Natal em tempos de Covid
O Natal este ano não foi igual.
Em muita casas festejou-se com menos gente. No entanto apesar de todas as indicações que nos fizeram chegar através dos meios de comunicação social, nós voltamos a estar juntos, mais uma vez, após meses e meses de estarmos fechados em casa e de não sabermos quando ou se nos ia este vírus atingir e tirar a vida.
Achamos que os riscos que estavamos a tomar, podiam ser colmatados com algumas precauções. Alguns de nós fazem testes frequentes no local de trabalho, tentamos usar máscaras em casa exceto na hora de comer e as janelas estiveram quase sempre abertas. Sempre que podíamos, vínhamos para a rua ou para a cozinha que, nesta casa, é ampla e arejada. Mas eu não me senti bem. Fiquei arrependida de ter ido, passei o almoço com medo que, a qualquer momento, pudesse ficar contagiada e deitasse abaixo todos os cuidados tidos até aqui.
As crianças estiveram felizes, trocamos presentes, conversamos uns com os outros. Algumas das conversas iam dar aos cuidados a ter com esta pandemia, aos culpados, às nossas opiniões que tantas vezes eram diferentes. Aos exageros que uns acham e outros como eu, acham ser apenas cuidados necessários.
O Natal devia ter sido diferente, mas para nós foi mais um Natal de união, de partilha e de fartura. Muita comida, música, brinquedos, presentes, risos e as normais discussões caraterísticas e familiares que depois nos unem ainda mais. Que o próximo Natal seja assim, mas da próxima vez sem o medo de ficarmos doentes.
Difícil, para muitas famílias, com familiares internados, com a morte a pairar a cada momento como uma espada por cima da suas cabeças. Com lugares vazios na mesa... Nós tivemos a sorte de não perder ninguém para esta terrível pandemia.