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Caderno Diário

Escrever é algo que me apraz. Ante a minha vontade de criar, muitas vezes me falta tempo. Aqui passo da vontade à prática. Este é um caderno onde escrevo sobre a minha vida pessoal e temas da atualidade que me fazem refletir.

Caderno Diário

Escrever é algo que me apraz. Ante a minha vontade de criar, muitas vezes me falta tempo. Aqui passo da vontade à prática. Este é um caderno onde escrevo sobre a minha vida pessoal e temas da atualidade que me fazem refletir.

09
Jan23

Pelo pessoal docente

Nos últimos dias temos assistido a uma troca de ataque entre quem é contra e quem é a favor da greve dos professores e dos funcionários das escolas. Eu só quero dizer que estou do lado de todos os professores que têm feito greve e que faria também o mesmo se estivesse neste momento na vossa situação. A mim costuma-me muito quando os pais estão mais preocupados em os filhos terem aulas do que na qualidade das aulas que lá vão obrigando os professores a ministrar, com currículos desadequados. Que estão mais preocupados que os filhos passem de ano, do que se realmente merecem passar de ano. 

Ouço diariamente frases de alunos como: "Oh 'stôra, isso nem conta para nota!" ou "esta nota não vai contar para nada." A partir daqui, parece que vale tudo. E tenho alunos de 5º ano que não sabem ler nem escrever. Tenho alunos que chegaram ao 4º ano sem saberem o que são vogais e consoantes. Tenho alunos que não sabem colocar palavras por ordem alfabética nem consultar um dicionário...

Mas não faz mal, o que importa é que pais e crianças não sejam frustrados nas suas expetativas de passar para o ano seguinte, mesmo sem terem atingido as metas mínimas. 

Estou do lado dos professores porque tiveram as suas carreiras congeladas. Aqueles que tiveram a coragem de ir para o função pública e de serem colocados a centenas de quilómetros de casa e que ficaram semanas sem ver a mulher ou o marido e até sem estarem com os filhos, para poderem leccionar. Eu não tive essa coragem e por isso tenho zero de tempo de serviço, passados noutras andanças e noutra carreira.

Estou do lado dos Educadores que como eu tantas vezes têm de seguir outros caminhos e desistir do sonho que construiram durante a sua formação, porque não havia vagas suficientes para todos, porque na creche o tempo de serviço nem sequer conta, porque "qualquer um" faz esse trabalho de tomar conta dos miúdos. Não faz!

Estos do lado dos técnicos de ação educativa a quem cada vez mais (e muito bem!) é exigida formação e a quem tão pouco valor se dá! Lutem e dêem-se ao valor! Apoiem-se uns aos outros. 

E termino dizendo que, mesmo que pareça que vos estou a boicotar a greve, não estou. Não posso é fechar a porta da minha sala aos alunos que não têm aulas e que deviam voltar para casa ou ficar na porta da escola para que a vossa greve tivesse o impacto desejado, porque a porta da sala não é minha e sou apenas uma prestadora de serviços. Estou do lado dos professores e dos técnicos de ação educativa e da minha parte, não aviso quando há greve, mesmo que o saiba! Continuem a lutar! 

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