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Nascidos da revolução de abril

por Elsa Filipe, em 24.01.24

No ano em que se assinalam os 50 anos da revolução de 25 de abril, assinala-se também o "nascimento" do PSD. No seguimento da revolução apareceram vários partidos - como o Partido Cristão Social Democrata ou o Partido Social Democrata Português - que no entanto rapidamente acabaram por desaparecer.

 A social-democracia que "surgiu em fins do século XIX e início do século XX por partidários do marxismo", e que foi a base de referência do aparecimento do PSD, resultou "sobretudo, do prestígio que então alcançava o modelo do SPD" que então, "alcançava um enorme prestígio na Europa, principalmente com o estilo de Helmut Schmidt," (reformista e humanista, Chanceler da Alemanha Ocidental entre 1974 a 1982) que concebeu um projeto diferente para Portugal, percebendo que já era evidente a ocupação do "espaço socialista de esquerda a centro-esquerda" pelo Partido Socialista. "O Partido Social Democrata ocupou, assim, o espaço político destinado a um partido de ideologia social-democrata ao centro, com posições que iam do centro-direita liberal ao centro-esquerda, reformista, personalista e com carácter não-confessional, ou seja, laico, que, de modo peculiar, no caso português, combateu o coletivismo económico e os movimentos marxistas, subsequentes à Revolução de 25 de Abril de 1974."

Na sua base era defendida uma "democracia parlamentar e representativa, o Estado Social de Direito e a integração de Portugal na Comunidade Económica Europeia."

A história do PSP começa particularmente com duas pessoas: Francisco Sá Carneiro e Pinto Balsemão. Em 1969, Sá Carneiro e Pinto Balsemão "aceitam integrar as listas da União Nacional. Começam a bater-se pela democratização política da sociedade segundo o modelo ocidental, pela resolução da guerra colonial e por um projeto de revisão constitucional que consagrasse liberdades, direitos e garantias individuais."

Ao decidir "integrar as listas da União Nacional, a convite do renovador Melo e Castro, declarou" a sua total "independência em relação ao Governo de Marcello Caetano." Com o desaparecimento de Salazar, Sá Carneiro afirma-se "como um dos políticos fundamentais" que através das palavras tenta demonstrar a necessidade da aspiração "das classes médias, o crescimento económico e a Europa democrática como padrão." Nas suas intervenções parlamentares, "Sá Carneiro privilegiou a defesa das liberdades públicas e do primado do Direito e bateu-se" pela ideias de uma "democracia de tipo europeu e ocidental".

"Fora da Assembleia, defendeu presos políticos, incluindo comunistas, como José Pedro Soares, que visitou em Caxias." Em 1972, numa entrevista ao "República," declara-se "social-democrata", o que era naquela época, "uma escandalosa heresia." Nessa mesma entrevista, Sá Carneiro professa "o republicanismo e a laicidade como as formas de organização estrutural do Estado Português." 

Desta forma começa a ser acusado de movimentações clandestina, cuja "atividade, dentro e fora da Assembleia Nacional," era considerada pelo poder vigente como "preocupante", havendo o receio de que se tornasse "explosiva" e até "subversiva". 

Levando à prática a sua determinação, e apesar da eleição direta do Presidente da República ter sido extinta em 1959, "Sá Carneiro liderou catorze deputados, subscritores do projeto-lei a defender a eleição do Presidente da República por sufrágio universal," perante a incredulidade de Marcelo. Em plena Assembleia, "Sá Carneiro e seis outros liberais protestaram ruidosamente e saíram do hemiciclo em plena sessão — foi o abandono simbólico da barca caetanista." Determinado, é em 1972 que Sá Carneiro desafia "Spínola para se candidatar."

Spínola era o "governador da Guiné," e já se tinha apercebido da ruptura iminente que nos finais de 1971, alimentava a hipótese de uma outra via, "entre o autoritarismo e o socialismo." No entanto, o grupo considerado "liberal" não adquiriu a coesão necessária e acabou por agir um pouco "ao sabor do improviso individualista."

Em janeiro de 72, Sá Carneiro demite-se, "alegando falta de condições para o exercício das funções de deputado." Dedica-se "à escrita, como colunista" do Expresso, "criado, em Janeiro de 1973," por Pinto Balsemão e onde tantas vezes era censurado.

Pode-se afirmar que o PSD tem então a sua origem na ala Liberal "da Assembleia Nacional, composta por uma geração de políticos adeptos de uma forte liberalização do regime do Estado Novo." Das personalidades que pontificaram a Ala Liberal anterior à Revolução, estão figuras "como Francisco Sá Carneiro, Francisco Pinto Balsemão, Mota Amaral, Joaquim Magalhães Mota, Miller Guerra, entre outros". Esta ala vem expor, "as fragilidades do regime, influenciando algumas decisões e rompendo com os cânones de uma linha mais dura e pouco flexível que aos pouco foi acabando por ceder." 

"Foi no escritório dos maçons Mário Cal Brandão e António Macedo, conhecido como A Toca, que o Partido Popular Democrático tem, em parte, a sua génese." Em 1974, o "Movimento das Forças Armadas põe fim a quase meio século de autoritarismo," depondo o regime. O poder "passa a ser exercido pela Junta de Salvação Nacional" e "Portugal inicia o processo de transição democrática." No mesmo ano, forma-se o PPD (Partido Popular Democrata) em 1974 por Francisco Sá Carneiro, antigo aluno de Marcello Caetano na Faculdade de Direito.

A JSD (Juventude Social-Democrata) nasce em junho de 74 "por iniciativa de 30 jovens que haviam formado o Núcleo de Jovens do PPD no início do mês." Em agosto, é "lançado o jornal do Partido, o semanário Povo Livre, do qual é diretor "Manuel Alegria que assina também o primeiro editorial."

A 25 de abril de 75, depois da instalação do PREC, o PPD consegue ser "o segundo partido mais votado com 26,39% dos votos, garantindo a eleição de 81 deputados para a Assembleia Constituinte." 

Fontes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_Social_Democrata_(Portugal)

https://www.psd.pt/pt/cronologia

 

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publicado às 11:36



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