que tenho visto na comunicação social têm sido um pouco difusas (e até contraditórias). Hoje trago diferentes casos, todos bastante diferentes, mas que têm o mar em comum.
Mas infelizmente, este fim de semana foi marcado também por outras situações. Na madrugada de sexta para sábado, um carro caiu à água em Póvoa de Varzim, com dois ocupantes. O homem de 57 anos e um jovem de 16 anos morreram neste acidente. Testemunhas relatam que viram duas pessoas entrarem no carro e que pouco depois o caro caiu à água. "Apenas com o nascer do dia, devido à visibilidade, foi possível chegar à viatura, uma vez que as condições de visibilidade dificultaram as operações."
O que faziam ali juntos àquela hora, não sabemos. O que está noticiado é que "as duas vítimas, que não tinham qualquer relação de parentesco, estavam num bar na Póvoa de Varzim após um jogo de futebol do clube onde João Pedro jogava. De acordo com o "JN", Joaquim Leal, que era amigo dos pais de João Pedro, terá oferecido boleia ao jovem." Ao que se sabe, "as equipas de socorro encontraram os corpos das vítimas junto à bagageira do carro."
No domingo, em Nampula, norte de Moçambique, uma embarcação de pesca que, ao que parece, tentou transportar um grupo de pessoas que fugia "a um surto de cólera no continente, com destino à Ilha de Moçambique, tendo o naufrágio acontecido a cerca de cem metros desta costa." O barco não tinha capacidade para transportar tanta gente, mas aqui há um nível de desespero que leva as pessoas a arriscar a vida. Das cerca de 130 pessoas a bordo, 13 sobreviveram, já se confirmaram 98 mortos, entre os quais estão 55 crianças. As restantes estão dadas como desaparecidas.
Num outro caso, a OIM(1) declarou hoje que "foram recuperados 38 corpos, incluindo crianças, após um trágico naufrágio ao largo da costa do Djibuti, com pelo menos seis outros desaparecidos." Esta rota, chamada "rota oriental" e que faz a ligação entre o Corno de África, o Iémen e os Estados do Golfo Pérsico está entre as "mais perigosas" do mundo. "Pelo menos, 698 pessoas, incluindo mulheres e crianças, morreram no ano passado nessa rota, que atravessa o Golfo de Aden, de Djibuti para o Iémen, na esperança de chegar à Arábia Saudita, de acordo com o Projeto de Migrantes Desaparecidos da OIM."
Desde o final da tarde de ontem, que "um homem de 67 anos," está a ser procurado na zona entre Moledo e Vila Praia de Âncora. O homem terá saído para pescar e acabou por desaparecer. "A sua viatura foi encontrada próxima da zona costeira, entre Vila Praia de Âncora e Moledo." Segundo o capitão da capitania de Vila Praia, "a barra de Caminha estava na segunda-feira encerrada, com o mar alteroso a apresentar ondas de quatro metros e o vento a soprar com o equivalente a 30 quilómetros por hora."
Notas:
1) OIM -Organização Internacional para as Migrações;
Fontes:
https://www.cmjornal.pt/portugal/detalhe/carro-com-varios-ocupantes-caiu-ao-mar-na-povoa-de-varzim
https://www.jn.pt/2122305042/pelo-menos-55-criancas-morreram-no-naufragio-em-mocambique/
O nosso domingo acordou com a notícia de uma tragédia ao largo das praias oceânicas de Tróia. Pelas sete horas, o barco de pesca onde seguiam 5 pessoas fez-se ao mar. Segundo as declarações do timoneiro do barco, propriedade de uma empresa privada, depois de perceber que as condições do mar não seriam as mais apropriadas, tentou dar a volta e regressar a terra. Uma vaga de maiores dimensões, ao que diz o único sobrevivente confirmado até agora, fez o barco virar e projetou-os a todos para fora da embarcação. Ao que parece, só a criança levava colete salva-vidas. "Os dois irmãos, de 24 e 33 anos, e o homem com cerca de 40 anos, seguiam sem colete, sendo que o uso é obrigatório por lei nas atividades de pesca e fortemente recomendado pela Autoridade Marítima e pela Marinha sempre que se vai para o mar, como lembra o comandante José Sousa Luís, porta-voz da Autoridade Marítima e da Marinha."
O homem que trabalhava para a empresa e que conduzia a embarcação, conseguiu aguentar-se ao de cima de água, até por volta das 10 horas dessa manhã, ao que parece agarrado a uma bóia, até ser resgatado por um outro barco que ali passava. "À chegada a terra, o timoneiro explicou que a embarcação pertencia ao fundador do empreendimento Sol Tróia," afirmando ainda "que não conhecia os outros tripulantes e que iam fazer pesca desportiva na embarcação de recreio."
Este homem, poderá vir a ser responsabilizado, uma vez que poderá ter havido aqui a ocorrência de um ou de mais crimes. Para efetuar essa averiguação, "foram instaurados dois inquéritos paralelos ao naufrágio: um inquérito criminal no Ministério Público e um processo marítimo pelo próprio Porto de Setúbal, com o objetivo de averiguar as condições em que o acidente ocorreu."
De acordo com o que Serrano Augusto afirmou, este processo marítimo pode resultar "numa contraordenação se houver alguma infração ao edital da capitania ou à lei geral". De acordo com o que referiu à comunicação social o "comandante José Sousa Luís, porta-voz da Autoridade Marítima e da Marinha," aquilo que se passa na prática é que "não existe um processo de registo da saída dos barcos dos respetivos portos." Segundo ele, é da responsabilidade de quem vai para o mar, “verificar as condições meteorológicas e oceanográficas, se a barra está aberta ou fechada, se está tudo ok com a embarcação, se têm o material segurança."
Quando ontem vi as imagens na televisão, uma das coisas que me saltou logo à vista é que, não pareciam estar muito longe da costa. O acidente ter-se-á dado apenas "a cerca de milha e meia (aproximadamente três quilómetros) de Tróia, Grândola (Setúbal)."
Seria ainda de noite, mas o sol não tardaria a despontar. Outra coisa que hoje em dia é muito mais fácil de perceber, do que seria há uns anos atrás, são as condições do mar. Pelas notícias dos últimos dias, têm sido feitas previsões que dão conta de agitação marítima. O vento também tem estado com rajadas bastante fortes. A diferença é que, a uma ou duas milhas da costa, o vento pode estar mais fraco ou mais forte, dependendo das frentes que se fazem sentir. A questão aqui, não seria tanto a de adivinhar como estaria o mar, mas sim, olhar para os instrumentos.
Hoje em dia, os satélites permitem imagens quase em tempo real e previsões muito mais corretas. A tecnologia trouxe mais segurança à vida do mar, embora, como em tudo, os acidentes possam acontecer. Quem tripula uma embarcação, sabe que não controla todas as variantes. Hoje em dia, sair para o mar embora ainda possa ser uma "aventura" com vários perigos associados, é muito mais seguro do que era antes, uma vez que existem mapas de satélite, existem boletins marítimos, existem gráficos que nos informam a direção e a predominância do vento e das ondas, dos diferentes tipos de correntes. Pode, claro que sim, pode ter sido apenas um trágico acidente, mas quais e quantos destes recursos, é que foi avaliado antes de se sair do cais?
O mar, esse é traiçoeiro. No mais calmo mar, pode vir uma vaga maior e derrubar uma embarcação de grandes dimensões. Uma onda mais forte, faz deste tipo de barquinhos, um brinquedo. Parece que foi um "golpe de mar" aquilo que aconteceu. Um golpe de mar é quando uma vaga maior, com um pico acima da média restante, se ergue "no meio do nada" e o perigo está, precisamente, na sua imprevisibilidade. Mas aqui está a incoerência. Quando se dá uma destas ondas inusitadas, há um mar mais calmo, que depois desta onda maior, volta a ficar mais calmo. O que diz o timoneiro, não bate certo, com esta história do "golpe de mar" (ou então quem a notíciou não usou o termo correto), uma vez que aquilo que disse foi que "o mar estava muito forte e que não conseguiu ver nenhuma das outras pessoas que se encontravam a bordo" (depois de terem caído todos ao mar).
Mas, não sei, a mim parece-me que não era um mar calmo, aquele que estava àquela hora da madrugada quando saíram. Havia tanto vento em terra, não haveria também no mar (sendo que aqui, falamos perto da costa, a uma distância de cerca de três quilómetros)? Durante as noites anteriores tinha estado bastante vento e o mar tem estado agitado. Para um barco maior, poderá não fazer diferença, mas para este tipo de embarcações de recreio, vagas ligeiramente maiores, podem fazer grandes estragos.
Para mim e acredito que para muita gente, isto não nos diz nada, mas para quem tem um barco nas mãos, estas informações não são apenas factos generalistas. O meu avô não sabia uma letra do tamanho de um comboio, mas bastava-lhe abrir a janela e sentir o cheiro do vento para saber se o barco ia ou não ao mar. A quem conhece o mar, até a posição das aves quando se ajeitam para dormir, lhes dá sinais importantes se está prestes a chegar uma tempestade, se os ventos estão a aumentar ou se vem trovoada. A esta sentia-a na pele e no cheiro do ar, que dizia estar "carregado."
Hoje em dia, basta ligar o telemóvel ou um simples computador e entrar no site do IPMA ou do ECMWF (onde temos mapas dinâmicos muito interessantes). Hoje em dia a meteorologia é uma ciência bastante desenvolvida que, apesar de ser influenciada por um grande número de variáveis, é hoje em dia muito fiável (de certeza bem mais fiável do que o nariz do meu avô).
Outra a coisa que a mim me surpreende é a demora na colocação de um heli no ar. O naufrágio foi reportado pouco depois das dez da manhã, mas só "por volta das 13:10, Serrano Augusto indicou que estava a chegar ao local um helicóptero Koala da Força Aérea Portuguesa (FAP) para participar nas buscas."
Os corpos do menino, que se sabe tinha apenas 11 anos, e de um dos outros ocupantes, foram encontrados e recuperados durante o dia de ontem, faltando ainda encontrar dois dos ocupantes. E aqui a palavra correta é mesmo "recuperar" uma vez que quando falamos em ocorrências que envolvam vítimas de naufrágios e falamos em vivos, estes são resgatados, quando se fala em corpos, estes são recuperados. É que ontem, ao mudar de canal e ouvir uma jornalista dizer "o menino foi resgatado" o meu coração pulou de alegria, até perceber que afinal, não foi o menino que foi resgatado, foi o seu corpo que foi recuperado. Não é a mesma coisa e devia haver mais cuidado da parte dos jornalistas que dizem certas coisas.
Fontes:
https://www.ipma.pt/pt/maritima/boletins/
Hoje é sábado. Depois de um dia bastante preenchido, acabo por me sentar para escrever. Gosto sempre de rever o que se passou durante a semana, especialmente alguns blocos noticiosos. Aquilo que, ultimamente, me tem preocupado mais, é claro a situação do conflito na Ucrânia, embora outras situações mereçam também alguma reflexão.
Começo por apontar uma situação, sobre a qual já tenho estado para escrever várias vezes: a apanha ilegal de amêijoa. No dia 26, dois homens de nacionalidade nigeriana que se dedicavam à apanha de amêijoa, desapareceram e só no dia 4, o corpo de um deles foi recuperado, na zona da Moita. O outro, ainda permanece desaparecido. Na reportagem da TVI, fala-se das operações policiais que são realizadas, mas não é verdade que o sejam de forma diária. Aqui no Seixal, pelo menos não é isso que eu vejo. Se o rio o permitir, ou seja, sempre que está maré baixa, váriass pessoas entram no lodo e começam a tirar de lá os bivalves. Uma das "entradas" fica mesmo em frente da esquadra da PSP, uma outra, em frente da estátua ao Pescador ou, também, é possível vê-los a entrar, junto ao pontão da Arrentela, na rampa do museu, nas escadinhas onde descansa o "nosso" amigo ganso. Podemos vê-los logo de madrugada, mesmo em dias de muito frio, numa vida que não é fácil, certamente. Em muitos casos, trata-se de migrantes, que chegam ao nosso país e são logo encaminhados para este tipo de tarefas, mas noutros que eu conheço, tratam-se de escolhas, como o caso de famílias aqui da zona do Seixal. Estes que desapareceram (um dos quais, o corpo já foi encontrado) são apenas dois de muitos que se põem em perigo diariamente. E, se estão a fazer uma coisa que é ilegal, qual a razão de não serem detidos e presentes a tribunal? Várias destas pessoas, homens e mulheres, são já caras conhecidas e, nos outros locais eu não sei, mas aqui circulam completamente à vontade, a pé ou de bicicleta (já nem falo de carro) com o balde cheio de um produto ilegal - logo com a prova do seu crime à vista de todos. Bem, mas aqui o que lamento é a morte de mais uma pessoa, que se calhar nem "usufruia" do crime que praticava.
Já no passado sábado, dia 30, desapareceu também um homem de 43 anos, que andava a fazer mergulho "junto ao ilhéu dos Fradinhos, na ilha Terceira, Açores. Um amigo da vítima deu o alerta quando percebeu que o mesmo não tinha regressado. Ainda foram iniciadas buscas no dia do seu desaparecimento mas, devido às condições meteorológicas, as buscas foram suspensas, tendo sido retomadas assim que as condições o permitiram.
Ontem, na praia do Pinheirinho, na zona de Grândola, dois homens entraram na água e acabaram por se ver em grandes dificuldades. Um deles ainda conseguiu sair, embora já em hipotermia, mas o outro acabou por morrer afogado. Os dois homens, ambos de "nacionalidade canadiana, foram auxiliadas por um popular que se encontrava nas proximidades."
Bem, mas por cá as notícias não são só sobre os perigos do mares e rios. Há outros perigos que são bem mais traiçoeiros.
Um grupo de extrema-direita sediado em Portugal (grupo que se autodenomina "1143" em referência ao ano do "nascimento" de Portugal e à vitória sobre os "mouros") - faz-me lembrar um tal de senhor que se fazia representar de espada e escudo na mão tal "salvador da pátria" - terá convocado "todos os patriotas a marcarem presença" no Porto para mostrarem "oposição à invasão de imigrantes, que é a principal razão para o aumento brutal do preço da habitação". Claro que rapidamente, este grupo de gente "pacífica" começou "a estourar petardos na praça."
Isto na semana em que foram, finalmente, apresentados ao país, os novos ministros e os 41 secretários de estado (mais um do que no anterior governo) e, em que a primeira medida, foi a alteração do "logótipo adotado pelo anterior Executivo" trazendo de volta "a esfera armilar, as quinas e os castelos" que tinham sido excluídos pelo governo de António Costa. Esta decisão tinha sido uma promessa feita por Montenegro em novembro. Agora, falta fazer a atualização, por exemplo, nas redes sociais onde a imagem ainda não está atualizada.
Antes que me esqueça. Parece que ontem houve um sismo nos EUA, com 4.8 na escala de Richter e que terá sido sentido nos estados de Nova Iorque, Nova Jérsia, Conneticut e Massachusetts. O sismo (1) "teve epicentro perto da localidade de Lebanon, em Nova Jérsia," mas sem registo de danos materiais nem de vítimas.
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Notas:
1. Os EUA sofrem de eventos deste género com bastante frequência, embora a maioria dos terramotos nos EUA ocorra "nas áreas pouco povoadas ao longo do Golfo do Alasca e da cadeia de ilhas no Mar de Bering." Os terramotos mais conhecidos e até, mediáticos, têm ocorrido "ao longo da Falha de San Andreas, densamente povoada, que se estende de norte a sul por mais de 1000 quilómetros através da Califórnia." Esta área faz parte do chamado "Anel de Fogo do Pacífico," onde a placa do Pacífico, que se encontra sob a placa da América do Norte, "regularmente causa tensões tectónicas nas zonas de subducção." Explicando de outra forma, esta falha separa duas placas: uma onde se localiza Los Angeles e, outra, onde fica São Francisco. "Los Angeles fica na placa do Pacífico, enquanto São Francisco fica na placa continental da América do Norte. À medida que a placa do Pacífico se move para o norte, a placa norte-americana" desloca-se para sul. Ou seja, "Los Angeles e São Francisco" estão de facto a aproximar-se "em média de 6 cm por ano."
Fontes:
https://www.dadosmundiais.com/america/usa/terremotos.php
O nosso país passou por eleições legislativas no passado domingo, dia 10, e estivemos até ontem a aguardar os resultados da emigração, ou seja, estivemos mais de uma semana à espera de saber se, depois de contados os votos dos portugueses que, por variadíssimas razões, vivem no estrangeiro, continuaria a ser a AD a ter uma maioria relativa que lhes permitisse governar. Por esta forma, "votaram mais de 220 mil portugueses." Estes votos, apesar de chegarem mais de uma semana depois de se saber que Luís Montenegro iria ser o próximo Primeiro-ministro, poderiam vir a alterar esta situação uma vez que a diferença entre a AD e o PS não era assim tão significativa.
Finalmente, conseguimos que esses votos fossem contados e, já durante esta madrugada, o "site do Ministério da Administração Interna revelou que o Chega venceu com 18,30% dos votos, seguido da Aliança Democrática (PSD/CDS/PPM) com 16,79% e do PS com 15,73%." Assim, o Chega "elegeu dois deputados," um no círculo da Europa e outro no Brasil, enquanto a AD e o PS elegeram um deputado cada.
Na Alemanha, em França, no Reino Unido, na Irlanda do Norte e na Bélgica, a vitória foi do PS, enquanto que em Espanha, Estados Unidos e Canadá ganhou a Aliança Democrática, que ganhou também em alguns países da Ásia e da Oceânia. Na "China, a vitória da AD foi ainda maior (37,4%)."
O Chega acabou por ganhar no Brasil, com 24,6% (por grande influência de Bolsonaro), apesar de em São Paulo ter sido "dada a maioria à coligação, liderada por Luís Montenegro" com "22,59%." Já "no Luxemburgo, com 19,61% dos votos," a vitória volta a ser do Chega.
Entretanto, o presidente da República, lá se foi reunindo com os partidos políticos com assento parlamentar, ainda antes de todos os votos contados, dando de alguma forma a entender que uns portugueses são de primeira e outros, só por estarem lá fora... não são. Estes últimos votos, são responsáveis por atribuir quatro mandatos e, consoante os resultados, tudo poderia mudar. Durante a contagem destes votos, enviados por correspondência, surgiu "uma percentagem muito significativa" de voto nulos, que na maioria tiveram "origem no facto de os eleitores não terem juntado uma cópia do cartão do cidadão."
No caso dos votos da emigração, o Chega foi o partido que mais se destacou, elegendo dois dos quatro lugares, enquanto o PS e a AD elegeram apenas um cada um. Este partido "venceu largamente na Suíça, onde votaram" cerca de 49 mil portugueses" e onde alcançou "32,62% dos votos" o que deverá fazer, pelo menos, com que o futuro governo comece a dar uma maior importância aos problemas de quem vive fora do país.
Ontem, Marcelo Rebelo de Sousa recebeu então os representantes da coligação AD, onde aquilo que se fez notar não foram tanto as presenças, mas a ausência (ou se calhar até nem se notou muito, uma vez que a ausência do PPM marcou toda a campanha política).
A AD teve então uma maioria relativa e por isso Luís Montenegro foi indigitado, já hoje perto da 01:00, como Primeiro-ministro.
"A nova Assembleia da República poderá entrar em funções já no início de abril, tendo em conta o calendário previsto na lei, que exige que a Comissão Nacional de Eleições envie o Mapa Oficial das Eleições para Diário da República, após receber a Ata do Apuramento de Votos do Conselho Nacional de Eleições."
No que diz respeito ao PS, Pedro Nuno Santos foi recebido pelo Presidente da República na terça-feira e, à saída da reunião, o líder do PS "salientou que não há uma maioria governativa à esquerda, pelo que o papel do PS será liderar a oposição" de forma "responsável." Um dos temas em que se manifestou, foi na possibilidade de haver um entendimento, no que diz respeito à "necessidade" de valorização das "carreiras" e das "grelhas salariais de alguns grupos profissionais da administração pública."
Mas nem tudo está "em paz". Apesar das afirmações que André Ventura tem vindo a fazer, alegando o que disse ou não disse Marcelo Rebelo de Sousa durante a reunião com o Chega, o "Presidente da República rejeitou comentar declarações de partidos ou notícias de jornais," isto apenas alguns minutos depois de "o líder do Chega ter dito que Belém não se oporia a uma eventual presença do partido no Governo." Uma coisa seria opôr-se a que o partido estivesse representado na Assembleia, algo que foram os portugueses a votar, bem ou mal, através do seu direito ao voto, outra coisa, seria o país ser governado por um partido com ideias de cariz extremista. Claro que neste momento se compreende que o que Rebelo de Sousa quer, é atrasar ainda mais a tomada de posse de um novo governo, com as consequências que isso possa trazer para o país.
Entretanto, Mariana Mortágua tem-se reunido com outros grupos parlamentares, da esquerda. A líder do BE, disse ontem "que o BE não viabiliza orçamentos da direita", apesar de "considerar que orçamentos retificativos são ainda cenários hipotéticos." Desta forma, Mariana Mortágua ressalva que, no que respeitar a "matérias concretas votará de acordo com o seu programa eleitoral e político." Perante a insistência de vários jornalistas, acaba por reforçar que "politicamente a garantia que" tinham dado e que mantinham, seria de "que o Bloco de Esquerda não viabiliza governos de direita, não viabiliza orçamentos de direita."
Fontes:
Este fim de semana, foi notícia uma sucessão de abalos sísmicos que atingiram o Japão e que foram sentidos na zona de Tóquio e de Fukushima. O abalo, de 5.4, seguiu-se ao de quinta-feira com 5.8 na escala de Richter, mas em ambos os casos não chegou a produzir um tsunami ou causado danos de maior relevo, embora o epicentro se tenha registado a 50 quilómetros de profundidade, no oceano Pacífico.
Este evento levou a central de Fukushima, de forma preventiva, a "parar com as descargas de água radioativa tratada" que decorriam desde que a central tinha sido atingida em 2011 por um abalo de 9.1 na escala de Richter e que levou ao "derretimento de três dos seis reatores nucleares." Este acidente foi mesmo considerado como o "mais grave desde o acidente nuclear de Chernobil em 1986, na Ucrânia Soviética." Eu já tinha aqui no blogue referido este acidente e as consequências que o mesmo causou, especialmente no que se refere às relações internacionais entre o Japão e a China:
https://elsafilipecadernodiario.blogs.sapo.pt/autoridades-japonesas-continuam-a-294931
Em 2011, quando o sismo foi detetado pelos sensores da Central nuclear, os reatores desligaram-se automaticamente e "devido a essas paralisações e outros problemas de abastecimento da rede elétrica, o fornecimento de eletricidade dos reatores falhou e seus geradores a diesel de emergência começaram a funcionar automaticamente." Ou seja, em vez de ficarem em suspenso, estes voltaram a funcionar de forma a fazerem circular o líquido "refrigerador pelos núcleos dos reatores." Mesmo com a fissão parada, o calor emanado ainda é muito elevado.
O tsunami com "14 metros de altura que chegou logo depois, varreu o paredão" da central nuclear e "inundou as partes inferiores dos prédios do reator nas unidades 1–4. Esta inundação causou a falha dos geradores de emergência e perda de energia para as bombas de circulação." Foi esta "perda" de energia que levou a que ocorresse o derretimento nuclear ou a fusão do núcleo, a que seguiram "três explosões de hidrogénio" e a libertação de elementos "altamente radioativos para o meio ambiente." Em 2011, "grandes quantidades de água contaminada com isótopos radioativos" foram libertadas "no Oceano Pacífico durante e após o desastre."
Esta zona é frequentemente atingida por eventos sísmicos, uma vez que o "Japão fica no chamado Anel de Fogo," e por isso as infraestruturas são projetadas para resistir a estes eventos sísmicos, mas como prova o acidente de 2011, nem tudo pode ser previsto.
Fontes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Derretimento_nuclear
https://pt.wikipedia.org/wiki/Acidente_nuclear_de_Fukushima_I
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