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Se hoje somos Portugueses...

por Elsa Filipe, em 01.12.23

...à argúcia de homens portugueses e com vontade de mudança o devemos!

Em 1578, a morte de D. Sebastião, na batalha de Alcácer-Quibir, em Marrocos, desencadeou uma crise de sucessão ao trono português. D. Sebastião nasceu em 1554, e foi feito rei aos 14 anos, em 1568. Era filho de Joana da Áustria e de João Manuel, príncipe herdeiro de Portugal (e que morreu dias antes do nascimento do filho) e era um homem solteiro e ainda sem filhos quando desapareceu em Marrocos. Por esse motivo, foi sucedido pelo seu tio-avô, o cardeal Dom Henrique, antigo inquisidor-mor, que morreu dois anos depois. 

A morte de Dom Sebastião (que tinha de cognome "O desejado") representou uma perda substancial para Portugal, pois rompeu o fio hereditário que determinava a independência do país. Também frustrou o desejo lusitano de criar um império português no norte da África e combater os mouros em nome de Cristo, projeto que terminou tragicamente, na batalha de Alcácer-Quibir. Vários pretendentes, todos com argumentos legais e disponíveis para o jogo político das influências, reclamaram o direito a sentar-se no trono português. Destacaram-se dois, quer pelos argumentos quer pela popularidade conseguida de forma espontânea ou instrumentalizada. De um lado, as pretensões de D. António, Prior do Crato que, apesar de ter nascido como bastardo, tinha a vantagem de ser o único varão dos filhos de D. Manuel I; do outro, o rei de Espanha, casado com uma das suas filhas. Enquanto o povo rejeitava o soberano espanhol e estava ao lado do Prior do Crato, nobreza e clero apoiavam Filipe II, convencidos de que uma união ibérica seria a melhor solução para Portugal. Os motins populares chefiados por D. António sucediam-se, e quando este se fez aclamar rei em Lisboa, Santarém e Setúbal, o mais qualificado general de Espanha recebeu ordens para invadir o país.

Em 1580, as tropas castelhanas compostas por milhares de homens, comandadas pelo Duque de Alba, desembarcaram no Cabo Raso e conquistaram a vila de Cascais, derrotando o improvisado exército do Prior do Crato na batalha de Alcântara. Dº António, fugiu para os Açores e depois acabou exilado em França.

Foi o início da Dinastia Filipina. 

No dia 15 de Abril de 1581, as cortes reunidas em Tomar declararam Filipe II de Espanha (rei de Leão e Castela), rei de Portugal, tornando-se mestre da Ordem de Cristo em consequência do direito hereditário de mestrado e governo da ordem que D. João III havia obtido do papado para a coroa portuguesa.

A 25 de Julho entrou em Lisboa para se tornar Filipe I de Portugal. Jurou guardar e conservar todos os foros, privilégios, usos e liberdades que o seu novo Reino tinha por concessão dos seus antecessores. Ficou a residir em Lisboa, onde permaneceu dois anos, e, à morte de seu filho, Diogo, o herdeiro da Coroa, foi jurado seu sucessor, o príncipe das Astúrias, Filipe que viria a ser III de Espanha e II de Portugal, nas cortes de Lisboa, de 1582.

Durante o período de domínio espanhol (1580-1640), a população portuguesa enfrentou uma série de desafios e dificuldade, como a perda da autonomia política e cultural, pesados impostos e a presença constante de autoridades estrangeiras.

Liderados pela nobreza e apoiados por uma parte significativa da população, os portugueses conspiraram para proclamar a independência. O planeamento do golpe de Estado foi feito em várias reuniões secretas no Palácio da Independência, no Largo de São Domingos, perto do Largo do Rossio, em Lisboa. Ao mesmo tempo, a Guerra dos Segadores, na Catalunha, serviu para desviar as atenções da coroa espanhola, que na altura travava outras guerras com outros territórios para além de Portugal, e este conflito revelou-se essencial para o sucesso dos esforços da restauração da independência. Foram 120 os conspiradores que, na manhã de 1 de Dezembro de 1640, invadiram o Paço da Ribeira, em Lisboa, para derrubar a dinastia espanhola que governava o país desde 1580. Miguel de Vasconcelos, que representava os interesses castelhanos, foi morto a tiro e atirado pela janela. 

Foi do balcão do Paço que foi proclamada a coroação do Duque de Bragança, futuro D. João IV, e foi também dali que foi ordenado o cerco à guarnição militar do Castelo de S. Jorge e a apreensão dos navios espanhóis que se encontravam no porto.

Até ao final de 1640 todas as praças, castelos e vilas com alguma importância tinham declarado a sua fidelidade aos revoltosos. D. João IV foi aclamado como o novo monarca, marcando o início da quarta dinastia, a Casa de Bragança. A restauração da independência só seria reconhecida pelos espanhóis 27 anos depois, com a assinatura do Tratado de Lisboa.

Foi por iniciativa de D. João IV, que terão sido edificados cinco Fortes na costa Sesimbrense: Fortaleza de Santiago; Forte de São Teodósio ou do Cavalo; Forte de São Domingos da Baralha; Forte de Santa Maria do Cabo e Forte de São Pedro da Foz.

Fontes:

https://www.bbc.com/portuguese/curiosidades-51452807

https://sicnoticias.pt/pais/2023-12-01-O-que-aconteceu-a-1-de-Dezembro-de-1640--0fcd456f

http://www.conventocristo.gov.pt/pt/index.php?s=white&pid=256&identificador=

https://ensina.rtp.pt/artigo/tomada-de-cascais-o-inicio-da-dinastia-filipina/

https://ensina.rtp.pt/artigo/a-restauracao-de-1640/

https://executivedigest.sapo.pt/noticias/restauracao-da-independencia-5-curiosidades-sobre-o-golpe-de-estado-de-1-de-dezembro/

https://www.facebook.com/museu.maritimo.sesimbra

 

 

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