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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
De manhã, tenho por hábito acender a televisão enquanto me despacho para ir ouvindo as notícias. Hábito que ganhei desde menina e que continuou quando, nas noites em que estava de turno, a televisão e, em especial, os canais de noticiários eram a minha companhia. Destas incursões matinais por aquilo que se passa pelo mundo fora, ficam muitas vezes guardadas em mim imagens e frases que depois ao longo do dia se vão continuando a repetir na minha mente. Escrever sobre elas acaba por ser um escape de emoções.
Hoje tenho andado atormentada pelas imagens da guerra no Sudão. Sim, o mundo "todo" parece estar em guerra há muito, muito tempo, tempo. Mas parece que nos últimos dias, se voltou a "acordar" para esta zona do globo, falando-se mais do conflito de ocorre na zona de Darfur (ou conflito do Sudão). Para tentar (um pouco ingloriamente) compreender o que se passa, decidi então fazer algumas pesquisas.
O Sudão tem uma história de conflitos entre o sul e o norte do país, que resultaram na primeira (1955-1972) e na segunda (1983-2005) guerras civis sudanesas (embora, para alguns, a primeira nunca tenha realmente acabado, apenas tenha havido um período de uma certa "paz" entre as partes). A segunda guerra civil, ocorreu quando o governo muçulmano do norte tentou impor a Charia em todo o país, inclusive no sul, onde a maioria da população é cristã e animista. Os conflitos deram-se maioritariamente na zona mais a sul do Sudão e foi uma das guerras mais longas e mais mortíferas do final do século XX, sendo o númro de mortos um dos mais altos do que qualquer guerra desde a Segunda Guerra Mundial.
Esta guerra termina após quase três anos de negociações, com a assinatura do Tratado de Naivasha a 9 de janeiro de 2005. Da assinatura deste tratado surgiu a região autónoma do Sudão do Sul.
Existem três etnias predominantes na região: os furis (que emprestam o nome à região), os massalites e os zagauas, em geral muçulmanos da localidade ou seguidores de outras religiões.
Numa zona desértica da África Sub-Saariana, a combinação de décadas de secas, desertificação e superpopulação estão entre as causas do conflito do Darfur, onde os nómadas árabes bagaras, ao deslocarem-se em busca de água, levam os seus rebanhos de animais para o sul, onde estão terras ocupadas maioritariamente por comunidades agrárias.
A guerra entre fações arrasta-se desde 2003 e ainda ocorre nos dias atuais, com um saldo de milhares de mortos e milhões de refugiados, embora os números alarmantes não gerem tanta atenção e debate no âmbito político internacional.
Segundo a Organização das Nações Unidas, já morreram mais de 300.000 pessoas e 2,7 milhões tiveram de abandonar as suas terras e fugir para outras regiões, principalmente para o Chade, país vizinho localizado a oeste.
Depois da queda do presidente Omar Al-Bashir, em 2019, esperava-se uma transição para um regime menos dependente da influência militar e por isso os atuais combates apanharam de surpresa os habitantes de Cartum.
Em pouco mais de uma semana de guerra, terão morrido mais 400 civis. A vida desapareceu das ruas de Cartum e escondeu-se dentro das casas, cada vez mais permeáveis à violência dos combates e onde começam a escassear bens essenciais.
Os constantes conflitos, travados entre as forças regulares do exército sudanês e os combatentes da milícia paramilitar, refletem a oposição entre os dois generais mais poderosos do Sudão, que parecem ainda muito longe da mesa de negociações. No meio deste conflito, estão agora mais de cinco milhões de habitantes da capital sudanesa. Há falta do mais essencial para sobreviver: comida, água potável e eletricidade. Os habitantes de Cartum lutam já pela sobrevivência sob temperaturas próximas dos 40 graus e começaram a matar a sede com água retirada do rio Nilo.
Sem terem qualçquer expectativa de tréguas duradouras e com os combates a alastrar a outras regiões do Sudão, quem consegue, começa a abandonar o país, o terceiro maior do continente africano, temendo-se mais uma vaga de refugiados. O secretário-geral da ONU, António Guterres, garante que as Nações Unidas vão permanecer no país.
Segundo um comunicado do governo feito este domingo, o Ministério da Defesa juntou-se ao Ministério dos Negócios Estrangeiros nos esforços para a retirada dos portugueses retidos no Sudão, tendo a diplomacia portuguesa contactado "todos os cidadãos nacionais conhecidos".
Fontes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Conflito_de_Darfur
https://pt.wikipedia.org/wiki/Segunda_Guerra_Civil_Sudanesa
https://brasilescola.uol.com.br/geografia/conflito-darfur.htm
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