
Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
O nosso país tem áreas florestais muito importantes e Monchique seria uma dessas zonas, não fosse o facto de ter ardido em quase 90% em 2003 e de voltar a arder agora nos últimos dias.
Agosto teve este anos dos dias mais quentes e foi esse um dos fatores que terá levado ao rápido desenvolvimento do incêndio que deflagrou no dia 3, sexta-feira, por voltas das 13 horas, na zona da Perna da Negra.
O facto do país ter passado pela tragédia de Pedrógão no ano passado, fez com que a evacuação das pessoas fosse uma prioridade este ano e isso nem sempre foi bem visto pela população. As pessoas não queriam sair das suas casas e deixar os seus bens para trás à mercê das chamas que galopavam.
As imagens são brutais. Não estou no terreno, mas passo as noites acordada a tentar saber das equipas que lá estão, a acompanhar as notícias tanto em casa como no quartel. Tentamos levar estas situações com leveza, mas a verdade é que, mesmo que hoje o incêndio seja dado como dominado, há o receio de que volte a se intensificar.
O Algarve este ano tem sido bastante afetado e, uma das razões é também o desordenamento do território, com muito - mas quando digo muito, é imenso - eucalipto! As folhas leves e com óleos próprios, ardem de forma caraterística e são facilmente levadas pelo vento - as rajadas têm sido muito fortes - e caiem em zonas ainda intocadas de onde rapidamente emergem novas "frentes". Para ajudar, faziam falta faixas de continuidade, mas estas são poucas ou inexistentes em algumas zonas. A deslocação e colocação de meios logo no primeiro dia de incêndio em determinadas zonas da Serra, teriam sido essenciais, mas de facto não foram possíveis por falta de acessos. As autarquias são responsáveis por essas faixas, mas a verdade é que faltam ainda muitos quilómetros!
Até agora, falam-se nas notícias em 41 feridos, um deles em estado grave. E desses 41, 22 são bombeiros. Arderam muitas casas, várias de primeira habitação, e outras de segunda habitação. Quanto a animais, terão sido mortos neste incêndio cerca de 5.600 animais, de várias espécies. Os meios foram bastantes, mas nunca parecem ser os suficientes e a mim custa-me especialmente as imagens que passam na televisão e onde parece que não se está a passar nada. Quando a dia 8 de agosto já tinham sido evacuados 230 residentes, muitos contra a sua vontade e dificultando muito o trabalho dos bombeiros e da Proteção civil. Mas muita gente esteve a apoiar os homens e mulheres no terreno e foi muito bonito perceber que, mais uma vez, o país se uniu. Os portugueses são mesmo assim.
Segundo a comunicação social, que divulgou dados do IPMA, durante as operações de combate, registaram-se temperaturas de 47 graus e humidade relativa de 14%.
A complexidade deste incêndio foi muita, envolveu muitos meios,tanto terrestres como aéreos, mas para mim é um pouco estranho que pela sua dimão só tivesse passado para a alçada do comando nacional no dia 7, quando já tínhamos 5 dias de combate intenso e meios de todo o país deslocados para o teatro de operações.
ASegundo notícia publicada no Público, este incêndio já destruiu perto de 27 mil hectares de floresta e mato, segundo a última actualização disponibilizada pelo Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais.
Fontes:
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.