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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
Infelizmente, espaços como estes existem há muito no nosso país e pouco "sabemos" deles. De quem são ou quem os gere é uma incógnita e os terrenos baldios continuam assim, atentando contra a saúde pública e o ambiente.
Foi o que aconteceu hoje e que já está a mobilizar muita gente - ante desconhecedora deste perigo - contra a lagoa onde descarregam produtos derivados de petróleo desde há muitos anos.
Segundo várias notícia na comunicação social e na página do IRA, que tenho por hábit acompanhar, hoje os Bombeiros Mistos do Concelho do Seixal e o próprio Núcleo de Intervenção e Resgate Animal (IRA) resgataram, esta quarta-feira, dois cães que se encontravam a afogar numa lagoa cheia de nafta, na zona de Vale de Milhaços, em Corroios. Contaram também com o apoio dos Bombeiros de Camarate com uma ambulância de salvamento animal. Um dos animais está em estado crítico e teve de ser estabilizado antes de serem encaminhados para um hospital veterinário.
Os dois animais têm o corpo coberto de uma massa pastosa, que será agora muito difícil de remover.
Segundo um requerimento do PCP para o Sr. Presidente da Assembleia da República, em 2009, deu-se conhecimento da existência de três locais onde foram depositados resíduos de
hidrocarbonetos em Corroios:
- "no antigo areeiro de J. Caetano, em Vale de Milhaços, numa depressão de terreno com cerca de O,5ha, transformada numa lagoa, encontram-se depositadas águas oleosas e outros resíduos de hidrocarbonetos";
- "na lagoa do antigo areeiro de Femando Branco em Sta Marta de Corroios, perto do cemitério municipal e a cerca de 400 metros do outro areeiro de Vale de Milhaços, encontra-se outra depressão com cerca de 350m2 preenchida com hidrocarbonetos";
- "e no poço da Quinta do Talaminho" foram despejados resíduos classificados como"naftas".
Segundo o mesmo documento, pode ler-se que "estes despejos foram denunciados junto das entidades competentes e foi dado conhecimento ao então Secretário de Estado do Ambiente, Sr. Eng. José Sócrates, a 28 de Maio de 2006, pela Câmara Municipal do Seixal" que "teve oportunidade de visitar o local, onde ficou decidido a resolução da questão."
"A 12 de Outubro de 1997 iniciou a extracção parcial dos resíduos de hidrocarbonetos na lagoa em Santa Marta de Corroios, executada pela empresa Quimitécnica e acompanhada pela DRARN/LVT, tendo sido interrompida no final de Outubro/inicio de Novembro de 1997, não voltando a ser retomada. Hoje, parte dos resíduos já se encontra soterrada."
E de 1997, até 2023 nada foi feito?
"Esteve também previsto intervenção na Quinta do Talaminho, mas não chegou a realizar-se."
Por aqui podemos ver que já havia conhecimento da parte da Câmara, dos partidos e do próprio governo desta situação, pelo menos desde 2005, pelo que já terá havido tempo mais do que suficiente para se fazer alguma coisa. De certo, outros animais já terão perdido a vida ali e quem sabe o que estará escondido naqueles locais.
Na ata 11/2018, de 30 de maio, pode ler-se que "a defesa do ambiente, nas suas múltiplas componentes, constitui um eixo estruturante da nossa ação." No entanto, nesta ata e após se referirem os vários passos positivos na defesa e proteção do ambiente, também se trocam acusações sobre o que há ainda a fazer em relação à Siderurgia Nacional em Paio Pires e às lagoas de hidrocarboretos em Corroios, entre outros aspetos que são discriminados como estando ainda a aguardar soluções. O assunto estava aqui em debate, mas em todo o caso ainda hoje não se encontra de todo resolvido.
Fontes:
https://www.cm-seixal.pt/sites/default/files/editais/11_ata_rc_30maio2018.pdf
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