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Natal

por Elsa Filipe, em 25.12.18

No meu Natal, há esperança. 

No meu Natal, há árvore, há bolas e há fitas. Há uma mesa recheada e composta e muitos presentes. Há o luxo que se pode numa época em que, não vivendo de forma abastada, tenho um teto, trabalho e comida.

No Natal cá de casa, há muito mais do que haverá noutras casas. 

Como é tradicional, o Primeiro ministro deixou a sua mensagem de Natal. Aqui deixo um pequeno excerto dessa mensagem:

"Portugal vive um momento particularmente importante, que é essencial poder ser vivido e partilhado com justiça por todos os portugueses. Pela primeira vez desde o início do século a nossa economia cresceu mais do que a média europeia, reduzindo fortemente o desemprego, permitindo-nos ter, finalmente, contas certas e melhorar a vida da maioria das famílias."
 
Será?
 
Para alguns de nós talvez venha aí um ano melhor, assim espero. Da minha parte, acho que o Pai Natal me poderia trazer um pouco de sossego nas minhas dores e um pouco de empatia daqueles que lidam comigo todos os dias. Não consigo já estar disponível para ajudar os outros como antes estava. Já não consigo ser quem era. Natal, pode ser uma época de compreensão, de entendimento e de perdão, mas o que sinto é que eu fiz e dei a minha parte e que agora deveria estar a receber dos outros essa compreensão e não... 
 
O Natal é uma mesa cheia, são embrulhos, presentes e cânticos. Mas é um dia como os outros... um dia com dores, um dia em que me custa estar bem disposta e feliz. É um dia de mesa cheia mas de lugares vazios. 
 
O Natal é também dia de trabalho. Na nossa família, somos dois a trabalhar no Natal, ora na noite de consoada, ora no próprio dia de Natal, na rua ou na Central, nós como outros como nós temos de escolher entre a nossa família (o meu filho) e o nosso trabalho. E se é um ato de amor ao próximo? Já foi... já lá vai o tempo em que eu o fazia por querer dar algo mais aos outros, por fazer a diferença naquele dia na noite de consoada de alguém. Agora é uma obrigação que me faz estar constantemente a pôr em causa, o que é que estou aqui a fazer. Este sentimento não é fácil de gerir, porque é um misto de culpa e que me faz refletir muito sobre aquilo que sou e em que me estou a tornar. E o pior é que tenho medo de passar toda esta negatividade para o meu filho. 
 
Mas hoje é Natal. Comi muito, dei mais prendas do que aquelas que recebi e isso deixa-me feliz. E há no país tantas crianças que hoje comeram tão pouco quanto ontem, ou menos...  mas diz o nosso Primeiro-ministro que o país está melhor.
 
Feliz Natal.
 

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publicado às 23:40



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