Como se estivessemos todos muito bem, como se o sistema de ensino estivesse a funcionar na maior normalidade e que os hospitais, não tivessem já problemas suficientes para resolver, agora andam uns engraçadinhos, a achar que é muito fixe fazer telefonemas com ameaças a escolas e hospitais.
Chega de brincar com coisas muito sérias. Para mim, há uma diferença entre ser criança e brincar, e ser um jovem de 15 ou 16 anos, sem qualquer noção da realidade. Vamos lá ver se a comunidade se começa de vez a juntar para educar as crianças, para que não cheguem a uma idade em que as brincadeiras passam de inofensivas, a colocar toda uma população em alerta. A minha avó diria uma frase muito interessante: "Não tens mais nada para brincar, brinca com a..."
Tal como tem acontecido em diversas partes do país, e como há cerca de um mês se noticiou, ontem mais uma vez, três escolas de Viseu foram contatadas, por telefone, por uma pessoa que exigia que os estabelecimentos encerrassem e que se tal não acontecesse iria entrar e disparar sobre quem lá estivesse.
O telefonema para a Escola Básica Mestre Arnaldo Malho, em Rio de Loba, aconteceu por volta das 14h00 e, apesar da escola não ter sido encerrada, a GNR permaneceu por lá de forma a prevenir qualquer situação. Também a Escola Secundária Alves Martins e a Escola Básica Infante D. Henrique receberam o telefonema suspeito mas, nestes dois casos, é a PSP que está a investigar. Os polícias permanecem junto destes dois estabelecimentos de ensino.
Também o hospital de Viseu foi contatado com a mesma ameaça. Então a tal da brincadeira, estava mesmo preparada para lançar o pânico na cidade, tanto como dividir as várias forças policiais por vários locais em simultâneo. Os objetivos estratégicos - sejam eles quais forem - do fecho de escolas, não se equiparam às consequências do fecho de um hospital central, na possibilidade de ter de divergir meios de emergência, de ter de evacuar unidades ou de encerrar determinados setores com todos os prejuizos que isso traz para os doentes.
As autoridades identificaram o suspeito das várias chamadas, que alega estar inocente, acusando mesmo uma outra pessoa de vingança e alega que o seu número foi clonado. O mesmo foi detido e presente a juiz porque, em casa, tinha substâncias psicotrópicas ilícitas. Neste caso, a PJ está usar o protocolo de terrorismo, embora ainda nada indique que tenha sido esse o objetivo.
Há cerca de um mês atrás uma situação parecida aconteceu, mas em escolas na área de Lisboa. Felizzmente, também não passaram“de uma brincadeira de mau gosto”. Mais tarde, em comunicado, a Polícia Judiciária detalhou que identificou os autores das ameaças, cinco adolescentes de 14, 15 e 16 anos, de Odivelas, Vila Nova de Gaia, Leiria e Aveiro, que lançaram ameaças nas redes sociais sobre potenciais ataques a escolas. Alguns dos jovens podem ter problemas psicológicos e famílias complicadas.
Os jovens, que assumiram a autoria das publicações nas redes sociais, disseram à polícia que não tinham noção da dimensão e do impacto das ameaças e que “foi apenas uma brincadeira”. Segundo a PJ, os autores identificados não foram recolhidos “quaisquer indícios” da “radicalização ou extremismo” por parte dos menores de idade.
Numa primeira análise sabemos que este tipo de ameaças cria sempre alarme social. Os pais começam a sair dos trabalhos e a ir buscar as crianças às escolas. O alvoroço causado nas escolas tende a interromper o normal funcionamento das escolas e também de outros serviços educativos a elas associados ou nas proximidades.
No caso da PSP de Leiria, houve nessa altura a identifiação de uma jovem que ameaçou os colegas com um eventual atentado que iria decorrer numa escola no concelho, com recurso a armas.
A Escola Segura tem um trabalho de proximidade com as escolas e com os alunos e é fundamental que continue a estar muito atenta. Para prevenção algumas escolas da Grande Lisboa reforçaram as medidas de segurança junto às entradas, uma vez que emsmo tratando-se de brincadeiras, estar têm uma base criminal e têm de ser detetadas e punidas.
Em entrevista dada nessa altura , Hugo Costeira, diz que “muitas vezes, quem quer cometer este género de crimes faz ameaças online e depois acaba por concretizá-los. Todas estas mensagens têm obrigatoriamente de ser valorizadas”, não descartando, ainda assim, a hipótese que considera mais provável, que é a de que tudo não passe mesmo de uma “brincadeira de mau gosto”. “Ajudava que houvesse condenações exemplares e que as pessoas aprendessem que nas redes sociais há coisas com que não se pode brincar e que há consequências”, defendeu. Não podia concordar mais.
Fontes:
https://www.cmjornal.pt/portugal/detalhe/tres-escolas-de-viseu-alvo-de-ameacas-de-disparos-via-telefone
https://tvi.iol.pt/noticias/videos/quatro-escolas-e-um-hospital-evacuados-apos-ameaca-de-morte-com-cacadeira-em-viseu/646681f90cf2cf92250763fc
https://www.cmjornal.pt/portugal/detalhe/pj-trata-como-terrorismo-caso-das-ameacas-de-massacres-a-tres-escolas-e-hospital-em-viseu
https://observador.pt/2023/04/20/psp-atenta-a-ameacas-de-ataques-a-escolas-da-grande-lisboa-que-surgiram-nas-redes-sociais/