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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
Esta terça-feira à noite, um bebé, com cerca de 20 dias, foi recolhido junto ao Centro Social Baptista, no Cacém, numa cesta onde tinha sido abandonado, levantando assim novamente a questão sobre o abandono de bebés no nosso país. Na maioria dos casos, as más condições de vida são apontadas como causas para o abandono. Não se sabe, o que passa na cabeça de cada uma destas mulheres, o que passaram nem as condições em que vivem ou em que engravidaram. Há muito a saber para se poder discutir cada um dos casos. Mas o apoio do Estado podia na maioria das vezes ajudar a que estas mães fossem capazes de manter os seus bebés. Noutras situações, há crimes associados que devem ser punidos com mão pesada pela lei.
Neste caso em específico, o bebé, aparentemente bem tratado, vinha acompanhado com uma carta, em que são alegadas dificuldades financeiras para o criar. Escrita em nome do recém-nascido, como se fosse uma mensagem dele próprio, pode ler-se: “Eu quero que me adotem porque os meus pais têm dificuldades financeiras, nasci a 26 de agosto e quero amor e carinho". O bebé foi transportado para os serviços de pediatria do Hospital Amadora Sintra e depois entregue aos cuidados da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens, com vista ao seu acolhimento.
Infelizmente, o abandono é comum e pior ainda quando os bebés são assassinados à nascença ou acabam por morrer devido à falta de prestação de cuidados de saúde à nascença. Os números têm vindo a decair mas podemos falar de diversos casos que têm sido notícia:
Em 2009, um bebé recém-nascido, envolto num casaco, é encontrado com vida por uma habitante de Mirandela, após ter sido abandonado na rua junto a uma residência de estudantes.
Em dezembro de 2010, um bebé abandonado dentro de um saco, com pouco mais de três horas de vida, é salvo por um homem que ouviu os gemidos e se dirigiu ao local conseguindo salvar o recém-nascido que estava junto ao recanto de um prédio da Avenida de Sintra, uma das mais movimentadas de Cascais.
Em junho de 2011, um casal encontra um feto já sem vida na boca de um cão, na localidade de Duas Igrejas, Penafiel. Em choque, alertaram as autoridades. As primeiras investigações permitiram estabelecer que o feto tinha cerca de 35 semanas e foi abandonado numa lixeira da zona. No mesmo mês, uma progenitora deixa o seu bebé morto dentro de um balde no tanque de um vizinho. Terá dado à luz dentro de casa e, posteriormente, abandonado o recém-nascido já sem vida, no Bairro Amarelo em Paços de Ferreira.
Em outubro do mesmo ano, uma bebé recém-nascida, com poucas horas de vida, foi abandonada, perto da entrada do cemitério do Prado do Repouso, no Porto, dentro de um saco de plástico, e foi levada para o hospital de S. João, no Porto. No mesmo mês, um bebé, com três a quatro dias de vida, foi encontrado dentro de uma caixa de plástico, embrulhado num cobertor e com o cordão umbilical amarrado a um fio dental, junto à porta de um prédio em Vilar do Pinheiro, Vila do Conde.
Em novembro de 2012, uma bebé recém-nascida, com cerca de dez horas de vida, foi encontrada abandonada na via pública, na Praia das Maças, em Sintra.
Em agosto de 2013, um feto ainda ligado ao cordão umbilical foi encontrado na casa de banho de um café, em Azurém, próximo do centro de Guimarães.
Em setembro de 2013, uma bebé, com cerca de um mês, foi abandonada pela mãe, numa paragem de autocarro, em Monte dos Burgos, no Porto. Foi deixada dentro de um saco térmico que chamou a atenção de um passageiro e a levou para esquadra da PSP.
Em junho de 2016, o corpo de um recém-nascido do sexo masculino, envolto em mantas, foi encontrado abandonado numa zona erma e de difícil acesso, nos arredores da cidade de Santarém.
Em abril de 2017, o cadáver de um recém-nascido, que tinha dois golpes que se suspeita terem sido infligidos para lhe provocarem a morte, foi descoberto num caixote de lixo, no Bairro da Boavista, em Lisboa. O recém-nascido, que tinha ainda agarrado o cordão umbilical e parte da placenta, foi encontrado por um morador que procurava sucata.
Em setembro do mesmo ano, um pastor encontrou um recém-nascido envolto num lençol, junto a um cruzeiro na aldeia de Picote, Miranda do Douro. O abandono do bebé terá ocorrido no contexto de um triângulo amoroso.
Em novembro de 2017 mais um caso dramático. O de uma bebé recém-nascida, que foi encontrada ainda com vida numa valeta, em Boavista dos Pinheiros, Odemira. A bebé ainda foi submetida a manobras de suporte básico de vida por parte das equipas de socorro, mas acabou por morrer no local.
Em 2018, foram abandonados 21 bebés com menos de 6 meses de vida.
Em 2019 foram abandonados 22 bebés na mesma faixa etária, entre os quais o bebé que foi deixado pela progenitora num ecoponto junto a uma discoteca em Lisboa, ainda com o cordão umbilical e que teve a sorte de ser encontrado por um sem-abrigo que passava no local e o ouviu chorar. A mãe, que se chama Sara e que recebeu posterior apoio da embaixada de Cabo Verdeagiu sozinha e nunca revelou a gravidez a ninguém, vivendo numa situação muito precária na via pública.
Fontes:
https://www.jn.pt/justica/os-bebes-abandonados-nos-ultimos-dez-anos-em-portugal-11489326.html/
www.novagente.pt/bebe-abandonado-no-lixo-mae-chama-se-sara-fez-o-parto-na-rua-e-e-sem-abrigo
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