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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
O Natal é uma quadra na qual, tradicionalmente, as famílias se juntam. Para quem celebra o Natal há tradições que vão passando de geração em geração. De país para país, de religião para religião, de família para família... a tradição muda. E nestes dias, em que nos apelam para sermos mais empáticos, lembro aqueles que estão longe de casa.
Há aqueles que emigram por opção, em busca de melhores condições de vida e de oportunidades num país diferente. E há aqueles que têm de fugir dos seus países por causa da guerra. E por isso, não, Natal não é só amor. Este ano, na sua mensagem de Natal, António Costa centra-se na guerra da Ucrânia (depois de dois anos de mensagens de Natal marcadas pela pandemia de covid-19). O Primeiro-ministro, destacou três palavras: "paz, solidariedade e confiança são as três palavras que melhor exprimem o que desejamos este Natal."
Acho que é o que todos desejamos e, ainda mais, que se estenda também a outros países em situações semelhantes. A verdade é que o nosso país tem sido também a casa de muitos refugiados, vindos de zonas de guerra, que têm de certa forma de se adaptar à nossa realidade, embora mantenham claro alguns dos seus hábitos.
Na Ucrânia, onde a população continua a viver dias difíceis, "alguns ucranianos ortodoxos decidiram celebrar este ano o Natal" no dia 25 de dezembro, em vez de festejarem no dia 7 de janeiro, como era habitual. Esta decisão, que tem "tons políticos e religiosos numa nação com igrejas ortodoxas rivais e onde ligeiras revisões aos rituais podem ter um forte significado numa guerra cultural que decorre paralelamente à guerra militar", é uma forma simbólica de se afastarem da Rússia. "A ideia de comemorar o nascimento de Jesus em dezembro era considerada radical na Ucrânia até há pouco tempo, mas a invasão da Rússia" mudou muitos corações e mentes.
"A Igreja Ortodoxa Russa, que reclama a soberania sobre a ortodoxia na Ucrânia, e algumas outras igrejas ortodoxas orientais continuam a utilizar o antigo calendário juliano", no qual o Natal calha "13 dias mais tarde." E hoje, em Kiev, a população reuniu-se na igreja para celebrar pela primeira vez uma missa de Natal a 25 de dezembro, mesmo "com o som das sirenes a alertar para possíveis bombardeamentos."
Mesmo os que ficam em casa, durante os conflitos, passam muitas necessidades, como por exemplo a falta de eletricidade e de combustível que lhes permitiria pelo menos aquecer as casas nos dias invernosos.
A guerra é desde logo uma forma de desrespeito pela pessoa humana e não conhecço guerras em que isso não aconteça. Mas houve um episódio que ficou na história, por ter sido tão inusitado. Em 1914, durante a 1ª Guerra Mundial, em Ypres, próximo da fronteira francesa, há relatos de que o exército alemão que tinha estado em "confronto durante meses seguidos contra franceses e ingleses em Yprès", permanece mais recuado. "As linhas inimigas eram muito próximas umas das outras, de modo que cada tropa poderia ver seus inimigos e alvejá-los caso saíssem de suas trincheiras". No Natal daquele ano, alguns soldados começaram a mostrar-se mais descontraídos dentro das suas trincheiras. "Pareciam não se importar nem com a guerra e nem com o inverno."
O mais estranho foi que entretanto alguns soldados "começaram a andar, desarmados, pela zona conhecida como “terra de ninguém”, isto é, o espaço entre uma trincheira e outra. Caminhavam até à trincheira inimiga sem serem abordados ou mortos" e desejavam um “Feliz Natal". Mas nem tudo foi bom, porque "apesar da boa intenção dos envolvidos nesta trégua, não apenas a guerra em Yprès foi retomada como os oficiais envolvidos na trégua foram duramente punidos."
A todos, um Feliz Natal.
Fontes:
https://visao.pt/opiniao/vestigios-de-azul/2022-12-21-natal-em-tempo-de-guerra/
https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/tregua-natal-na-primeira-guerra-mundial.htm
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