Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]



No dia 24 de abril de 1974, o país viveu o seu último dia de um regime fascista e ditatorial. 

Durante quase quarenta anos, os portugueses viam grandes projetos cair principalmente devido à grande dependência petrolífera. A agricultura empobrecia cada vez mais, levando muitos cidadãos nacionais a fugir, a grande maioria clandestinamente, para outros países da Euroca, como a França, a Suíça ou a Alemanha. 

Lisboa estava repleta de barracas. Muitas zonas do país, sacudidas pelo sismo de 1969, ainda estavam em ruínas e até hoje se esconde o verdadeiro número de vítimas. A educação não chegava a todos, existindo uma enorme exclusão social. Em Portugal havia fome.

Mas ainda hoje, precisamos relembrar o que era a vida antes de 25 de Abril de 1974, para que não se "deseje" voltar a esses tempos. Antes da revolução não havia turmas mistas de alunos nas escolas, as professoras davam aulas às meninas e os professores aos meninos. Por vezes, estavam em escolas diferentes - como acontecia por exemplo em Sesimbra, onde os meninos frequentavam a escola Conde Ferreira, junto ao Jardim, e as meninas frequentavam as aulas no edifício onde hoje funciona o pré escolar da vila. Nas aldeias ou em sítios onde as escolas eram mais pequenas, as meninas frequentavam a escola de manhã e, os rapazes, de tarde.

Às meninas estava vedado o uso de calças! Era hábito, quando os alunos não aprendiam ou se portavam mal serem castigados. Nas salas de aula havia uma palmatória ou réguas grossas de madeira. Alguns professores usavam uma cana de bambu para bater nos alunos. Havia também as “orelhas de burro”, que eram colocadas na cabeça do aluno, estando este, muitas vezes, virado para a janela, para ser visto por quem passava, como forma de humilhação.

Bem, as escolas eram locais muito formais onde se tinha de obedecer a muitas regras e nos manuais escolares, estavam expressos alguns dos ideais da ditadura. Nesta época era obrigatório o ensino da Religião Católica. Por esse motivo, em todas as salas havia um cruxifixo e os alunos rezavam, além de  no início das aulas, cantarem o hino nacional, que tinham de saber de cor! O regime assentava em três princípios fundamentas: Deus, Pátria e Família. E isso refletia-se no ensino. Apesar do ensino obrigatório contemplar a 4ª classe e exigir a realização de um exame, muitas crianças não chegavam sequer a ir à escola e iam trabalhar muito novas para ajudar em casa.

Em algumas cidades, para as famílias que tinham poder económico para manter os filhos a estudar, a opção eram os liceus. Nestes, aperfeiçoavam-se as matérias que se tinham aprendido até à 4ª classe, mas também se aprendiam outras matérias, como o francês, o inglês, a história universal, as ciências... Estes alunos, se passassem nos exames a que eram sujeitos, podiam depois ir para a universidade.

Os alunos que queriam continuar a aprender mas não tinham tanto poder económico, seguiam muitas vezes para as escolas industriais e comerciais, onde se aprendiam diversos (serralheiro, eletricista, contabilista, dactilógrafa...). Além destas escolas, também haviam escolas agrícolas.

Não era permitido fazer greve nem sequer protestar! Se meia dúzia de pessoas se juntassem para discutirem ideias, eram presas. Era proibido festejar-se o Dia do Trabalhador...

Para uma mulher ser professora, o pai ou o marido tinham de assinar uma autorização. Se quisessem saír sozinhas do país, "todas as mulheres casadas precisavam da autorização do marido." As "enfermeiras, telefonistas e hospedeiras da TAP não se podiam casar."

Mas havia algo muito pior... a guerra colonial. Desde abril de 1961 que o estado mandava os seus jovens para as colónias em África (que para que Salazar ficasse bem na fotografia europeia, passou a chamar de "Províncias" como se Portugal se salpicasse como país por aqui e por ali) onde morriam e matavam, por uma causa sem sentido. Esta era uma guerra que, para muitos, nunca iria ter solução, e  muitos dos países da ONU "reclamavam a independência das colónias de África," aprovando "sucessivas moções contra Portugal." Foram milhares os mortos nessa guerra! E como em todas as guerras, ambas as partes acusavam a outra pelos ataques, escondendo verdadeiros massacres que ainda hoje envergonham o nosso país.

Recomendo o visionamento de:

https://media.rtp.pt/memoriasdarevolucao/

https://www.rtp.pt/play/p3445/e285330/mulheres-de-abril

https://youtu.be/1QeUin-zQ2E

https://youtu.be/dIUBPtkqOtk

 

Fontes:

https://lisboasecreta.co/como-era-viver-antes-do-25-de-abril/

https://observador.pt/opiniao/os-50-anos-do-25-de-abril/

https://media.rtp.pt/50anos25abril/rtp-memoria/

https://a25abril.pt/arquivos-historicos/filmes-e-documentarios/

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 19:00



Mais sobre mim

foto do autor


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.



Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D