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Passou um ano...

por Elsa Filipe, em 24.02.23

Hoje, aquilo que não queria escrever é que passou um ano desde o início da guerra na Ucrânia.

Não queria, mas lá no fundo, quando isto "começou" acho que quase todos nós sabíamos que nem os russos iam sair dali facilmente, nem os ucranianos se iam render e dar de mão beijada o que já era seu. O conflito não começou há um ano, enganam-se os que acham isso, apenas fomos acordados para ele naquela invasão feita de grande aparato que reacordou uma guerra antiga.

Volta não volta, lá entra o assunto da guerra em algumas sessões com os meus alunos, isto porque é um tema atual e que serve muitas vezes de termo de comparação com outros episódios vividos no passado. Usar os media e despertá-los para os assuntos reais, ajuda-me a levá-los mais atrás e a despertar-lhes o interesse por outras épocas históricas. Afinal, parece que a história se repete não é? Uns invadem outros, muda a geografia, mudam as fronteiras, agora domina um, amanhã domina outro. As grandes potências lá vão dando uns dinheiritos para a guerra, enquanto outros mais pequenos tentam juntar umas latas de feijão e mandar para as zonas de conflito, rezando para que lá cheguem e matem a fome e o frio a alguém.

Passou um ano.

Mas não desisto de referir a anexação da Crimeia em 2014 e um tal de "referendo" que se fez na altura para legitimar a invasão daquele território. Tentou-se fazer novamente isso com outras províncias, como em Donetsk e em Luhansk, ambos na zona de Donbass, em 2015 e novamente neste último ano. Qualquer destas regiões são importantes, em especial a Crimeia pela sua localização. Voltamos ao assunto das cidades portuárias que tanta importância tiveram ao longo da história da Europa. Falar em "Mare Nostrum" na época romana, não era assim tão descabido, como não parece ser agora falar em gasodutos. Mudam-se os interesses mas o principal continua lá - o domínio das melhores redes de comunicação marítimas. 

A guerra, a morte, os atentados e bombardeamentos, as atrocidades e as torturas que estão a ser feitas todos os dias contra um povo... não podemos deixar que nada disto caia no esquecimento. Se cada vida vale - todas enfim, de um lado ou do outro do conflito deviam valer o mesmo - porque se luta então? Porque se invade, se mata... se morre!

Passou um ano...

E amanhã?

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publicado às 08:00



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